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DIARIO
Edición 27 - Jornal na Escola
29/09/2009
 
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Professor dá dicas de como fazer e usar um jornal na escola


Professor do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Assis (SP), Juvenal Zanchetta Júnior é graduado em letras, com mestrado, doutorado, e pós-doutorado em educação.

Tem experiência nas áreas de lingüística, comunicação e educação, com ênfase em prática de ensino de língua portuguesa, nas relações entre mídia e educação, e em políticas educacionais. Sua atuação é voltada, principalmente, para os seguintes temas: leitura, leitura de linguagens midiáticas, abordagens pedagógicas da imprensa escrita e audiovisual, e formação de professores.

Pesquisador na área de imprensa, mídia e educação, é autor de duas obras que tratam do tema jornal - Imprensa escrita e telejornal (Editora Unesp - 2004) e Para ler e fazer o jornal na escola (Editora Contexto – 2002), que escreveu juntamente com Maria Alice Faria.

Em entrevista ao Jornal do Professor, Zanchetta Júnior diz que o jornal escolar precisa ser um meio e não um fim em si mesmo: o que importa é a qualidade do processo de produção e não o resultado final. Ele acredita que o jornal auxilia o trabalho na sala de aula de diversas maneiras e pode ser desenvolvido em qualquer disciplina. E explica os passos básicos a serem tomados pelos professores interessados em fazer um jornal com seus alunos.

Jornal do Professor - Qual é a importância de o professor fazer um jornal com os alunos? Quais os benefícios?

Juvenal Zanchetta Júnior - Esse tipo de trabalho pode auxiliar o trabalho de diversas maneiras: a) como exercício de investigação e compreensão do contexto escolar e comunitário pelo próprio aluno; b) como forma de introduzir o aluno em um modo de comunicação (a informação jornalística) de grande prestígio social; c) como estímulo à busca de outras referências para se compreender o mundo, a partir da pesquisa em suportes como os jornais impressos, os telejornais, os portais de notícias, etc.; d) como forma de estimular o comprometimento do aluno com sua própria palavra (os estudantes aprendem a responsabilizar-se pelas conseqüências do que escrevem ou falam); e) como forma de expressão individual e coletiva de pontos de vista; f) como pretexto para a utilização de um registro mais formal da linguagem.

Há ainda outros aspectos, mas os mencionados são suficientes para mostrar a pertinência desse tipo de trabalho. Em comum, todos eles contam com um ingrediente importante para qualquer disciplina, e não apenas para o português: estimular o aluno a utilizar um registro de linguagem de maior prestígio social, com vistas à revisão de conceitos e à ampliação do entendimento sobre o mundo.

JP - A produção de um jornal deve ser uma atividade interdisciplinar? Ou deve ser uma tarefa apenas dos professores de português?

JZJ- A linguagem verbal é a âncora de toda a atividade jornalística. Basta assistir a um telejornal sem ouvir as falas do apresentador, repórteres, entrevistados, para se ter idéia disso. Somente os assuntos muito conhecidos são compreensíveis apenas observando-se as imagens, e ainda assim de forma parcial. O peso da palavra faz com que essa atividade, na escola, seja delegada para o professor de português. Mas o jornal pode ser desenvolvido em qualquer disciplina (pois todas elas também têm, na palavra, sua principal referência).

O jornal pode ser desenvolvido numa disciplina e ter os professores das demais matérias atuando como fontes ou como estimuladores da pesquisa para se obter informações mais precisas. Tomemos como exemplo a produção de uma notícia sobre o número de alunos matriculados numa determinada escola, desenvolvida para um jornal sugerido pelo professor de português. Os alunos podem se contentar em perguntar na secretaria da escola qual o número de matriculados naquele determinado ano. Haverá um número concreto (tantos alunos) e a fonte é a mais fidedigna possível. Mas a informação pode ser desdobrada. Numa sugestão mais próxima das disciplinas de história e de geografia, pode-se buscar a evolução do número de alunos ao longo de um determinado período. O exercício será ainda mais acurado se esses mesmos professores auxiliarem os alunos a entender o perfil dessa evolução (por que o número aumentou ou por que diminuiu ao longo de tantos anos?). Outra possibilidade é pedir o auxílio do professor de matemática, para se calcular qual o número total de alunos que a escola comporta em sua área física. Note-se que um trabalho como esse poderia partir de qualquer uma das disciplinas aventadas, e envolver as demais.

JP - Quais os passos básicos necessários para um professor que deseja criar um jornal em sua escola e não tem nenhuma experiência? Que pontos devem ser levados em consideração? Como o trabalho pode ser distribuído entre os alunos?

JZJ - O jornal escolar precisa ser um meio e não um fim em si mesmo: o que importa é a qualidade do processo de produção e não o resultado final. Além disso, frise-se que as escolas e professores têm condições diversas: algumas contam com computador e pessoal capaz de trabalhar com editor de textos; outras têm computador que não funciona; outras não têm computador. O que fazer? Utilizar tipos de texto comuns na imprensa (notícia, reportagem, texto de opinião, publicidade) em suportes diversos:

a) Produzir jornais falados com os alunos, acompanhando a elaboração dos textos escritos e discutindo com eles as possibilidades de enriquecimento da informação;

b) Produzir jornal na própria lousa: cada aluno ou grupo escreve uma notícia, diariamente, tendo como público os alunos da sala. O texto deve ser comentado pelo professor, em termos de informação e de composição;

c) Produzir jornal mural: cada aluno ou grupo se responsabiliza por uma notícia ou tema e os textos finais são dispostos em jornal mural, seguindo-se regras estabelecidas pelo professor;

d) Produzir o jornal impresso: pode-se utilizar uma folha de papel sulfite (frente e verso). Nela, dispõe-se um nome para o jornal e títulos para as matérias. Além de se esboçar, previamente, como serão dispostas as notícias, o professor deve insistir na discussão sobre a hierarquização dos textos (quais os mais importantes ou interessantes; quais são aqueles com menor potencial para atrair o público leitor);

e) Produzir um telejornal, gravando os textos interpretados pelos alunos. É necessário fazer previamente um roteiro para a elaboração e apresentação de notícias e opiniões.

Os textos podem ser produzidos ainda para outros suportes, como o jornal da cidade, o celular ou mesmo um blog. Duas considerações precisam ser destacadas. A primeira delas diz respeito ao perfil das informações. Reproduzir o noticiário de grandes redes ou jornais é um expediente pertinente à medida que os alunos são levados a prestar atenção em detalhes que comumente passam despercebidos. Mas a produção de notícias deve estar centrada em aspectos locais, buscando transformar fofocas em informações consistentes! Para isso, é preciso buscar a procedência e exatidão das informações, as conseqüências e implicações relacionadas ao fato narrado. Em segundo lugar, é preciso estar atento ao público a que se destinam as informações e os comentários: a) a própria turma de alunos; b) todos os alunos da escola; c) alunos de outra escola; d) autoridades locais etc. A expectativa quanto ao público é fator determinante para o modo como os alunos dispõem seus textos.

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