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JORNAL

Aulas de libras mudam comportamento de alunos ouvintes

Professora Roberta e alunos

Preocupada com as dificuldades de convívio de seus alunos na sala de aula, que incluíam brigas e desentendimentos e dificultavam o aprendizado, a professora Roberta Dutra, de Nova Iguaçu (RJ), buscava uma solução que fosse diferente, importante e marcasse a vida dos estudantes para sempre. Formada em letras, com especialização em educação inclusiva, ela decidiu, então, ensinar a língua brasileira de sinais (libras) aos estudantes do quarto ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Edna Umbelina de Sant’Anna da Silva.

“Eu queria um outro movimento a favor da vida e que fosse ao encontro da educação inclusiva, a fim de mostrar que as diferenças nos constituem como seres humanos e que não somos melhores e nem piores por conta delas”, explica Roberta, que há quatro anos desenvolve o projeto Libras para Todos, em turmas regulares. Além de lecionar as disciplinas que compõem o currículo escolar, ela dedica de cinco a dez minutos por dia ao ensino de libras.

A novidade foi bem recebida pelos alunos (nenhum com problema de audição), apoiada pelos dirigentes da escola e também pelos pais dos estudantes. As atividades começaram com o ensino do alfabeto, dos numerais e das cores, por meio de recursos lúdicos, como: dominó, jogo da memória, gravuras expressivas e até dramatizações em libras. Com o passar do tempo, novos conteúdos foram acrescentados: verbos, frutas, meses do ano, objetos escolares, membros da família e meios de transportes.

“Fui conquistando, pouco a pouco, a atenção das crianças e elas foram percebendo o quanto a libras é uma língua rica em detalhes, mas que estava ao alcance delas”, conta a professora. Segundo ela, a percepção das diferenças trouxe o reconhecimento e a valorização da diversidade em sala de aula, melhorando o relacionamento da turma pelo exercício do respeito.

No festival literário realizado pela escola no final de 2007, primeiro ano de implantação do projeto, uma aluna fez uma interpretação em libras enquanto Roberta lia uma história. “Simplesmente lindo e emocionante, pois as outras crianças que assistiam, não tiravam os olhos dela e de toda a expressividade que marcava aquela história”, salienta a professora, que atualmente faz pós-graduação em atendimento educacional especializado.

Ela diz que fica feliz em ter duas histórias para contar sobre sua carreira no magistério: uma, anterior e outra, posterior ao ensino da língua brasileira de sinais. “Que alegria olhar para os meus alunos e vê-los começando uma história de vida diferente, selada pelo gosto da inclusão social com arte, envolvimento e ação”, destaca a professora.

(Fátima Schenini)