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A charge na sala de aula: uma perspectiva para o ensino e a aprendizagem de Hist?ria

Al?xia P?dua Franco

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UBERLANDIA - MG

ESC DE EDUCACAO BASICA

Leide Divina Alvarenga Turini

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UBERLANDIA - MG

Universidade Federal de Uberl?ndia

Get?lio Ribeiro

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UBERLANDIA - MG

ESC DE EDUCACAO BASICA

Hudson Rodrigues Lima

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UBERLANDIA - MG

ESC DE EDUCACAO BASICA

Leila Floresta

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UBERLANDIA - MG

Universidade Federal de Uberl?ndia

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educa??o de Jovens e Adultos - 1? ciclo Estudo da Sociedade e da Natureza Cidadania e participa??o
Ensino Fundamental Final Hist?ria Cidadania e cultura no mundo contempor?neo
Ensino Fundamental Final Hist?ria Na??es, povos, lutas, guerras e revolu??es
Ensino M?dio Hist?ria Cidadania: diferen?as e desigualdades

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poder? aprender o que ? uma charge e quais s?o as suas principais caracter?sticas; reconhecer a charge como fonte hist?rica para a compreens?o de tem?ticas trabalhadas em aulas de Hist?ria; adquirir no??es b?sicas para a interpreta??o e a produ??o de charges.

Duração das atividades

6 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Conhecimentos relativos ? Hist?ria da Fran?a no s?culo XIX.
Brasil Imp?rio, particularmente o Per?odo Regencial.

Estratégias e recursos da aula

Aula 1
A charge nos meios de comunica??o atuais

Atividade com jornais e revistas

1- O professor deve levar para a sala de aula revistas e jornais (recentes), selecionados previamente, e que contenham charges relativas a diferentes ?reas da sociedade brasileira atual (pol?tica, economia, cotidiano, esportes, etc.).
2- Dividir os alunos em grupos e pedir que cada grupo, ap?s o manuseio do material, escolha uma charge. A charge escolhida deve ter a sua id?ia central debatida pelo grupo.
3- As conclus?es do grupo sobre a id?ia central da charge devem ser apresentadas aos colegas e ao professor.
4- Ap?s as conclus?es de todos os grupos, solicitar que os alunos fa?am coment?rios sobre outros meios a partir dos quais tiveram contato com charges (como televis?o e internet, por exemplo) e como avaliam a utiliza??o desta linguagem nos meios de comunica??o atuais.

Outra op??o: Para as escolas que contam com computadores, os quais podem ser acessados pelos estudantes, o professor pode solicitar que os alunos selecionem charges em revistas e jornais online, relativas ? din?mica atual da sociedade brasileira, e procedam da forma anteriormente mencionada no desenvolvimento da atividade.

Aten??o, professor:
Caso haja diverg?ncias na interpreta??o feita pelo grupo e pelos demais alunos, cabe ressaltar que o chargista faz uma cr?tica a um personagem, fato ou acontecimento espec?fico, com limita??o temporal, ou seja, somente quem tem conhecimento sobre o fato retratado tem condi??o de entender a mensagem da charge. A charge exige este conhecimento, a necessidade de que o leitor esteja bem informado para fazer a interpreta??o do fato representado. Estas observa??es contribuem para que os alunos comecem a construir o conceito de charge.

Aula 2
Charge: conceito e caracter?sticas

I- Sistematizando coletivamente as caracter?sticas centrais de uma charge

A partir do trabalho realizado na aula anterior, solicitar aos alunos que discutam as principais caracter?sticas da charge quanto ? forma e estrutura. Partindo da observa??o das charges escolhidas pelos alunos, ser? poss?vel destacar as seguintes caracter?sticas:

1- Na charge, o desenho deve conter elementos que permitam ao leitor entender a situa??o representada e enxergar a cr?tica feita pelo autor.

2- A composi??o dos elementos (pessoas, vestimentas, cen?rio, fisionomias/express?es, objetos, met?foras, exageros, deforma??o de caracter?sticas, etc.) ajuda o observador/leitor na interpreta??o da id?ia central ou situa??o criticada na charge.

3- Na situa??o representada na charge pode haver bal?es indicando di?logo, pensamento, etc., mas apenas se for absolutamente necess?rio, pois a id?ia da charge ? recorrer o m?nimo poss?vel ao texto escrito.

4- Ressaltar ainda, nesta caracteriza??o, que o humor e a s?tira s?o utilizados pelo chargista para expressar sua vis?o sobre determinado fato ou id?ia, o que faz da charge um importante recurso para o desenvolvimento do pensamento (e do posicionamento) cr?tico.

II- Produzindo coletivamente o conceito de charge

1- Para sistematizar as discuss?es relativas ao conceito de charge, o professor pode solicitar aos alunos que consultem dicion?rios como Aur?lio e Houaiss.

2- O texto do cartunista Fernando A. Moretti, intitulado ?Qual a diferen?a entre charge, cartuns e quadrinhos?? contribui para a compreens?o das caracter?sticas fundamentais da charge. Dispon?vel  em: http://www.aleph.com.br/moretti/artigos_diferenca.htm

3- Produzir coletivamente o conceito de charge, destacando as suas caracter?sticas principais.

Aula 3 e 4

A charge e a reflex?o hist?rica

Professor, ao introduzir o tema junto aos alunos, ? importante ter em considera??o as seguintes id?ias:

A charge ? um recurso importante para o ensino/estudo da Hist?ria n?o apenas por ser uma representa??o pict?rica ? o que de in?cio j? se define como uma provoca??o para os alunos ? mas tamb?m por ter como princ?pio inerente a possibilidade de reflex?o sobre uma determinada situa??o, fato, id?ia. Ao fazer a op??o pelo trabalho com a charge ? importante reconhecer nesta linguagem um potencial para a reflex?o hist?rica, n?o a encarando como mera ilustra??o, como muitas vezes acontece, particularmente em manuais did?ticos. ? importante levar o aluno a perceber a historicidade presente em outras fontes e linguagens que n?o o texto escrito. Isso pode contribuir para agu?ar a sua capacidade de interpreta??o e esp?rito cr?tico, permitindo-lhe estabelecer rela??es entre fontes e/ou linguagens utilizadas no estudo de temas hist?ricos.

A charge, de modo geral, tem como foco situa??es relativas ao contexto do autor, ou seja, tem limita??o temporal. O chargista elabora uma cr?tica pol?tico-social acerca de fatos e id?ias familiares ao cotidiano de sua ?poca hist?rica. Quando analisada em seu contexto ou mesmo em outro, a charge possibilita contato com a vis?o do chargista a respeito de determinada situa??o. Desta maneira, constitui-se em importante documento hist?rico para a compreens?o de uma determinada interpreta??o relativa a um fato espec?fico.

Mas, aten??o! N?o h? nesta proposta a defesa da utiliza??o da charge como recurso metodol?gico nas aulas de Hist?ria em substitui??o ao trabalho com outros recursos ou, principalmente, em substitui??o ao texto escrito. O texto escrito ? recurso did?tico fundamental para as reflex?es de natureza hist?rica. O que se prop?e ? a diversidade na utiliza??o de recursos para o ensino e a aprendizagem de Hist?ria, com vistas a suscitar entre os alunos um maior envolvimento e participa??o nas aulas de Hist?ria e contato com diferentes g?neros de texto.


Feitas estas considera??es, propor aos alunos a interpreta??o oral e escrita da charge Gargantua (1831), de Honor? Daumier:

Dispon?vel em: http://www.abcgallery.com/D/daumier/daumier88.html

Atividades propostas:

1- Coletando informa??es biogr?ficas de Honor? Daumier (1808-1879)

Solicitar aos alunos que fa?am uma r?pida consulta a enciclop?dias e/ou outras fontes, as quais tragam informa??es biogr?ficas de Honor? Daumier.
Segundo Fernando Moretti, o autor ? considerado o precursor deste g?nero textual que ? a charge.

(Confira texto de Fernando Moretti em http://www.aleph.com.br/moretti/artigos_daumier.htm)

Esta breve consulta possibilitar? aos alunos uma reflex?o sobre a etimologia da palavra charge e sobre as suas caracter?sticas fundamentais. Os alunos poder?o tomar contato com o contexto que inspirou o autor no seu trabalho e descobrir que Honor? Daumier utilizou o g?nero em quest?o para criticar implacavelmente o governo de sua ?poca. Ao inv?s de escrever um texto ou descrever fatos, ele preferiu ?ir ? carga? e expor, por meio da charge, a sua vis?o a respeito da situa??o vivenciada pelos franceses no governo do rei Lu?s Filipe I (1773 ? 1850).

2- Interpreta??o oral e escrita da charge

A- Iniciar a atividade com o levantamento, pelos alunos, de hip?teses relativas aos elementos presentes na charge e a uma poss?vel interpreta??o da mesma. Esta proposta estabelece rela??o com a Atividade 1, uma vez que a biografia do autor marca a sua trajet?ria de contesta??o ao governo do rei Luis Filipe, o que contribui para a interpreta??o da id?ia central da charge.

B- Os alunos interpretam oralmente a charge e, depois da sistematiza??o feita pelo professor, organizam, por escrito, as suas conclus?es, a partir da discuss?o de dois eixos:

? Elementos presentes na charge, os quais permitem interpretar/enxergar a cr?tica feita por seu autor;
? Interpreta??o poss?vel da id?ia central da charge.

C- Para que o professor tenha maior clareza das possibilidades da atividade descrita no item B, transcrevo a interpreta??o feita por alunos do 8? ANO fundamental, em uma aula de Hist?ria, a respeito da charge Gargantua, de Honor? Daumier:

Elementos presentes na charge, os quais permitem interpretar/enxergar a cr?tica feita por seu autor

O rei Lu?s Filipe I foi representado em tamanho desproporcional em rela??o ao tamanho das demais pessoas (como um gigante) provavelmente para simbolizar o poder do seu governo.

As personagens presentes na cena podem ser divididas em dois grupos: na parte mais ? esquerda da charge, mais pr?ximas ao rei, est?o pessoas que pertencem ? realeza e ? burguesia, ou ao grupo de funcion?rios particulares da realeza; ? direita est?o pessoas do povo, s?ditos do rei.

Al?m da quest?o do lugar ocupado por cada um dos grupos, outro elemento importante para compreender a divis?o citada no item anterior ? a vestimenta: as pessoas da esquerda possuem uma vestimenta parecida com a do rei, representando o que era caracter?stico no vestu?rio da realeza e da burguesia da ?poca. As pessoas da direita est?o vestidas de forma mais simples caracterizando o vestu?rio de diferentes grupos sociais que n?o pertenciam ? realeza ou ? burguesia.

Honor? Daumier fez a representa??o de uma esp?cie de rampa que vai do ch?o ? garganta do rei Luis Filipe: esta representa??o ? fundamental para entender a cr?tica do autor. Um homem joga moedas em um saco, outro homem as recolhe e outros levam os sacos supostamente cheios de moedas de ouro para a garganta do rei.

Interpreta??o poss?vel da id?ia central da charge:

Nesta charge de 1831, Honor? Daumier faz uma dura cr?tica ao governo do rei Lu?s Filipe I, da Fran?a. Os elementos presentes representam o rei como um governante poderoso, autorit?rio, que se coloca acima de todas as outras pessoas e que se enriquece a custa da domina??o dos seus s?ditos. A riqueza do seu governo vem da explora??o e da opress?o dos grupos sociais menos favorecidos.

Aula 5

Interpreta??o oral e escrita da charge de Manoel Ara?jo Porto-Alegre, autor da primeira charge pol?tica impressa e distribu?da no Brasil, em 1837, intitulada A Campainha e o Cujo (1837).


Dispon?vel em: http://www.bigorna.net/index.php?secao=artigos&id=1124907826

A charge retrata um homem em p?, elegantemente trajado, usando chap?u de penacho. Com a m?o direita toca uma sineta e, com a outra, oferece um saco de dinheiro a um sujeito ajoelhado, em atitude servil. Outros, ao fundo, fogem da cena. A legenda diz:

A Campainha
Quem quer; quem quer redigir
O Correio Oficial!
Paga-se bem. Todos fogem?
Nunca se viu coisa igual

O Cujo
Com tr?s contos e seiscentos
Eu aqui?stou, meu senhor
Honra tenho e probidade
Que mais quer d?um redator?

Atividades propostas:

1- Coletando informa??es biogr?ficas de Manoel Ara?jo Porto-Alegre

Iniciar as atividades solicitando aos alunos que fa?am uma r?pida consulta a enciclop?dias e/ou outras fontes, as quais tragam informa??es biogr?ficas de Manoel Ara?jo Porto-Alegre (1806/1879).

2- Ler o artigo do jornalista e historiador Gilberto Marangoni, a respeito da charge de Manoel Porto-Alegre. 
Acesse: http://www.bigorna.net/index.php?secao=artigos&id=1124907826 

3- Seguir as mesmas orienta??es indicadas para o trabalho com a charge Gargantua, de Honor? Daumier, fazendo a reflex?o da charge a partir dos dois eixos trabalhados:

A- Elementos presentes na charge, os quais permitem interpretar/enxergar a cr?tica feita por seu autor;
B- Interpreta??o poss?vel da id?ia central da charge.

4- Discutindo a quest?o da corrup??o no per?odo regencial (Brasil Imp?rio) e nos dias atuais

A charge de Manoel Ara?jo Porto-Alegre tem como foco o pagamento de propina efetuado ao jornalista e deputado Justiniano Jos? da Rocha (1812-1862) conhecido por ser um jornalista a servi?o do governo da ?poca. A partir da interpreta??o da charge, o professor pode estimular, entre os alunos, uma discuss?o relativa ao Per?odo Regencial no Brasil Imp?rio e remeter a uma discuss?o acerca da quest?o tratada na charge, a qual, ainda nos dias atuais, ? bastante presente entre n?s.

Aula 6
Produ??o de charges pelos alunos

1- Como culmin?ncia das atividades relativas ? tem?tica trabalhada nesta aula, orientar os alunos para a produ??o de charges sobre uma tem?tica escolhida pelo grupo: esta tanto pode estar relacionada a um conte?do hist?rico trabalhado em sala de aula, quanto a uma tem?tica relativa ao contexto da sociedade brasileira na atualidade.

2- As produ??es devem ser socializadas entre os alunos da turma e expostas em mural da escola para que todos possam conferir o resultado do trabalho.

Recursos Complementares

Aten??o, professor! Sugerimos que a aula proposta seja trabalhada em conjunto com as disciplinas de L?ngua Portuguesa, na conceitua??o e caracteriza??o da charge como g?nero textual importante para a forma??o do aluno como leitor; e Artes, no processo de produ??o de charges pelos alunos.

Na ESEBA/UFU, a ?rea de Hist?ria desenvolve Projeto intitulado ?Charge & Par?dia nas aulas de Hist?ria?, com alunos do II e do III Ciclo. Para ter acesso aos textos produzidos por professores da ?rea e a uma parte da produ??o realizada por alunos em aulas de Hist?ria do Ensino Fundamental, consulte:

http://gephiseseba.blogspot.com 

http://www.4shared.com/account/file/130919798/f020a1bc/Projeto_Charge__Pardia.html

Avaliação

A a??o avaliativa deve permear toda a pr?tica pedag?gica do professor dando-lhe constantemente elementos que lhe possibilitem auxiliar o estudante no seu desenvolvimento. Deve permitir que o aluno organize o seu pensamento - seja atrav?s da express?o oral ou escrita - buscando, ao refletir sobre um determinado assunto, fazer uma leitura cr?tica das fontes analisadas, estabelecendo rela??es, levantando quest?es, buscando respostas e expondo conclus?es. A avalia??o deve ser utilizada primordialmente como um canal de comunica??o entre o aluno e o professor. Fundamental para o primeiro uma vez que pode ajud?-lo a reorganizar o seu pensamento e superar dificuldades. Fundamental tamb?m para o professor que poder? sempre repensar a sua atua??o, revendo conte?dos, metodologias de ensino, procedimentos avaliativos.

No desenvolvimento do tema proposto, o professor poder? avaliar os alunos a cada etapa do trabalho por meio das atividades orais inclu?das no processo, como levantamento de hip?teses, debates, apresenta??o de conclus?es, produ??o e apresenta??o de charges; tamb?m por meio das atividades escritas mencionadas nas aulas, relacionadas a consultas em material bibliogr?fico e ? interpreta??o das charges trabalhadas.