BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Edna Maria Santana Magalh?es
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Educa??o de Jovens e Adultos - 1? ciclo | L?ngua Portuguesa | Leitura e escrita de texto |
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo | L?ngua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produ??o de textos |
Ensino Fundamental Final | L?ngua Portuguesa | L?ngua oral e escrita: pr?tica de produ??o de textos orais e escritos |
Ensino Fundamental Final | L?ngua Portuguesa | L?ngua oral e escrita: processos de interlocu??o |
Ensino M?dio | L?ngua Portuguesa | G?neros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal |
O aluno poder? aprender a:
- Reconhecer o g?nero textual Cr?nica;
- Lembrar conceitos como narra??o em 1? e 3? pessoa;
- Adequar a linguagem da narrativa ? situa??o explorada;
- Conhecer o significado do termo antologia.
? importante que os alunos saibam de antem?o reconhecer a diferente que existe entre as forma de narra??o, especificamente as em 1? e 3? pessoa. Para isso, fica como sugest?o o site http://www.algosobre.com.br/redacao/narracao.html - [acesso em 10/12/09].
Eles devem saber tamb?m o significado do termo Antologia. Maiores informa??es podem ser encontradas no site http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/antologia.htm - [acesso em 10/12/09].
Professor, esta sequ?ncia de aulas tem por objetivo levar o aluno a compreender o que ? o g?nero textual Cr?nica.
http://www.germinaliteratura.com.br/imagens/cronica_tit.jpg - [acesso em 10/12/09].
Para isso, comece apresentando aos alunos a cr?nica de Lu?s Fernando Ver?ssimo ?O Nariz?.
Para que a leitura seja mais din?mica, voc? pode escolher alguns alunos para que leiam o texto de acordo com cada personagem: o narrador, a filha, a mulher, o cliente, a secret?ria, o psic?logo. Esse formato de leitura ajudar? a evidenciar a presen?a narra??o em 3? pessoa, entrecortada pelo discurso direto.
O Nariz ? Lu?s Fernando Ver?ssimo
Era um dentista, respeitad?ssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem s?rio, s?brio, sem opini?es surpreendentes mas uma s?lida reputa??o como profissional e cidad?o. Um dia, apareceu em casa com um nariz posti?o. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida toler?ncia. Era um daqueles narizes de borracha com ?culos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista n?o estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se ? mesa do almo?o ? sempre almo?ava em casa ? com a retid?o costumeira, quieto e algo distra?do. Mas com um nariz posti?o.
- O que ? isso? ? perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.
- Isso o qu??
- Esse nariz.
- Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.
- Logo voc?, papai?
Depois do almo?o, ele foi recostar-se no sof? da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou-se.
- Tire esse neg?cio.
- Por qu??
- Brincadeira tem hora.
- Mas isto n?o ? brincadeira.
Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou-se e dirigiu-se para a porta. A mulher o interpelou.
- Aonde ? que voc? vai?
- Como, aonde ? que eu vou? Vou voltar para o consult?rio.
- Mas com esse nariz?
- Eu n?o compreendo voc? ? disse ele, olhando-a com censura atrav?s dos aros sem lentes. ? Se fosse uma gravata nova voc? n?o diria nada. S? porque ? um nariz?
- Pense nos vizinhos. Pense nos cliente.
Os clientes, realmente, n?o compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (?Logo o senhor, doutor??) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e sa?ram do consult?rio com d?vidas.
- Ele enlouqueceu?
- N?o sei ? respondia a recepcionista, que trabalhava com ele h? 15 anos. ? Nunca vi ele assim. Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz posti?o e foi se deitar.
- Voc? vai usar esse nariz na cama? ? perguntou a mulher.
- Vou. Ali?s, n?o vou mais tirar esse nariz.
- Mas, por qu??
- Por qu? n?o?
Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada come?ou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputa??o, um nome, uma fam?lia perfeita, tudo trocado por um nariz posti?o.
- Papai?
- Sim, minha filha.
- Podemos conversar?
- Claro que podemos.
- ? sobre esse nariz?
- O meu nariz outra vez? Mas voc?s s? pensam nisso?
- Papai, como ? que n?s n?o vamos pensar? De uma hora para outra um homem como voc? resolve andar de nariz posti?o e n?o quer que ningu?m note?
- O nariz ? meu e vou continuar a usar.
- Mas, por que, papai? Voc? n?o se d? conta de que se transformou no palha?o do pr?dio? Eu n?o posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mam?e n?o tem mais vida social.- N?o tem porque n?o quer?
- Como ? que ela vai sair na rua com um homem de nariz posti?o?
- Mas n?o sou ?um homem?. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha n?o faz nenhuma diferen?a.
- Se n?o faz nenhuma diferen?a, ent?o por que usar?
- Se n?o faz diferen?a, porque n?o usar?
- Mas, mas?
- Minha filha?
- Chega! N?o quero mais conversar. Voc? n?o ? mais meu pai!
A mulher e a filha sa?ram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele h? 15 anos, pediu demiss?o. N?o sabia o que esperar de um homem que usava nariz posti?o. Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demiss?o pelo correio. Os amigos mais chegados, numa ?ltima tentativa de salvar sua reputa??o, o convenceram a consultar um psiquiatra.
- Voc? vai concordar ? disse o psiquiatra, depois de concluir que n?o havia nada de errado com ele ? que seu comportamento ? um pouco estranho?
- Estranho ? o comportamento dos outros! ? disse ele. ? Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. N?o mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um ?timo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, s?cio do Fluminense, tudo como era antes.
- Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu n?o sou eu, eu sou o meu nariz?
- ?? ? disse o psiquiatra. ? Talvez voc? tenha raz?o?
O que ? que voc? acha, leitor? Ele tem raz?o? Seja como for, n?o se entregou. Continua a usar nariz posti?o. Porque agora n?o ? mais uma quest?o de nariz. Agora ? uma quest?o de princ?pios.
Link: http://artes.wordpress.com/2007/10/04/o-nariz-luis-fernando-verissimo/ - [acesso em 10/12/09].
Agora, ap?s fazer a leitura, discuta com os alunos alguns aspectos do texto: a linguagem empregada ? formal ou informal? Pe?a para que falem quais s?o os personagens e de suas caracter?sticas; questione sobre o fato que causa o conflito do texto. Instique-os a tentar dividir a hist?ria em partes, isso ser? importante para ajud?-los a entender como se organiza esse g?nero textual. Anote as respostas no quadro para retomar as contribui??es deles quando voc? for falar sobre esse tema abaixo.
Aproveite a pergunta do pr?prio autor e pe?a para que os alunos respondam no caderno: o personagem que usa o nariz de pl?stico tem raz?o em continuar a us?-lo mesmo causando a avers?o de seus amigos, familiares e pacientes? Diga aos alunos que eles dever?o usar bons argumentos para criar sua resposta.
Assim que os alunos terminarem de responder a essa pergunta, fa?a um debate em que cada um tenha o direito de expor sua resposta. ? importante que eles entendam que por tr?s do texto curto e da hist?ria aparentemente simples, h? uma reflex?o cr?tica do autor em rela??o ao comportamento humano.
Ap?s analisar o conte?do do texto, ? hora de explicar a eles um pouco sobre a estrutura da cr?nica. Diga que essa ? uma narrativa que tem por caracter?stica ser curta e leve. N?o tem muitos personagens e, em geral, ? uma hist?ria que foi retirada de uma not?cia de jornal ou revista. Isso faz com que ela possa ser caracterizada como um texto jornal?stico, sendo tamb?m um texto liter?rio. Caracteriza-se por ter um tempo e um espa?o limitado, no caso da cr?nica acima, apenas o tempo entre a esquisitice do homem de usar o nariz de borracha e a sua ida ao psic?logo. ? o espa?o ? basicamente o ambiente familiar e o consult?rio do psic?logo.
A cr?nica pode ser escrita tanto em 1? como em 3? pessoa. No caso do texto de Ver?ssimo, est? em 3? pessoa.
Voltando ao conte?do, ? t?pico o uso de registros de fatos do dia-a-dia, encontrados em jornais ou revistas, a que ? acrescentado um tom de humor, ironia, lirismo, tudo com a inten??o, por parte do cronista, de despertar uma reflex?o cr?tica do leitor diante dos fatos cotidianos da vida ou produzir uma divers?o.
Ent?o, uma cr?nica pode ter v?rias faces, mas nunca perde de vista suas caracter?sticas fundamentais: um flagrante da vida
real, modificado lite
rariamente e podendo tamb?m ser imagin?rio.
Professor, d? essas orienta??es aos seus alunos sempre fazendo conex?o com a cr?nica que voc?s j? leram. Estimule-os a encontrar informa??es por eles mesmos. Indicamos tamb?m o site abaixo, que traz mais informa??es sobre cr?nicas e cita??es do nome de grandes cronistas. Estimule os alunos a lerem mais, torne-os curiosos. Eis o link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B3nica ? [acesso em 10/12/09].
Agora que os alunos j? conheceram a estrutura da cr?nica, eles produzir?o uma. Para estimul?-los a fazer um bom trabalho, explique a eles que eles far?o um texto que far? parte de uma antologia de cr?nicas. Ent?o, ? importante explicar que antologia ? uma sele??o de textos feita segundo um determinado crit?rio, nesse caso estabelecido pelo professor. Voc? encontrar? mais informa??es sobre antologia no site: http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/antologia.htm - [acesso em 10/12/09].
Professor, leve para a sala revistas e jornais em que os alunos escolher?o o tema de sua cr?nica. Deixe-os escolher a vontade, desde que seja um fato mais recente.
? Os assuntos podem ser variados:
- um atentando em Israel;
- uma crian?a que procura o filho desaparecido;
- um artista que se casa;
- um mico que invade o quintal de uma fam?lia para roubar frutas;
- a assalto a um banco etc.
? Lembre a eles que poder?o desenvolver o texto na linha cr?tica, humor?stica, reflexiva ou cr?tica e que podem misturar esses formatos para causar um novo efeito. Se for preciso, explique em que cada uma dessas escolhas pode significar em termos da constru??os (efeitos) de sentidos e de habilidades de leitura exigidas do leitor desse texto.
? Eles dever?o escolher se o texto ser? em 1? ou 3? pessoa.
? Pe?a que construam, de prefer?ncia, uma cr?nica narrativa, que escolham os personagens e suas a??es, usando discurso direto, como na cr?nica modelo, ou indireto. Se for preciso, elabore orienta??es e exerc?cios sobre as formas de registro de vozes no texto (discurso direto, indireto e indireto livre), mas nunca se esque?a de mostrar exemplos pr?ticos desses usos e registros. ? impotante mostrar como se d? a correla??o entre os tempos verbais a serem usados e as implica??es disso para a modaliza??o do discurso.
? Eles devem criar um texto envolvente, chamativo, cuja conclus?o cause surpresa no leitor.
? Agora ? preciso pensar na linguagem: ? mais adequado, para atingir o efeito esperado, usar linguagem informal ou formal? ? positivo usar, no decorrer do texto, frases em portugu?s coloquial? Isso causar? algum efeito positivo. Eles n?o podem esquecer de levar em conta quem os ler?: a fam?lia, os colegas, a comunidade escolar...
Apenas ap?s considerar todos esses pontos, os alunos devem come?ar a produzir. ? interessante que eles escrevam o texto em sala de aula, contando com absoluto sil?ncio. Lembre-se, professor, de que as condi??es de produ??o de textos influenciar? na qualidade dos textos e nas suas decis?es sobre o que avaliar? nos trabalhos finais. Seria aconselh?vel deixar espa?o entre esta aula e a pr?xima para que os alunos possam trabalhar v?rias vers?es do seu texto, discutir com os colegas e com voc?. O processo de escrita deve ser longo o sufciente para que os alunos tenham seguran?a sobre os resultados.
Agora ? o momento da primeira leitura dos textos. Em c?rculo, a classe apresentar? aos colegas a sua produ??o. Ou?a o texto de cada um, professor, e d? sugest?es para que seja alcan?ado um efeito satisfat?rio. Observe o conte?do, a linguagem, a elabora??o dos personagens e a cria??o de uma expectativa no texto que cative o leitor. Ap?s ouvir a leitura, fa?a tamb?m uma corre??o a n?vel gramatical do texto e d? mais um tempo para que os alunos o reescrevam. O texto dever? ser reescrito quantas vezes for necess?rio para que possa compor a antologia de Cr?nicas.
Para n?o desvalorizar o trabalho de nenhum aluno, sugere-se que todos os trabalhos sejam colocados na antologia. Caso algum trabalho tenha ficado muito fora do esperado, ? sinal de que o aluno precisa de uma interven??o mais direta. D? a ele aten??o especial, at? que consiga formular um trabalho satisfat?rio.
Ficam duas op??es para a cria??o da antologia: ela pode ser impressa, com o objetivo de circular na comunidade escolar e na casa dos familiares dos pequenos escritores, como pode, tamb?m, ser divulgada em meio virtual, atrav?s de um blog. O passo-a-passo para o desenvolvimento do blog pode ser encontrado numa aula do Portal do Professor, a partir do seg
uinte link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9804 ? [acesso em 10/11/09].
http://www.algosobre.com.br/redacao/narracao.html - Tipos de narrativa. [acesso em 10/12/09].
Link: http://artes.wordpress.com/2007/10/04/o-nariz-luis-fernando-verissimo/ - Cr?nica ?O nariz?, de Lu?s Fernando Ver?ssimo. [acesso em 10/12/09].
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B3nica ? O que ? Cr?nica. [acesso em 10/12/09].
http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/antologia.htm - O que ? Antologia. [acesso em 10/12/09].
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9804 ? Aula do portal do Professor: LITEROBLOG: a cria??o de um blog liter?rio em sala de aula. [acesso em 10/12/09].
Professor, esta proposta permite que o aluno seja avaliado quanto ? capacidade de produ??o escrita, a criatividade e os recursos empregados na constru??o da cr?nica. Observe se a escolha da linguagem e do t?tulo foram pertinente, se optou por um bom tema, se soube criar um efeito envolvente e que chame a aten??o dos leitores.
Em termos atitudinais, avalie o interesse do aluno ao criar o seu texto. Note se ele demonstrou entusiasmo pela execu??o da proposta.