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“Uma revolução industrial para chamar de nossa: a criação das indústrias de base”

 

30/08/2013

Autor e Coautor(es)
JULIANA VENTURA DE SOUZA FERNANDES
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Lígia Beatriz de Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Trabalho
Ensino Médio História Cidadania: diferenças e desigualdades
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Migrações, cultura e identidades
Ensino Médio História Caracteristicas e transformações das estruturas produtivas
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Trabalho e relações sociais
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poderá aprender a respeito de uma etapa decisiva da industrialização brasileira, pensada em termos dos paradoxos da Era Vargas.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

É necessário que o aluno compreenda que o modelo econômico anterior a 1930 estava baseado na Agroexportação (ainda que desde o século XIX tenha havido no país algum crescimento industrial). O Brasil vendia matérias-primas e gêneros tropicais para países estrangeiros, importando grande parte dos produtos utilizados no Brasil da Inglaterra, EUA, Alemanha e outros países europeus. Importante compreender aspectos da Revolução de 30, que leva Vargas ao poder. Também é interessante que conheça a crise do setor cafeeiro brasileiro e a crise da Bolsa de 1929 e seu impacto mundial, com a diminuição das trocas comerciais entre países.  

Estratégias e recursos da aula

4.1 Introdução aos Professores

 

            A partir de 1930, Getúlio Vargas operou mudanças decisivas no plano da política interna, afastando do poder as Oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrário-comerciais. Vargas adotou uma política industrializante, com a substituição da mão-de-obra imigrante pela nacional. Esse novo contingente de trabalhadores formou-se, sobretudo no Rio de Janeiro e São Paulo, em função do êxodo rural (dada a decadência da atividade cafeeira) e pelos movimentos migratórios nordeste-sudeste. 

            A crise de 1929 foi decisiva para que o governo se voltasse para o interior, estimulando que nossas atividades pudessem pouco a pouco substituir as importações (modelo de substituição de importações). Com a ditadura do Estado Novo (a partir de 1937), foram dados passos decisivos para a concretização desse modelo. O Estado restringiu a importação de bens de consumo não-duráveis (alimentos, bebidas) e estimulou a importação de bens de produção e de consumo duráveis. O governo estimulou o capitalismo brasileiro enquanto procurava socorrer o setor cafeeiro, com a compra e queima da produção excedente.    

O êxodo rural, devido à crise cafeeira, que formou nas áreas urbanas expressivos contingentes de mão-de-obra, não foi a única razão que contribuiu para a chamada “Revolução Industrial” brasileira. A redução das importações em função da crise mundial após 1929 e da posteriormente deflagrada Segunda Guerra Mundial, fez com que as trocas comerciais decaíssem, estimulando a necessidade de saídas nacionais para a crise.  

Destacam-se no primeiro governo Vargas e criação do Conselho Nacional do Petróleo (1938), da Companhia Siderúrgica Nacional (1941), da Companhia Vale do Rio Doce (1943) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945). Esse desenvolvimento esteve concentrado em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo em boa medida padrões de concentração ainda vigentes.   

Embora a matéria-prima nacional tenha substituído largamente a importada, exportações continuaram. Contudo, ao fim da Segunda Guerra, inúmeras áreas industriais no Brasil já tinham crescido expressivamente. 

 

 

4.2 Desenvolvimento

 

 

 

Aula 1

 

Contextualização

 

            Nosso objetivo em todas as aulas será, por um lado, fornecer subsídios que ajudem o aluno a compreender as características da Revolução Industrial Brasileira, sem deixar de explorar, paralelamente, as contradições políticas em torno do Governo Vargas, que chega inclusive a dar lugar à ditadura do Estado Novo (1937-1945). É interessante explorar essas contradições.

            O intervencionismo estatal na economia e o desenvolvimento industrial estiveram ao lado de uma política bastante ambígua em relação ao trabalhador. Vargas se tornaria largamente conhecido por sua legislação trabalhista, pela CLT e tantas outras. Estava encoberta uma tentativa de tutelar o trabalhador via Ministério do Trabalho, protegendo o governo dos possíveis efeitos da politização do trabalhador (o objetivo era afastá-los das discussões sobre luta de classes) e da exploração capitalista fora do controle do governo.

Nos locais de trabalho, o Estado Novo foi vivido como um período de sufocamento político, perda de direitos, deterioração das condições de vida e arbitrariedade patronal. Para esse tema, é interessante retomar o texto de Antonio Luigi Negro e Fernando Teixeira da Silva (Cf. NEGRO, Antonio Luigi, SILVA, Francisco Teixeira. Trabalhadores, sindicatos e política (1945-1964). In FERREIRA, Jorge, DELGADO, Lucíola (Orgs.)O Brasil Republicano. O tempo da experiência democrática – da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 2003.)

            Os autores destacam que com o progressivo alinhamento do governo com os Aliados (a partir de 1942) deu-se no Brasil a ideia de “esforço de guerra”. Metáforas como “soldados de trabalho”, “sindicatos quartéis” e “campo de batalha das fábricas” passaram a ser evocadas para associar a imagem da "produção" a uma operação de guerra. Como na retórica dos conflitos bélicos, o trabalho árduo e sem reivindicações estaria associado à prosperidade no “futuro da nação”, à “justiça social” e à “dignidade do trabalho”. Fomentar greves ou abandonar o serviço nas indústrias de “defesa nacional” eram atos de deserção, que chegariam a acarretar de dois a seis anos de prisão. Adiavam-se férias, permitia-se turno noturno para crianças e mulheres, ausências de mais de 8 dias eram entendidas como abandono de emprego, as jornadas aumentavam de 8 para 10 horas, geralmente em condições insalubres. Como exemplo, foram recrutados 30 mil “soldados da borracha” para produzir 60 mil toneladas anuais de látex. Muitos foram levados à morte.

           

Desenvolvimento

 

O professor deverá fazer uma apresentação dessa problemática, sempre estimulando o debate e a participação dos alunos. O professor pode se utilizar de estatísticas de dados econômicos e sociais para facilitar a observação dessas contradições em nosso desenvolvimento industrial. Um site interessante é o de estatísticas do IBGE no século XX, que estão disponíveis em:

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/29092003estatisticasecxxhtml.shtm.

            Outro tópico interessante a ser abordado nesse momento preliminar é a participação feminina na indústria, que ganha cada vez mais expressão nesse período. Por fim, o professor pode recorrer à produção artística do momento, utilizando a obra modernista para reproduzir aspectos do clima histórico, das discussões vigentes, das sensibilidades. Uma possibilidade é a obra de Tarsila do Amaral “Operários” (1933). Há sugestões de interpretação em inúmeros sites. No caso dos sites “Revistaescola” e “Universia”, o professor pode inclusive usar os textos em sala de aula.

 

Algumas sugestões de abordagem:

http://artefontedeconhecimento.blogspot.com.br/2010/07/operarios-de-tarsila-do-amaral.html

http://vejasp.abril.com.br/materia/quadro-operarios-de-tarsila-do-amaral-sao-paulo

http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/tem-muitas-historias-brasil-telas-tarsila-424884.shtml

http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/22/934979/conheca-operarios-tarsila-do-amaral.html

 

Tarsila do Amaral - Operários

Legenda: "Operários", Tarsila do Amaral. 1933.

Aula 2

 

Contextualização

 

            Após sensibilização e abordagem inicial, será proposto que aos alunos realizem a simulação de uma "Sessão Plenária", com representantes do governo e dos trabalhadores. A turma deve ser divida em dois grandes grupos, cada um representando uma dessas tendências.

 

Desenvolvimento

 

O professor pode recorrer a imagens de época, que tratem das condições de trabalho, a imagens que evidenciem elementos sobre hábitos cotidianos etc., ajudando o aluno a caracterizar seus personagens. Os alunos se apresentarão em uma data agendada pelo professor, caracterizados dos grupos aos quais representam os interesses. A atividade consistirá em um debate sobre os conflitos e tensões decorrentes de nosso modelo de industrialização a partir de 1930. De um lado, o grupo “governista” deve defendê-lo, apontando, por exemplo, estatísticas de crescimento econômico, supostos benefícios, impactos sociais... O grupo representante dos “trabalhadores” deve tratar de suas condições de trabalho, das condições políticas do país... 

Nessa primeira aula de atividade, os grupos podem se reunir em sala para começar a preparação de sua caracterização. O professor poderá orientá-los e propor questões para serem abordadas. A pesquisa deverá seguir em casa, principalmente no que diz respeito aos “documentos”, que os alunos apresentarão para sustentar seus argumentos (podem levar fotos, reportagens de jornais da época – existentes nas hemerotecas digitais, estatísticas entre outros).  

 

Aula 3

 

Contextualização

 

            Nessa aula acontecerá a plenária.

 

Desenvolvimento

 

            O professor poderá exercer uma função de mediador, propondo questões quando os alunos apresentarem dificuldades de autonomamente fomentarem os debates.

 

           

Conclusão: A partir dos debates objetiva-se que os alunos sejam capazes de desenvolver uma postura crítica em relação à industrialização no governo Vargas, percebendo suas especificidades e tensões.   

Recursos Complementares

Uma estratégia interessante para a abordagem deste tema seria o trabalho com os acervos de museus que se referem à industrialização no Brasil. Seria válida uma visita (a ver à distância geográfica), acompanhada de uma discussão entre os alunos ou mesmo o trabalho com o acervo digital. Existem poucos museus destinados especificamente à temática, mas selecionamos alguns relativos a ela. 

Em Belo Horizonte: Museu de Artes e Ofícios (http://www.mao.org.br/)

No Rio de Janeiro: Museu do Trabalhismo (http://museudotrabalhismo.com.br/)

No Rio de Janeiro: Memorial Getúlio Vargas (http://www0.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas/)

Em Volta Redonda: Memorial Getúlio Vargas (http://www.portalturismobrasil.com.br/atracao/3524/Memorial-Getulio-Vargas)

Avaliação

Os alunos devem ser avaliados por sua participação e interesse nas atividades, sua capacidade de articulação e problematização dos conceitos. 

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