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JORNAL

Escola utiliza videogame para estimular alunos

Aluno brinca com vídeogame em escola de São Paulo

Professor de música há 13 anos, Alex Rodrigues voltava das férias quando, logo nas primeiras aulas, percebeu uma melhora significativa de um de seus alunos de guitarra. Após o período de férias, o aluno que antes tinha dificuldade para tocar o instrumento, retornou entusiasmado. “Ele citava bandas de rock mais antigas e disse que havia tocado as férias inteiras porque havia ganhado um videogame chamado Guitar Hero”, contou Rodrigues.

Segundo o professor, que trabalha na Escola de Música e Tecnologia em São Paulo, além de melhorar o repertório de músicas do aluno, o jogo trabalhou bastante a parte rítmica. “Hoje, é muito comum os jovens se interessaram apenas pelas músicas que tocam no rádio. Com o jogo, ele quis tocar músicas onde o instrumento é mais presente e constante”, explicou. A melhora do aluno foi natural e ao final do semestre ele ganhou um prêmio de aluno revelação.

O método foi tão eficaz que hoje há na escola uma sala de videogame à disposição de todos os alunos. Rodrigues ressalta, porém, que o videogame não ensina a prática musical propriamente dita. “Bastante disputada, a sala é o lugar onde os alunos podem brincar. O objetivo é o entretenimento mesmo”, ressaltou.

Pesquisadora do uso das tecnologias na educação musical, a professora Susana Éster Kruger destaca que cabe a cada professor analisar como estes recursos podem ser utilizados e se seu uso é adequado ou não ao seu contexto. “É possível que várias tecnologias contribuam de diferentes maneiras para o ensino da música nas escolas. Algumas foram criadas diretamente para este fim e outras que podem ser adaptadas”, afirma.

Entre as tecnologias pesquisadas por ela, estão: softwares de edição de partitura; o site Youtube, que pode servir para exemplificar estilos musiciais; e softwares como o Editor Musical, que foi criado para composições musicais individuais e colaborativas (grupos de alunos conectados via internet em tempo real). “É necessário observar o objetivo intrínseco à construção do software, analisar as necessidades e propósitos das aulas em que se pretende utilizá-lo e verificar quais são as possibilidades de adaptação desta tecnologia” acrescenta.

Para ela, o videogame Guitar Hero pode ser utilizado em atividades voltadas à percepção musical, já que parte da música real para depois trabalhar com a teoria e a técnica. Já um outro videogame, chamado Rock Band, pode ser mais interativo e colaborativo, dadas as possibilidades de simulação e interação de um ou mais alunos com o jogo. Entretanto, Kruger endossa a opinião de Figueiredo sobre a utilização de videogames no ensino da música, destacando que nenhum jogo ou software pode substituir a prática musical.

Coordenadora do Projeto Guri em São Paulo, a pesquisadora utiliza as TICs na formação continuada da equipe docente que atua junto aos alunos, promovendo cursos que tratam do uso da EaD em atividades pedagógico-musicais, sociais, de gestão e comunicação, bem como cursos sobre aspectos musicais e pedagógicos do ensino musical coletivo (mesclado com aulas práticas presenciais) e outros temas. De acordo com Kruger, os professores devem avaliar a concepção pedagógica que está implícita no software.

Muitos softwares têm sido criados com concepções pedagógicas tecnicistas, colocando a técnica ou a literatura sobre música em primeiro lugar. “Há tecnologias que priorizam o ensino de elementos teóricos da música ao invés de dar ao aluno a possibilidade de explorar seu potencial criativo através da composição/improvisação/arranjo, apreciação e execução vocal ou instrumental. Assim, vários deles são apenas uma “roupagem nova” para um conceito antigo, e não tem nada a mais para acrescentar nas aulas de música além da novidade tecnológica”, explica.

(Renata Chamarelli)