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JORNAL

Jornal virtual atinge público maior, com menor custo

Aluno de Farroupilha (RS) redige texto no computador.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Chiele, em Farroupilha, na Serra Gaúcha, sabe bem quais são os benefícios de um jornal escolar. O primeiro jornalzinho da instituição foi criado em 1989, de forma bastante artesanal. Em 1994, ele foi aperfeiçoado, passou a ser impresso na copiadora da escola e ganhou o nome de Fique por Dentro, escolhido em eleição. E desde março de 2009 a publicação tornou-se virtual. Assim, além de diminuir os custos com a impressão passou a atingir um maior número de pessoas.

“Ter um jornal na escola, com notícias, imagens, entrevistas, entre outros assuntos, faz a comunidade conhecer o que vem sendo realizado”, diz a diretora Elisette Timm Piano. Além disso, observa, há um envolvimento dos alunos, que passam a ter outra relação com a leitura e a escrita. Outro benefício apontado por Elisette, no magistério há 25 anos e diretora do colégio em duas ocasiões (de 1994 a 2000 e de 2007 até agora), é que alunos e professores percebem a importância do registro das atividades que realizam e parecem assumir maior importância depois que aparecem no jornal.

Para a professora de língua portuguesa e literatura, Ângela Maria Jung Silvestrin, 35 anos de magistério, 15 deles no Ângelo Chiele, quando os estudantes percebem que são lidos, que seus textos geram comentários, são elogiados ou mesmo criticados, opera-se uma transformação. “Eles passam a confiar mais em si, tomam consciência de que podem influenciar pessoas, posicionar-se diante de fatos,” explica.

Ângela Maria percebe ainda que o jornal provoca melhorias na produção textual dos alunos, tanto na ortografia, quanto na estruturação do texto e no vocabulário e promove mudanças até no comportamento: “é gratificante ver alunos tímidos, que têm dificuldade para falar, surpreenderem na expressão escrita”, diz.

O Fique por Dentro é publicado semanalmente, durante o período letivo. A atividade é opcional, não vale pontos ou nota. Os redatores são alunos voluntários do 6º ao 9º ano (5ª a 8ª série), que se reúnem às quintas-feiras à tarde, turno oposto ao das aulas. As matérias são colocadas no jornal virtual pela professora de informática, depois de terem sido digitadas pelos estudantes e revisadas pela professora de português. As demais professoras participam de forma indireta, dando informações ou sugestões e respondendo a entrevistas. Os assuntos são selecionados pelo próprio grupo, na reunião de pauta, entre os temas em discussão na escola e na comunidade escolar.

Em Porto Alegre (RS), a professora Jussara Fernandes Oleques constatou mudanças positivas evidentes, nos estudantes, provocadas pelo Jornal Virtual da Escola Municipal de Educação Fundamental da Vila Monte Cristo. Entre elas, cita às relativas a convivência entre colegas, com maior aceitação das diferenças sócio-econômico-culturais, progresso na linguagem falada e escrita, além de mais desenvoltura e rapidez na leitura e na comunicação com outras pessoas.

Localizada em uma área carente de espaços públicos e coletivos de lazer, a escola se preocupa em oferecer alternativas nas áreas de esportes, artes e de comunicação. Cada aluno pode participar de até três dessas alternativas, chamadas de complementos curriculares, no contraturno do horário das aulas. O Jornal Virtual da Monte Cristo, que circulou de 2001 a 2007, foi um desses complementos, sendo realizado na sala de informática. O periódico era anual e a pauta era discutida nos encontros iniciais, seguindo as indicações dos alunos de toda a escola obtidas em uma pesquisa de opinião por escrito. O passo seguinte era a formação das equipes encarregadas de coletar os dados e a produção dos artigos em páginas html.

O jornal acabou porque Jussara não pode mais continuar na coordenação, mas ela tem esperança que algum colega possa continuar com o projeto. “Meu regime de trabalho é de 20 horas, mas minhas atribuições com informática na escola estavam ultrapassando 40 horas e afetando minha saúde”, explica a professora. Ela é aposentada pela rede estadual de ensino, desde 1995, depois de lecionar língua portuguesa e literatura em escolas da rede estadual, durante 26 anos. No mesmo ano ingressou no magistério municipal, por meio de concurso. Atualmente trabalha apenas na área de informática, em projetos de letramento digital com professores da escola. Também é responsável pela produção do site da instituição.

Acesse aqui algumas fotos das equipes do Jornal Virtual.

(Fátima Schenini)