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Estudando o texto: perspectiva e argumentos

Autor e Co-autor(es)

Priscila Brasil Gon?alves Lacerda imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Professor Luiz Prazeres

Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educa??o de Jovens e Adultos - 2? ciclo L?ngua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produ??o de textos
Ensino M?dio L?ngua Portuguesa G?neros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Ensino M?dio L?ngua Portuguesa Produ??o, leitura, an?lise e reflex?o sobre linguagens

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

  • Esta aula pretende fazer com que os alunos reflitam sobre as estrat?gias envolvidas na constru??o de textos informativos com investimento de opini?o. Precisamente, tem-se por objetivo fazer com que os alunos compreendam a rela??o necess?ria entre a perspectiva apresentada no texto e os argumentos que, por sua vez, sustentariam essa perspectiva.
  • A presente aula tem ainda por objetivo fazer com que os alunos reconhe?am alguns tipos argumentos, classificados segundo a natureza do recurso de persuas?o mobilizado por eles, como cientificidade, factualidade, autoridade ou consenso.
  • Acredita-se, enfim, que esta aula pode contribuir para o refinamento das compet?ncias de leitura interpretativa e escrita dos alunos, tornando expl?citos mecanismos de investidura de opini?o em textos informativos.

Duração das atividades

Aproximadamente 3 aulas de 50 minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

  • O professor dever ter trabalhado com os alunos alguns g?neros de texto predominantemente argumentativos, como cr?nica dissertativa, cr?tica, artigo de opini?o ou editorial. Sugere-se que as caracter?sticas b?sicas desse tipo de texto sejam rapidamente rememoradas por meio dos seguintes questionamentos:

a) O que diferencia um texto predominantemente dissertativo de um texto predominantemente narrativo?

b) Quais s?o os exemplos mais comuns que voc?s conhecem de g?nero de texto mais argumentativo ou mais narrativo?

Observa??o: Fazer essa breve retomada pode facilitar o desenvolvimento da aula, j? que se pretende dar um passo adiante, considerando-se o mecanismo de sustenta??o de perspectivas por argumentos.

Estratégias e recursos da aula

  • Para iniciar a aula, sugere-se que o professor apresente aos alunos parte do texto ?Tropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra?, que colocamos a seguir. Trata-se de uma resenha cr?tica, portanto, um texto claramente investido de opini?o, sobre o filme que possui o nome de "Tropa de Elite". (Recomenda-se que o professor utilize material impresso ou proje??o, com aux?lio de aparelho de datashow.)

Tropa de Elite (2007): Tormentos de uma guerra
Rafael Lorenzato

[...]
Comparado erroneamente com Cidade de Deus (2002), pois s?o produ??es bem distintas em enredo e t?cnica, Tropa de Elite ? dirigido por Jos? Padilha, o mesmo de ?nibus 174 (2002), que ? ?poca foi considerado um filme "esquerdista" por "defender" o olhar do marginal ? j? que se tratava de um document?rio sobre o famoso sequestro protagonizado por Sandro do Nascimento e contrapunha os argumentos das m?dias sensacionalistas. Agora, Padilha inverte totalmente o foco e apresenta um protagonista fascista, mas em um filme igualmente reflexivo e com teor documental.
A hist?ria, praticamente atual, se passa no Rio de Janeiro de 1997, no qual havia (e ainda h?), inegavelmente, guerras entre traficantes e policiais. Em algumas dessas frentes de batalha est? o Capit?o Nascimento (Wagner Moura), da Tropa de Elite, designado para chefiar a equipe que tem como miss?o neutralizar o Morro do Turano durante a visita do Papa Jo?o Paulo II ao pa?s. Estressado pela viol?ncia, e ainda porque sua mulher est? gr?vida, Nascimento necessita arranjar um sucessor que tome conta de seu batalh?o com o mesmo afinco e crit?rio que considera justo. Assim, o Capit?o narra a busca pelo seu substituto, trazendo para o enredo dois aspirantes da PM: Neto (Caio Junqueira) e Matias (Andr? Ramiro).
Amigos de inf?ncia e policiais honestos ? raros no filme e, infelizmente, na realidade ?, Neto se destaca pela coragem, e Matias, pela intelig?ncia e utopia. Ambos buscam lugar na corpora??o, mas ? Matias que mais se destaca na hist?ria. Negro e pobre, pretende formar-se em Direito. Por?m, depara-se com um ambiente antag?nico: a universidade, na qual o idealismo ? contraposto pelo uso das drogas que alimentam o tr?fico; e a Tropa de Elite, para a qual, em uma vers?o simplificada, quem consome drogas ajuda os traficantes a matar os policiais.
O que Padilha faz, portanto, ? mostrar um ponto de vista muito raro no cinema: o do policial. Atrav?s de uma s?ntese da sociedade, o Capit?o Nascimento exp?e seu medo de morrer e seu estresse, e justifica seu direito de punir aqueles que est?o do outro lado dessa guerra, sejam traficantes, consumidores de drogas ou policiais corruptos, afinal, para ele, a tortura e o assassinato s?o leg?timos. Detalhe para a cena em que Nascimento cobre o caix?o de um colega com a bandeira do Bope acima da bandeira brasileira, evidenciando o fascismo atrav?s do qual desconstr?i e recria outros policiais semelhantes, como ? o caso do personagem Matias, em um ciclo que socialmente representa a pura e simples luta pela sobreviv?ncia de um sujeito que entrar? em uma favela ? noite sob um intenso tiroteio.
Com antol?gicas falas como "pede para sair" ou "miss?o dada ? miss?o cumprida", Tropa de Elite n?o tem apenas um excelente roteiro. Ele ? uma representa??o veross?mil da arquitetura militar, uma vez que foi escrito por, al?m de Padilha e Br?ulio Mantovani, Rodrigo Pimentel, que transp?s par a as telas a viv?ncia dele como policial co nvencional e depois do Bope. Pimentel foi u m dos protagonistas do filme Not?cias de Uma Guerra Particular (19 99), document?rio de K?tia Lund e Jo?o More ira Salles. Al?m disso , os atores receberam um treinamento do pr? prio Bope que, segundo Wagner Moura, foi t? o intenso que parecia que eles vestiriam a f arda para sempre.
Soma-se a isso o medo da viol?ncia vivenciado nas filmagens. Como vestiam-se de policiais dentro das favelas, os atores traba lhavam no limite do risco. Todos usavam coletes identificando a equipe de filmagem, n?o obstante, a tens?o de ser observado pelo tr?fico era muito forte. Principalmente quando alguns membros da equipe foram sequestrados por bandidos que imaginaram que as armas cenogr?ficas eram reais. Assim, Padilha e seu grupo sofriam a press?o tanto dos comandos da pol?cia quanto dos comandos do tr?fico.
E ? aproveitando a viv?ncia do conflito que a produ??o se utiliza de diversos elementos est?ticos para narrar o dia-a-dia dos policiais, em uma linguagem de cinema expressada principalmente pelo fot?grafo e cinegrafista Lula Carvalho, que utiliza a c?mera na m?o ao mesmo tempo em que persegue os personagens, subjetivando o olhar do espectador. Al?m disso, as atua??es e a dire??o de Padilha traduzem a identidade do filme, que exp?e um ponto de vista ?nico, por?m, importante.
Atrav?s desse conjunto de caracter?sticas que comp?em a pel?cula, Tropa de Elite faz com que o p?blico reaja de formas diversas. Da empatia ? avers?o espont?nea, do riso ? ang?stia, cada espectador demonstra um comportamento, amparado, certamente, em sua inser??o sociocultural. O filme n?o ? a ?tica do Capit?o Nascimento e sua opini?o fascista, mas sim, um poderoso agente de transforma??o, simplesmente porque gera discuss?o sobre as condi??es absurdas em que vivemos, mas que fazemos quest?o de relevar e n?o enxergar.

Fonte: http://www.cinema.com.br/site/acervo.php?id=206&a=2, acessado em 5 set. 2009.

  • Depois que os alunos tenham feito uma leitura silenciosa do texto, o professor deve colocar as seguintes quest?es de "a" a "e", para guiar uma percep??o geral do texto e levar os alunos ? compreens?o do ponto de vista do autor da resenha sobre o filme.

a) Qual ? o objetivo desta cr?tica?
b) Antes de opinar sobre o texto, o autor resume o enredo do filme e descreve suas personagens principais. Por qu??
c) Rafael Lorenzato categoriza a perspectiva de Capit?o Nascimento (personagem principal do filme) como fascista. Essa perspectiva ? apontada como um ponto negativo do filme? Explique.
d) A julgar pela cr?tica que acabamos de ler, esse filme parece apropriado a que tipo de p?blico?
e) Voc? acha que essa cr?tica ? favor?vel ou contr?ria ao filme? Justifique a sua resposta com elementos do texto.

  • Ap?s fazer uma discuss?o sobre as respostas ?s quest?es de "a" a "d', sugere-se que o professor demande aos alunos que se re?nam em grupos de 3 ou 4 e  fa?am um esquema a partir das respostas ? quest?o ?e?, indicando o ponto de vista defendido pelo autor da cr?tica e elencando trechos que poderiam servir de argumentos para sustentar tal ponto de vista.
  • Ao final dessa atividade, o professor deve tamb?m fazer o esquema na lousa (quadro negro), como o que colocamos a seguir, enumerando os argumentos apontados pelos grupos.
Ponto de vista acerca do filmeArgumentos
O filme ? recomendado pela cr?tica

Filme reflexivo e com teor documental.

Hist?ria praticamente a tual.

Padilha apresenta um ponto de vist a muito raro no cinema: o do policial. Ele exp ?e um ponto de vista ?nico, por?m imortante.

Antol?gicas falas.

Tropa de Elite n ?o tem apenas um e excelente roteiro, ele ? um a representa??o veross?mil da arquitetura mili tar.

O texto foi escrito com o aux?lio d e um plicial do Bope.

Os atores recebera m um treinamento do pr?prio Bope.

O film e ? um poderodo agente de trasnforma??o porque gera dicuss?o sobre as condi??es absurdas em que vivemos, mas fazemos quest?o de relevar e n?o enxergar.

?T ropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra? ? Rafael Lorenzato
  • ? importante que, ao fazer o esquema na lousa (quadro negro), o professor discuta com os alunos o estatuto argumentativo de alguns trechos, fazendo-os refletir em que medida determinadas informa??es ou coment?rios do autor da cr?tica contribuem para uma avalia??o positiva do filme.
  • Na sequ?ncia da aula, o professor dever apresentar aos alunos o trecho a seguir, que ? de uma reportagem sobre as mudan?as clim?ticas que a Terra vem sofrendo. 

Constantes mudan?as no planeta
[...]
Quando se fala em altera??o clim?tica, o efeito estufa ? o primeiro a ser mencionado. Os gases, chamados de gases-estufa, lan?ados pelo homem principalmente pela queima de combust?veis f?sseis, permitem que a radia??o solar penetre na atmosfera e ret?m grande parte dela, gerando aumento de temperatura. Esses gases agem exatamente como um vidro de uma estufa de flores.
Uma das consequ?ncias inevit?veis do aquecimento provocado pelo efeito estufa ? o aumento no n?vel dos oceanos por causa do derretimento das geleiras. Nos ?ltimos 100 anos, o mar subiu cerca de 20 cent?metros. Os cientistas prev?em que, at? 2080, ter? subido at? 69 cent?metros.
Por causa do efeito estufa, as geleiras t?m diminu?do consideravelmente de tamanho. Os cientistas est?o preocupados com um local em especial: o Alasca, onde cerca de 800 km3 de gelo sumiram nos ?ltimos 50 anos. Metade da ?gua doce que flui para os mares do mundo vem do gelo que derrete no Alasca. Esse aumento no volume de ?gua doce pode causar mudan?as na temperatura, na salinidade e nos padr?es de vento, fatores que influenciam diretamente as correntes mar?timas. Isso afetaria ainda mais o clima, provocando, em vez de superaquecimento, um grande resfriamento global. Na Europa, as correntes que aquecem o continente poderiam desaparecer, fazendo a m?dia de temperatura dessa regi?o cair em at? 20 ?C ? o que daria in?cio, no s?culo 22, a uma nova era glacial.

(Dispon?vel em: http://projectopegadaverde.blogspot.com/2008/08/constantes-mudanas-no-planeta.html, acessado em 10 de setembro de 2009)

  • Ap?s os alunos terem feito a leitura da reportagem, o professor deve lhes fazer os questionamentos a seguir.

a) Qual ? tema central deste texto?

b) Qual ? o objetivo deste texto?

c) Segundo o texto, como se constiui o efeito estufa?

d) Enumere as consequ?ncias do efeito estufa apontadas pelo texto.

e) Por que o autor do texto cita a opini?o de cientistas sobre o tema?

  • Diferentemente do que ocorre no trecho da cr?tica "Tropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra", em que o autor apenas re?ne argumentos para convencer o leitor de sua opini?o sobre um tema, no caso, sobre o filme, no trecho da reportagem "Constantes mudan?as no planeta" s?o reunidos argumentos para mostrar ao leitor a coer?ncia de uma realidade,  prop?sito que exige outros tipos de argumentos. Assim, a partir das respostas apresentadas ?s que st?es de "a" a "e", o professor dever chamar a aten??o dos alunos para a constitui??o dos argumentos no trecho da re portagem.
  • Ap?s ter feito uma discuss?o das respostas ?s quest? es de "a" a "e", o professor deve pedir aos alunos que se reunam em duplas e procurem classificar as informa??es do textos segundo o tipo de argumento que tais informa??es poderiam constituir. Antes de propor tal atividade, o professor deve, entretanto, fazer uma breve exposi??o explicando, em linhas gerais, cada tipo de argumento. A seguir, esbo?amos a explica??o de 4 tipos de argumentos:

A cr?tica procura persuadir o leitor por meio de argumentos de natureza apreciativa (atribuindo um valor positivo ou negativo), cujas ra?zes residem em um consenso, por exemplo, ter enredo original, ser veross?mil e atuar como agente de transforma??o s?o geralmente consideradas caracter?sticas positivas. Por outro lado, a reportagem, al?m de tamb?m se valer do consenso ? que pode ser definido como o que ? considerado evidente por si ?, deve mobilizar outros tipos de argumentos para levar o seu leitor ao entendimento da realidade que se que apresenta no texto. Podem ser enco ntrados outros tr?s tipos de argumento, quais sejam:

i. Consenso = ancora-se em uma evid?ncia.

ii. Autoridade = ancora-se na cita??o de estudiosos do tema sobre o qual o texto est? tratando.

iii. Factual = fundamenta-se na experi?ncia e na observa??o, isto ?, em dados concretos (cifras, estat?sticas, dados hist?ricos)

iv. Racioc?nio l?gico = baseia-se em rela??es de causa e efeito.

  • Sugerimos que o professor explique a diferen?a entre esses tr?s ultimos tipos de argumentos recorrendo a uma exemplifica??o aleat?ria.

Exemplo: ?Se o autor do texto cita outro texto ou algu?m, ele est? utilizando um argumento de autoridade (que vem de ?autor?), por exemplo, ?segundo Fulano, X Y Z?. Por?m, o autor pode decidir recorrer a algum fato, ou a alguma dado estat?stico, assim, ele est? utilizando um argumento factual, por exemplo, ?X% dos brasileiros est?o abaixo da linha da pobreza?. J? se o autor resolve utilizar um racioc?nio, como ?Pedro ? homem. Todo homem ? mortal. Logo, Pedro ? mortal.?, ele est? se valendo de um argumentos que podemos chamar de racioc?nio l?gico. Por fi m, ele pode usar ainda o consenso, do qual n?s j? falamos, ent?o ele recorre a id?ieias j? aceitas pelas pessoas em geral, como ??gua faz bem para a sa?de? ? ningu?m precisa nos provar isso, n?s j? tomamos isso como uma verdade que dispensa compr ova??o??.

  • Depois que os alunos tenham feito, em duplas, a atividade de classifica??o, o professor deve promover uma discuss?o, intigando-os a expor a classifica??o que deram.

Observa??o: Colocamos a seguir uma proposta de classifica??o dos argumentos do trecho de "Constantes mudan?as no planeta". Se houver recurso, ? recomendado que o professor fa?a uma proje??o desta classifica??o, com aux?lio de aparelho retroprojetor ou datashow, para auxiliar os alunos na avalia??o da pr?pria atividade. Sugerimos que o professor, com o aux?lio dessa proje??o, chame a aten??o dos alunos para a interdepend?ncia existente entre os argumentos, por exemplo: para iniciar a discuss?o, o autor se vale de uma afirma??o j? aceita consensualmente; os dizeres de uma autoridade ap?iam-se em dados objetiv os, que s?o argumentos factuais, esses ?ltimos tamb?m s?o a base para um racioc?nio l?gico.

Constantes mudan?as no planeta ? Carolina Botelho
Trechos:Tipos de argumentos:
Quando se fala em altera??o clim?tica, o efeito estufa ? o primeiro a ser mencionado.Consenso
Os gases, chamados de gases-estufa, lan?ados pelo homem principalmente pela queima de combust?veis f?sseis, permitem que a radia??o solar penetre na atmosfera e ret?m grande parte dela, gerando aumento de temperatura. Esses gases agem exatamente como um vidro de uma estufa de flores.Factual
Uma das consqu?ncias inevit?veis do aquecimento provocado pelo efeito estufa ? o aumento no n?vel dos oceanos por causa do derretimento das geleiras. Nos ?ltimos 100 anos, o mar subiu c erca de 20 cent?metros.Factual
Os cientistas prev?em que, at? 2080, ter? subido at? 69 cent?metros.Autoridade
Por causa do efeito estufa, as geleiras t?m diminu?do conside ravelmente de tamanho.
Racioc?nio l?gico
Os cientistas est?o preocupados com um local em especial: o Alasca, onde cerca de 800 km3 de gelo sumiram nos ?ltimos 50 anos.Autoridade / Factual

Metade da ?gua doce que flui para os mares do mundo vem do gelo que derrete no Alasca. Esse aumento no volume de ?gua doce pode causar mudan?as na temperatura, na salinidade e nos padr?es de vento, fatores que influenciam diretamente as correntes mar?timas. Isso afetaria ainda mais o clima, provocando, em vez de superaquecimento, um grande resfriamento global. Na Europa, as correntes que aquecem o continente poderiam desaparecer, fazendo a m?dia de temperatura dessa regi?o cair em at? 20 ?C ? o que daria in?cio, no s?culo 22, a uma nova era glacial.

Factual / Racioc?nio l?gico
  • Na terceira parte da aula, o professor deve solicitar que os alunos produzam um texto argumentativo complementando a cr?tica apresentada no texto "No Iraque, ? melhor", a seguir, e respondendo ? seguinte pergunta: O problema do Brasil ? os brasileiros?
  • Em seu texto, os alunos devem utilizar, no m?nimo, um argumento de cada tipo.
No Iraque, ? melhor

Diogo Mainardi, Revista VEJA
A favela da R ocinha ? uma "f?brica de produzir marginais". A frase ? do governador S?rgio Cabral. Ele acrescentou que a Rocinha s? vai parar de fabricar marginais quando o aborto for legalizado. Finalmente um pol?tico admite que o maior problema do Brasil ? o brasileiro.
Na mesma reportagem, S?rgio Cabral comparou a Rocinha ? Z?mbia. At? a? tudo bem. Ningu?m discute que a Rocinha seja igual ? Z?mbia. Espantei-me apenas quando ele comparou Copacabana ? Su?cia. E o M?ier ? Su?cia.
S?rgio Cabral ? nosso James Watson. James Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA, declarou que o preto africano ? menos inteligente do que o branco europeu. Anteriormente, ele j? declarara que os estudos gen?ticos permitiriam abortar todos os fetos defeituosos. O governador do Rio de Janeiro descobriu o DNA da marginalidade entre os africanos da Rocinha e agora quer abort?-los. Segundo ele, ficaremos mais seguros. Ficaremos mais inteligentes tamb?m? Uma semana antes de S?rgio Cabral apresentar suas teorias eugenistas, os policiais cariocas, a bordo de um helic?ptero, mataram uns marginais no Morro da Cor?ia. A Secretaria de Seguran?a P?blica explicou que seria dif?cil efetuar uma opera??o an?loga nos morros da Zona Sul, porque "um tiro em Copacabana ? diferente de um disparado na Cor?ia". Copacabana ? a Su?cia. Ali s? vale o aborto em massa.
No ano passado, o Brasil teve 44 663 assassinatos. O dado acaba de ser publicado pelo governo federal. No mesmo per?odo, de acordo com o site do Iraq Coalition Casualty Count, a guerra no Iraque produziu 18.655 mortes. Os americanos alarmaram-se tanto com esse n?mero que aceitaram mandar mais 30 000 soldados para l?. O resultado? Em fevereiro de 2007, quando as novas tropas desembarcaram no pa?s, registraram-se 3 014 mortes. Em agosto, elas j? haviam diminu?do para 1.674. Em setembro, 848. Em outubro, at? a ?ltima quinta-feira, morreram 531 iraquianos.
Consulto todos os dias o site do Iraq Coalition Casualty Count. Consulto todos os dias tamb?m o site do Iraq Body Count, onde cada confronto fatal recebe um c?digo e uma ficha de ocorr?ncia. A ficha k7 633 relata a morte de um professor da universidade religiosa de Al Sadr. A ficha k7634 assinala dois cad?veres encontrados em Al Kifl. Os americanos parecem se preocupar mais com os assassinatos de iraquianos do que os brasileiros com os assassinatos de brasileiros.
Pior do que a ideia de S?rgio Cabral de abortar os marginais zambianos da Rocinha s? mesmo o Pronasci, aquela ideia de Lula de dar um dinheirinho mensal aos marginais para evitar que eles cometam crimes. O programa foi apelidado de Bolsa Bandido ou Bolsa Pivete. Prefiro cham?-lo mais simplesmente de Bolsa J?lio Lancellotti.
Cedo ou tarde, o Iraque ser? pacificado e a autoridade local poder? comparar Al Kifl ? Su?cia. A Z?mbia de S?rgio Cabral e Lula continuar? com seus 44.663 assassinatos. Se tudo correr bem.

Dispon?vel em: http://comenta ndoanoticia.blogspot.com/2007/10/no-iraque-melhor.html, acessado em 7 set. 2009.

  • A fim de orientar os alunos na atividade de produ??o de texto, antes de conceder-lhes um tempo necess?rio para produzir, o professor deve discutir o texto "No Iraque, ? melhor" a partir das quest?es a seguir:

a) Que informa??o justifica o t?tulo do texto?

b) Retire do texto e explique trechos de ironia.

c) O autor do texto mostra-se otimista em rela??o ao futuro brasileiro? Explique.

  • Ao final desta atividade, o professor deve recolher os textos para comentar a produ??o e a classifica??o que os alunos deram aos seu pr?prios argumentos.

Avaliação

  • A compreens?o das propostas pelos alunos ser?o avaliada da a partir do esclarecimento (corre??o) em sala de aula de cada uma das atividades propostas.
  • Sugere-se que seja feita uma avalia??o final com a proposta da seguinte atividade:

Os alunos dever?o trazer textos sobre ?clonagem? para a sala de aula. Reunindo-se novamente em grupos, eles devem trocar os seus textos com os seus colegas de grupo, a fim de que possam ler outros textos, al?m daquele que trouxeram. Ao fazerem a leitura de outros textos, os alunos devem tomar nota de informa??es que julgarem interessantes. Ap?s recolherem informa??es sobre o tema ?clonagem? em diferentes textos, os alunos devem produzir um quadro de argumentos a favor e contra a clonagem. Na aula seguinte, a sala deve ser dividida em dois grupos, um grupo de defesa e outro de ataque ? proposta da clonagem. Os alunos devem expor os argumentos a favor ou contra, segundo o grupo em que se encontrem, e o outro grupo deve classificar esse argumento e tentar rebat?-lo. Vence o grupo que tiver apresentado mais argumentos n?o rebatidos.

  • O professor deve avaliar os grupos quanto ? coer?ncia dos argumentos apresentados e quanto ? classifica??o que derem ao argumento do grupo opositor.