Logo Portal do Professor

JORNAL

Professora cria blog para trocar experiências sobre literatura infantil

Alunos brincam com balões, na sala de aula.

A falta de informações sobre maneiras de ministrar aulas de literatura infantil para crianças pequenas levou a professora Andréa Albano Nunes, de Campo Verde (MT), a criar um blog para troca de experiências com outros professores que também trabalham com essa literatura. Criado em 2008, com o nome de Sala de Literatura Infantil, o blog contém registros das aulas de Andréa, que atua no Centro Educacional Paulo Freire, há quatro anos.

Formada em letras, com habilitação em literatura e especialização em lingüística aplicada ao ensino da língua materna e literatura, ela dá aula nas Oficinas de Literatura e Teatro, oferecidas a todas as turmas da escola, desde a educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental. As oficinas desenvolvem os dois assuntos - literatura e teatro - ao mesmo tempo, de forma integrada, em uma sala própria para esse fim.

Andréa explica que tem um cuidado muito especial durante a realização das aulas de poesia, porque a linguagem poética é abstrata e carregada de metáforas. “Meu objetivo não é assustar a criança com algo que ela não compreende, mas mostrar que a poesia está próxima delas e o quão agradável é o texto poético”, justifica. Ela, então, procura poemas que possa decodificar para as crianças em forma de história. Depois de contar a história, a professora lê o texto original, o poema – “a criança tem direito de ter acesso ao texto literário e a toda a singularidade com que esta obra literária é composta”, acredita. E não deixa de incluir a realização de alguma atividade lúdica relacionada com o que foi lido.

Na aula em que trabalhou a poesia Balõezinhos, de Manuel Bandeira, a atividade foi brincar de balão na sala de aula. “Isso fez com que a criança, de certa forma, fizesse parte do poema, brincando de balão, tal como o personagem da poesia queria fazer,” salienta Andréa. Para ela, a escrita de poemas é algo que acontece de forma natural na sala de aula, depois que os estudantes leem e brincam com a poesia. A professora diz que já teve várias surpresas agradáveis e cita, como exemplo, uma criança que escreveu uma metapoesia. “O aluno não sabe que é uma metapoesia, mas ele sabe imprimir o sentimento de poeta, é isso que importa”, analisa.

Para estimular a leitura de poesia, Andréa utiliza o microfone, a fim de facilitar a percepção das várias formas de sons que aparecem. “Isso diverte as crianças e as encanta, de modo que elas ficam repetindo o poema que mais chama atenção pela sonoridade”. Em sua opinião, isso estimula o aprendizado das principais características e figuras de linguagem encontradas em uma poesia sem que os alunos percebam que estão aprendendo conteúdo escolar.

Os alunos de Andréa já fizeram três livros de contos e poesias, desde 2008, com textos e ilustrações feitas por eles mesmos. O lançamento das obras ocorre sempre durante noite de autógrafos.

(Fátima Schenini)