Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo | L?ngua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produ??o de textos |
Ensino Fundamental Final | L?ngua Portuguesa | L?ngua oral e escrita: pr?tica de escuta e de leitura de textos |
As atividades ajudar?o o aluno a:
a) Perceber a exist?ncia de conflitos de interesse/opini?o e a rivalidade em uma narrativa;
b) Identificar os personagens antag?nicos (protagonista e antagonista)
c) Apropriar-se dos conceitos de argumento (contra e a favor) e de contra-argumento;
d) Conhecer alguns tipos de argumentos: factuais, l?gicos, psicol?gicos e de autoridade;
e) Saber usar alguns verbos de elocu??o em di?logos argumentativos.
O aluno j? deve conhecer um pouco sobre alguns elementos da narrativa, especialmente, sobre personagens e foco narrativo.
LEITURA COMPARTILHADA
As atividade ser?o desenvolvidas a partir da leitura de um fragmento da obra ?O mist?rio da casa verde? que trata da incurs?o de um grupo de jovens em uma casa tida como mal-assombrada e na qual se encontra um homem que mais parece um personagem do conto ?O alienista?, de Machado de Assis, obra com a qual a narrativa dialoga. O livro de Moacyr Scliar ? um dos volumes da Cole??o Descobrindo os Cl?ssicos cujo objetivo ? aproximar os jovens de obras consagradas da Literatura.
ATIVIDADES DE PR?-LEITURA
I - Apresenta??o da obra de onde foi retirado o trecho
O professor apresentar? aos alunos tanto o livro O Alienista de Machado de Assis quanto o ?O mist?rio da casa verde? de Moacyr Scliar. Se o professor n?o conhecer os livros, pode recorrer a resumos dispon?veis na internet, a partir do site www.google.com.br
II - Explora??o pr?via de alguns itens lexicais e express?es que podem interferir na produ??o do sentido do texto:
O professor apresentar? aos alunos os recursos lingu?sticos abaixo, garantindo que se apropriem do seu significado:
a) No texto que vamos ler, h? v?rios personagens. A partir de cada uma das express?es abaixo, imagine como ser? o personagem descrito com elas:
(O professor estimular? os alunos a criarem alguma expectativa em rela??o aos personagens)
1. Prezava seu descanso:
2. Calabr?s de pitoresco sotaque:
3. Boa-pinta:
4. Ar melanc?lico:
5. Fazia jus ao apelido de Bola:
6. Mal continha seu despeito:
b) O foco narrativo do texto ? de 3? pessoa, ou seja, o narrador n?o ? personagem da hist?ria. Para orientar o leitor com rela??o ?s falas dos personagens, ele usa alguns verbos dicendi ou verbos de elocu??o, que s?o aqueles que introduzem, comentam ou encerram as falas. Os mais comuns s?o: dizer, falar, perguntar, responder, exclamar etc. Observe outros desses verbos:
ARGUMENTAR ? CONTRARIAR ? INTERVIR ? SUSTENTAR ? RETRUCAR ? ENDOSSAR ? NEGAR ? OBJETAR ? CENSURAR ? IRONIZAR ? DEFENDER ? PONDERAR ? PROCLAMAR ? PROVOCAR - CONCLUIR - CONCORDAR - DISCORDAR ? REPLICAR ? CONFIRMAR ? CONTESTAR ? ASSENTIR ? CONTRADIZER ? CONTRAPOR - CRITICAR
Assinale com X aqueles que melhor indicam que a fala por ele comentada foi ao encontro do que foi dito anteriormente.
Assinale com # aqueles que melhor indicam que a fala por ele comentada foi de encontro ao que foi dito anteriormente.
Grife aqueles que mostram que o personagem apresentou sua posi??o sem que necessariamente tenha que ser contra ou a favor do que foi dito antes.
(O professor dever? fazer com o aluno simula??es orais de uso dos verbos e ajud?-los a eliminar d?vidas de significado)
ATIVIDADES DE LEITURA
I - Leitura individual do texto:
O MIST?RIO DA CASA VERDE
1 Quando esta hist?ria come?a, Arturzinho estava ?s voltas com um outro projeto, n?o t?o arrojado, mas ainda assim complicado. Esse projeto nascera de um problema. Arturzinho, cara popular, tinha uma turma, razoavelmente grande, de rapazes e mo?as que gostavam de ouvir rock a todo o volume, gostavam de dan?ar, gostavam de tocar instrumentos musicais. Nada de especial, nada diferente de outros jovens ? mas, onde ouvir e fazer m?sica, onde dan?ar? O pai de Arturzinho, um m?dico que trabalhava muito e prezava o seu descanso, proibira qualquer tipo de zoeira em casa. Os pais dos seus amigos e amigas haviam adotado a mesma atitude: barulho, n?o, era a palavra de ordem. Nos bares, a consuma??o era um obst?culo. No clube da cidade n?o podiam entrar: tinham batido boca com o gerente. Enfim: sentiam-se como refugiados que pa?s nenhum quer aceitar. E era esse o problema que vinha incomodando o Arturzinho, e que chegava at? a lhe tirar o sono: onde se reunir com a turma? Onde encontrar um local adequado para uma divers?o que, se n?o fosse barulhenta, n? o teria gra?a? At? q ue um dia, caminhando pela rua, teve uma i nspira??o, uma id?ia dessas que fazem a pessoa ficar de respira??o suspensa, pensando: que coisa genial!
2 Correu para casa, telefonou para os amigos mais chegados dizendo que tinha algo muito importante a comunicar. E marcou, para aquela mesma noite, uma reuni?o na pizzaria do Marcolino, cujo dono, um calabr?s de pitoresco sotaque, era conhecido por sua toler?ncia em rela??o ? zoeira dos jovens frequentadores que ?s vezes at? ganhavam desconto especial.
3 Quando Arturzinho chegou, os outros j? estavam l?: o Pedro, conhecido como Pedro Bola, um gordinho risonho quase t?o agitado quanto Artur; Andr? Catavento, alto, boa-pinta, igualmente safado; e Leo, o intelectual da turma, rapaz de ?culos, ar melanc?lico, que andava sempre com um livro sob o bra?o. Os quatro estavam sempre juntos ? sob a chefia de Arturzinho, l?der nato. Uma lideran?a n?o muito pac?fica: Andr? n?o escondia a inveja que sentia de Arturzinho, cujo sucesso com garotas era um fato bem conhecido. E foi justamente Andr? que interpelou o rec?m-chegado:
4 ? Ent?o? O que ? que voc? est? inventando agora? Fale logo, porque tenho um grande programa para esta noite e n?o posso perder tempo.
5 ? J? conto ? Arturzinho gostava de um suspense, e gostava ainda mais de incomodar o rival. ? Mas primeiro vamos comer, porque estou morrendo de fome.
6 E, apesar dos resmungos de Andr?, pediu aquilo que Marcolino chamava de megapizza ? oitenta cent?metros de di?metro. Devoraram-na at? a ?ltima migalha ? Pedro Bola, que fazia jus ao apelido, comendo boa parte da quota do Leo. Quando terminaram, Andr? voltou ? carga:
7 ? Ent?o, Xereta, o que ? que voc? est? aprontando? Em outras circunst?ncias Arturzinho teria se irritado: detestava o apelido, como Andr? sabia muito bem. Naquele momento, contudo, optou por fingir que n?o tinha ouvido e foi direto ao assunto:
8 ? Como voc?s est?o carecas de saber, precisamos de um lugar para nossas reuni?es ? proclamou, em tom veemente.
9 ? Um lugar em que a gente possa ouvir m?sica sem que ningu?m nos incomode, um lugar para dan?ar, para bater papo. Enfim, o nosso pr?prio clube.
10 Fez uma pausa dram?tica e concluiu:
11 ? E eu tenho esse lugar.
12 ? ?? ? Andr? Catavento, mal contendo o despeito. E que lugar ? esse, pode-se saber?
13 Nova pausa. Arturzinho sorriu, misterioso e superior:
14 ? A Casa Verde.
15 Os outros se olharam, espantados, e Pedro Bola protestou:
16 ? Essa n?o, Arturzinho. A Casa Verde ? um lugar mal-assombrado, todo mundo sabe disso. Est? cheio de fantasmas dos malucos que morreram l?!
17 ? Exatamente ? replicou Arturzinho.
18 ? Exatamente o qu?? ? Andr?, cada vez mais irritado.
19 ? Exatamente: a Casa Verde tem fama de ser mal-assombrada. E ? por isso que vamos tomar conta do local. L?, ningu?m nos incomodar?. A gente limpa aquilo, a gente arruma, traz umas mesas, umas cadeiras, uns sof?s, um som legal, e pronto, temos o nosso clube, o lugar de onde ningu?m vai nos mandar embora.
20 ? A n?o ser as almas penadas ? riu Pedro Bola.
21 ? ? ? Arturzinho, ir?nico. ? As almas penadas. Se voc? acredita nessas coisas...
22 ? N?o sei ? respondeu Pedro, meio desconcertado. ? Tanta gente fala nisso...
23 ? ? supersti??o ? interveio Leo. ? Essa hist?ria n?o passa de supersti??o.
24 Leo falava pouco, mas quando afirmava algo, era definitivo. Os outros o respeitavam, porque Leo lia muito, sabia das coisas.
25 Arturzinho, sua autoridade agora refor?ada, voltou ? carga:
26 ? Al?m disso, a Casa Verde n?o tem dono. Podemos ficar l? o tempo que quisermos.
27 ? Mas o pessoal das redondezas n?o vai gostar ? ponderou Pedro Bola. ? S?o capazes de criar caso.
28 ? Criar?o caso ? replicou Arturzinho ? se virem a gente entrar. Mas eu j? pensei nisso.
29 Pegou um l?pis e um papel e desenhou um ret?ngulo:
30 ? Isto aqui ? a Casa Ver de. Aqui est? a rua e a porta de entrada. Que, como sabemos, ago ra est? murada, bem c omo as janelas. ? o que as pessoas veem: porta murada, janelas muradas. Pensam que n?o h? ningu?m l? dentro. Agora: se n?s abrirmos uma outra porta, bem pequena, aqui... est?o vendo?.., na parede dos fundos, poderemos entrar e sair sem que ningu?m perceba, mesmo porque o mato ali est? muito crescido.
31 ? Mesmo que a gente consiga entrar ? Andr? ainda n?o estava convencido ?, como fica com o resto? Como a luz, por exemplo?
32 ? Para que luz? Usamos velas ou lampi?es. ? muito mais bonito. De mais a mais, temos em casa um gerador pequeno, que posso usar quando quiser.
33 ? N?o sei ? Andr? estava mesmo a fim de contrariar.
34 ? Acho que isso tem tudo para dar errado. Porque se a gente...
35 ? Sabe de uma coisa? ? interrompeu Arturzinho. ? Vamos votar. A maioria decide. Cada um escreve num peda?o de papel ?sim? ou ?n?o?. E pronto: a quest?o estar? resolvida.
36 Uma jogada muito h?bil. Arturzinho sabia que podia contar com o voto do silencioso Leo, que sempre o apoiava. Quanto a Pedro Bola, no fundo t?mido e assustadi?o, respeitava os corajosos, os destemidos. Falando grosso, Arturzinho conquistava o seu respeito. De fato, quando abriram os votos, constataram: tr?s ?sim?, um ?n?o?.
37 ? Est? decidido ? proclamou Arturzinho, triunfante.
38 ? Amanh? vamos at? l?, tomar conta do nosso clube.
SCLIAR, Moacyr. O mist?rio da Casa Verde. S?o Paulo: ?tica, 2005. p. 14-17
II - Atividades de leitura compartilhada
1. Vamos reler o primeiro par?grafo. Nele podemos observar que os garotos estabelecem um conflito de interesse com os pais, com o gerente do clube e com os donos de bar.
a) Qual ? o interesse dos garotos que entra em conflito com os adultos?
b) Que interesse dos pais vai de encontro ao interesse dos meninos?
c) Qual foi a ?solu??o? encontrada pelos pais?
d) No caso dos donos de bar, que interesse deles n?o combina com a situa??o dos garotos?
e) Apesar de n?o estar expresso, podemos imaginar o motivo do bate-boca com o gerente do clube. Que interesses entraram em conflito nesta situa??o?
2. Vamos reler do 2? ao 6? par?grafos. A narrativa apresenta um outro conflito interno ao grupo:
a) Quais eram os personagens conflitantes?
b) O que eles disputavam dentro do grupo?
3. Vamos reler do 7? ao 14? par?grafos.
Qual foi a ideia que Arturzinho prop?s em tom veemente?
4. Fa?amos a releitura do 15? ao 25? par?grafos. O grupo n?o aceitou, imediatamente, a proposta de Arturzinho:
a) Qual foi o argumento usado por Pedro Bola contr?rio ? proposta?
b) Qual foi o contra-argumento usado por Arturzinho para enfrentar a oposi??o do amigo? (O professor deve mostrar que foi um argumento l?gico: uma informa??o leva ? outra: o fato a casa ser considerada mal-assombrada leva ? consequ?ncia de que ningu?m ir? l? incomod?-los)
c) Por?m o amigo n?o se convenceu e Arturzinho usou uma forma de argumentar que mexia com o brio de Pedro. Explique como ele fez isso. (professor explique o argumento psicol?gico)
d) Como Pedro Bola ainda se mostrava em d?vida, outro personagem, ajuda Arturzinho. Por que as palavras de Leo t?m mais peso? (professor aproveite para explicar o que ? argumento de autoridade)
5. Vamos reler do 26? ao 32? par?grafos. Ap?s a interven??o de Leo, Arturzinho apresenta mais um argumento a favor da utiliza??o da Casa Verde como clube da turma:
a) Que argumento adicional ele usou?
b) Pedro Bola faz uma pondera??o relativa ? vizinhan?a. Qual ??
c) Como Arturzinho contra-argumenta?
d) Andr?, querendo contrapor-se ao colega, ainda levanta um outro argumento contr?rio ? proposta de Arturzinho. Qual ??
e) Como Arturzinho reverte o problema em benef?cio?
6. Fa?amos a releitura do 33? ao 38? par?grafos. Andr? continua resistente e n?o quer ceder aos argumentos.
a) Por que Arturzinho n?o pode fa zer como os pais e de cidir unilateralmente ? (O professor deve mos trar que, entre os meninos, n?o h? a hierarquia existente entre pais e filhos)
b) Qual foi ent?o a solu??o para o impasse?
III ? Atividade de sistematiza??o
O que aprendemos?
Aprendemos que numa disputa, as partes usam argumentos favor?veis e contr?rios e, diante destes, usam-se contra-argumentos. Aprendemos, ainda, que h? tipos diferentes de argumentos: l?gico, psicol?gico e de autoridade.
Vimos tamb?m que, ao narrar, ? necess?rio escolher os verbos de elocu??o conforme o contexto.
Se o professor n?o conhecer os livros O Alientsta de Machado de Assis e o Mist?rio da Casa Verde, pode recorrer a resumos dispon?veis na internet, a partir do site:
?No clube da cidade n?o podiam entrar: tinham batido boca com o gerente.?
A frase nos informa que houve um momento de conflito entre os meninos e o gerente do clube: qual ter? sido o motivo? Quais os envolvido nesse conflito? Que argumentos e contra-argumentos foram usados?
Escreva um pequeno di?logo, narrando como foi o tal bate-boca. Use os tr?s tipos de argumentos e utilize alguns dos verbos dicendi estudados.