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JORNAL

É preciso pensar na educação completa

Estudante da Escola Municipal Juvenal Cardoso, em Pato Branco (PR), participa de oficina de informática, dentro de projeto de educação integral.

Educação não consiste apenas em passar conhecimento. É aprender sobre a cultura, a sociedade e se desenvolver. Esses são alguns dos preceitos da escola em tempo integral, idealizada pelo educador Anísio Teixeira, em 1950. Na época, ele revolucionou a educação brasileira ao criar, na Bahia, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro.

Conhecida como Escola Parque, a instituição trazia uma proposta de educação profissionalizante em tempo integral, voltada para a população mais carente. Além das matérias básicas do ensino, a escola oferecia atividades de corte e costura, marcenaria e oficinas de arte. Inclusão social e aplicação da educação em sua forma plena são os principais objetivos do método, que não consiste apenas em deixar o aluno mais tempo na sala de aula.

De acordo com o doutor em educação, Vitor Henrique Paro, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração Escolar (Gepae), apenas aumentar o tempo de aula de quatro para oito horas diárias, como é proposto por alguma instituições, significa somente dobrar o sacrifício. Para ele, é preciso pensar na educação completa. “Antes de aumentar o tempo, é preciso ter educação. Deve-se pensar na personalidade integral das crianças. A educação verdadeira consiste na passagem da cultura, naquilo que faz do ser humano, cidadão”, ressalta.

Segundo Paro, a educação consiste também em se apropriar de valores, da arte, da filosofia, do direito, das crenças e da ciência. “Para construir personalidades é preciso educação no sentido integral, aquela que começa dentro de casa e termina na escola. O adulto pode não aprender brincando, mas com a criança funciona assim”, destaca o professor, que embora aposentado pela Faculdade de Educação da USP continua exercendo a pesquisa, a docência e a orientação de discípulos em nível de pós-graduação. “O currículo não é apenas matemática, geografia e história. O professor, para aplicar a educação, deve ter conhecimento de psicologia, sociologia, história da educação, antropologia e filosofia”, defende.

Em sua opinião, canto e dança fazem parte das atividades que devem ser usadas para o desenvolvimento total do aluno. “O objetivo é formar um cidadão, com personalidades integrais, que se apropriem da cultura a sua volta”, destaca. “A capoeira, por exemplo, deveria ser obrigatória nas escolas. Além de nossas origens, ela é uma aula de arte, companheirismo e respeito para com o próximo”.

Mais Educação – Diversas experiências de educação em tempo integral têm surgido no Brasil, ultimamente. Muitas delas são apoiadas pelo Programa Mais Educação, do Governo Federal, que tem como prioridade contribuir para a formação integral de crianças, adolescentes e jovens, articulando diferentes ações, projetos e programas nos estados, Distrito Federal e municípios, de acordo com o projeto pedagógico da escola.

Ampliar espaços, tempos e oportunidades educativas; ofertar novas atividades educacionais, reduzir a evasão, a repetência e distorções de idade-série, por meio de ações culturais, educativas, esportivas, de educação ambiental, de educação em direitos humanos e de lazer são alguns dos objetivos do Mais Educação, que é coordenado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (Secad/MEC). O programa, iniciado em 2008, conta com a parceria de 81 secretarias de educação, sendo 55 municipais e 25 estaduais, além da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

(Rafania Almeida)