A análise dos dados obtidos por meio dos diagnósticos realizados em 2006, com os alunos da Escola Estadual Dom Nivaldo Monte, de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, levou à constatação de que os índices de aprovação não estavam de acordo com o desempenho escolar. A conclusão levou a um redimensionamento do processo avaliativo e trouxe resultados mais reais: o percentual de reprovação teve um aumento de 10% naquele ano.
“A promoção nem sempre estava acompanhada de aprendizagem”, destaca a diretora da instituição, Luciene Urbano. Ela explica que, em 2007, já com um processo de ensino-aprendizagem mais qualificado e um novo olhar avaliativo conseguiram obter apenas 5% de reprovação. “Saímos da posição de 72ª no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem-2006) para a 10ª no ano de 2007.”
A instituição localizada na região metropolitana de Natal, com 860 alunos de ensino médio, nos três turnos, vem adotando, gradativamente, a prática da avaliação diagnóstica e contínua, sem eliminar o recurso da prova periódica. Tenta, também, inovar o estilo de prova, trabalhando este instrumento de forma contextualizada e interdisciplinar.
“A avaliação realizada na escola é diagnóstica e permanente. O aluno é avaliado de acordo com sua participação em todas as atividades escolares individuais ou coletivas”, diz a diretora. Além das atividades avaliativas diversas, a escola realiza uma prova bimestral, contextualizada e interdisciplinar, para averiguar a aprendizagem dos alunos de forma mais geral, dentro dos conteúdos trabalhados.
Para Luciene Urbano, a avaliação é um dos elementos do processo ensino-aprendizagem que não pode ser desconsiderado em nenhum momento no cotidiano escolar. “Dentro desta visão, criamos um grupo de estudo da aprendizagem com a participação voluntária de professores, direção e equipe pedagógica da escola”, relata. A finalidade é aprofundar as reflexões do processo ensino-aprendizagem na escola baseado nos diagnósticos do desempenho dos alunos e na literatura sobre o assunto.
A trajetória da Escola Estadual Dom Nivaldo Monte é um exemplo do poder do esforço coletivo. O insignificante número de matrículas, no início de 2006, e o fato de estar depredada, violenta e desacreditada fez professores, funcionários e alguns alunos e pais “arregaçarem as mangas”. Eles foram de casa em casa para debater sobre a educação e a escola pública e o que essa escola tinha a oferecer de bom para a comunidade. De acordo com a diretora, esse trabalho de sensibilização junto com outras ações realizadas para elevar a auto-estima dos alunos e resgatar a credibilidade da escola fez com que ela se tornasse referência no Estado do Rio Grande do Norte e no Brasil. Ela conquistou o primeiro lugar no Prêmio Nacional Referência em Gestão Escolar (RN) e foi classificada entre as seis escolas Referências do Brasil (2007 - ano base 2006). “Tudo isto prova que é possível o sucesso escolar na escola pública”, afirma Luciene Urbano.
(Fátima Schenini)