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Comparando gêneros discursivos

Autor e Co-autor(es)

Lazuita Goretti de Oliveira imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise lingüística: modos de organização dos discursos
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

  • comparar dois ou mais gêneros discursivos, objetivando perceber semelhanças e diferenças estruturais e funcionais entre eles;
  • analisar gêneros discursivos variados: crônicas, contos, poemas, editoriais, etc;
  • reconhecer propriedades e características dos gêneros analisados.

Duração das atividades

04 aulas de 50 minutos cada

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Reconhecer  os  diferentes  textos como gêneros  textuais /discursivos.

Estratégias e recursos da aula

  • utilização do laboratório de informática e sala de vídeo;
  • atividades realizadas em grupo ou duplas de alunos;
  • utilização de imagens, textos e vídeos veiculados na internet.

Disponível em:

http://deargumentar.blogspot.com/2007/11/xx_30.html  

Para que haja  apropriação de diferentes gêneros discursivos como habilidade de uso da língua falada e escrita por parte do aluno aluno, em situações diversas de comunicação, é fundamental o trabalho com gêneros em sala de aula no ensino- aprendizagem da língua, visto que, em nosso dia-a-dia, deparamo-nos com uma infinidade de discursos por meio dos quais  nos comunicamos e interagimos.

Conhecer as características, a forma, a materialidade dos gêneros  contribui de forma efetiva para a formação de sujeitos atores/agentes na sociedade, conscientes da sua cidadania e com meios para manifestá-la criticamente.

Aula 01 (50 minutos cada)

Atividade

Como ponto de partida´para estudo do conteúdo,  o professor deverá exibir para os alunos o vídeo abaixo sobre gêneros textuais.

Vídeo: Gêneros textuais  

http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk&feature=related 

2. Após a exibição do vídeo, o professor deverá dispor os alunos em círculo e perguntar a eles:

a. O que são gêneros  textuais /discursivos?

b. Por que os gêneros são importantes ferramentas para o ensino da língua?

c. O que são gêneros primários e secundários?

d. Cabe à escola ensinar os gêneros secundários. Por quê?

  • Professor, medie a discussão, deixando com que os alunos falem e, se eles não conseguirem se posicionar, auxilie-nos nessa tarefa.

Aula  02 (50 minutos)

Atividade 

I - O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia dos textos: “O padeiro”- de Rubem Braga; “O lobo e o cordeiro” - de Monteiro lobato; e “Uma ideia toda azul” de Marina Colasanti.

Texto 01

O padeiro

Disponível em:

http://singrandohorizontes.wordpress.com/2009/12/04/rubem-braga-o-padeiro/ 

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento, ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

- Não é ninguém, é o padeiro!  

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

"Então você não é ninguém?"

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...  

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"

E assobiava pelas escadas.

Texto extraído do livro:

Para gostar de ler, Vol I - Crônicas. Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. 12ª Edição.

Editora Ática . São Paulo. 1989. p.63.

Disponível em:

http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm 

Texto 02

O lobo e o cordeiro

Disponível em:

http://trapichedosoutros.blogspot.com/2010/05/o-lobo-e-o-cordeiro-de-la-fontaine.html  

 Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.

─ Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ─ disse o monstro, arreganhando os dentes.

─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!...

O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:

─ Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?

Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a torcer.

─ Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano passado.

─ Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?

Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:

─ Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.

─ Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único?

O lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com razão de lobo faminto:

─ Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!

E ─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço.

Contra a força não há argumentos.

Monteiro Lobato

Disponível em:

http://piquiri.blogspot.com/2006/10/o-lobo-e-o-cordeiro.html 

Texto 03

Uma ideia toda azul

Marina Colasanti

Disponível em:

http://alcoolgel.wordpress.com/2010/02/10/ideias-para-fora-das-gavetas-ja/ 

Um dia o rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda e, tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com alegria, linda ideia dele toda azul.

Brincaram até o rei adormecer encostado numa árvore.

Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levá-la. É tão fácil roubar uma ideia! Quem jamais saberia que já tinha dono?

Com a ideia escondida debaixo do manto, o rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, ele saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao corredor das salas do tempo. Portas fechadas e o silêncio. Que sala escolher? Diante de cada porta o rei parava, pensava e seguia adiante. Até chegar à sala do sono. Abriu. Na sala acolchoada, os pés do rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gases, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.

A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.

O tempo correu seus anos. Ideias o rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.

Só os ministros viam a velhice do rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.

Posta a coroa sobre a almofada, o rei logo levou a mão à corrente.

Ninguém mais se ocupa de mim – dizia, atravessando salões, descendo escadas a caminho da sala do tempo. Ninguém mais me olha – dizia. Agora, posso buscar minha linda idéia e guardá-la só para mim.

Abriu a porta, levantou o cortinado.

Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia.

Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o rei não era mais o rei daquele dia. Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na sala do sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.

Sentado na beira da cama o rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.

Depois, baixou o cortinado e, deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.

Moral: ideia não é para ficar adormecida, mas para ser realizada, sob pena de se perder.

 (Extraído da obra de mesmo nome, Editora Global) 

Disponível em:

http://www.arazao.net/uma-ideia-toda-azul.htmlleitura 

II – A  leitura dos textos deverá ser feita pelo professor. A seguir, em dupla, os alunos deverão responder às questões propostas sobre os textos.

  • Professor, faça cópias das questões para os alunos.

 Sobre a crônica “O padeiro” 

1.  O texto “ O padeiro”  é uma crônica. Esse gênero, originalmente,  era escrito para ser publicado em um jornal que é um veículo diário de informação. Assim como o repórter, o cronista se alimenta dos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.

Qual é o fato do cotidiano do narrador que deu origem à crônica?

2. A crônica o padeiro trata-se de uma narrativa mais estática, já que a principal atitude do narrador-personagem é refletir a respeito do padeiro que havia conhecido.

Retire do texto uma passagem que comprove a  afirmação acima.

3. Explique a expressão “greve do pão dormido”, usada no texto.

4. Por que o entregador dizia que não era ninguém quando batia à porta das casa das pessoas para deixar o pão?

5. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal sobre um determinado assunto.

O narrador considera-se mais ou menos importante do que o padeiro? Por que você acha que ele pensa de tal forma?

6. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Transcreva uma passagem do texto que comprove a afirmação acima.

7. Retome as questões anteriores, discuta com seus colegas e responda: quais são as características do gênero discursivo crônica? 

  • Professor, corrija com os alunos as questões, fazendo com que falem e discutam suas respostas.

Sobre a fábula "O lobo e o cordeiro"

1. O texto “O lobo e o cordeiro é uma  fábula . Esse gênero discursivo caracteriza por apresentar como personagens  animais  que possuem características humanas e uma lição de moral na conclusão da história.

Quais são as características humanas apresentadas pelo lobo e o cordeiro?

2.  Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.

3. Explique o que você entendeu da moral  da história:  contra a força não há argumentos.

4. Em uma fábula faz-se uma analogia entre a realidade humana e a situação vivida pelas personagens, com o objetivo de ensinar algo ou provar alguma verdade estabelecida (lição moral).

Explique a analogia  que há na fábula “o lobo e o cordeiro”.

5. Discuta com seu colega e responda:  quais são as características do gênero discursivo fábula?

Sobre o conto “Uma ideia toda azul”

1. Um conto  é o relato de fatos fictícios. Em geral,  apresenta uma situação inicial, um conflito,  o clímax – ponto mais importante da história – e o desfecho que é a construção de uma nova situação.  

O texto de Marina Colasanti pode ser considerado um relato de fatos fictícios? Justifique sua resposta.

2. Identifique no texto, as partes que compõem o enredo do conto.

  • · situação inicial: ·       
  •   conflito: · 
  •   desfecho:

3. Qual é o fato que ocorre e quebra a situação inicial, estabelecendo o conflito?

4. O tempo muda tudo e todos. Que ensinamento positivo pode-se aprender  com a leitura do texto?

5. Discuta com seu colega e responda: quais são as características do gênero discursivo conto?

III – Comparando gêneros

Todos os gêneros  analisados – crônica, fábula e conto – pertencem à ordem do narrar, apresentando, portanto,  características em comum.

a. Quais são essas características?

b. Em que esses gêneros diferenciam?  

Aula 03 (50 minutos)

Atividade 

 

Disponível em:

http://www.uniblog.com.br/voceatualizado/ 

Nessa aula, o professor deverá corrigir as atividades sobre os textos, ouvindo os alunos e esclarecendo as suas  dúvidas.

Aula 04 (50 minutos)

Atividade

Disponível em:

http://terceiroano3.wordpress.com/tag/conjuncoes/ 

O professor  deverá solicitar aos alunos que, em grupo, montem um painel comparando os gêneros discursivos estudados fazendo um levantamento das características  formais e funcionais de cada um dos gêneros: crônica, fábula e conto. Deverão ser apontadas as semelhanças e as diferenças que há entre esses gêneros pertencentes à  ordem  do narrar.

Observação: 

O professor deverá disponibilizar para os alunos o material necessário para a montagem do painel: cartolina, pincel, tesoura e cola.

Recursos Complementares

Para apresentar a distinção entre  tipo de texto e gênero textual /discursivo, o professor poderá exibir para os alunos os vídeos seguintea:

Vídeo: Redação – Tipos de Texto – 1 - 2

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=VB6qxRkE03U&feature=related 

Vídeo: Redação – Tipos de Texto – 2-2

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=7pEruf665BM&feature=related 

Avaliação

Os alunos serão avaliados coletivamente durante a realização das atividades de análise dos gêneros discursivos – crônica, fábula e conto - e, também, por meio da montagem  de um painel comparando os gêneros  analisados.