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UCA - Usos e valores do dialeto caipira: atividades de retextualiza??o

Autor e Co-autor(es)

Rodrigo Santos de Oliveira imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Luiz Prazeres

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final L?ngua Portuguesa An?lise lingu?stica: varia??o lingu?stica: modalidades, variedades, registros
Ensino Fundamental Final L?ngua Portuguesa L?ngua oral e escrita: pr?tica de escuta e de leitura de textos

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

1-Compreender a import?ncia do dialeto caipira como registro oral significativo dentro do repert?rio lingu?stico plural brasileiro.

 2-Conceber o registro oral, no caso o dialeto caipira, como express?o, inser??o e conv?vio social relacionados a saberes culturais contextuais e valores pragm?ticos/ funcionais para os usu?rios dessa modalidade.

 3-Transformar registros orais presentes em hist?rias em quadrinhos e outras narrativas, apresentadas na modalidade dialetal caipira, em produ??es escritas adequadas ? modalidade padr?o da l?ngua portuguesa.

4- Transformar narrativas e textos informativos pertencentes ? modalidade padr?o em registros escritos e filmados, segundo o dialeto caipira.

5-Transpor uma narra??o oral ? oriunda do g?nero entrevista ? para o texto escrito, praticando atividades do processo de retextualiza??o (transcri??o, edi??o e revis?o).

6-Produzir um programa televisivo que aborde elementos do universo rural.

Duração das atividades

4 a 5 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O professor apresenta o tema da aula e pede aos alunos que falem um pouco sobre quais palavras ou termos eles reconhecem como oriundos de um suposto falar caipira.

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Caso a atividade seja aplicada em turma de EJA, de turmas pertencentes a regi?es rurais ou cidades do interior, podem ser solicitado aos alunos que registrem ? por meio de entrevistas gravadas ? express?es originadas das falas de pais, tios, av?s, vizinhos, pessoas conhecidas na cidade, etc. E, para os alunos que nasceram ou viveram em cidades da zona rural, oriente-os a listarem e catalogarem em arquivo equivalente ao Word termos espec?ficos da regi?o em quest?o.

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Caso n?o seja poss?vel o trabalho de campo (entrevista), o professor direciona e auxilia os alunos a buscarem, em duplas, na internet, no Google, Youtube, Acervo digital da Revista Veja, Revista de Hist?ria da Biblioteca Nacional, Revista Super Interessante entre outros, variados textos (cantigas, piadas, ?causos?, curiosidades) que contenham termos regionais relacionados ao dialeto caipira em v?rias localidades do pa?s. Pode ser delimitado a cada grupo de alunos quais lugares ser?o pesquisados, por exemplo: interior paulista, interior mineiro, interior baiano, entre outros.

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Alguns Links de busca:

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http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/

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http://veja.abril.com.br/acervodigital/

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http://super.abril.com.br/

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O material coletado pode ser salvo, pela dupla, na ?rea principal de trabalho ou na pasta ?meus documentos? no programa editor de textos equivalente ao Word, formato tabela.

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Regi?o do pa?s

Palavras ou express?es

Contexto em que express?o aparece

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Estratégias e recursos da aula

Etapa 2: O falar do Chico Bento

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O professor solicita aos alunos que pesquisem, no Google e no site do Maur?cio de Souza, a origem do personagem Chico Bento, seus costumes, atividades cotidianas, express?es t?picas das personagens presentes nas hist?rias do referido ?matuto? e, sobretudo, tirinhas ou hist?rias em que seja focalizado algo relacionado aos aspectos do falar caipira articulado ao contexto s?cio-cultural em que o personagem est? inserido. Nessa etapa, pode ser observado se h? incid?ncia dos termos coletados na etapa 1 nessas narrativas.

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Sobre o personagem Chico Bento:

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http://www.unimar.br/pos/trabalhos/arquivos/e4412beedb3d14159774ae8aaeafbea9.pdf

A atividade pode ser mais especificada e direcionada se o professor solicitar que todos os alunos acessem a mesma hist?ria, no caso: ?O sabe-tudo?.

chico

Link: http://www.monica.com.br/comics/sabe-tudo/welcome.htm

O exerc?cio possibilita o desenvolvimento da leitura coletiva, em voz alta, em sala de aula. Os alunos podem representar a professora e o Chico Bento. Nessa hist?ria, Chico ? interrogado sobre assuntos relacionados ? Hist?ria do Brasil, por?m o personagem leva a professora a observar os saberes que ele domina e que s?o ?teis para o contexto em que ele pertence.

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            Nessa hist?ria em quadrinhos, podem ser demarcadas quais express?es est?o inadequadas ? modalidade padr?o. O professor pode sistematizar com os alunos quais s?o os pontuais desvios: concord?ncia verbal, flex?o de plural, ?e? com som de ?i?, supress?es de letras e vogais como recursos de economia vocabular presentes no registro oral (como em ?quejo? e ?mantega?), substitui??o da nomenclatura do verbo no infinitivo pela forma??o de uma ox?tona terminada em ??? ou ??? (?cuid??, ?ordenh??, ?seme??, ?faz??), etc.

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Nessa tarefa, pode ser apresentado e discutido o conceito de ?preconceito lingu?stico?, difundido pelo pesquisador Marcos Bagno. ? v?lido demonstrar quais s?o as suas causas e o que ele acarreta em nossa sociedade. O professor pode refor?ar a import?ncia dos valores culturais transmitidos pelo vi?s da fala para a regi?o no qual o cidad?o est? inserido. E pode frisar as fronteiras e interc?mbios entre a modalidade padr?o e a varia??o lingu?stica, marcada pela oralidade. Pode ser discutido com os alunos, o porqu? dessas manifesta??es lingu?sticas serem desprivilegiadas em nossa cultura.

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Palestra proferida por Marcos Bagno:

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http://www.youtube.com/watch?v=q722yvi0dXY

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Site Marcos Bagno:

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http://marcosbagno.com.br/site

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H? entrevistas e artigos do autor sobre a no??o de ?erro? e sobre variedade lingu?stica.

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Etapa 3: Da fala para a escrita

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Para a atividade de entrevista gravada ? para turmas de EJA e/ou turmas localizadas em cidades do interior ? ? necess?rio apresentar aspectos do g?nero textual em quest?o e salientar a ocorr?ncia t?pica dos marcadores da oralidade, tais como: repeti??o de termos ou ideias, hesita??es, pausas, a exist?ncia de modalizadores de interlocu??o e de continuidade/ coes?o tem?tica como ?n?? e ?a??, entre outros.

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Passo a passo:

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1) A escolha do suporte de grava??o: um celular ou c?mera digital. Para que o material produzido seja transposto para o netbook, no ?cone da tela principal respons?vel pelo armazenamento de imagens;

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2) A escolha do entrevistado: uma pessoa muito conhecida na cidade e/ ou algu?m acima dos 50/ 60 anos;

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3) O assunto pode ser: a chegada da pessoa naquela cidade, a constitui??o da fam?lia, conquista e contexto de trabalho, contexto escolar, etc;

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4) A sele??o de perguntas deve estar articulada aos temas anteriores (item 3) e pode ser elaborada por grupos de 4 a 5 alunos;

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5) Ap?s a grava??o, dois alunos ficar?o respons?veis pela transcri??o do texto, cada um transcrever? uma vers?o, depois estas podem ser comparadas. ? importante que todos os elementos do discurso do entrevistado sejam registrados de forma mais leg?tima poss?vel, ou seja, com os elementos da oralidade na ?ntegra;

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6) Dois alunos ficar?o respons?veis pela revis?o e confer?ncia do material coletado que ser? enviado por e-mail ao professor e assinalar?o os termos t?picos do dialeto coletado;

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7) O professor abordar? em data show, ou arquivo compartilhado com todos em sala, com o objetivo de editar os textos coletados: suprimir marcas da oralidade que s?o dispens?veis ? escrita e efetuar o processo coletivo de retextualiza??o e modaliza??o ao formato padr?o da escrita, segundo os aspectos de ortografia, acentua??o, pontua??o, concord?ncias, etc.

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Na etapa final, ? necess?rio que o professor compare com os alunos a vers?o inicial transcrita com a vers?o editada, com o objetivo de observar se foi mantida a inten??o enunciativa do discurso proferido pelo entrevistado, o car?ter emotivo do discurso, entre outros aspectos.

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Sobre o g?nero entrevista escrita:

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http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/nosdominiosdosgeneros-v2.pdf

  

Caso o trabalho com a entrevista n?o seja poss?vel, o professor pedir? aos alunos que recuperem os textos iniciais ? etapa 1 ? salvos em arquivos na ?rea de trabalho ou na pasta ?meus documentos? e os transformem em narrativas adequadas ? norma padr?o da l?ngua ou, tamb?m, podem compartilhar com todos os alunos em sala de aula ? por meio do msn coletivo contido no netbook, que funciona sem o aux?lio da internet ? a proposta sobre o texto ?Peda de oro? gravada em arquivo Word.

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 Peda de oro

Dispon?vel em:  

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http://web.cpv.ufmg.br/Arquivos/2001/ProvasUFMG/2ETAPA/L%edngua%20Portuguesa%20e%20Literatura%20Brasileira%20B%20-%202%aa%20Etapa%20-%202001.pdf

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Nessa atividade, o professor pode trabalhar, anteriormente ? produ??o, quais marcadores lingu?sticos no texto sinalizam a regi?o do pa?s em que se encontram as personagens? Quais modalizadores se repetem no discurso? Como rearticul?-los? Como substituir termos e palavras do dialeto por express?es da norma padr?o com o intuito de n?o perder a emotividade e legitimidade do discurso?

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Etapa 4: Da escrita para a fala

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Para uma atividade de retextualiza??o do escrito para o oral, os alunos podem contar com o aux?lio de um dicion?rio do dialeto caipira, o professor pode sugerir que narrativas de jornais (not?cias, cr?nicas, reportagens) ? por meio de recortes que os alunos levar?o para a sala de aula ou que o professor selecionou previamente ? sejam transformadas em textos escritos e, em seguida, filmados.

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Dicion?rio caipira:

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http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/pwcaipira/default_2nivel.php?p_secao=9&reg=4&pg=

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http://blogmaruggi.blogspot.com/2009/01/dicionrio-caipira.html

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Dicion?rio dialeto caipira paulista:

 http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/amadeuamaral/odialetocaipracreditos.htm

  

Os alunos, com o aux?lio da web cam ou das c?meras dos celulares, podem gravar programas de TV que apresentem cantigas, piadas, ?causos? e outros registros pertencentes ao universo caipira. Podem caracterizar-se desses personagens, decorarem a sala de aula, criarem quadros, escolher o nome do programa, podem levar a pessoa entrevistada ou exibir a pr?pria entrevista como mat?ria do programa, cada grupo de alunos pode ficar respons?vel por um quadro do programa, outras turmas da escola podem ser convidadas a compor a plateia do programa. O v?deo pode ser postado no Youtube.

Recursos Complementares

Alguns programas de TV exibidos em canal aberto:

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http://www.arrumacao.com.br/principal.html

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http://www.tvcultura.com.br/violaminhaviola?sid=1840

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http://www2.tvcultura.com.br/srbrasil/home.asp

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Material de apoio:

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AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. S?o Paulo, Hucitec, 1976.

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BAGNO, Marcos. Preconceito lingu?stico: o que ?, como se faz. 29. ed. -. S?o Paulo: Loyola, 2004.

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DELLl?ISOLA, Regina P?ret. Retextualiza??o dos g?neros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

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MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da fala para a escrita: atividades de retextualiza?ao. 2. ed. S?o Paulo: Cortez, 2001.

Avaliação

As avalia??es ocorrer?o de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura, de escrita, de pesquisa comparativa e de express?o oral e visual. Por?m ? necess?rio:

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Discutir com os alunos sobre o que mudou em rela??o ? percep??o inicial sobre o dialeto caipira e a contribui??o que as atividades permitiram.

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Avaliar, por meio da produ??o do programa televisivo e da pr?tica de retextualiza??o, se houve compreens?o dos alunos acerca da import?ncia da variedade dialetal caipira em nosso pa?s.

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Avaliar o processo de transcri??o e edi??o das entrevistas feitas pelos alunos.

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Avaliar o processo de substitui??o e aplica??o dos elementos lingu?sticos da norma padr?o nos registros orais, bem como o processo de retextualiza??o para as duas opera??es (oral ? escrito; escrito ? oral).

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Observar como foi o processo de recep??o escrita dos alunos e como as marcas de oralidade espec?ficas dos alunos aparecem nas atividades.

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Observar adequa??o e uso dos marcadores do dialeto rural utilizados nas produ??es escritas e filmadas.

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Avaliar a participa??o, interesse e disposi??o dos alunos para executarem as atividades em duplas e em grupos.