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JORNAL

Novas metodologias incluem movimentos culturais

Alunos aprendem dança no pátio da escola.

Pesquisas apontam que a prática esportiva é predominante nas aulas de educação física. Desde a paixão nacional, o futebol, até o vôlei, o handebol e o basquete, de forma geral são os esportes coletivos que se sobressaem na disciplina. Entretanto, a educação física tem uma função que vai além do desenvolvimento técnico em determinados esportes. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a disciplina deve incorporar as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos.

O assunto é objeto de estudo do doutor em sociologia do esporte e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Valter Bracht. Segundo ele, suas pesquisas revelaram um consenso na disciplina: muitos acreditam que o esporte, por si só, é educativo. “Com isso, basta dar uma bola e pronto”, destaca. Segundo ele, este fenômeno ainda é consequência da política das décadas de 1960 e 1970, quando a educação física tinha uma carga horária obrigatória de três horas semanais e priorizava o treinamento e a descoberta de atletas de alta performance.

Mais do que estimular a prática de uma determinada modalidade esportiva, a educação física tem a função de permitir que os alunos vivenciem outras culturas. “Ao invés de entender a educação física escolar como algo biológico, é necessário percebê-la como uma manifestação de cultura, na qual o aluno precisa não só saber executar os movimentos certos como também entender a importância dessa cultura”, justifica. Para Bracht, não se trata de negar o esporte, mas apenas considerá-lo como uma das manifestações da cultura corporal.

Bracht defende a ampliação dos movimentos culturais como tema nas aulas de educação física. “Também fazem parte da nossa cultura corporal as danças e as ginásticas, sejam elas acrobáticas ou circenses”, diz. Além disso, há outros esportes menos convencionais que estão, em alguns casos, mais difundidos entre os jovens. “Tem mais adolescente andando de skate do que jogando basquete”, exemplifica o especialista. Ele propõe ainda uma aula de educação física com atividades que perpassem pelo arvorismo e até mesmo pelo rapel.

(Renata Chamarelli)