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Primavera de Praga e fotografia

Autor e Co-autor(es)

Augusto Carvalho Borges imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Gabriel Luiz Maia Nascimento; L?gia Beatriz Paula Germano

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo Hist?ria Cidadania e cultura contempor?nea
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo Hist?ria Rela??es de poder e conflitos sociais
Ensino M?dio Hist?ria Cultura
Ensino M?dio Hist?ria Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
Ensino M?dio Hist?ria Processo hist?rico: na??es e nacionalidades
Ensino M?dio Hist?ria Sujeito hist?rico

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

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Os alunos poder?o analisar um importante componente de constitui??o de mem?ria de uma sociedade: a fotografia. Al?m disso, os alunos poder?o ter um contato mais pr?ximo com um tema que, por diversas vezes, n?o ? bem trabalhado, como a Primavera de Praga. Os alunos, tamb?m, ter?o a oportunidade de problematizar e discutir a produ??o cultural de, e sobre, o per?odo.

Duração das atividades

Seis aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

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Socialismo

Guerra Fria

Estratégias e recursos da aula

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INTRODU??O

Durante o conturbado ano de 1968, v?rios acontecimentos repercutiram a agita??o social, cultural e pol?tica que se encontravam os mais diversos pa?ses do mundo. S? para citar, exemplarmente: manifesta??es estudantis no Brasil, na Fran?a, na Alemanha, nos Estados Unidos e em outros pa?ses questionavam o poder vigente; movimentos de defensores de minorias e de luta por direitos humanos ganhavam for?a; a Guerra do Vietn? j? mostrava o seu lado assustador com a ?ofensiva do Tet?, que geraria o in?cio das manifesta??es contr?rias ? Guerra do Vietn?. Dentro desses acontecimentos, podemos destacar tamb?m o que ocorreu na Tchecoslov?quia.

Desde o in?cio dos anos 1960, alguns membros do Partido Comunista Tcheco, que ocupavam o poder no pa?s, j? pediam reformas. Por?m outro setor do partido n?o concordava com tal postura, eliminando qualquer possibilidade de reforma. Esse desejo de reforma foi tomando conta de outros setores da popula??o, em especial dos intelectuais. Em 1967, ap?s protestarem abertamente contra as pol?ticas do partido, os intelectuais foram reprimidos por Novotny, secret?rio-geral do partido. Essa rea??o acelerou o processo de mudan?a e, em 5 de janeiro de 1968, assumia como presidente Alexander Dubcek, um dos que se destacavam no pedido por reformas.

Em mar?o, o governo tomou uma s?rie de medidas mais liberais que foram apoiadas pelos meios de comunica??o e culminaram na retirada da censura. O Comit? Central do PC ainda aprovou o ?Programa de A??o? que buscava dar ao socialismo um car?ter mais humano. Entre os planos, destacavam-se uma relativa liberaliza??o econ?mica, reformas no terreno pol?tico (livre cria??o de partidos que aceitassem o modelo socialista, igualdade nacional entre tchecos e eslovacos e liberta??o de presos pol?ticos) e no aspecto social (sindicatos independentes e liberdade religiosa). Esse novo cen?rio de liberdade espalhou uma euforia pelo pa?s, surgindo assim diversas revistas, jornais e associa??es.

Apesar das rela??es internacionais do pa?s ainda estarem centradas na URSS e no Pacto de Vars?via, Moscou n?o tinha bons olhos para as reformas e as tens?es foram ficando cada vez maiores. Em julho de 1968, os dirigentes do Pacto de Vars?via escreveram uma carta ao partido tcheco, por?m Dubcek se recusou a aceitar a carta e ir a Moscou. Em 20 de agosto, as tropas do Pacto de Vars?via invadiram a Tchecoslov?quia e acabaram com a chamada ?Primavera de Praga?, impondo e mantendo um regime que j? havia perdido a credibilidade entre as pessoas.

DESENVOLVIMENTO

Na primeira aula, o professor dever? introduzir o assunto aos alunos. O professor poder? contextualizar para os alunos o cen?rio do Leste Europeu durante a Guerra Fria e indag?-los sobre o que entendem quando se fala em Cortina de Ferro. Depois o professor poder? explicar um pouco sobre o contexto hist?rico dos anos 1960, do delicado momento pol?tico que se vivia e as mudan?as comportamentais e culturais que vinham ocorrendo. Depois o professor poder? perguntar aos alunos o que acham do papel da cultura em um contexto como esse. Ap?s essa discuss?o e introdu??o, o professor poder? retomar os principais pontos em uma conversa com a sala. O professor poder? avaliar se a discuss?o foi satisfat?ria ou n?o.

Na segunda aula, o professor dever? dividir a sala em cinco ou seis grupos. Cada grupo ficar? respons?vel por analisar um conjunto de fotografias abaixo. O professor poder? trabalhar com os alunos como podem ler as imagens, buscando interpretar que sentimento as fotos passam e outros aspectos subjetivos e objetivos que estejam presentes nessas imagens. Deve-se ressaltar que a fotografia n?o ? uma c?pia exata do que foi a realidade, explicando que quem produz e reproduz essas fotos possui um objetivo. Essa intencionalidade dever? ser observada. Al?m disso, os alunos dever?o obter informa??es na Internet que auxiliem na interpreta??o das imagens, ressaltando o contexto em que ela foi feita.

Na terceira aula, os grupos poder?o come?ar a trabalhar com as imagens.

Grupo 1: ?O in?cio da invas?o e a Pra?a Venceslau?.

Imagens:

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Rel??gio

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Fotografia da pra?a Venceslau horas antes da invas?o sovi?tica http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

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Garotos observam a pra??a Venceslau

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Garotos observam a invas?o http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos1.html )

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Garota com bandagens na cabe??a

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Garota com bandagens na cabe?a na pra?a Venceslau ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos1.html )

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O grupo dever? trabalhar como estas fotografias buscam representar o in?cio da invas?o, al?m de poder discutir a import?ncia, mesmo que simb?lica, que um local como uma pra?a tem para a sociedade que a frequenta, podendo discutir os v?rios usos que as pra?as, como locais p?blicos e de encontro, possuem para as pessoas.

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Grupo 2: ?Pessoas e tanques?.

Imagens:

Carro passa por d??zias de tanques     Pessoas jogam pedras em tanques russos

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Tanques russos ocupam a capital Tcheca e algumas pessoas resistem com pedras ( http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781902&index=10 )

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Tanque contra manifestantes

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Tanque de guerra confronta pessoas ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

Tcheco sobre tanque sovi??tico

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Jovem tcheco sobre tanque sovi?tico ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/

 )Jovens escalam sobre os tanques sovi??ticosJovens tchecos lan??am tochas contra tanque

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Diferentes rea??es de tchecos perante a presen?a dos tanques de guerra ( http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781902&index=10 )

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O grupo poder? trabalhar na perspectiva de como a popula??o civil se organiza para resistir a uma invas?o que det?m supremacia e controle dos meios armados. Al?m disso, os alunos poder?o problematizar como se deu essa resist?ncia e de que maneira ela foi representada pelos fot?grafos, podendo questionar o papel do hero?smo em situa??es como esta e como ele ? mostrado em imagens como as acima.

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Grupo 3: ?A bandeira e outros s?mbolos?.

Imagens:

Pessoas marcham com bandeira tcheca suja de sangue   Jovem com bandeira tcheca  Bandeira rasgada

Imagens do fot?grafo Paul Goldsmith que mostram uma bandeira suja de sangue durante uma marcha, um jovem tcheco ajoelhado com a sua bandeira e uma bandeira rasgada.

http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos3.html )

Mulher com bandeira ensanguentada

Fotografia que mostra o choro de uma jovem enquanto carrega uma bandeira suja de sangue ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

Tchecos agitam a bandeira do pa??s sobre tanque  Tcheco agita a bandeira do pa??s  Picha????es no muro

Fotografias ic?nicas que retratam: (Esq.) Jovens tchecos com sua bandeira sobre ve?culo virado na rua; (Centro) pessoas mostram bandeiras sujas de sangue para tanque sovi?tico que passa pela rua e picha??o de muro compara a  pol?tica dos EUA em rela??o com o Vietn? ? rela??o da URSS com a Tchecoeslov?quia. Al?m disso, uma su?stica nazista aperece no meio de uma estrela socialista

(http://www.militaryphotos.net/forums/showthread.php?42908-Prague-Spring-Invasion-1968 )

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O grupo poder? trabalhar no sentido de tentar estabelecer a for?a que um s?mbolo nacional pode adquirir em situa??es como esta.

Grupo 4: ?Contrastes?.

Imagens:

Soldado sovi??ticoJuventude de sangue no rosto

O fot?grafo Paul Goldsmith busca semelhan?as e diferen?as ao fazer fotos do perfil de um soldado e de um manifestante ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos2.html )

Jovem grita com soldado russo

O fot?grafo Josef Koudelka ressalta o contraste presente entre os invasores e os invadidos ( http://www.magnumphotos.com/c.aspx?VP=XSpecific_MAG.BookDetail_VPage&pid=2TYRYDKPNAKU )

Dois tanques na pra??a VenceslauGarota com bandagens na cabe??a

Paul Goldsmith real?a a diferen?a entre a m?quina sovi?tica e o cidad?o tcheco ao fazer fotos do mesmo ?ngulo dos dois elementos ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos2.html )

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O grupo poder? trabalhar com algumas imagens isoladas e outras em perspectiva comparada. Dessa maneira, pode-se ressaltar o papel do fot?grafo ao publicar uma sequ?ncia de fotos. O grupo, tamb?m, poder? contextualizar quais contrastes que estavam em quest?o no contexto analisado e at? que ponto os fot?grafos quiseram acentuar ou minimizar isso em suas obras.

Grupo 5: ?Viol?ncia, destrui??o e o p?s-invas?o?.

Imagens:

Homem tenta ajudar pessoas mortas e feridas  Homem olha as ru??nas deixadas pela invas??o  Estudantes distribuem literatura ap??s a invas??o

Na primeira imagem um homem tenta socorrer pessoas feridas ap?s repress?o a manifesta??o; na segunda imagem um homem contempla o rastro de destrui??o deixado pela invas?o sovi?tica; na terceira imagem, jovens tchecos distribuem ilegalmente literatura, apontando um caminho de resist?ncia ap?s o fim das a??es militares sovi?ticas no pa?s

http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781959&index=14 )

Cartazes contra a URSSIdoso, ao fundo pr??dio destru??do

Na foto da esquerda, uma sequ?ncia de cartazes contra a domina??o sovi?tica pode ser visto. Na imagem da esquerda, o fot?grafo ressalta a destrui??o deixada.

http://www.magnumphotos.com/c.aspx?VP=XSpecific_MAG.BookDetail_VPage&pid=2TYRYDKPNAKU )

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O grupo dever? trabalhar, em cima das imagens, como foi representada a ideia de viol?ncia e destrui??o na ?tica do fot?grafo. Al?m disso, os alunos poder?o relacionar a mudan?a de aspecto das fotografias, antes mais heroicas e agora mais introspectivas, demonstrando a fragilidade da sociedade e do local p?blico ap?s um evento como esse e que tipo de rea??es de resist?ncia ainda s?o suscitadas ap?s agosto de 1968.

Para cada aula, dois grupos poder?o apresentar seu trabalho, projetando as imagens indicadas em retroprojetor e analisando as fotos conforme o proposto e em conjunto com a turma, que poder? adicionar informa??es.

Na terceira aula de apresenta??o (sexta aula), ap?s o quinto grupo se apresentar, o professor poder? debater com a turma e levantar os principais pontos que foram discutidos durante a apresenta??o dos trabalhos. Al?m disso, o professor poder? trabalhar melhor os pontos que ficaram deficientes e questionar os alunos sobre o que eles conseguem concluir.

CONCLUS?O

Ap?s o professor fazer a discuss?o, ficar? mais f?cil para os alunos compreenderem a diversidade e a complexidade de interpreta??es que uma imagem ou fotografia pode ter, seja no campo pol?tico, cultural ou comportamental. Isso mostra que as imagens n?o s?o mero espelho de uma realidade palp?vel, mas sim reconstru??es que possuem uma grande carga de intencionalidade. A quebra dessa vis?o ? importante para dar ao aluno capacidade cr?tica de analisar o mundo que o rodeia, podendo questionar e problematizar situa??es a partir de uma base. Al?m disso, trabalhos como este despertam o interesse do aluno por se tratar de um objeto com o qual ele convive: a fotografia.

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Recursos Complementares

Avaliação

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Ap?s trabalhar com os clipes dentro da sala de aula, o professor poder? estender o trabalho pedindo aos alunos que produzam um jornal com as fotos que acharem mais interessantes e seus respectivos coment?rios. Inclusive, uma tiragem maior poder? ser feita para que alunos de outras s?ries e outras salas possam ter acesso a esse tipo de informa??o produzida. N?o caber? ao professor avaliar a parte t?cnica, mas sim se os alunos foram capazes de articular as informa??es surgidas nas discuss?es em sala, nas pesquisas realizadas, com a interpreta??o das fotografias. Por meio da an?lise desse processo, o professor poder? ser capaz de avaliar n?o somente o trabalho final, mas toda a carga de pesquisa por tr?s. Para tanto ? necess?rio que o professor acompanhe de perto os trabalhos dos grupos durante as diversas etapas. Como o assunto n?o ? muito divulgado e as fotos s?o de uma riqueza ?mpar, o material poder? servir, inclusive, de base para outros professores trabalharem com este tema.