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JORNAL

Cultura popular é rotina em escola do interior catarinense

Crianças fantasiadas participam de apresentação

Na Escola Municipal de Educação Fundamental Quintino Rizzieri, em Içara, sul de Santa Catarina, trabalhos sobre folclore são rotineiros para os mais de 800 alunos. A diretora da instituição, Jaqueline dos Santos, considera o folclore importante para resgatar a cultura do povo e excelente meio de transmissão de conhecimento. Para ela, que está há 27 anos no magistério, o fato de a cultura catarinense apresentar tanta diversidade contribui para que os estudantes venham a ser cidadãos que conheçam e saibam conviver com as diferenças.

Em 2013, ano em que Içara foi sede da 20ª edição da Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina (Açor), os professores desenvolveram temas ligados a essa cultura, como o folguedo do Boi de Mamão, a Festa do Divino Espírito Santo, artesanatos, lendas e brincadeiras infantis. Uma das atividades foi a realização de evento que incluiu palestra da escritora local Iêde Cardoso dos Santos sobre o livro O Bicho-Papão Não é Mais Aquele. “Várias apresentações marcaram o dia em homenagem à escritora, valorizando a cultura de um povo passada de geração em geração”, ressalta Jaqueline, que tem graduação em educação física e pós-graduação em atividade física e saúde.

As crianças apresentaram paródias com personagens do folclore, músicas e coreografias de incentivo à leitura e participaram de exposições de bichos-papões confeccionados com materiais reutilizados. Também prepararam perguntas para a autora. “Foi um bate-papo ótimo”, diz a professora de língua portuguesa Elenice Alvim de Oliveira. Ela explica que o trabalho de preparação foi realizado com outros professores, com antecedência. Assim, a professora de artes Gabriela Fernandes contou a história para os alunos, com a ajuda de um aparelho Data Show. Gabriela colaborou, ainda, com a montagem de um mural, com as crianças, sobre como imaginavam ser o bicho-papão e ajudou na encenação de peça de teatro sobre o livro.

Leitura — Segundo Elenice, o bicho-papão também aparece no Boi de Mamão, manifestação folclórica típica de Santa Catarina, por meio do personagem Bernúncia, animal que engole crianças malcriadas. “Tivemos como partir desse mesmo personagem para trabalhar a questão da cultura açoriana”, diz a professora. Ela acredita que o trabalho teve resultado excelente. “Percebi que as crianças compreenderam o que era um autor e tomaram gosto pela leitura”, destaca. “Foi uma fase em que a leitura deu um salto de qualidade na sala de alfabetização porque despertou o interesse.”

Elenice observou, além disso, que o tema folclore desperta a atenção das crianças e contagia a turma. “Eles entram em contato com a cultura, pesquisam, reúnem informações presentes em seu cotidiano e aprofundam os conhecimentos referentes a elementos históricos que desconheciam”, analisa. Graduada em pedagogia, ela tem especialização em psicopedagogia e em gestão, supervisão e orientação escolar. Está no magistério há nove anos.

De acordo com a professora Gabriela, os alunos recebem o tema folclore com muito interesse, curiosidade e participação, por serem assuntos do cotidiano. “O resgate do folclore é muito importante, pois faz parte da identidade do povo. Quem não conhece a própria história tem uma experiência de vida limitada”, afirma.

Gabriela levou para a sala de aula imagens de obras de artistas que abordam, de alguma maneira, o folclore popular. Entre eles, o catarinense Willy Zumblick, que retrata o folclore do estado inspirado na cultura açoriana. Os alunos fizeram a releitura das obras com desenhos, pinturas e colagens. Também produziram máscaras com os personagens do Boi de Mamão e confeccionaram animais com argila e papel higiênico. Há dois anos no magistério, Gabriela tem licenciatura em artes visuais e cursa especialização em arte-educação. (Fátima Schenini)

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