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O conto de Machado de Assis 1: A carteira

Autor e Co-autor(es)

Begma Tavares Barbosa imagem do usuário

JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

i) ler narrativas literárias e analisar sua estrutura, com o objetivo de refletir sobre suas estratégias;

 ii) refletir sobre a presença de alguns temas na narrativa de Machado, como: o amor, a traição, a ética.

Duração das atividades

2 aulas

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O professor deve verificar que conhecimentos o aluno possui sobre a estrutura da narrativa e sobre a literatura de Machado de Assis. A partir desse conhecimento, o professor organizará o conteúdo da aula.

Estratégias e recursos da aula

Atividade 1 - Conversa inicial.

Essa conversa pode ser motivada por algumas perguntas, como: o que é uma narrativa?; por que contamos histórias?; já leram alguma narrativa de Machado de Assis?; de que falam as histórias de Machado?

Atividade 2 - Leitura do conto  “A carteira”, de Machado de Assis.

A leitura pode ser “silenciosa” ou feita em voz alta pelo professor. Essa escolha deverá ser feita levando-se em conta o nível de dificuldade dos alunos em abordar textos como o proposto. Ao escutar o texto lido por um leitor mais proficiente, o aluno estará também realizando atividades inferenciais importantes para o seu desenvolvimento como leitor.

Acesse o texto aqui:  http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf 

Atividade 3 - Compreendendo o texto lido

Os alunos deverão, inicialmente, manifestar-se espontaneamente sobre o conto lido. O professor poderá mediar a interação propondo perguntas que permitam “aprofundar” as leituras produzidas pelos alunos. É possível que os alunos tenham dificuldades para compreender o desfecho surpreendente da narrativa, que nos revela o caso de amor entre Gustavo e D. Amélia e o fato de Honório ter sido traído pelo amigo e pela mulher. Com a ajuda do professor, os alunos devem retornar ao texto para compreendê-lo.

Atividade 4 - Discutindo o texto

Os temas “fidelidade”, “traição”, “comportamento ético” costumam emergir da leitura desse conto. São temas que recorrem na obra de Machado de Assis. O professor deve aproveitar a oportunidade para conduzir uma discussão que permita aos alunos refletir  sobre esses e outros temas a partir do diálogo com o texto de Machado.

É importante também que o professor conduza os alunos à análise da linguagem do texto, apontando para construções que nos chamam a atenção pela ironia, por serem distintas das que usamos hoje, por revelarem o talento do escritor. Esse exercício de observação da linguagem ajuda a estimular o gosto pela literatura, arte da palavra.

Atividade 5 - Analisando a estrutura da narrativa

 Numa outra etapa da aula o professor deve “saltar” da história para a forma como ela é contada. Analisar a estrutura da narrativa permite refletir sobre as escolhas feitas por um autor para contar sua história. Esse é um passo importante na formação do leitor de literatura. O professor pode considerar o esquema abaixo, que descreve a estrutura de narrativas.

ORIENTAÇÃO  - Trechos de orientação narrativa ocupam-se da composição do cenário da narrativa e da apresentação de seus personagens. Esses fragmentos costumam reunir importantes informações que orientam os leitores sobre quando e onde acontecem os fatos narrados, sobre quem são e como vivem os personagens envolvidos na trama, antes que os leitores mergulhem nela tomando conhecimento do conflito da narrativa. Os trechos de orientação respondem, portanto, a perguntas sobre o quando, onde, quem e como de uma história e são, normalmente, construídos com o pretérito imperfeito do verbo. Observe como exemplo no conto lido esse trecho que orienta o leitor sobre como se sentia e agia Honório:  “Não contava nada a ninguém. Fingia‑se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades.”

COMPLICAÇÃO  - A complicação ou conflito de uma narrativa tem início com a introdução de seu elemento complicador. Trechos de complicação são focados na ação narrativa e marcados pelo pretérito perfeito do verbo. A narrativa lida começa pelo conflito.é interessante observar nela as "reticências" que  iniciaim o texto, como que indicando que seu componente introdutório foi "suprimido" momentaneamente.

CLIMAX  - Ponto alto do conflito narrativo. Na história lida, podemos indicar, como ponto de tensão narrativa, o momento em que Honório abre a carteira e investiga o que há nela e a quem pertence. A partir desse ponto alto de tensão encaminha-se o desfecho surpreendente do conto.

DESFECHO-  Resolução do conflito narrativo

Atividade 6 - O suspense na narrativa de Machado

Depois de refletirem sobre como se organiza a história, o professor pode, ainda, mostrar aos alunos uma técnica de criação do suspense na narrativa. No conto lido, Machado interrompe a ação narrativa (“Para avaliar a oportunidade dessa carteira...”) e passa a apresentar o personagem protagonista descrevendo seu cotidiano e as dificuldades por que passava. Esse adiamento (suspensão) da ação cria o suspense. O trecho abaixo corresponde ao momento de retorno à ação narrativa:

“Eram cinco horas da tarde. Tinha‑se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou‑a, meteu no bolso, e foi andando.”  Os verbos no pretérito imperfeito (eram, tinha) sinalizam um trecho de orientação narrativa. Os verbos no pretérito perfeito indicam um retorno à ação da narrativa: voltamos ao momento do conto em que Honório encontra a carteira, voltamos ao conflito da narrativa, que vai, finalmente, desenrolar-se.

Recursos Complementares

Avaliação

A avaliação será feita durante a aula. Ao formular perguntas para mediar a leitura do texto, o professor deverá observar o conhecimento que os alunos possuem sobre a estrutura da narrativa. Deverá observar também que habilidades de leitura demonstram. As dificuldades apresentadas deverão servir para que o professor selecione outros textos e atividades para desenvolver a habilidade de ler narrativas e refletir sobre a forma como se estruturam.