link no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=AIHMVufwYWE&feature=player_embedded
Para discutir o vídeo :
Por quais razões os imigrantes europeus foram "aceitos" no Brasil?
Qual a relação se estabalece entre uma possível capacitação possuída pelo imigrante e sua entrada no Brasil?
Parte 2- Solicitar a leitura do texto mais adiante transcrito.
Orientações gerais:
Levar o texto para os alunos.
Indicar a leitura individual do texto.
Solicitar que os alunos façam o vocabulário do texto, ou seja, que marquem (grifem) as palavras desconhecidas e procurem seu respectivo significado no dicionário de Língua de Portuguesa.
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=> Atenção: o TRECHO DE TEXTO foi extraído de um capítulo do livro África e Brasil africano , de autoria de Marina de Mello e Sousa, professora de História da África da Universidade de São Paulo.
Tal leitura oferece uma desconstrução de que o imigrante foi adotado no Brasil porque possuía uma capacitação profissional, diferente dos escravos e ex-escravos.
Ao utilizar este trecho de texto NÃO estamos sugerindo a adoção da obra de maneira fragmentada. Ao contrário, por sua sólida fundamentação e qualidade, recomendamos todo o livro da professora Marina de Mello e Sousa.
Professor, este texto não está disponível na Internet , portanto será preciso que você utilize o fragmento abaixo, ou, se possível for, a obra original da qual foi retirado.
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"O fim da escravidão e do contato com a África
(...) Em 1889, um ano depois da abolição da escravidão, o império brasileiro foi substituído por uma república, proclamada por militares e que representaria basicamente os interesses dos grandes cafeicultores. No novo regime político, as ideias da superioridade da raça branca e de que os negros eram um obstáculo para a evolução do país ganharam força, alimentando os projetos de estímulo à imigração de europeus asiáticos para substituir escravos libertados. Estes foram lançados à liberdade para vender como quisessem sua força de trabalho, competindo pelas oportunidades de emprego ou de acesso à terra com outros de condição parecida com a sua. O estímulo à imigração diminuiu muito a possibilidade de que os negros se tornassem trabalhadores agrícolas, o que os manteria fazendo trabalhos equivalentes aos que já faziam, só que numa nova relação, de patrão e empregado, e não mais de senhor e escravo. Por outro lado, era comum que eles buscassem evitar relações que lhes parecessem com as antigas, nas quais não tinham liberdade de ir e vir e trabalhavam no que seus senhores mandavam.
Quanto aos cafeicultores, por trás do empenho em ter italianos e japoneses em suas lavouras estava o receio de que os ex-escravos lhes criassem problemas em razão das características das relações anteriores, nas quais a violência era um componente central. Também havia o projeto dos políticos e dos homens bem pensantes do país que sonhavam com o branqueamento da população, com a diminuição da presença negra, vista como fator que dificultava o alcance dos estágios mais avançados do desenvolvimento, conforme os padrões ocidentais. Se antes os negros eram marginalizados e perseguidos pelo estigma da escravidão e da suspeita que sobre eles pairava, agora alguns motivos da marginalização se ligavam aos obstáculos que suas tradições de origem africana significariam para a evolução da sociedade. Conforme essa maneira de ver as coisas, para o Brasil atingir o mesmo nível das nações mais desenvolvidas deveria eliminar seu lado africano e negro.
Com a mecanização da produção e o desenvolvimento da indústria ocorrido a partir do início do século XX, os fazendeiros e empresários buscaram uma mão-de-obra mais especializada. Esse poderia ser outro fator de favorecimento da migração européia, uma vez que os ex-escravos e a população negra em geral na maior parte das vezes não haviam recebido nenhum tipo de educação formal, escolar ou técnica. Mas os italianos que vieram para cá também não tinham esse tipo de preparo, pois eram de áreas rurais, do sul, as mais atrasadas da Itália. Dessa forma fica evidente que o fator racial foi elemento de peso nas políticas que privilegiavam o italiano e o japonês em detrimento do afro-descendente que já estava no Brasil. Quase nada foi investido para que a sua força de trabalho pudesse ser utilizada em serviços que exigiam algum tipo de especialização.
O ex-escravo que trabalhava no campo muitas vezes preferiu permanecer nas áreas rurais, ocupando pequenos pedaços de terra, geralmente em sistemas de parceria nos quais cedia parte de sua produção ao dono da terra que cultivava. Mas ao longo do século XX, e principalmente a partir de 1930, a migração de negros e seus descendentes rumo às cidades cresceu cada vez mais. Eles geralmente desempenhavam a funções mais subalternas, uma vez que só alguns poucos afro-brasileiros conseguiam se educar, prosperar nos negócios e ascender socialmente. Com o crescimento das cidades, se concentraram nas suas áreas menos nobres – até hoje constituem, de forma geral, as parcelas mais desfavorecidas de todas as regiões do Brasil. (...).”
Referência:
SOUZA, Marina de Mello e. “O fim da escravidão e do contato com a África”. In: África e Brasil africano . 2 ed. São Paulo: Ática, 2007, p. 122-125.
Capa do livro disponível em: http://noeditorafro.files.wordpress.com/2010/07/memorias-da-escravidao-0041.jpg
Para discutir o texto (responder no caderno ):
Quais os motivos apresentados pela autora para que os fazendeiros preferissem a mão-de-obra dos imigrantes em detrimento dos escravos libertos?
O que respaldava o projeto de políticos e de outros homens influentes da sociedade brasileira no final do século XIX na promoção do "branqueamento" da população?
Quais as razões apontadas pela autora para os imigrantes italianos serem aceitos no lugar de ex-escravos mesmo não sendo mão-de-obra especializada?
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Parte 3- Instigar que os alunos confrontem os pontos de vista discutidos nos recursos acima, com questões dessa natureza:
O vídeo e o texto têm o mesmo ponto de vista em relação aos fatores que colaboraram para a entrada dos imigrantes europeus no Brasil, em detrimento do trabalhador nacional?
Em quais aspectos se diferem?
E o que têm em comum?
=> Recomenda-se que a atividade, sobretudo a Parte 3, seja registrada no caderno.
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Atividade 3- Trabalhando com charge na aula de História
Levar para a análise dos alunos a charge abaixo.
Esta foi produzida por dois alunos do 9º ano da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (ESEBA-UFU), durante aulas de História do 1º semestre letivo de 2010.
Charge: "O imigrante pisoteia o trabalhador nacional" (clique na imagem para ampliar )
Autores: Gabriel Tafelly e Tiago Moraes (9º ano "C" ESEBA-UFU)
Material elaborado dentro das atividades do projeto "Charge & Paródia nas aulas de História" , coordenado pela professora Leide Divina Alvarenga Turini, titular na mesma escola.
=> PROFESSOR , para você conhecer o projeto, basta utilizar o link a seguir:
http://gephiseseba.blogspot.com/search?q=parodia
E também a confira a aula "A charge na sala de aula: uma perspectiva para o ensino e a aprendizagem de História" :
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=5406
=> Professor, e não esqueça que pode trabalhar em parceria com o(a) professor(a) de Língua Portuguesa, para discutir com os alunos o conceito de charge!
Analisar a charge com os alunos , levantando questões tais como:
O que os autores da charge estão "denunciando"?
Qual a relação disso com o que estudamos nas atividades 1 e 2 desta aula?
=> Recomenda-se que os alunos registrem no caderno essas percepções acerca da charge.
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Depois disso, sugerir a produção de uma charge pelos alunos , na qual utilizarão o conhecimento adquirido por meio das atividades desta aula.
Orientações gerais para realização da charge:
O trabalho poderá ser realizado individualmente, ou em duplas.
Se sentir a necessidade, fornecer aos alunos temáticas da aula que podem ser exploradas na charge, como por exemplo: A Sociedade Promotora de Imigração de São Paulo - A valorização do trabalhador imigrante - A desvalorização do trabalhador nacional.
Instigar os alunos a produzerem charges de caráter crítico-reflexivo, sem, ao mesmo tempo, perder de vista o lado cômico/satírico que caracteriza essa linguagem.
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Para a socialização de resultados do trabalho , sugere-se que os alunos analisem as charges por eles produzidas.
Isto é, um aluno/dupla analisa a charge produzida por outro aluno/dupla. Para tal, o professor deverá recolher todas as charges e, em seguida, distribuí-las para a turma.
Veja mais dicas sobre "charge e ensino de história" nos Recursos complementares.