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JORNAL

Iniciativas promovem leitura na escola e na comunidade

O brasileiro está lendo mais. De acordo com pesquisa do Instituto Pró-Livro, a média nacional de leitura é de 3,7 livros por leitor ao ano no Brasil. Em 2000, esse número chegava a apenas 1,8 livro. Parte desse aumento se deve a ações de incentivo à leitura promovidas pelos ministérios da Educação e da Cultura, entre elas o Plano Nacional do Livro e Leitura; e o Prêmio Viva Leitura. Entretanto, pequenas ações promovidas por professores de municípios brasileiros têm surtido efeito nos hábitos de leitura não apenas de estudantes, mas de comunidades. É o que afirma a professora Roberta Dutra, da Escola Municipal Edna Umbelina, de Nova Iguaçu (RJ).

Formada em letras, a professora de língua portuguesa da 4ª série do ensino fundamental decidiu criar o projeto Aventura Literária ao ver a falta de interesse de seus alunos pela atividade. “Eles não gostavam de ler e, consequentemente, de escrever”, lembra Roberta. Ela começou a contar histórias e a brincar com a imaginação dos estudantes. Para cada história contada, eles tinham de usar sua criatividade e passá-la para o papel. “No início, eu os deixava escrever como sabiam ou como preferiam até que foram tomando gosto pela atividade”, diz.

Como incentivo, passou a levar os textos construídos pelos alunos a estabelecimentos da região da escola, como padarias, farmácias e restaurantes. “Para eles, isso é uma forma de valorizar o trabalho realizado”, afirma. A idéia de Roberta é estimular nos estudantes a vontade de escrever bem. “Eles descobrem que isso só é possível com a leitura. Quando mais leem, melhor escrevem”, ressalta.

Inicialmente, a professora levava até mesmo bula de remédio e rótulos de alimentos, junto com poesias e histórias, para mostrar que a leitura estava no dia-a-dia de cada um deles. “E funcionou. A preocupação dos alunos depois foi a democratização da leitura. Eles querem levar seus textos à toda a comunidade, incentivando a atividade”, diz.

Em Farroupilha (RS), existem atualmente 16 ações de incentivo à leitura. Idealizados por professores e coordenadores da rede municipal, elas foram reunidas e hoje fazem parte do projeto Caminhos da Leitura, da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desportos. Desenvolvido desde 2006, ele não apenas ensina a importância da leitura nas escolas, mas também leva cultura e educação à comunidade. “Caminhos da Leitura surgiu da percepção, na sala de aula, de que era necessário fazer algo pela leitura de uma maneira contínua e sistemática”, explica a coordenadora do projeto, Tânia Perotti.

Vitrine de redação, sarau literário, teatro, entrevistas e redação nas empresas são algumas das ações promovidas para tornar a leitura e a prática da escrita em um hábito. Na cidade foi criado inclusive o Dia Municipal da Leitura – 5 de maio –, quando a comunidade e todas as escolas locais se reúnem para promover a atividade em um evento com apresentações culturais. Participam 28 escolas municipais com mais de seis mil alunos.

A professora de língua portuguesa, Jane Mari Moroni, da Escola Ilza Molina Martins, participa com suas turmas de três ações do Caminhos da Leitura: Poesia no ônibus, Poesia na Vitrine e Exposição. Ela ainda trabalha na produção de dois livros com alunos de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. “Os livros serão apresentados na Mostra Literária do colégio, que é realizada a cada dois anos. Um é de contos e o outro é sobre adolescência. Como o trabalho deles será público, eles capricham mais. Se preocupam em ter um arcabouço literário que os auxilie na escrita”, destaca Jane, afirmando ainda que o incentivo não é apenas para os alunos. “Os professores também ficam mais motivados quando percebem esse interesse coletivo e um trabalho bem feito”.

(Rafania Almeida)