Regina C?lia Martins Salom?o Brodbeck
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino M?dio | Literatura | Literatura brasileira, cl?ssica e contempor?nea: cria??es po?ticas, dram?ticas e ficcionais da cultura letrada |
Ler poemas
Observar o di?logo entre textos - intertextualidade
Comparar textos que abordam o mesmo tema, assumindo discursos diferentes.
Pensar sobre o movimento de ruptura promovido pelos modernistas de 22, a partir da leitura de par?dias.
Recuperar conhecimentos sobre o Modernismo no Brasil: autores, import?ncia do movimento para a constru??o da autonomia da arte e da literatura brasileira etc.
AULA 1
Atividade 1Verificar o que os alunos sabem sobre os autores Manuel Bandeira e Castro Alves.
Atividade 2Apresentar os poemas ?O adeus de Tereza?, de Castro Alves, e ?Teresa?, de Manuel Bandeira. Propor que os alunos fa?am uma leitura silenciosa dos dois textos e procurem pistas que sinalizem que os textos dialogam entre si.
O "adeus" de Teresa
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova sa?a um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem v?us
Era eu. Era a p?lida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"
Passaram tempos sec'los de del?rio
Prazeres divinais gozos do Emp?reo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma crian?a,
Ela em solu?os murmurou-me: "adeus!"
Quando voltei era o pal?cio em festa!
E a voz d'Ela e de um homem l? na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos c?us.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a ?ltima vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
http://www.revista.agulha.nom.br/calves05.html#teresa
Teresa
Manuel Bandeira
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas est?pidas
Achei tamb?m que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez n?o vi mais nada
Os c?us se misturaram com a terra
E o esp?rito de Deus voltou a se mover sobre a face das ?gua
http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira01.html#teresa
Atividade 3Propor que os alunos releiam os textos em voz alta, individualmente ou como leitura em jogral. ? importante motivar uma leitura mel?dica, sobretudo do primeiro texto, que se vale de in?meros recursos dessa natureza. Essa ? uma atividade importante para a experi?ncia de frui??o que caracteriza o contato com a poesia.
Atividade 4Releitura do texto de Castro Alves
O professor deve retomar o texto ?O Adeus de Tereza?, solicitando aos alunos que exponham sua interpreta??o do texto. Nesse momento, o professor deve, se necess?rio, mediar a intera??o com a turma, ajudando os alunos a observarem que o poema tem uma estrutura narrativa e que o desfecho dessa narrativa permite explicar o t?tulo do poema ?O adeus de Tereza?.
Atividade 5Releitura do texto de Manuel Bandeira
O professor pode proceder da mesma forma com o texto de Manuel Bandeira, possibilitando que os alunos apresentem suas diferentes leituras. Uma leitura atenta do texto de Bandeira implica perceber que o texto se faz como uma par?dia do texto de Castro Alves: o poema tem a mesma estrutura narrativa, e ? o mesmo o nome da mulher amada. No entanto, o texto de Bandeira subverte, questiona o modelo de amor rom?ntico: o amor ? primeira vista, despertado pela bela Tereza de Castro Alves, n?o acontece no caso do poema de Bandeira; mas o fato de a Tereza do segundo poema ter ?pernas est?pidas?, ?cara est?pida? e ?olhos velhos? n?o impede que o amor aconte?a, como sinaliza a ?ltima estrofe do poema.
AULA 2
Atividade 1Apresentar os textos de Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Bandeira. Se necess?rio, oferecer informa??es aos alunos sobre o primeiro escritor, autor de romances como ?A Morenhinha?.
Texto de J. M. de Macedo
?mulher, irm?, escuta-me: n?o am es.
Quando a te us p?s um homem tern o e curvo
Jurar amor, chorar pranto de sangue,
N?o creias n?o, mulher: ele te engana!
As l?grimas s?o galas da mentira.
E o juramento manto da perf?dia.?
TRADU??O
Manuel Bandeira
Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de voc?
E te jurar uma paix?o do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele se ajoelhar
Se ele se rasgar todo
N?o acredita n?o Teresa
? l?grima de cinema
? tapea??o
Mentira
CAI FORA.
Atividade 2Os alunos devem ler os textos desta aula fazendo o mesmo exerc?cio comparativo da aula anterior. O t?tulo do texto de Manuel Bandeira ? importante pista de leitura: ajuda a entender a cr?tica que o poeta faz ao purismo de linguagem que marca nossa tradi??o liter?ria. Nesse sentido, Bandeira ?traduz? o poema de Macedo, usando um registro informal de linguagem e substituindo o tratamento "tu", pr?prio do portugu?s de Portugal, pelo tratamento "voc?", valorizando, assim, a "l?ngua brasileira".
Atividade 3Retomar as par?dias de Manuel Bandeira e propor uma discuss?o a respeito da contribui??o dos primeiros escritores modernistas na constru??o de uma literatura brasileira mais aut?noma. As par?dias de Bandeira representam bem o movimento de ruptura que caracterizou o Modernismo de 22. S?o textos que exibem v?rios elementos de contesta??o, como: a nega??o de um discurso rom?ntico sobre o amor e a mulher, a contesta??o do purismo de linguagem que marca a tradi??o, a valoriza??o do verso livre, do coloquial etc.
Atividade 4V?deo sobre o Modernismo de 22 ou a Semana de Arte Moderna
A avalia??o ser? feita considerando-se as leituras produzidas pelos alunos em sala de aula, oralmente ou por escrito. O professor pode ainda selecionar novas par?dias modernistas, como aquelas feitas no di?logo com a ?Can??o do Ex?lio?, de Gon?alves Dias, procurando verificar como os alunos l?em poemas e reconhecem o di?logo entre textos de diferentes autores e diferentes ?pocas.