Erwin Doescher, Andréa Marques Leão Doescher
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem oral: escrita e produção de texto |
Com esta aula o aluno desenvolverá a habilidade de interpretação e escrita de textos a partir da discussão do tema amizade.
Não há necessidade de trabalhar com conhecimentos prévios específicos.
As estratégias utilizadas serão:
- Aula interativa;
- Uso do Laboratório de Informática ou Sala de aula, pois o Recurso pode ser salvo e impresso para uso.
Motivação:
Para dar início às discussões sobre o tema destas aulas, a fidelidade à amizade, o professor deverá perguntar se os alunos têm muitos amigos e quais características consideram que um bom amigo deve ter e porque o bom amigo deve ter as características que citaram.
Figura 1 – Amizade
Fonte: http://www.cancaonova.pt/wp-content/uploads/2009/03/amigos1.jpg . Acesso em: 19 de julho de 2009. Acesso em: 17 de julho de 2009.
Atividade 1
Após ouvir as opiniões dos alunos, o professor deverá dividi-los em grupos de três a cinco pessoas e distribuir os parágrafos desordenadamente para estes permitindo, em um primeiro momento, que eles tentem formar o texto original, num tempo não superior a 20 minutos. Logo após o professor orienta a socialização do "texto construído".
Na sequência, apresenta-se o original “A conselho do marido” (Fig. 2), na Internet e como postado abaixo, para que os alunos comparem com as versões que fizeram. Ao final o professor deverá requisitar que os alunos resumam o texto em questão em até seis (6) linhas, providenciando dicionários de Língua Portuguesa e incentivando o uso destes, para que durante a leitura, seja possível a pesquisa de palavras desconhecidas e ampliação de repertório. Nesta tarefa, além da leitura, será trabalhada a capacidade de sintetização do aluno. Sugerimos um tempo de quinze (15) minutos para a realização desta atividade e o uso de editores de texto, tais como o Microsoft Word, para favorecer a percepção do aluno de que sintetizar não é apenas extrair partes do texto e juntá-las aleatoriamente. Durante a realização da atividade o professor deverá dirigir-se aos grupos, orientando cada um sobre a elaboração da síntese.
Recurso: TEXTO "A Conselho do Marido" -
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=7428
Figura 2 – Marido e Esposa
Fonte: http://thumbs.dreamstime.com/thumb_238/1203186447spxU3J.jpg Acesso em 14 de julho de 2009.
O texto “A Conselho do Marido” de Artur Azevedo trata da conversa entre dois amigos viajando de navio, um de vinte cinco anos, provavelmente solteiro e outro, de quarenta anos, casado. O mais jovem questiona o mais velho se é correto tomar a mulher do próximo, mesmo este sendo seu amigo. O mais velho argumenta sobre o tema, e, com base nisto o mais novo o trai, saindo com sua esposa.
Observamos que este texto também é apresentado abaixo.
Texto: “A CONSELHO DO MARIDO” (Artur Azevedo)
Estamos a bordo de um grande paquete da Messagéries Maritimes, em pleno Atlântico, entre os dois hemisférios. Dois passageiros, que embarcaram no Rio de Janeiro, um de quarenta e outro de vinte e cinco anos, conversam animadamente, sentados ambos nas suas cadeiras de bordo.
- Pois é como lhe digo, meu amiguinho! - dizia o passageiro de quarenta anos - o homem, todas as vezes que é provocado pela mulher, seja a mulher quem for, deve mostrar que é homem! Do contrário, arrisca-se a uma vingança! O caso da mulher de Putifar reproduz-se todos os dias!
- E se o marido for nosso amigo?
- Se o marido for nosso amigo, maior perigo corremos fazendo como José do Egito.
- O que você está dizendo é simplesmente horrível!
- Talvez, mas o que é preferível: ser amante da mulher de um amigo sem que este o saiba, ou passar aos olhos dele por amante dela sem o ser, em risco de pagar com a vida um cr ime que não praticou?
- Acha então que temos o direito sobre a mulher do próximo...?
- Desde que a mulher do próximo nos provoque. Se o próximo é nosso amigo, paciência! Não se casasse com uma mulher assim! Olhe, eu estou perfeitamente tranqüilo a respeito da Mariquinhas! Trouxe-a comigo nesta viagem porque ela quis vir; se quisesse ficar no Rio de Janeiro teria ficado e eu estaria da mesma forma tranqüilo.
- Mas o grande caso é que se um dia algum dos seus amigos...
- Desse susto não bebo água. Já um deles pretendeu conquistá-la... chegou a persegui-la... Ela foi obrigada a dizer-mo para se ver livre dele... Dei um escândalo! Meti-lhe a bengala em plena Rua do Ouvidor!
Dizendo isto, o passageiro de quarenta anos fechou os olhos, e pouco depois deixava cair o livro que tinha na mão: dormia. Dormia, e aqueles sonos de bordo, antes do jantar, duravam pelo menos duas horas.
O passageiro de vinte e cinco anos ergueu-se e desceu ao compartimento do paquete onde ficava o seu camarote.
Bateu levemente à porta. Abriu-lhe uma linda mulher que se lançou nos seus braços. Era a Mariquinhas.
- Então? - perguntou ela - consultaste meu marido?
- Consultei...
- Que te disse ele?
- Aconselhou-me a que não fizesse como José do Egito. Amigos, amigos, mulheres à parte.
E o passageiro de vinte e cinco anos correu cautelosamente o ferrolho do camarote.
Atividade 2
O professor deverá pedir para que as duplas leiam as sínteses que fizeram sobre o texto, conduzindo as discussões em sala aberta de forma os alunos percebam, à partir do contraste das sínteses elaboradas, a diferença sobre o que é narrado em si (o fato – no caso, a traição do amigo, que ilustra o tema do texto – no caso, a amizade) e opiniões e interpretações que os leitores (eles, os alunos) possuem a respeito do fato. O professor deverá reforçar que o texto não muda, entretanto as interpretações dos leitores podem diferir, visto que estes possuem diferentes experiências de vida e se inserem em diferentes contextos, enfatizando que uma síntese deve se limitar aos elementos apresentados no texto. Em seguida, o professor poderá dar mais cinco (5) minutos para que cada dupla reveja a síntese que fez, adequando-a se necessário. O professor neste momento passa pelas duplas e orienta caso necessário.
Fig 3 – Apresentando as Sínteses
Fonte: http://eepimeduca.com.br/images/44%20-%20Eric%20apresentando%20o%20trabalho%20de%20seu%20grupo.jpg . Acesso em: 17 de julho de 2009.
Atividade 3
Para reforçar as discussões da atividade anterior, sugerimos que o professor divida a sala em três grupos, os quais serão de: ACUSAÇÃO, DEFESA e JURI (Fig. 4). Feito isto, o professor deverá dizer para os alunos que eles terão, cada grupo, 10 minutos para escrever uma argumentação visando defender o seguinte personagem da história lida:
1) Grupo de ACUSAÇÃO: defender o jovem de 25 anos que enganou seu amigo.
2) Grupo de DEFESA: defender o marido traído, dizendo que seu amigo estava errado.
Figura 4 – Júri
Fonte: http://s.conjur.com.br/img/b/juri-simulado-waldir.jpeg Acesso em: 14 de julho de 2009.
3) Grupo de JÚRI que deverá ouvir os argumentos da ACUSAÇÃO e da DEFESA e ao final dar seu veredicto: culpado ou inocente, isto é, deverá decidir se o amigo mais jovem estava correto ou não ao trair o amigo mais velho, ju stificando as respos tas. O júri terá 10 min utos para expor s eus argumentos.
Como na atividade 2 sugere-se o uso de editores de texto, visando favorecer a organização dos argumentos por parte dos alunos. Por exemplo, os alunos poderão elaborar uma lista de argumentos, discutindo sua ordem de relevância e assim enumerando-os em 1, 2, 3, o que é facilitado quando se usa um editor de texto.
É importante que, durante esta atividade, o professor escreva na lousa todos os argumentos apresentados pelos grupos para a realização da atividade 4.
Atividade 4
O professor revê com os alunos os argumentos apresentados por eles, auxiliando-os, em aula aberta, a agrupar os argumentos - que podem ter uma relação de causa e efeito, por exemplo, ou contradição etc. Neste momento o professor deve destacar que os argumentos que apresentaram durante o júri do amigo foram diferentes do que foi narrado em s i (o fato – no caso, a traição do amigo, que ilustra o tema do texto – no caso, a amizade) pois tratam-se de opiniões e interpretações que os leitores (eles, os alunos) possuem a respeito do mesmo.
Ao final desta etapa, o professor deverá dividir os alunos em pares novamente para que elaborem cartazes informativos sobre o tema Amizade que serão fixados nos corredores da escola, de forma a trabalhar a paz na escola, na rua etc. Neste momento o professor deverá acompanhar e ajudar os alunos para que dificuldades de escrita sejam trabalhadas. A criatividade também será contemplada neste momento.
Sugestões
1) Os alunos poderão escrever peças teatrais (Fig. 5) sobre o tema trabalhado nestas aulas e apresentá-las para a escola, numa data oportuna. O professor da disciplina em questão deverá trabalhar em conjunto com o professor de Artes para orientações relacionadas a produção de cenário e figurino, bem como sobre o uso da voz (entonação) e do corpo (postura) durante a apresentação.
Fig. 5 – Apresentação Teatral
Fonte: http://img100.imageshack.us/i/leao1zr2.jpg/ Acesso em: 19 de julho de 2009.
2) Será muito enriquecedor um trabalho em conjunto com o professor de Língua Estrangeira, que orientará a elaboração de versões do texto em questão.
3) Informações adicionais sobre o autor do texto “A conselho do marido” trabalhado nestas aulas, podem ser encontradas no seguinte site: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=281 Acesso em: 14 de julho de 2009.
Após ouvir as opiniões dos alunos, o professor deverá dividi-los em grupos de três a cinco pessoas e distribuir os parágrafos desordenadamente para estes permitindo, em um primeiro momento, que eles tentem formar o texto original, num tempo não superior a 20 minutos. Logo após o professor orienta a socialização do "texto construído".
Na sequência, apresenta-se o original “A conselho do marido” (Fig. 2), na Internet e como postado abaixo, para que os alunos comparem com as versões que fizeram. Ao final o professor deverá requisitar que os alunos resumam o texto em questão em até seis (6) linhas, providenciando dicionários de Língua Portuguesa e incentivando o uso destes, para que durante a leitura, seja possível a pesquisa de palavras desconhecidas e ampliação de repertório. Nesta tarefa, além da leitura, será trabalhada a capacidade de sintetização do aluno. Sugerimos um tempo de quinze (15) minutos para a realização desta atividade e o uso de editores de texto, tais como o Microsoft Word, para favorecer a percepção do aluno de que sintetizar não é apenas extrair partes do texto e juntá-las aleatoriamente. Durante a realização da atividade o professor deverá dirigir-se aos grupos, orientando cada um sobre a elaboração da síntese.
Dicionários de Língua Portuguesa.
A avaliação deverá ocorrer durante processo de elaboração das sínteses e criação dos cartazes. O professor deve observar se ao final o aluno consegue diferenciar o que é narrado de sua interpretação pessoal.