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O conto e a cr?nica (aulas 1,2,3 e 4)

Autor e Co-autor(es)

Begma Tavares Barbosa imagem do usuário

JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Regina C?lia Martins Salom?o Brodbeck

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino M?dio L?ngua Portuguesa G?neros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

Aprofundar seus conhecimentos sobre os g?neros cr?nica e conto.
Refletir sobre a distin??o entre o liter?rio e o n?o-liter?rio, a partir da compara??o entre textos que abordam o mesmo tema.
Desenvolver habilidades de leitura, como: identificar o posicionamento do autor do texto; comparar textos, considerando diferentes posicionamentos e diferentes estrat?gias discursivas; inferir o significado de palavras pela an?lise de sua morfologia; inferir o significado de express?es metaf?ricas.

Duração das atividades

4 aulas ( 200 min)

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Recuperar com os alunos o sentido da palavra ?cr?nica? (do latim chronos = tempo), sinalizando que esse ? um g?nero com presen?a garantida em jornais e revistas e que costuma, como o texto mostrar?, comentar o fato cotidiano, atual.

Estratégias e recursos da aula

AULA 1.
Atividade 1
Propor uma conversa com os alunos a partir de quest?es como: o que sabem sobre cr?nica?; j? leram alguma cr?nica?; que cronistas brasileiros conhecem?

Atividade 2
Fazer um levantamento com os alunos dos nossos principais cronistas. O professor pode levar para a sala de aula jornais e revistas para que os alunos observem, nesses suportes, o espa?o reservado ? cr?nica.

Atividade 3
Leitura da cr?nica de Martha Medeiros ? com media??o pelo professor


O beijo
Martha Medeiros

Na primeira p?gina de um site, o convite: ?Voc? viu? Mulheres fazem fila para beijar rapaz!? Adivinha se n?o era carnaval em Salvador. Estavam l? diversas fotos do garanh?o beijando uma, depois a outra e a mulherada em fila aguardando a vez. Parece divertido, mas n?o ? novidade: acontece em tudo o que ? festa aberta, em qualquer ?poca do ano. Todo mundo beijando todo mundo, uma del?cia de descomprometimento. Nem evolu??o, nem involu??o, apenas mais uma coisa que se dessacraliza diante dos nossos olhos.
O beijo.
Dizem que o primeiro beijo n?o se esquece, e eu realmente nunca consegui esquecer do meu primeiro, e olha que eu tentei. Foi um desastre, um desacerto, uma tentativa malograda de encaixe, at? que veio o segundo e, a? sim, choveram estrelas. Desde ent?o, o beijo passou a fazer jus ? sua fama de grande astro de um encontro amoroso.
Para quem, como eu, n?o chegou a viver esta onda de banaliza??o do beijo, para quem beijava s? quando estava apaixonado, ou, v? l?, com um ficante de vez em quando (e n?o mais de um por noite, e tampouco ficar todas as noites, pois t?nhamos que sossegar o pito, como diziam nossos pais), enfim, para quem n?o viveu este oba-oba, o beijo segue sendo a confirma??o de uma atra??o rec?proca. E personalizada. Especial como raros momentos o s?o.
Paix?es se iniciam de repente. Voc? troca e-mails com algu?m sem a menor inten??o de rolo, e ent?o, sem mais nem menos, passam a flertar um com o outro, o jogo da sedu??o come?a. Ou voc? ? amiga de um cara sem jamais passar pela cabe?a ir al?m da amizade, mas um belo dia, do nada, pinta um clima, que confus?o. Ou ent?o voc? ? apresentada a uma pessoa numa festa e se encanta ? primeira vista, e a partir da? fica mentalizando estratagemas para um segundo encontro e, quem sabe, um terceiro e um quarto. Principalmente um quarto.
Bom, h? v?rias maneiras de se iniciar um romance, mas enquanto o primeiro beijo n?o acontece, existe apenas uma inten??o, uma possibilidade, um quem sabe. Olhares, telefonemas, torpedos, tudo isso n?o passa de aquecimento, e pode esfriar antes mesmo que aconte?a alguma coisa. Que alguma coisa? Ora, do que estamos falando aqui, criatura? Do beijo!!!! Quem n?o se lembra do final de Cinema Paradiso? Nenhuma cena de sexo nos emocionaria daquele jeito.
O primeiro beijo de uma nova rela??o: quando ser?, e onde? Quando ele vier me deixar em casa? Dentro do cinema? No meio de um papo, inesperadamente? Ah, que cruel e excitante ? esta vida. Aguardar pelo primeiro beijo, aquele beijo que vai atestar: sim, n?o era uma fantasia, ele estava mesmo a fim de mim todo este tempo, e eu, nem se fala. Se n?o estava, fiquei. O beijo, uau! O detonador de toda hist?ria de amor, ou de uma ilus?o de amor, que seja.
Depois vinha o desenrolar dos acontecimentos, mas deixemos pra l? o depois. N?o ? importante. O que nos deixava ligadinhas era a expectativa do primeiro beijo, que valia por um carimbo, um atestado, um apito do juiz: come?ou, t? valendo. Ent?o algo se iniciava.
Sou ficcionista, mas n?o a ponto de delirar. Era bem assim, crian?as.

Medeiros, Martha. O Globo. 2006

O professor deve mediar um di?logo com o texto, propondo quest?es (oralmente ou por escrito) como:
1- Por que o texto lido pode ser considerad o uma cr?nica?
2- De que tema trata o texto?
3 -Que fato motivou a autora a escrever sobre esse tema?
4- Como a autora se posiciona diante do comportamento daqueles que ?beijam todo mundo?, fato que a cr?nica vai comentar?


AULA 2Atividade 1
Propor uma leitura mais vertical do texto de Martha Medeiros, refletindo sobre o uso de express?es metaf?ricas e escolhas lexicais, a partir de quest?es como:

Martha Medeiros fala sobre o comportamento de sua gera??o, para a qual o ?primeiro beijo? estava carregado de significados. O beijo era:
? ?o grande astro de um encontro amoroso?
? ?a confirma??o de uma atra??o rec?proca e personalizada;
? ?o detonador de toda uma hist?ria de amor, ou de uma ilus?o de amor;
? ? um carimbo, um atestado, um apito do juiz.?
Como voc? interpreta cada uma dessas met?foras?

Atividade 2
O professor deve tamb?m promover atividades de leitura que incluam procedimentos de an?lise da linguagem, os quais est?o, certamente, associados ? atividade interpretativa. Exemplo:
Considere a afirma??o abaixo:
?Nem evolu??o, nem involu??o, apenas mais uma coisa que se dessacraliza diante dos nossos olhos.?

Procure explicar o significado das palavras negritadas, considerando seu processo de forma??o.

Atividade 3
Debate sobre o tema. Os alunos podem opinar sobre o posicionamento da autora que parece dirigir-se aos mais jovens - ?Sou ficcionista, mas n?o a ponto de delirar. Era bem assim, crian?as.? ? comparando o comportamento dessa gera??o com o da sua.
O professor deve organizar o debate estipulando tempo de fala bem como outras regras.

AULA 3
Atividade 1
Apresentar aos alunos o texto ?O primeiro beijo?, de Clarice Lispector:
http://www.pensador.info/p/clarice_lispector_o_primeiro_beijo/1/  
Conversar com eles sobre a autora. Perguntar: se a conhecem; se j? leram algum texto seu etc. Oferecer informa??es que motivem o contato com essa grande escritora da literatura brasileira.

Atividade 2
O professor deve mediar um di?logo com o texto, levando os alunos a observarem:
1- Que a narrativa de Clarice se organiza a partir de duas cenas (?O di?logo dos namorados?, par?grafos de 1 a 6, e ?A hist?ria do primeiro beijo?, par?grafo 7 at? o final.
2- Onde e quando ocorrem os fatos? Quem ? o personagem principal dessa hist?ria?
Como esse personagem se sentia? O que acontece a esse personagem?
3 ? As met?foras utilizadas no conto para traduzir a experi?ncia da descoberta da sexualidade por um adolescente. A narrativa est? repleta de met?foras, como esta que representa a experi?ncia do beijo: ?A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra?.

AULA 4

- Solicitar que os alunos comparem os textos observando semelhan?as relativas ? abordagem do tema.
- Propor que observem, em seguida, diferen?as relativas ao g?nero, estrat?gias discursivas e linguagem. Por exemplo: O texto de Martha Medeiros ? uma cr?nica, publicada em um jornal, e que se estrutura a partir de um breve relato seguido de argumenta??o. O texto de Clarice ? um conto que aborda de forma bastante po?tica a experi?ncia do primeiro beijo.
- Discutir com os alunos a distin??o entre texto liter?rio e n?o-liter?rio, valendo-se o texto de Clarice para destacar alguns tra?os distintivos da literatura: a plurissignifica??o, o impl?cito, as estrat?gias criativas de composi??o da narrativa, o uso est?tico da linguagem.

Recursos Complementares

Apresentar a grande escritora brasileira Clarice Lispector em entrevista, de 1977, na qual ela fala de literatura e, particularmente, de sua literatura.

http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zjQ5PSEOd1U&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=MQoVrxBsUZk&feature=related

Avaliação

O professor deve considerar as contribui??es dos alunos durante a leitura dos textos.

Sugere-se tamb?m que o professor selecione outros contos ou cr?nicas e elabore uma atividade escita para verificar as habilidades de leitura dos g?neros trabalhados.