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O conto e a crônica (aulas 1,2,3 e 4)

 

22/12/2009

Autor y Coautor(es)
Begma Tavares Barbosa
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Regina Célia Martins Salomão Brodbeck

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Aprofundar seus conhecimentos sobre os gêneros crônica e conto.
Refletir sobre a distinção entre o literário e o não-literário, a partir da comparação entre textos que abordam o mesmo tema.
Desenvolver habilidades de leitura, como: identificar o posicionamento do autor do texto; comparar textos, considerando diferentes posicionamentos e diferentes estratégias discursivas; inferir o significado de palavras pela análise de sua morfologia; inferir o significado de expressões metafóricas.

Duração das atividades
4 aulas ( 200 min)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Recuperar com os alunos o sentido da palavra “crônica” (do latim chronos = tempo), sinalizando que esse é um gênero com presença garantida em jornais e revistas e que costuma, como o texto mostrará, comentar o fato cotidiano, atual.

Estratégias e recursos da aula

AULA 1.
Atividade 1
Propor uma conversa com os alunos a partir de questões como: o que sabem sobre crônica?; já leram alguma crônica?; que cronistas brasileiros conhecem?

Atividade 2
Fazer um levantamento com os alunos dos nossos principais cronistas. O professor pode levar para a sala de aula jornais e revistas para que os alunos observem, nesses suportes, o espaço reservado à crônica.

Atividade 3
Leitura da crônica de Martha Medeiros – com mediação pelo professor


O beijo
Martha Medeiros

Na primeira página de um site, o convite: “Você viu? Mulheres fazem fila para beijar rapaz!” Adivinha se não era carnaval em Salvador. Estavam lá diversas fotos do garanhão beijando uma, depois a outra e a mulherada em fila aguardando a vez. Parece divertido, mas não é novidade: acontece em tudo o que é festa aberta, em qualquer época do ano. Todo mundo beijando todo mundo, uma delícia de descomprometimento. Nem evolução, nem involução, apenas mais uma coisa que se dessacraliza diante dos nossos olhos.
O beijo.
Dizem que o primeiro beijo não se esquece, e eu realmente nunca consegui esquecer do meu primeiro, e olha que eu tentei. Foi um desastre, um desacerto, uma tentativa malograda de encaixe, até que veio o segundo e, aí sim, choveram estrelas. Desde então, o beijo passou a fazer jus à sua fama de grande astro de um encontro amoroso.
Para quem, como eu, não chegou a viver esta onda de banalização do beijo, para quem beijava só quando estava apaixonado, ou, vá lá, com um ficante de vez em quando (e não mais de um por noite, e tampouco ficar todas as noites, pois tínhamos que sossegar o pito, como diziam nossos pais), enfim, para quem não viveu este oba-oba, o beijo segue sendo a confirmação de uma atração recíproca. E personalizada. Especial como raros momentos o são.
Paixões se iniciam de repente. Você troca e-mails com alguém sem a menor intenção de rolo, e então, sem mais nem menos, passam a flertar um com o outro, o jogo da sedução começa. Ou você é amiga de um cara sem jamais passar pela cabeça ir além da amizade, mas um belo dia, do nada, pinta um clima, que confusão. Ou então você é apresentada a uma pessoa numa festa e se encanta à primeira vista, e a partir daí fica mentalizando estratagemas para um segundo encontro e, quem sabe, um terceiro e um quarto. Principalmente um quarto.
Bom, há várias maneiras de se iniciar um romance, mas enquanto o primeiro beijo não acontece, existe apenas uma intenção, uma possibilidade, um quem sabe. Olhares, telefonemas, torpedos, tudo isso não passa de aquecimento, e pode esfriar antes mesmo que aconteça alguma coisa. Que alguma coisa? Ora, do que estamos falando aqui, criatura? Do beijo!!!! Quem não se lembra do final de Cinema Paradiso? Nenhuma cena de sexo nos emocionaria daquele jeito.
O primeiro beijo de uma nova relação: quando será, e onde? Quando ele vier me deixar em casa? Dentro do cinema? No meio de um papo, inesperadamente? Ah, que cruel e excitante é esta vida. Aguardar pelo primeiro beijo, aquele beijo que vai atestar: sim, não era uma fantasia, ele estava mesmo a fim de mim todo este tempo, e eu, nem se fala. Se não estava, fiquei. O beijo, uau! O detonador de toda história de amor, ou de uma ilusão de amor, que seja.
Depois vinha o desenrolar dos acontecimentos, mas deixemos pra lá o depois. Não é importante. O que nos deixava ligadinhas era a expectativa do primeiro beijo, que valia por um carimbo, um atestado, um apito do juiz: começou, tá valendo. Então algo se iniciava.
Sou ficcionista, mas não a ponto de delirar. Era bem assim, crianças.

Medeiros, Martha. O Globo. 2006

O professor deve mediar um diálogo com o texto, propondo questões (oralmente ou por escrito) como:
1- Por que o texto lido pode ser considerad o uma crônica?
2- De que tema trata o texto?
3 -Que fato motivou a autora a escrever sobre esse tema?
4- Como a autora se posiciona diante do comportamento daqueles que “beijam todo mundo”, fato que a crônica vai comentar?


AULA 2Atividade 1
Propor uma leitura mais vertical do texto de Martha Medeiros, refletindo sobre o uso de expressões metafóricas e escolhas lexicais, a partir de questões como:

Martha Medeiros fala sobre o comportamento de sua geração, para a qual o “primeiro beijo” estava carregado de significados. O beijo era:
• “o grande astro de um encontro amoroso”
• “a confirmação de uma atração recíproca e personalizada;
• “o detonador de toda uma história de amor, ou de uma ilusão de amor;
• “ um carimbo, um atestado, um apito do juiz.”
Como você interpreta cada uma dessas metáforas?

Atividade 2
O professor deve também promover atividades de leitura que incluam procedimentos de análise da linguagem, os quais estão, certamente, associados à atividade interpretativa. Exemplo:
Considere a afirmação abaixo:
“Nem evolução, nem involução, apenas mais uma coisa que se dessacraliza diante dos nossos olhos.”

Procure explicar o significado das palavras negritadas, considerando seu processo de formação.

Atividade 3
Debate sobre o tema. Os alunos podem opinar sobre o posicionamento da autora que parece dirigir-se aos mais jovens - “Sou ficcionista, mas não a ponto de delirar. Era bem assim, crianças.” – comparando o comportamento dessa geração com o da sua.
O professor deve organizar o debate estipulando tempo de fala bem como outras regras.

AULA 3
Atividade 1
Apresentar aos alunos o texto “O primeiro beijo”, de Clarice Lispector:
http://www.pensador.info/p/clarice_lispector_o_primeiro_beijo/1/  
Conversar com eles sobre a autora. Perguntar: se a conhecem; se já leram algum texto seu etc. Oferecer informações que motivem o contato com essa grande escritora da literatura brasileira.

Atividade 2
O professor deve mediar um diálogo com o texto, levando os alunos a observarem:
1- Que a narrativa de Clarice se organiza a partir de duas cenas (“O diálogo dos namorados”, parágrafos de 1 a 6, e “A história do primeiro beijo”, parágrafo 7 até o final.
2- Onde e quando ocorrem os fatos? Quem é o personagem principal dessa história?
Como esse personagem se sentia? O que acontece a esse personagem?
3 – As metáforas utilizadas no conto para traduzir a experiência da descoberta da sexualidade por um adolescente. A narrativa está repleta de metáforas, como esta que representa a experiência do beijo: “A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra”.

AULA 4

- Solicitar que os alunos comparem os textos observando semelhanças relativas à abordagem do tema.
- Propor que observem, em seguida, diferenças relativas ao gênero, estratégias discursivas e linguagem. Por exemplo: O texto de Martha Medeiros é uma crônica, publicada em um jornal, e que se estrutura a partir de um breve relato seguido de argumentação. O texto de Clarice é um conto que aborda de forma bastante poética a experiência do primeiro beijo.
- Discutir com os alunos a distinção entre texto literário e não-literário, valendo-se o texto de Clarice para destacar alguns traços distintivos da literatura: a plurissignificação, o implícito, as estratégias criativas de composição da narrativa, o uso estético da linguagem.

Recursos Complementares

Apresentar a grande escritora brasileira Clarice Lispector em entrevista, de 1977, na qual ela fala de literatura e, particularmente, de sua literatura.

http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zjQ5PSEOd1U&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=MQoVrxBsUZk&feature=related

Avaliação

O professor deve considerar as contribuições dos alunos durante a leitura dos textos.

Sugere-se também que o professor selecione outros contos ou crônicas e elabore uma atividade escita para verificar as habilidades de leitura dos gêneros trabalhados. 

Opinión de quien visitó

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Opiniones

  • Nordélia Neiva, Escola Municipal Teodoro Sampaio , Bahia - dijo:
    nordelianeiva@uol.com.br

    17/08/2012

    Cinco estrelas

    A aula sobre crônica e conto foi de grande utilidade para mim, visto que me auxíliou na realização de atividades com meus alunos. Professora de Língua Portuguesa, 9º ano.


Sem classificação.
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