Eliana Dias e Lazu?ta Goretti de Oliveira
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo | L?ngua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produ??o de textos |
Ensino Fundamental Final | L?ngua Portuguesa | An?lise lingu?stica: processos de constru??o de significa??o |
Ensino Fundamental Final | L?ngua Portuguesa | L?ngua oral e escrita: processos de interlocu??o |
Ensino M?dio | Literatura | Estudos liter?rios: an?lise e reflex?o |
Ensino M?dio | Literatura | Literatura brasileira, cl?ssica e contempor?nea: cria??es po?ticas, dram?ticas e ficcionais da cultura letrada |
Ensino M?dio | Literatura | Representa??o liter?ria: Natureza, fun??o, organiza??o e estrutura do texto liter?rio |
Estrat?gias e recursos:
Nessa atividade o objetivo ? sensibilizar os alunos para a transcend?ncia do real que marca o Realismo Fant?stico.
O professor iniciar? a aula, dividindo os alunos em grupos e pedindo-lhes que montem o quebra-cabe?a cujas pe?as est?o embaralhadas sobre mesas. O grupo que terminar primeiro ter? de olhar para a imagem e propor oralmente explica??es ou hip?teses para sua constitui??o.
Professor, para montar um quebra-cabe?a, a partir das imagens abaixo, ? f?cil: basta imprimir as imagens coloridas, col?-las sobre um papel cart?o (papel mais duro) e desenhar os tra?os que identificar?o as pe?as do quebra-cabe?a. Depois, basta recortar cada parte, conforme tracejados desenhados sobre a imagem.
Exemplo:
Dispon?vel em: http://4.bp.blogspot.com/-SqTnJxWVM24/UPIO5f2w92I/AAAAAAAAJyY/T8nkT7NIv2A/s1600/quebra+cabe%25C3%25A7a.png Acesso em: 15 jul. 2013.
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Sugest?o de imagens para compor o quebra-cabe?as:
Dispon?vel em: http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20120621230843/literatura/es/images/6/63/REALISMO_MAGICO.jpg Acesso em: 15 jul. 2013.
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Dispon?vel em: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRdw9KbdTp928Khbk1djb2_puVqywQHYY_wLMy6bkGCIrb3-76v Acesso em: 15 jul. 2013.
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Dispon?vel em: http://2.bp.blogspot.com/_r1pA9GzBQyQ/SUgbjbO-SzI/AAAAAAAABUI/3CWpkgauZ_Y/s400/275183671_6b294f5764_o.jpg Acesso em: 15 jul. 2013.
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Dispon?vel em: http://2.bp.blogspot.com/_r1pA9GzBQyQ/SUgcRJLPU9I/AAAAAAAABUo/6uZ3j4hakw4/s400/RGonsalves_FloodFences.jpg Acesso em: 15 jul. 2013.
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Dispon?vel em: http://sp7.fotolog.com/photo/7/61/5/bluelines/1250176848508_f.jpg Acesso em: 15 jul. 2013.
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Dispon?vel em: http://www.cyberartes.com.br/fotos/1586/2.jpg Acesso em: 15 jul. 2013.
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Depois do jogo, no momento das hip?teses de sentido e de configura??o das imagens, o professor dever? conduzir ? turma ? conclus?o de que, em todas as imagens, acontece uma fus?o, apresentada naturalmente, entre o que ? de ordem real e o que ? de ordem irreal. Essa, grosso modo, ? a concep??o que ancora a escola liter?ria Realismo M?gico ou Realismo Fant?stico.
O objetivo dessa atividade ? permitir que os alunos estabele?am rela??es de proximidade entre um conto do Realismo Fant?stico e as imagens trabalhadas anteriormente.
Os alunos dever?o ler o texto de Ign?cio Loyola Brand?o: "O homem que viu o lagarto comer seu filho". Dispon?vel em: http://www.releituras.com/ilbrandao_ohomem.asp Acesso em: 15 jul. 2013.
O homem que viu o lagarto comer seu filho
Ign?cio de Loyola Brand?o
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Ap?s leitura, o professor dever? propor aos alunos que estabele?am rela??es entre as imagens do quebra-cabe?a e o texto, respondendo oralmente ?s perguntas orientadoras da discuss?o:
Para estender as an?lises do conto, o professor dever? destacar com os alunos que o texto foi escrito na ?poca da Ditadura Militar, no Brasil. A partir dessa afirma??o, pedir? aos alunos para tecerem analogias entre as rela??es de opressor e oprimido identific?veis no conto.
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O prop?sito ? formalizar com os alunos a no??o de Realismo Fant?stico.
Ap?s sensibiliza??o inicial para a principal caracter?stica do Realismo Fant?stico (transcend?ncia do real), os alunos dever?o ler uma an?lise do texto de Loyola Brand?o feito por Juliana Loyola. A leitura visa ? formaliza??o do Realismo Fant?stico.
Para facilitar a orienta??o da leitura, os alunos dever?o responder ao question?rio:
1. Como Juliana Loyola conceitua a corrente da literatura chamada de Realismo Fant?stico?
2. Quais argumentos a autora utiliza para afirmar:
2.1 "O narrador ? elemento mediador da rela??o texto-leitor"?
2.2 "O t?tulo do conto anuncia a??o pret?rita"?
2.3 "O contato com o estranho n?o define o lugar do leitor no texto"?
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O realismo m?gico de Ign?cio de Loyola Brand?o: APROPUC-SP 04.02.09. Escrito por Escrito por Juliana Loyola Qua, 04 de Fevereiro de 2009 15:11 - ?ltima atualiza??o Seg, 16 de Fevereiro de 2009 17:28 ? "Empurrou a porta e encontrou o bicho comendo o menino mais velho, de tr?s anos e meio". ? "O homem que viu o lagarto comer seu filho" ? o t?tulo do conto de onde se origina a ep?grafe. Publicado em Cadeiras Proibidas (1976), este conto de Ign?cio de Loyola Brand?o ? um representante leg?timo da cont?stica desse autor, a cuja obra t?m sido atribu?das fortes marcas do chamado realismo m?gico ou realismo fant?stico. Caracter?stico na literatura latino-americana da segunda metade do s?culo XX, o realismo m?gico pode ser considerado, grosso modo, como uma atitude diante da realidade. ? o pr?prio Ign?cio de Loyola Brand?o quem escreve a prop?sito de Cadeiras Proibidas: Nos anos setenta, a situa??o brasileira me parecia bastante irreal. Ainda parece, hoje. No entanto, era diferente naquela ?poca, com o regime ditatorial, a censura, o amorda?amento geral. Eu via os jornais contemplando uma realidade e estampando outra. Como jornalista, era testemunha de fatos que n?o podia imprimir. Portanto, observava a realidade sendo distorcida e uma outra realidade sendo fabricada, impingida. A percep??o desta situa??o me levou ? descoberta (?bvia) de que as coisas eram, mas n?o eram. E, desta maneira, na observa??o do dia a dia, foram surgindo as hist?rias que comp?em Cadeiras Proibidas. (BRAND?O, 1987 Ap?ndice) Uma certa vis?o da realidade como naturalmente absurda ou ins?lita fica estampada nas obras desse g?nero tipicamente latino-americano. Ao que parece, a proposta do realismo m?gico n?o consiste em deformar o real ou mostr?-lo na sua transfigura??o, mas em forjar, por meio da fic??o, a condi??o do humano como algo naturalmente absurdo e, desta forma, propor um olhar de transcend?ncia em rela??o ao real. Nesse caso, um dos aspectos da realidade referida diz respeito ? presen?a aterrorizadora das ditaduras pol?ticas em pa?ses da Am?rica Latina, na segunda metade do s?culo XX. Os grandes temas sociais e pol?ticos est?o presentes nas obras do realismo m?gico, mas seria equivocado consider?-lo apenas como um impulso ? den?ncia. ? ineg?vel que o g?nero marcou uma significativa expans?o da literatura latino-americana e que a levou ao reconhecimento internacional. Voltemos ao conto de Loyola Brand?o, "O homem que viu o lagarto comer seu filho", motivo de nossa leitura no presente trabalho. Conforme afirmou o pr?prio autor, este conto, juntamente com outros que comp?em o livro Cadeiras Proibidas (1976), tem sua origem na observa??o do dia a dia. Num primeiro momento, podemos nos perguntar: como a observa??o do dia-a-dia pode levar algu?m a configurar a cena de um homem que v? um lagarto enorme devorando seu filho? Uma forma de se chegar ?s respostas poderia ser a associa??o direta e simpl?ria do animal ao regime militar (em plena vig?ncia no Brasil da d?cada de 70) e da crian?a (ou do pr?prio pai) ? condi??o franzina dos dominados. O conto em quest?o vai muito al?m. Um olhar mais atento ? forma como o autor comp?e a narrativa permite observar que a fus?o da realidade com elementos fant?sticos transcende o ?mbito do puramente ideol?gico. ? o que pretendemos mostrar com uma r?pida considera??o sobre o papel do narrador como elemento mediador da rela??o texto-leitor (como efeito narrativo) nesse conto de Ign?cio de Loyola Brand?o. Um lagarto que come-n?o-come: uma hist?ria que ?-n?o-? Numa madrugada quente, n?o conseguindo dormir, um homem se levanta para beber ?gua. Ao passar pelo quarto dos filhos, resolve entrar. Empurra a porta e v? um lagarto devorando o filho mais velho. O animal j? tinha metade da crian?a boca adentro. A vis?o horrenda desencadeia uma sequ?ncia de pensamentos; e a atitude que o personagem toma diante da cena ? voltar ao seu quarto, sem nada fazer quanto ao menino que est? sendo devorado. Acorda, horas depois, ele mesmo j? metade dentro da boca do bicho. Em linhas gerais, ? essa a hist?ria de "O homem que viu o lagarto comer seu filho". O t?tulo do conto ? marcado pela presen?a do artigo definido ("O homem", "o lagarto"). De certo modo, o t?tulo anuncia uma situa??o que, embora violenta e inveross?mil (o conhecimento de mundo do leitor emp?rico n?o prev? a possibilidade desse acontecimento pelas propor??es dos sujeitos envolvidos - "lagarto", "filho"), apresenta uma cena j? composta e pret?rita ("viu") contra a qual o leitor n?o tem muito a fazer. Entra no conto "desconfiado", mas sem "margem de manobra", o que tamb?m n?o o torna imune ?s oscila??es que tomar?o conta do ato da leitura ou da leitura como ato. Narrativa curta, o contar (telling) prevalece por meio da atua??o de um narrador n?o dramatizado, que n?o passa a palavra diretamente aos personagens. Aparentemente "senhor de si" e da situa??o narrativa, o narrador, nesse conto, ao contr?rio de favorecer uma sensa??o de certeza ao leitor quanto ao lugar que deve ocupar, parece ser o elemento respons?vel pela inscri??o do paradoxo em que se v? instalado o leitor. Diante de um narrador firme e aparentemente imparcial, vai-se erguendo um leitor dividido entre o ser-n?o-ser da hist?ria - ela mesma express?o natural do ins?lito. Era uma noite de ter?a-feira e eles viam televis?o deitados na cama. Quase uma da manh?, estava quente. Ele levantou-se para tomar ?gua. (...) Ao passar pelo quarto das crian?as, resolveu entrar. Empurrou a porta e encontrou o bicho comendo o menino mais velho, de tr?s anos e meio. Era semelhante a um lagarto e, na penumbra, pareceu verde. (BRAND?O, 1993 p. 117) Iniciada a narrativa, o leitor se v?, quase que de imediato, numa situa??o de profunda estranheza diante da absoluta inoper?ncia de um pai face ? vis?o de seu filho sendo devorado por um bicho terr?vel. O contato com o estranho, entretanto, n?o define (no sentido de tornar definitivo) o lugar do leitor no texto. Ou, se preferirmos, este parece ser o seu lugar - um territ?rio m?vel, porque corresponde a uma experi?ncia dupla e simult?nea: a de estar diante de algo inveross?mil, inaceit?vel segundo os par?metros da realidade objetiva, ao mesmo tempo em que tudo ? apresentado como natural e cotidiano pelo narrador, o que torna a sensa??o de estranheza (esta, sim) ins?lita. Este movimento em que se v? inserido o leitor ? conduzido pelo narrador que, ao contar a hist?ria sem demonstrar nenhum estranhamento, contribui para a concretiza??o do efeito exercido pelo conto - a viv?ncia do ins?lito e do absurdo como algo corriqueiro, cotidiano. O emprego do artigo definido ("... e encontrou o bicho comendo...") e o tom de naturalidade adotado para a descri??o do animal ilustram bem a posi??o desse narrador que n?o hesita. N?o hesita, mas conta algumas passagens da hist?ria a partir do ponto de vista de um passado imperfeito, n?o conclu?do, supostamente em continuidade, ou do futuro do pret?rito, que pode expressar a d?vida, incerteza ou circunst?ncia de condi??o. "Franzino funcion?rio" dos correios, o personagem, tal como o leitor, tamb?m se encontra em posi??o de dupla experi?ncia - a vis?o terr?vel e os pensamentos, as elucubra??es que passam a ocupar sua mente. O narrador n?o assume, nesses momentos, o controle total da narrativa, deixando intervir o discurso indireto livre num movimento de fus?o entre o discurso interior do personagem e o seu pr?prio discurso.
Bem que ele avisava a mulher para trancar as portas. Ela esquecia, nunca usava o pega ladr?o. (p.117) Queria ver a cara do cunhado quando contasse. (p. 117) Devia ser uma vis?o alucinada qualquer. N?o era. O bicho mastigava o que lhe pareceu um bracinho (...). (p. 118) Uma faca de cozinha poderia ser ?til? (p. 118) Preferia n?o ter visto o lagarto, encontrar a cama vazia, as roupas manchadas de sangue. (p. 118) Ao assumir, em princ?pio, uma posi??o de quem est? fora da hist?ria, o narrador procura atuar com extrema isen??o quanto ao que conta. Intercala dois movimentos ao contar: um que apresenta ader?ncia ? realidade e outro que se afasta drasticamente dela. O narrador passa de uma informa??o pass?vel de verossimilhan?a externa a outra completamente desconectada do mundo exterior. Mas ambas as informa??es recebem o mesmo grau de naturalidade, a mesma ?nfase, o mesmo tom o que as funde numa mesma natureza embora sejam antag?nicas. Se acendesse a luz do corredor, poderia verificar melhor que tipo de animal era. Mas n?o se tratava de identificar a ra?a e sim de salvar o menino. Ele tinha a impress?o de que as duas pernas j? tinham sido comidas, porque os len??is estavam empapados de sangue. E a cal?a do pijama estava estra?alhada sob as garras horrendas do bicho repulsivo. (BRAND?O, 1993 p.117) A atitude (ou a falta de atitude) do personagem ? acompanhada pelo leitor real num misto de curiosidade e hesita??o entre aceitar a hist?ria como uma proposta de mergulho no absurdo ou sair dela e ignor?-la completamente. N?o cabe aqui discorrer sobre os resultados de uma ou de outra escolha pelo leitor emp?rico. O que nos parece relevante ? que o conto chega ao fim e o leitor impl?cito permanece numa esp?cie de viv?ncia amb?gua. Esta tamb?m ? a viv?ncia do personagem. Assim que ele v? o filho sendo devorado pelo lagarto, fica imerso numa sequ?ncia de pensamentos que v?o do real ao fant?stico com extrema naturalidade. As incertezas do personagem s?o de natureza diversa das do leitor, mas parece evidente que a forma de narrar instala a situa??o paradoxal tanto no personagem quanto no leitor porque, dentre outros fatores, para o narrador tudo ? encarado como acontecimento comum. A naturalidade do narrador ? causadora do efeito de estranheza no leitor. Ao n?o se mostrar assustado com a hesita??o do personagem (salvar ou n?o o filho das garras e da boca do lagarto gigante), deixa o leitor em d?vida quanto ao julgamento dos fatos e de sua pertin?ncia. E ? esse o sentimento que define os limites do leitor no conto. Podemos aqui retomar parte do depoimento de Loyola Brand?o, citado no in?cio deste trabalho, para considerar o pr?prio autor como um leitor de sua realidade, localizado na fronteira entre o crer e o n?o crer naquilo que ocorria no Brasil dos anos 70, tempo dif?cil da ditadura militar. Leitor que se faz escritor criativo, Brand?o consegue, contudo, transcender a condi??o hist?rica imediata que lhe motiva o conto. N?o fala de uma situa??o ins?lita para denunci?-la como tal. Seu texto n?o se reduz a um alerta sobre a situa??o pol?tica. O texto feito forma, materializa o ins?lito, presentifica-o, fazendo-o, frente ao leitor, sua ?nica alternativa de perman?ncia no conto. Dessa maneira, o leitor performatiza em si, por meio da leitura, a situa??o real a que o conto se liga historicamente. O texto de Brand?o n?o fala sobre, mas antes ele ? aquilo de que quer falar. Ao representar uma realidade pass?vel de flexibiliza??o (o leitor migra de um universo real a outro fant?stico e vice-versa), o texto torna relativo o que ? dado como estabelecido. A condi??o humana, inexoravelmente definida pelos contornos de uma l?gica realista, ganha, assim, uma dimens?o maior de possibilidades pelo simples gesto de tornar-se duvidosa. -------------------------------------------------------------------------------- Bibliografia BRAND?O, I. de L. Os melhores contos de Ign?cio de Loyola Brand?o. Sele??o Deon?sio da Silva. S?o Paulo: Global, 1993. ______. O homem do furo na m?o e outras hist?rias. S?o Paulo, ?tica, 1987. CIPRO NETO, P. e INFANTE, U. Gram?tica da l?ngua portuguesa. S?o Paulo: Scipione, 2003. TODOROV, T. Introdu??o ? literatura fant?stica. S?o Paulo: Perspectiva, 2004. TURCHI, M. Z. As fronteiras do conto de Jos? J. Veiga. In: Ci?ncias e letras n. 34, p. 93-104, jul/dez, 2003.
-------------------------------------------------------------------------------- Dispon?vel em: http://contosdobrasil.arteblog.com.br/219391/O-homem-que-viu-o-lagarto-comer-seu-filho-Ignacio-de-Loyola-Brandao/ Acesso em: 15 jul. 2013. |
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Ap?s leitura, o professor dever? construir coletivamente com os alunos um texto expositivo para conceituar o Realismo Fant?stico. Para contar com a colabora??o de todos os alunos, o professor utilizar? a ferramenta Twiddla - a lousa coletiva digital, dispon?vel em: http://www.twiddla.com/ Acesso em: 15 jul. 2013.
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Caso o professor julgue necess?rio, ? poss?vel recorrer a outros artigos (ver se??o recursos complementares dessa aula) antes de recriar o conceito com os alunos. Ver artigo Realismo M?gico de Felipe Ara?jo, dispon?vel em: http://www.infoescola.com/literatura/realismo-magico/ Acesso em: 15 jul. 2013.
Realismo M?gico
O surgimento da corrente liter?ria denominada realismo m?gico deu-se no come?o do s?culo XX. Tamb?m conhecida pelos nomes realismo fant?stico ou realismo maravilhoso (Espanha), ? considerada uma caracter?stica pr?pria da literatura latino-americana. A principal particularidade desta corrente liter?ria ? fundir o universo m?gico ? realidade, mostrando elementos irreais ou estranhos como algo habitual e corriqueiro. Al?m desta caracter?stica, o realismo m?gico apresenta os elementos m?gicos de forma intuitiva (sem explica??o). Um bom exemplo para um melhor entendimento do realismo m?gico ? o romance ?Cem Anos de Solid?o?, do colombiano Gabriel Garc?a M?rquez. No livro, alguns personagens ficam surpresos ao se depararem com elementos fant?sticos, mas agem como se aquilo pudesse acontecer naturalmente, como se fosse comum. Algumas descri??es m?gicas feitas por Garc?a M?rquez s?o: a peste de ins?nia e de esquecimento que atinge as pessoas; a morte e retorno ? vida de um cigano, uma mulher que sobe aos c?us, entre outros. Os escritores que representam o realismo m?gico s?o Gabriel Garc?a M?rquez (Col?mbia), Manuel Scorza (Peru), Mario Vargas Llosa (Peru), Julio Cort?zar (Argentina), Jorge Luis Borges (Argentina), Arturo Uslar Pietri (venezuelano considerado o pai do realismo m?gico), Murilo Rubi?o (Brasil), Jos? J. Veiga (Brasil), Alejo Carpentier (Cuba), Miguel Angel Ast?rias (Guatemala) e Carlos Fuentes (M?xico). No contexto hist?rico, o realismo m?gico surgiu em um dos per?odos mais conturbados da Am?rica Latina. Entre as d?cadas de 60 e 70, os pa?ses latino-americanos passavam por processos ditatoriais. Desta forma, o realismo surge como uma forma de rea??o, utilizando o elemento m?gico como refor?o das palavras contr?rias aos regimes dos ditadores. Outro aspecto que influenciou o realismo m?gico foi a discrep?ncia entre cultura da tecnologia e cultura da supersti??o que havia na Am?rica Latina naquela ?poca. O realismo m?gico influenciou at? mesmo escritores europeus. Segundo opini?o de alguns cr?ticos, a obra do italiano ?talo Calvino, do tcheco Milan Kundera e do ingl?s Salman Rushdie sofreram forte influ?ncia da corrente latino-americana.
Fontes: |
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Em linhas gerais, o texto coletivo dever? apresentar, dentre outras coloca??es:
REALISMO M?GICO: - Escola liter?ria surgida no in?cio do s?culo XX. - Resposta ? literatura fant?stica europeia. - Forma de rea??o contra os regimes ditatoriais. - Interesse em mostrar o irreal ou estranho como algo cotidiano e comum. - Proporciona verossimilhan?a interna ao fant?stico e ao irreal. - Essa narrativa incorpora o ?mist?rio? e uma ?adivinha??o (ou nega??o) po?tica da realidade?. Dessa maneira procura corrigir os limites do realismo puro. Da? ele sugerir ?o que na falta de outra palavra poderia denominar-se um realismo m?gico?. - Coexist?ncia de fantasia e realidade. - A partir da aceita??o da conven??o dessa particular forma de discurso de fic??o, nenhuma emo??o ? suscitada, nem nos personagens e, nem no leitor, em consequ?ncia. |
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O objetivo dessa atividade ? verificar a aprendizagem do conceito de Realismo Fant?stico a partir da interpreta??o de um conto de Gabriel Garc?a M?rquez.
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Os alunos, ap?s formaliza??o do conceito da escola liter?ria trabalhada, dever?o interpretar outro texto do Realismo Fant?stico. Agora, o n?vel de exig?ncia do professor para com as respostas dos alunos deve ser maior em fun??o do trabalho sistematizado realizado anteriormente. Sugest?o de compreens?o textual avaliativa.
A luz ? como a ?gua Gabriel Garc?a M?rquez ? No Natal os meninos tornaram a pedir um barco a remos. ? De acordo ? disse o pai ?, vamos compr?-lo quando voltarmos a Cartagena. Tot?, de nove anos, e Joel, de sete, estavam mais decididos do que seus pais achavam. ? N?o ? disseram em coro. ? Precisamos dele agora e aqui. ? Para come?ar ? disse a m?e ?, aqui n?o h? outras ?guas naveg?veis al?m da que sai do chuveiro. Tanto ela como o marido tinham raz?o. Na casa de Cartagena de ?ndias havia um p?tio com um atracadouro sobre a ba?a e um ref?gio para dois iates grandes. Em Madri, por?m, viviam apertados no quinto andar do n?mero 47 do Paseo de la Castellana. Mas no final nem ele nem ela puderam dizer n?o, porque haviam prometido aos dois um barco a remos com sextante e b?ssola se ganhassem os louros do terceiro ano prim?rio, e tinham ganhado. Assim sendo, o pai comprou tudo sem dizer nada ? esposa, que era a mais renitente em pagar d?vidas de jogo. Era um belo barco de alum?nio com um fio dourado na linha de flutua??o. ? O barco est? na garagem ? revelou o pai na hora do almo?o. ? O problema ? que n?o tem jeito de traz?-lo pelo elevador ou pela escada, e na garagem n?o tem mais lugar. No entanto, na tarde do s?bado seguinte, os meninos convidaram seus colegas para carregar o barco pelas escadas, e conseguiram lev?-lo at? o quarto de empregada. ? Parab?ns ? disse o pai. ? E agora? ? Agora, nada ? disseram os meninos. ? A ?nica coisa que a gente queria era ter o barco no quarto, e pronto. Na noite de quarta-feira, como em todas as quartas-feiras, os pais foram ao cinema. Os meninos, donos e senhores da casa, fecharam portas e janelas, e quebraram a l?mpada acesa de um lustre da sala. Um jorro de luz dourada e fresca feito ?gua come?ou a sair da l?mpada quebrada, e deixaram correr at? que o n?vel chegou a quatro palmos. Ent?o desligaram a corrente, tiraram o barco, e navegaram com prazer entre as ilhas da casa. Esta aventura fabulosa foi o resultado de uma leviandade minha quando participava de um semin?rio sobre a poesia dos utens?lios dom?sticos. Tot? me perguntou como era que a luz acendia s? com a gente apertando um bot?o, e n?o tive coragem para pensar no assunto duas vezes. ? A luz ? como a ?gua ? respondi. ? A gente abre a torneira e sai. E assim continuaram navegando nas noites de quarta-feira, aprendendo a mexer com o sextante e a b?ssola, at? que os pais voltavam do cinema e os encontravam dormindo como anjos em terra firme. Meses depois, ansiosos por ir mais longe, pediram um equipamento de pesca submarina. Com tudo: m?scaras, p?s-de-pato, tanques e carabinas de ar comprimido. ? J? ? ruim ter no quarto de empregada um barco a remos que n?o serve para nada ? disse o pai. ? Mas pior ainda ? querer ter al?m disso equipamento de mergulho. ? E se ganharmos a gard?nia de ouro do primeiro semestre? ? perguntou Joel. ? N?o ? disse a m?e, assustada. ? Chega. O pai reprovou sua intransig?ncia. ? ? que estes meninos n?o ganham nem um prego por cumprir seu dever ? disse ela ?, mas por um capricho s?o capazes de ganhar at? a cadeira do professor. No fim, os pais n?o disseram que sim ou que n?o. Mas Tot? e Joel, que tinham sido os ?ltimos nos dois anos anteriores, ganharam em julho as duas gard?nias de ouro e o reconhecimento p?blico do diretor. Naquela mesma tarde, sem que tivessem tornado a pedir, encontraram no quarto os equipamentos em seu inv?lucro original. De maneira que, na quarta-feira seguinte, enquanto os pais viam ?O ?ltimo Tango em Paris?, encheram o apartamento at? a altura de duas bra?as, mergulharam como tubar?es mansos por baixo dos m?veis e das camas, e resgataram do fundo da luz as coisas que durante anos tinham-se perdido na escurid?o. Na premia??o final os irm?os foram aclamados como exemplo para a escola e ganharam diplomas de excel?ncia. Desta vez n?o tiveram que pedir nada, porque os pais perguntaram o que queriam. E eles foram t?o razo?veis que s? quiseram uma festa em casa para os companheiros de classe. O pai, a s?s com a mulher, estava radiante. ? ? uma prova de maturidade ? disse. ? Deus te ou?a ? respondeu a m?e. Na quarta-feira seguinte, enquanto os pais viam ?A Batalha de Argel?, as pessoas que passaram pela Castellana viram uma cascata de luz que ca?a de um velho edif?cio escondido entre as ?rvores. Sa?a pelas varandas, derramava-se em torrentes pela fachada, e formou um leito pela grande avenida numa correnteza dourada que iluminou a cidade at? o Guadarrama. Chamados com urg?ncia, os bombeiros for?aram a porta do quinto andar, e encontraram a casa coberta de luz at? o teto. O sof? e as poltronas forradas de pele de leopardo flutuavam na sala a diferentes alturas, entre as garrafas do bar e o piano de cauda com seu xale de Manilha que se agitava com movimentos de asa a meia ?gua como uma arraia de ouro. Os utens?lios dom?sticos, na plenitude de sua poesia, voavam com suas pr?prias asas pelo c?u da cozinha. Os instrumentos da banda de guerra, que os meninos usavam para dan?ar, flutuavam a esmo entre os peixes coloridos liberados do aqu?rio da m?e, que eram os ?nicos que flutuavam vivos e felizes no vasto lago iluminado. No banheiro flutuavam as escovas de dentes de todos, os preservativos do pai, os potes de cremes e a dentadura de reserva da m?e, e o televisor da alcova principal flutuava de lado, ainda ligado no ?ltimo epis?dio do filme da meia-noite proibido para menores. No final do corredor, flutuando entre duas ?guas, Tot? estava sentado na popa do bote, agarrado aos remos e com a m?scara no rosto, buscando o farol do porto at? o momento em que houve ar nos tanques de oxig?nio e Joel flutuava na proa buscando ainda a estrela polar com o sextante, e flutuavam pela casa inteira seus 37 companheiros de classe, eternizados no instante de fazer xixi no vaso de ger?nios, de cantar o hino da escola com a letra mudada por versos de deboche contra o diretor, de beber ?s escondidas um copo de brandy da garrafa do pai. Pois haviam aberto tantas luzes ao mesmo tempo que a casa tinha transbordado, e o quarto ano elementar inteiro da escola de S?o Jo?o Hospital?rio tinha se afogado no quinto andar do n?mero 47 do Paseo de la Castellana. Em Madri de Espanha, uma cidade remota de ver?es ardentes e ventos gelados, sem mar nem rio, e cujos abor?gines de terra firme nunca foram mestres na ci?ncia de navegar na luz. Dezembro de 1978. M?RQUEZ, Gabriel Garc?a. A luz ? como a ?gua. In: M?RQUEZ, G. G. Doze contos peregrinos. Rio de Janeiro: Record, 1992. |
Por que esse conto ? entendido como pertencente ? corrente liter?ria Realismo M?gico? N?o se esque?a de justificar sua resposta com trechos do texto.
Qual o par?grafo que marca o in?cio do que ? incomum ? realidade?
Descreva psicologicamente a m?e de Tot? e Joel. Para isso, primeiro, selecione um trecho do texto que revele atitudes da m?e; depois, comente-o. Dever?o ser selecionados, pelo menos, dois trechos.
? poss?vel imaginar a condi??o social da fam?lia? Discorra sobre isso e comprove suas conclus?es pelo texto com, pelo menos, tr?s exemplos.
Relacione o t?tulo do conto ao enredo, de modo que este (enredo) explique aquele (t?tulo).
Artigos:
MACIEL. Nilto. O estudo da literatura fant?stica no Brasil. Dispon?vel em: http://www.letraselivros.com.br/livros/artigos/2772-o-estudo-da-literatura-fantastica-no-brasil-.html Acesso em: 15 jul. 2013.
PEDRA. Luis Cl?udio Nogueira. A constru??o do fant?stico na literatura. Dispon?vel em: http://www.literaturafantastica.pro.br/index.php/pagina-inicial/147-a-construcao-do-fantastico-na-literatura.html Acesso em: 15 jul. 2013.
Revista:
Revista Brasileira de Literatura Fant?stica. Dispon?vel em: http://www.literaturafantastica.pro.br/ Acesso em:15 jul. 2013.
Cole??o de contos:
M?RQUEZ, Gabriel Garc?a. Doze contos peregrinos. Dispon?vel em: http://pt.scribd.com/doc/5618233/Doze-Contos-Peregrinos-Gabriel-Garcia-Marquez Acesso em: 15 jul. 2013.
Nessa proposta, centralmente, os alunos dever?o ser capazes de reconhecer marcas textuais que os autorizem a identificar o texto como pertencente ? escola liter?ria Realismo Fant?stico. Dentre as atividades processuais, como as discuss?es coletivas e o texto coletivo, o aluno dever? revelar a apropria??o do conhecimento por meio, especificamente, da ?ltima atividade de interpreta??o textual.