Professor, antes de come?ar a aula, leia o trecho abaixo retirado dos Par?metros Curriculares Nacionais (PCNs - 1998, p. 89-70):
Al?m do significado, inferimos tamb?m palavras, s?labas ou letras. Boa parte do conte?do de um texto pode ser antecipada ou inferida em fun??o do contexto: portadores, circunst?ncias de apari??o ou propriedades do texto. O contexto, na verdade, contribui decisivamente para a interpreta??o do texto e, com frequ?ncia, at? mesmo para inferir a inten??o do autor.
Texto 1
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1) Responda as perguntas a seguir com base na tirinha da Mafalda abaixo.
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a) Que impl?cito pode-se retirar da fala de Mafalda, no ?ltimo quadro?
b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?
c) Como esse impl?cito n?o vem marcado por um elemento lingu?stico, trata-se de algo que est? subentendido.
c) De que maneira esse conte?do impl?cito ? necess?rio para a compreens?o do texto?
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Professor, o texto exige trabalho do leitor para a produ??o de significado durante o trajeto de pistas textuais lingu?stico-discursivas a serem decifradas, principalmente quando dele se podem produzir dois sentidos.
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Texto 2
Em 1952, inspirado nas descri??es do viajante Hans Staden, o alem?o De Bry desenhou as cerim?nias de canibalismo de ?ndios brasileiros. S?o documentos de alto valor hist?rico (...)
Por?m n?o podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob influ?ncia do Renascimento, mitigou a viol?ncia antropof?gica com imagens idealizadas de ?ndios, que ganharam tra?os e corpos esbeltos de europeus. As ?ndias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holand?s Rubens.
No s?culo XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ?ngulo do colonizador e procurou n?o fazer julgamentos. A Antropologia persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade desconcertante.
Assim, ela ? capaz de revelar que o canibalismo ? uma experi?ncia simb?lica e transcendental - jamais alimentar.
At? os anos 50, waris e kaxinaw?s comiam peda?os dos corpos dos seus mortos. Ainda hoje, os ianom?mis misturam as cinzas dos amigos no pur? de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que, na antropogafia que chegou ao s?culo XX, o que h? ? um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a alma do morto a alcan?ar o c?u. A SUPER, ao contar toda a hist?ria a voc?, pretende superar os olhares preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros t?m do Brasil e estimular o respeito ?s culturas ind?genas. Voc? vai ver que o canibalismo, para os ?ndios, ? t?o digno quanto a eucaristia para os cat?licos. ? sagrado.
Dispon?vel na Revista Superinteressante: (Adaptado da Revista Superinteressante, agosto, 1997, p.4)
Depois de lido e explorado oralmente pelos alunos e pelo professor, este dever? mostrar aos estudantes duas atividades sobre o tema.
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1. Assinale a alternativa que apresenta uma afirma??o correta, de acordo com o texto.
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A) Sendo a cultura negra um mal necess?rio para a manuten??o dos escravos, sua elimina??o foi um erro das autoridades coloniais portuguesas.
B) Os religiosos eram autorit?rios, obrigando os escravos negros a se converterem ao catolicismo europeu e a abandonarem sua religi?o de origem.
C) As autoridades portuguesas conduziam a pol?tica escravagista de modo que africanos de uma mesma origem n?o permanecessem juntos.
D) As l?nguas africanas foram eliminadas no Brasil colonial, tendo os escravos preservado apenas alguns tra?os culturais, como sua religi?o.
E) A identidade cultural africana, representada pelos batuques e calundus, causava danos ?s pessoas de origem europ?ia.
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Resposta:
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A) O texto n?o classifica como erro das autoridades coloniais. Essa ? uma infer?ncia que o leitor poder? fazer por sua conta e risco.
B) O autoritarismo era dos propriet?rios de escravos e das autoridades. Busca-se aqui confundir o aluno dizendo que era o autoritarismo dos religiosos. H? uma troca, uma invers?o das afirma??es do texto.
C) Essa ? a resposta correta: Essa afirma??o est? no texto.
D) A afirma??o contradiz o que est? no texto. As l?nguas africanas foram, inclusive, aprendidas por alguns cl?ricos.
E) A afirma??o exagera a verdade textual. O autor n?o chega a tanto. Se o aluno chegar a essa conclus?o ? por sua conta e risco.
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2. Considere as seguintes informa??es sobre o texto:
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I - Segundo o autor do texto, a revista tem como ?nico objetivo tornar o leitor mais informado acerca da hist?ria dos ?ndios brasileiros.
II - Este texto introduz um artigo jornal?stico sobre o canibalismo entre ?ndios brasileiros.
III - Um dos principais assuntos do texto ? a hist?ria da arte no Brasil.
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Quais s?o corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e III
e) Apenas II e III
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Resposta correta: B
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Coment?rios que podem ajudar o professor na hora da corre??o:
A afirma??o I usa a palavra ?nico, o aluno deve ter muita aten??o e deve ter cuidado com essa palavra, geralmente ela traz uma armadilha. A afirma??o reduz o texto, que vai bem al?m de ter como ?nico objetivo informar sobre a hist?ria dos ?ndios. Ali?s, n?o ? a hist?ria dos ?ndios, mas sim da antropofagia deles.
A afirma??o III est? errad?ssima, pois a hist?ria da arte est? longe de ser um dos assuntos principais do texto.
As afirma??es merecem algumas observa??es. Em primeiro lugar, a afirma??o I diz: "Segundo o autor do texto". Mas quem ? esse autor, tendo em vista que se trata de editorial? N?o h? um autor expresso.
A afirma??o II, considerada como certa, traz uma imprecis?o. O texto n?o introduz um artigo jornal?stico. Como vimos, artigo ? bem diferente. O editorial introduz mat?ria ou reportagem, nunca um artigo.
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M?dulo 2
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Atividade 1
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Acessando blogs na Internet
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BLOG DO GASPARETTO
Imagem dispon?vel em: http://www.blogdogasparetto.com.br/inferencia/ Acesso em: 10 jun 2013.
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O professor dever? levar seus alunos para o laborat?rio de Inform?tica e solicitar que eles acessem os sites:
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1. Ler o texto do blog e assistir ao v?deo abaixo do texto (texto e v?deo na mesma p?gina do site). |
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INFER?NCIA
Considere a seguinte situa??o: Jo?o passa em frente a minha casa todos os dias para ir ao trabalho. Hoje ele n?o passou e ent?o eu digo: ?Jo?o n?o foi trabalhar?.
Por que eu chego a essa conclus?o? Porque fiz uma infer?ncia. Jo?o pode mesmo n?o ter ido trabalhar, mas tamb?m pode ter seguido para o trabalho por outro caminho. Eu vi uma parte do todo e tirei conclus?es apressadas sobre o todo. Isso ? infer?ncia e ela poder? lev?-lo a conclus?es erradas e a problemas de comunica??o.
A infer?ncia ? um obst?culo ? comunica??o e a maior causadora de boatos e problemas de relacionamento interpessoal, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional.
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O professor dever?, ao final, perguntar:
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Qual a infer?ncia que o v?deo nos autoriza a fazer antes de o rapaz abrir a porta?
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Atividade 2
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Blog SOS L?NGUA PORTUGUESA
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Os alunos receber?o c?pia do texto e da atividade transcrita abaixo. Dever?o ler o texto, fazer a atividade e depois apresent?-la aos colegas em forma de semin?rio. Poder?o usar o datashow da escola.
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TEXTO- Informa??es Literais e Infer?ncias
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Muitas vezes, os leitores reconhecem e compreendem as palavras de um texto, mas se mostram incapazes de perceber satisfatoriamente o seu sentido como um todo.
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Em primeiro lugar, ? preciso esclarecer que o texto nem sempre fornece todas as informa??es poss?veis. H? elementos impl?citos que precisam ser recuperados pelo leitor para a produ??o do sentido. A partir de elementos presentes no texto, estabelecemos rela??es com as informa??es impl?citas. Por isso, o leitor precisa estabelecer rela??es dos mais diversos tipos entre os elementos do texto e o contexto, de forma a interpret?-lo adequadamente. Algumas atividades s?o realizadas com esse objetivo. Entre elas est? a produ??o de pressuposi??es, infer?ncias ou subentendidos.
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Pressuposi??o: ? o conte?do que fica ? margem da discuss?o, ? o conte?do impl?cito. Assim, a frase ?Jos? parou de beber ? veicula a pressuposi??o de que Jos? bebia antes;?Jos? passou a estudar ? noite? cont?m a pressuposi??o de que antes estudava de dia, mas cont?m tamb?m a pressuposi??o de que ele n?o estudava antes, dependendo da ?nfase colocada em passar a ou em ? noite.
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Infer?ncias: s?o informa??es normais que n?o precisam ser explicitadas no momento da produ??o do texto; s?o tamb?m chamadas de subentendidos.
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O exemplo seguinte ajuda a entender esta no??o:
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?Maria foi ao cinema, assistiu ao filme sobre dinossauros e voltou para casa.?
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Lendo esta frase, o leitor recupera os conhecimentos relativos ao ato de ir ao cinema: no cinema existem cadeiras, tela, bilheteria; h? uma pessoa que vende bilhetes, outra que os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a proje??o, etc. Enfim, isto n?o precisa ser dito explicitamente. Se assim n?o fosse, que extens?o teriam nossos textos para fornecer, sempre que necess?rio, todas estas informa??es?
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Da? a import?ncia das infer?ncias na intera??o verbal. Se quis?ssemos dizer que Maria n?o conseguiu ver o filme at? o final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a pessoa v? o filme inteiro.
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A retomada do texto atrav?s de infer?ncias ? feita com base em significados que compreendemos, mas n?o est?o manifestados, ao contr?rio do que se passa com os processos de informa??o literais.
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Atividade 3
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A palavra
Rubem Braga
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito como n?o imaginar que, sem querer, feri algu?m? ?s vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidadesurda, ou uma retic?ncia de m?goas. Imprudente of?cio ? este, de viver em voz alta.
?s vezes, tamb?m a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou algu?m a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa. Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a algu?m. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espont?nea e distra?da que eu disse com naturalidade porque senti no momento ? e depois esqueci.
Tenho uma amiga que certa vez ganhou um can?rio, e o can?rio n?o cantava. Deram-lhe receitas para fazer o can?rio cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua m?quina de costura;
que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro can?rio cantador; at? mesmo que ligasse o r?dio um pouco alto durante uma transmiss?o de jogo de futebol... mas o can?rio n?o cantava.
Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distra?da, e assobiou uma pequena frase mel?dica de Beethoven ? o can?rio come?ou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta liga??o entre a alma do velho artista morto e o pequeno p?ssaro de ouro?
Alguma coisa que eu disse distra?do ? talvez palavras de algum poeta antigo ? foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de algu?m. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao cora??o do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperan?as.
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1. Assinale a alternativa correta que indica infer?ncia em rela??o ao texto de Rubem Braga.
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(A) Somente pessoas tristes ? que despertam com melodias esquecidas dentro da alma de algu?m.
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(B ) As palavras t?m, ?s vezes, o poder de nos irritar em qualquer etapa da vida.
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(C ) As nossas remotas esperan?as precisam de um sorriso de princesa que vive num reino muito distante.
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(D ) ? semelhan?a da narrativa do autor, determinada palavra pode nos remeter ao passado e trazer momentos de alegria na vida.
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(E ) Pessoas que n?o sabem viver em voz alta s?o hostis e cheias de m?goas, por isso uma frase espont?nea n?o lhe faz bem algum.
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Professor, fa?a a corre??o tire todas as d?vidas dos alunos.