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UCA - Can??o do ex?lio: releituras

Autor e Co-autor(es)

Rodrigo Santos de Oliveira imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Prof.Dr.Luiz Prazeres

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo L?ngua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produ??o de texto

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

  • Identificar os ideais simb?licos de patriotismo/ nacionalismo presentes no not?rio poema de Gon?alves Dias.
  • Identificar e analisar algumas par?dias e par?frases po?ticas e musicais feitas a partir do poema ?Can??o do ex?lio?.
  • Criar um texto liter?rio ou informativo que parodie o texto de Gon?alves Dias.
  • Criar uma videoaula sobre o tema ?Can??o do ex?lio: releituras?.

Duração das atividades

2 a 3 aulas de 50 minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Antes de iniciar a discuss?o sobre o poema, o professor pode resgatar - por meio da proje??o de slides em data show - algumas estrofes da letra do Hino Nacional que exaltam a na??o brasileira. Observa-se que a ?Can??o do ex?lio? foi citada em alguns versos do Hino Nacional, composto por Os?rio Duque Estrada. ? v?lido discutir com os alunos a pertin?ncia e a relev?ncia nos dias atuais dos pressupostos representativos e ideol?gicos do hino. Pode ser solicitada aos alunos a busca no Google de outros hinos brasileiros (como o da Bandeira) que refor?am os valores patri?ticos, bem como letras de m?sica que apresentam esses registros.

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Hino Nacional. Dispon?vel em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/hino.htm

Estratégias e recursos da aula

Etapa 1 ? A can??o e os s?mbolos de idealiza??o patri?tica

Nessa atividade, o professor apresentar? o poema ?Can??o do ex?lio? e analisar? com os alunos os elementos integrantes (tema e estrutura??o) do texto.

O not?rio poema foi publicado em Primeiros cantos (1846), obra inaugural do escritor Ant?nio Gon?alves Dias. Foi um dos poemas que inauguraram a tend?ncia art?stica que cultuava o nacionalismo idealizado em fins do s?culo XIX. Pode ser solicitada aos alunos a pesquisa sobre o autor e sobre o movimento est?tico denominado Romantismo, no qual o escritor ? inserido.

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CAN??O DO EX?LIO

Gon?alves Dias

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Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabi?;

As aves, que aqui gorjeiam,

N?o gorjeiam como l?.

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Nosso c?u tem mais estrelas,

Nossas v?rzeas t?m mais flores,

Nossos bosques t?m mais vida,

Nossa vida mais amores.

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Em cismar, sozinho, ? noite,

Mais prazer encontro eu l?;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabi?.

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Minha terra tem primores,

Que tais n?o encontro eu c?;

Em cismar - sozinho, ? noite -

Mais prazer encontro eu l?;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabi?.

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N?o permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para l?;

Sem que desfrute os primores

Que n?o encontro por c?;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabi?.

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Coimbra - Julho 1843.

Dispon?vel em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000115.pdf

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sabi??

Ilustra??o de um sabi?

 http://delirioscausticos.blogspot.com/2011/06/o-livre-conto-do-sabia.html

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Em um primeiro plano, o professor trabalhar? como o aspecto idealizado da p?tria ? repetido incansavelmente pelo eu l?rico ? que se encontra apartado da terra natal (? significativo ressaltar que Gon?alves Dias encontrava-se em Portugal quando escreveu esse texto). Ap?s a leitura, o professor pode evidenciar os elementos de grande incid?ncia ao longo do poema: as rimas que ocorrem nos segundos e quartos versos de quase todas as estrofes, a express?o anaf?rica ?t?m mais? que ? desenvolvida como recurso de exalta??o da terra e como ?propaganda tur?stica? da na??o. A celebra??o tamb?m ? ratificada a partir da constante recorr?ncia e do deslocamento dos pronomes possessivos ?minha? e ?nossa/ nosso?. ? significativo demarcar como o movimento de exalta??o est? sempre atrelado ao aspecto contrastivo entre os adv?rbios de lugar ?aqui (c?)? x ?l?? (terra idealizada), que s?o tamb?m reiterados, de maneira comparativa, por meio dos s?mbolos de exuber?ncia da terra imagin?ria (c?u, v?rzea, bosque, sabi? e palmeira) e revelam a reflex?o nost?lgica/ saudosista do sujeito po?tico. Nessa etapa, o professor pode enfatizar quantas vezes no texto aparecem as palavras ?sabi?? e ?palmeira?, com o intuito de demarcar o car?ter ideol?gico, constru?do de forma meton?mica, por meio dessas figuras representativas.

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Palmeira imperial do Jardim Bot??nico do Rio

Palmeira imperial do Jardim Bot?nico do Rio de Janeiro

 http://sagamundo.wordpress.com/2010/01/15/nao-se-fala-com-os-muros/

Etapa 2 ? A palmeira e o sabi?: par?dias e par?frases po?ticas

O objetivo dessa atividade ? coletar poemas que releem (por meio da par?dia ou da par?frase) o discurso e o tema contido no texto de Gon?alves Dias. O professor pode sugerir que os alunos pesquisem alguns poemas no Google ou em sites especializados em textos liter?rios ou pode direcionar esta etapa a partir dos seguintes textos: ?Nova can??o do ex?lio?, de Ferreira Gullar; ?Nova Can??o do ex?lio?, de Carlos Drummond de Andrade e ?Can??o do ex?lio facilitada?, de Jos? Paulo Paes.

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A respeito dos conceitos de par?frase e par?dia, ? significativo considerar o que o cr?tico Affonso Romano de Sant?Anna salientou:

?[...] constatemos que a par?dia, por estar do lado do novo e do diferente, ? sempre inauguradora de um novo paradigma. [...] Do lado da contra-ideologia, a par?dia ? uma descontinuidade. [...] Enquanto a par?frase ? um discurso em repouso, [...] a par?dia ? o discurso em progresso. [...] Numa h? o refor?o, na outra a deforma??o. [...] ? uma tomada de consci?ncia cr?tica. [...] a par?dia ? como a lente: exagera os detalhes de tal modo que pode converter uma parte do elemento focado num elemento dominante, invertendo, portanto, a parte pelo todo, como se faz na charge e na caricatura. [...] Ela mata o texto-pai em busca da diferen?a.?

SANT?ANNA, Affonso Romano de. Par?dia, par?frase & Cia. S?o Paulo: Editora ?tica, 1995.

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Ap?s analisar a ?Can??o do ex?lio? e apresentar os conceitos de par?frase e par?dia, o professor solicitar? aos alunos que procurem os textos a seguir no Google e que cada grupo composto por 04 alunos fique respons?vel pela an?lise e apresenta??o de um poema. Os alunos podem apresentar v?deos do Youtube e pesquisar leituras cr?ticas sobre a colet?nea indicada. O resultado dessa etapa pode ser apresentado em sala de aula por meio da exibi??o de slides em data show.

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O professor acompanhar? a atividade e dever? direcionar os seguintes crit?rios de avalia??o:

a) Como os poemas apresentam os s?mbolos do sabi? e da palmeira?

b) Como ? constru?da a conex?o intertextual com o poema de Gon?alves Dias? Quais poemas/  trechos s?o par?frases, quais s?o par?dias?

c) Quais cr?ticas s?o abordadas em rela??o ao ideal de na??o?

d) Como as rimas s?o constru?das em cada texto (segundo a l?gica da repeti??o ou concis?o de sons ou palavras)?

e) Qual a leitura distintiva que cada texto apresenta sobre o tema da nacionalidade e sobre o texto referencial de Gon?alves Dias?

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2.1

Nova Can??o do Ex?lio

Ferreira Gullar


Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos s?s ? noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
s?o como flautas de prata
N?o permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos.

http://www.releituras.com/fgullar_claudia.asp

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Leitura feita por Paulo Jos?:

http://www.youtube.com/watch?v=_PhIm8aW89w

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2.2

Nova can??o do ex?lio

Carlos Drummond de Andrade

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Um sabi? na

palmeira, longe.

Estas aves cantam

um outro canto.

O c?u cintila

sobre flores ?midas.

Vozes na mata,

e o maior amor.

S?, na noite,

seria feliz:

um sabi?,

na palmeira, longe.

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Onde tudo ? belo

e fant?stico,

s?, na noite,

seria feliz.

(Um sabi?,

na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e

voltar

para onde tudo ? belo

e fant?stico:

a palmeira, o sabi?,

o longe.

http://www.ufrgs.br/proin/versao_1/exilio/index07.html

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2.3

Can??o do ex?lio facilitada

Jos? Paulo Paes

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L??

Ah!

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Sabi?...

pap?...

man?...

sof?...

sinh?...

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C??

Bah!

http://paticastro.blogspot.com/2007/02/da-cano-do-exlio-facilitada.html

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Etapa 3 ? Outras can??es

Al?m da representa??o liter?ria, encontram-se no vasto repert?rio musical brasileiro textos com intenso apelo nacionalista, difundidos por meio de um discurso de celebra??o e orgulho de ser brasileiro. Nas letras musicais de v?rias d?cadas, os emblemas nacionais referentes ? paisagem, ? popula??o e aos costumes s?o exaltados em v?rias composi??es de Ary Barroso, em ?Eu te amo meu Brasil?, dos Incr?veis; em ?Pa?s tropical?, de Jorge Ben; em ?Descobridor dos sete mares?, de Tim Maia, entre outras.

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Para esta atividade, os alunos acessar?o no Youtube a can??o ?Meu pa?s?, de Ivan Lins, e dever?o redigir um par?grafo dissertativo (12 a 15 linhas) para interpretar a letra segundo os direcionamentos a seguir.

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A) Como a na??o ? representada na letra de Ivan Lins? De que maneira o patriotismo ? retratado?

B) Quais s?mbolos de identidade nacional s?o cultuados na can??o? A quais contextos culturais eles pertencem?

C) Quais s?o os elementos comparativos entre a perspectiva nacionalista do eu po?tico na ?Can??o do ex?lio? e na letra ?Meu pa?s??

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Os textos ser?o enviados para o e-mail do professor, que far? as devidas corre??es gramaticais e estil?sticas, al?m disso verificar? o cumprimento da proposta e os recursos de coes?o, coer?ncia e progress?o textual empregados.

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Para a can??o a seguir, haver? um debate e discuss?o em torno da atualiza??o do tema proposto por Gilberto Gil/ Torquato Neto. O professor pode apresentar a can??o contida no site do cantor e compositor ou v?deo com interpreta??o da Maria Beth?nia. Podem ser utilizados os mesmos direcionamentos contidos na Etapa 2.

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Margin?lia 2

Gilberto Gil
Torquato Neto

Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha afli??o

Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
P?o seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solid?o

Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo

Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a b?n??o e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Ara??s e bananeiras
Ao canto da juriti

Aqui, meu p?nico e gl?ria
Aqui, meu la?o e cadeia
Conhe?o bem minha hist?ria
Come?a na lua cheia
E termina antes do fim

Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo

Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olel?, lal?

A bomba explode l? fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, n?s temos banana
At? pra dar e vender
Olel?, lal?

Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo
Aqui ? o fim do mundo

http://www.gilbertogil.com.br/sec_musica.php?page=3

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V?deo com interpreta??o de Maria Beth?nia: http://www.youtube.com/watch?v=GQ_4PzbIfak&playnext=1&list=PLE4AD70E76BA3721B

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Etapa 4 ? Recriando a can??o

Nesta etapa, o aluno produzir? um texto liter?rio (em prosa ou verso) ou informativo (cr?nica ou artigo de opini?o) que contemple o tema de ?Can??o do ex?lio?. O texto pode parodiar o foco tem?tico de maneira contextualizada segundo alguma not?cia atual selecionada pelo professor. ? importante que o texto do aluno questione e problematize s?mbolos da nossa identidade sociocultural.

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Os textos ser?o enviados por e-mail ao professor que far? as devidas corre??es ortogr?ficas e estil?sticas. As melhores produ??es ser?o selecionadas pelo professor que escolher? um texto de cada grupo (preferencialmente os mesmos integrantes da equipe da etapa 2). O grupo ser? respons?vel por montar uma videoaula sobre o tema ?Can??o do exilo: releituras?  e eleger? um representante para ser o apresentador do conte?do estudado e produzido.  Poder?o ser aproveitados os textos consagrados lidos nas etapas anteriores. Essa atividade pode ser divulgada numa perspectiva jornal?stica (telejornal, programa de entrevistas, etc). O material ser? filmado, avaliado pelo professor e postado no Youtube.

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Como postar v?deo no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=cpDxbWLEq_0&feature=related

Recursos Complementares

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PAULINO, Gra?a; WALTY, Ivete Lara Camargos; CURY, Maria Zilda Ferreira. Intertextualidades: teoria e pr?tica. 6. ed. S?o Paulo: Formato, 2005.

RICUPERO, Bernardo. O romantismo e a ideia de na??o no Brasil (1830-1870). S?o Paulo: Martins Fontes, 2004.

SANT'ANNA, Affonso Romano. Par?dia, par?frase & cia. 7. ed. S?o Paulo: ?tica, 2003.

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Sobre o poema ?Can??o do ex?lio? atrelado ao culto de exalta??o da natureza local:

http://www.revistaletras.ufpr.br/edicao/60/WiltonMarques-OPoemaEAMetafora.pdf

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Cr?tica ao culto ? paisagem como pressuposto nacionalista:

http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol2/V2_CLNF.pdf

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Leitura feita a partir de algumas vers?es da ?Can??o do ex?lio?:

http://www.infoescola.com/livros/cancao-do-exilio/

Avaliação

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As avalia??es ocorrer?o de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura cr?tica/ participativa e escrita dissertativa/ liter?ria. Por?m ? necess?rio:

  • Avaliar a participa??o, interesse e disposi??o dos alunos para executarem as atividades em grupo e individualmente.
  • Observar a identifica??o dos recursos intertextuais de par?dia e par?frase nas apresenta??es sobre os textos de Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade e Jos? Paulo Paes.
  • Analisar e avaliar a adequa??o da reda??o produzida (cumprimento dos direcionamentos) pelos alunos sobre a can??o ?Meu pa?s?.
  • Observar as infer?ncias produzidas e debate constru?do a partir da can??o ?Margin?lia 2?.
  • Avaliar o v?deo produzido a partir do aprendizado constru?do em sala sobre o poema de Gon?alves Dias.