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Edição 125 - Educação de Jovens e Adultos
25/05/2016
 
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Realidade de alunos possibilita novos projetos e tecnologias

“É na escuta dos alunos que precisamos focar o nosso saber ouvir”, diz Almir

“É na escuta dos alunos que precisamos focar o nosso saber ouvir”, diz Almir

Autor: Arquivo pessoal


Apaixonado por educação, o professor Almir Francisco de Sousa desenvolveu projeto pedagógico com os alunos da educação de jovens e adultos (EJA) no Centro Educacional Sesc Ler, no município de Acauã, Piauí, que foi além da sala de aula. Iniciado em 2013, durante período de escassez de água, comum naquela região do Semiárido, o projeto Agricultura Familiar em Contexto: da Vivência à Sobrevivência possibilitou o cultivo de frutas e verduras na escola e na residência dos alunos.

O sistema, que usa garrafas plásticas e um equipo — dispositivo usado em aplicação de soro para controle de fluxo e dosagem de líquidos —, foi criado coletivamente com os estudantes a partir de suas próprias experiências. De acordo com Almir, a sala de aula, se apropriando do contexto dos alunos, repensa com eles novas possibilidades, a partir da própria realidade, para nela intervir.

Usado inicialmente em uma plantação de melancias na horta da escola, o projeto foi disseminado entre as famílias dos alunos e passou a ser adotado em diferentes locais e com outras espécies de plantas. Isso foi possível por se tratar de uma tecnologia artesanal, que aproveita materiais reciclados, como embalagens de refrigerantes e de sabonetes líquidos.

Segundo Almir, hoje na direção do centro educacional, a experiência reafirma a importância da condição do professor enquanto aprendente. “É na escuta dos alunos que precisamos focar o nosso saber-ouvir”, diz. “Devemos enxergá-los como participantes no processo de definição do currículo, na organização do planejamento e na avaliação, a partir de suas necessidades de aprendizagem, com o desafio de torná-las significativas e contextualizadas à realidade.”

De acordo com o professor, a colheita das melancias foi o principal indicador do resultado do experimento e comprovou a funcionalidade do sistema de irrigação. “A aplicabilidade da tecnologia construída, simples e acessível, que ultrapassou os muros da escola e chegou aos quintais e roças dos alunos e seus familiares, irrigando outras culturas, como caju, abóbora, laranja e goiaba, foi um benefício significativo provocado pela invenção”, avalia.

Premiação — Agraciado com menção honrosa, em abril deste ano, durante a premiação da Medalha Paulo Freire, promovida pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, o projeto continua a desenvolver ações, testes e experimentos. Assim, o sistema de irrigação foi instalado recentemente em uma goiabeira do pomar da escola, enquanto outra árvore da mesma espécie foi deixada exposta ao clima característico da região. “O resultado foi notório: a árvore com o sistema de irrigação produziu frutos viçosos e em maior quantidade ao receber dosagem controlada e sem desperdício de água; a outra frutificou em menor quantidade e de forma atrofiada”, revela Almir.

Pedagogo, com especialização em gestão escolar e em docência dos anos iniciais do ensino fundamental, das populações do campo e carcerária, na modalidade da educação de jovens e adultos, Almir, 30 anos, ingressou no Sesc Ler há seis, na função de professor, nessa área. Mas sua experiência com a EJA tem mais tempo. “Comecei aos 16 anos, com alfabetização solidária, dando aulas na casa de um aluno”, recorda. “Ao perceber a carência e a necessidade dos estudantes em recuperar o tempo perdido, meu gosto pela área aumentou.”

Além de aulas a turmas da EJA do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental, no período noturno, o Centro Educacional do Sesc Ler oferece aulas de educação infantil, de manhã; à tarde, de orientação escolar, recreação e lazer, por meio do Projeto Habilidades de Estado (PHE).

Estímulo — Para Rozenilda Castro, coordenadora estadual do Projeto Sesc Ler Piauí, o trabalho com diferentes comunidades no campo da educação de jovens e adultos tem sido, antes de tudo, um estímulo à inventividade no currículo e nas estratégias pedagógicas para a permanência dos alunos em sala de aula. “Os desafios nos alertam, mas é na busca de superações que focamos os nossos olhares e as nossas ações”, analisa.

De acordo com a coordenadora, muitas vezes, basta escutar os alunos com muita atenção, pois eles dão pistas o tempo todo. “Então, fazemos um exercício constante com nossa equipe pedagógica: o que os alunos nos dizem? E o que fazemos com o que escutamos dos nossos alunos?”

Há 30 anos no Sesc Piauí e há 12 no Projeto Sesc Ler — desde que foi implantado no estado —, Rozenilda coordena cinco centros educacionais do Serviço Social do Comércio (Sesc), nos municípios de Acauã, Guaribas, Piripiri, São João do Piauí e São Raimundo Nonato. Pedagoga, com mestrado em educação, ela cursa doutorado em educação na Universidade Federal do Piauí (UFPI). (Fátima Schenini)

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