23/04/2010
Claudia Helena Azevedo Alvarenga
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Instrumento Musical |
Educação Escolar Indígena | Artes | Arte, expressão e conhecimento |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Dança |
Ensino Médio | Artes | Dança: Canal |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Compreensão da música como produto cultural e histórico |
Ensino Médio | Artes | Música: Canal |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Canto |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Apreciação significativa em música: escuta, envolvimento e compreensão da linguagem musical |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Produção de Áudio e vídeo |
Ensino Médio | Artes | Música: Contextualização |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Composição e Arranjo |
Educação Escolar Indígena | Artes | Arte, patrimônio e identidade |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Regência |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Expressão e comunicação em música: improvisação, composição e interpretação |
Ensino Médio | Artes | Música: Estruturas morfológicas |
Ensino Médio | Artes | Música: Estruturas sintáticas |
Educação Escolar Indígena | Artes | Arte e pluralidade cultural |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Música: desenvolvimento da linguagem musical |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Dança: fazer, apreciar, contextualizar |
Educação Profissional | Produção Cultural e Design | Técnico em Documentação Musical |
Compreender a atividade musical como forma de expressão de uma cultura: suas contradições, sua história e sua identidade.
Compreender a importância do canto coletivo na cultura sul-africana, a especificidade do canto responsorial e os paralelos dessas manifestações na cultura brasileira e em outras culturas.
Desenvolver a prática da música em conjunto e as noções de pulsação e compasso.
Vivenciar essas manifestações através da canção “Tchotcholôsa” e dos movimentos corporais que a acompanham.
Nesta coleção de aulas os alunos aprenderão canções da África do Sul, a uma ou mais vozes, bem como acerca da história e dos aspectos sociais marcantes daquele país.
Noções de pulsação e compasso, bem como canto coletivo a mais de uma voz. Opcionalmente, leitura da grafia musical tradicional.
Tipo de canto coletivo onde uma voz (muitas vezes solista) “chama” a resposta das outras vozes, ou seja, uma voz entra com o motivo ou tema inicial e é seguida, pouco tempo depois, por uma resposta das outras vozes, geralmente, em imitação variada. É comum chamar a isto de um jogo musical de “perguntas e respostas”.
Na sua acepção litúrgica, considera-se que o canto responsorial tenha origem na tradição sinagogal judaica e que seja a forma mais antiga de canto da Igreja Católica. Nestes casos, trata-se geralmente de um Salmo cuja parte principal é cantada por um solista ou por um coro seguida, após cada versículo ou grupo de versículos, por uma resposta iterativa da assembléia. Na tradição católica o canto responsorial surge ligado ao canto gregoriano, mas sua influência musical se estendeu a outras manifestações do canto coral como cantatas e oratórios da música de concerto do período barroco e posteriores. Mais tarde passou a ser utilizado em óperas e em diversos estilos da música de concerto dos séculos XX e XXI.
O canto em estilo responsorial é muito comum em culturas africanas onde os grupos vocais possuem tradicionalmente um líder. Nestes casos, a estrutura responsorial é extremamente variada e o líder ou cantor principal tem uma função primordial na condução do discurso musical conduzindo, inclusive, a interpretação do grupo. Não fica muito clara a distinção entre a denominação responsorial ou antifonal para este tipo de manifestação musical, provavelmente pelo fato de que as classificações da nossa teoria musical baseiem-se mais nos modelos advindos da cultura centro-europeia.
A influência deste tipo de canto coletivo africano é clara na música Soul norte-americana onde o jogo de “perguntas e respostas” entre o cantor solista e o coro fica evidente. Esta influência se estendeu também à música das igrejas cristãs reformadas na América do Norte e, a partir daí, para a música de diversas denominações de igrejas cristãs da atualidade, em estilos da chamada “música gospel”.
No Brasil, existe a denominação etnográfica “Vissungo” para o canto responsorial praticado por escravos de origem africana que trabalhavam nas lavras de diamantes e ouro do estado de Minas Gerais. Essa música era entoada raramente em português, prevalecendo o uso de idiomas africanos de origem angolana.
Veja também a aula “Música – Canto coletivo na África do Sul (aula 01): Isicathamiya e o grupo Ladysmith Black Mambazo” para outras explorações do tema.
A canção “Tchotcholôsa” (esta grafia do título da canção foi abrasileirada, mas ela também é grafada como Tshotsholosa ou Shosholosa em diferentes sites e contextos de busca) é tradicional na África do Sul e muito conhecida e cantada no país, tendo inclusive se tornado o hino informal da sua seleção de futebol. É um canto de trabalho e a movimentação corporal (dança) que acompanha a canção muitas vezes imita movimentos de trabalhadores braçais, como os das linhas ferroviárias, uma vez que a letra da canção fala de um trem atravessando as montanhas (ver “Tradução da letra” abaixo). Sua execução musical é no estilo do canto responsorial (ver acima) e, na maioria das vezes, com uma voz solista e um coro a 4 vozes. Com a opressão sofrida pelos negros sul-africanos durante a vigência do Apartheid, canções como Tchotcholôsa se tornaram um forte meio de resistência cultural, sendo cantadas a cappella nas ruas, em festividades e em manifestações. Com o tempo, a canção passou a representar o orgulho, a dignidade e a busca pela liberdade do povo sul-africano, carregada pelas emoções dos trabalhadores que construíram o país, mesmo sob as injustiças do regime imposto por uma minoria. É impressionante a capacidade que o povo sul-africano tem de cantar a várias vozes espontaneamente e muitas vezes de forma improvisada. Uma partitura da canção pode ser encontrada no “Desenvolvimento da aula” e diferentes execuções dela nos links em “Recursos Complementares” abaixo.
Professor(a), prepare uma folha a ser distribuída a seus alunos com a letra da canção “Tchotcholôsa”. Esta folha está incluída no “Desenvolvimento da aula” abaixo, em uma grafia que procura abrasileirar a pronúncia das palavras em Zulu, acompanhada de uma tradução. Caso seus alunos dominem a leitura da grafia musical tradicional ou você queira trabalhar com eles aspectos da leitura, poderá incluir a partitura que também se encontra abaixo.
É importante salientar que, como a maioria das canções de uso corrente em uma cultura, “Tchotcholôsa” possui diferentes versões com pequenas variações na melodia (neste caso, também nas melodias de cada voz), sendo todas reconhecidas como a mesma canção, sem restrições, desde que seus elementos marcantes estejam presentes. A partitura aqui apresentada tenta se aproximar da versão mais conhecida da música e das vozes do coro (aquela que o autor desta aula aprendeu in loco e recolheu).
Professor(a) inicie a aula apresentando aos seus alunos a música “Tchotcholôsa”. Você pode fazê-lo a partir dos vídeos disponíveis em “Recursos Complementares” abaixo, a partir de uma gravação, cantando uma mistura de suas vozes sem abrir mão da voz principal ou misturando estes diferentes recursos.
Fale um pouco para seus alunos a respeito do canto responsorial e de como este funciona em “Tchotcholôsa”. Destaque o fato desta canção ter ganhado repercussão internacional por ter se tornado o hino informal da seleção de futebol sul-africana, mas que esta música representa, dentro da história sul-africana, um canto de orgulho, dignidade e liberdade. Destaque os aspectos que você julgar significativos acerca desse tema.
A seguir, explique aos alunos que a música é um canto de trabalho, ou seja, era originalmente cantada para acompanhar uma atividade laboral, auxiliando os trabalhadores a manterem um ritmo constante quando isso era necessário. Por esse motivo, é acompanhada de uma movimentação corporal que imita a dos trabalhadores. Como a letra fala de um trem que atravessa as montanhas rapidamente, essa movimentação é inspirada nos trabalhadores das linhas ferroviárias, cavando e movendo trilhos (veja o último vídeo da lista incluída em “Recursos Complementares” abaixo).
A tradução da letra mostra esses aspecto da canção:
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Em seguida, motive seus alunos a aprenderem o passo e a movimentação de braços que acompanham a canção. O passo consiste em uma marcação contínua com os pés, como em um caminhar sem sair do lugar onde o primeiro passo — à frente com o pé direito — deve soar mais forte que os outros. Através de perguntas, leve seus alunos a perceberem a relação deste passo e de sua marcação com a estrutura do compasso. Este procedimento pode ajudá-los a compreender melhor como funciona um compasso e a sentí-lo corporalmente.
Descrevendo o passo em etapas:
Posição inicial: parado com as pernas ligeiramente abertas.
O passo:
1º – pise com o pé direito à frente e levante o pé esquerdo atrás, sem sair do lugar.
2º – pise com o pé esquerdo, na posição em que ele estava, e levante o pé direito.
3º – pise com o pé direito atrás, na posição de início, e levante o pé esquerdo.
4º – pise com o pé esquerdo, enquanto levanta o pé direito para recomeçar o passo levando-o à frente.
Acompanhando as figuras você irá perceber que o pé direito vai à frente e atrás, e o pé esquerdo apenas pisa, sem sair do lugar. Este movimento deve causar quatro batidas sonoras dos pés, alternados, no chão. Como dito acima, a primeira, com o pé direito à frente, deve soar mais forte que as outras.
Transcrevendo isso para a grafia musical tradicional temos um compasso quaternário onde cada pisada equivale a uma semínima.
Na sequencia, tenha certeza de que seus alunos conseguem executar o passo corretamente e em andamento lento. Coloque-os em roda, todos olhando para o centro. Diga que você irá contar até quatro para que todos iniciem o passo juntos e no mesmo andamento. Lembre-os de marcar o primeiro passo à frente um pouco mais forte que os outros. Para isso, basta marcá-lo com força normal e aos outros um pouco mais suaves. Lembre-os de “Isicathamiya” estudada na aula anterior (Música – Canto coletivo na África do Sul (aula 01): Isicathamiya e o grupo Ladysmith Black Mambazo): os passos devem ter energia e vivacidade, mas serem ao mesmo tempo suaves, como que na ponta dos pés. Conte e inicie o passo em conjunto com eles. Deixe-os sentir a força dessa performance. Em grupos africanos o líder costuma dar alguns gritos enquanto o passo é marcado por todos, como: “— Ha!!” ou “— Hum!!”. [Você pode ver exemplos disso em alguns trechos dos vídeos indicados nos “Recursos Complementares” abaixo.]
Quando sentir que seus alunos estão cansados, pare e deixe-os descansar. Pare sempre que seja necessário descansar ou ajudar um aluno que não tenha dominado o movimento ou a precisão do ritmo, mas não deixe que as paradas quebrem o “clima” da performance. Assim que esta parte esteja dominada pela turma, acrescente a movimentação dos braços (veja para isso o último vídeo da lista incluída em “Recursos Complementares” abaixo), que pode ser como a de alguém que empurra os trilhos com uma haste pesada de metal para encaixá-los nos dormentes ou a de alguém que cava o chão com uma enxada. O golpe da enxada no chão é simultâneo ao passo mais forte do pé direito, seguindo-se o levantar dos braços por sobre a cabeça e a volta à frente para recomeçar com o golpe no chão e o pé direito à frente. Esse primeiro tempo do compasso da dança, obviamente, deve coincidir com o primeiro tempo do compasso na canção.
Agora que seus alunos já dominam a movimentação corporal, ensine-os a canção. A princípio você fará a voz principal e a turma fará o coro, mas nada impede que você escolha um ou mais alunos, alternados ou em conjunto, para cantar a voz principal. Caso não queira fazer o coro a 4 vozes, você pode fazê-lo em uníssono no Soprano ou apenas com Soprano e Baixo (os meninos adoram cantar o Baixo!). O Baixo é importante, por ajudar a manter e a marcar o ritmo da canção.
Você verá que, se todos aprenderem a melodia do Soprano, quando o Baixo for acrescentado, ficará mais fácil acrescentar as outras vozes, devido ao forte caráter de condução rítmica e harmônica dessa voz. Escolha para isso aqueles alunos que se mostram mais seguros ao cantar algo diferente do grupo. Todas as regras do bom canto coral aplicam-se aqui, como: ritmo preciso, afinação precisa, posição do grupo por naipes de vozes, uma regência clara, especialmente nas entradas, etc. No entanto, lembre-se de que a música ganha vida na interpretação e improvisação. Deixe que “Tchotcholôsa” espalhe sua energia na turma e em breve seus alunos não vão querer parar de cantar essa canção!
Ao terminar a aula, também como forma de levar seus alunos a um descanso e quebrar a agitação causada pela performance, junte-os em roda, sentados, e estimule um debate acerca do que foi abordado na aula. Procure perguntar, por exemplo:
- Se conhecem exemplos brasileiros de canto responsorial
- Se conhecem canções do seu entorno cultural que representam o orgulho, a dignidade, a liberdade e outras características do povo brasileiro ou de sua comunidade
- Como se sentiram ao cantar em coro e que sensação interna essa atividade coletiva causa
- Quais as manifestações de seu entorno cultural ou do Brasil que se assemelham em espírito ao canto coletivo em “Tchotcholôsa”
- Se a sonoridade de uma língua africana parece familiar e o porquê?
África do Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/África_do_sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_África_do_Sul
Apartheid
http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Mandela
http://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Biko
Um Grito de Liberdade (filme sobre o ativista Steve Biko, mártir da luta contra o sistema do Apartheid, com Denzel Washington no papel principal)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cry_Freedom
Tchotcholôsa (Shosholoza – página em inglês)
http://en.wikipedia.org/wiki/Shosholoza
Artigo sobre Tchotcholôsa como hino informal da seleção sul-africana de futebol
Aprendendo Tchotcholôsa (Shosholoza), voz por voz (Soprano, Contralto, Tenor e Baixo) e todas juntas
http://www.youtube.com/watch?v=keerMIYpyAw
Com muita animação, em duas situações diferentes
http://www.youtube.com/watch?v=WRtQGPvgdU8
Com o grupo Ladysmith Black Mambazo:
Modernizada (começa com um trecho de “Nkosi Sikelel’ iAfrika” e as imagens não se restringem à África do Sul)
http://www.youtube.com/watch?v=IszBOXGRe7w
e em um vídeoclipe que traz claramente a ligação entre a música e o esporte, neste caso o time de rugby (neste vídeo pode-se ver claramente o grupo executando os movimentos com os braços que lembram o trabalho na construção das linhas ferroviárias)
Os alunos serão capazes de:
- Compreender a especificidade do canto responsorial.
- Aprender a movimentação corporal que acompanha a canção “Tchotcholôsa”.
- Aprender a cantar a música “Tchotcholôsa” a uma ou mais vozes, acompanhando a voz principal.
- Debater acerca dos temas levantados pela aula e relacioná-los à sua própria realidade cultural e à cultura brasileira como um todo.
Cinco estrelas 4 calificaciones
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16/11/2010
Cinco estrelasmuito boa aula,estou fazendo uma gincana das nações e queria ter uma noção do hino da africa do sul.pois são 5 idiomas diferentes
11/11/2010
Cinco estrelasOtimo, adorei...
24/03/2010
Cinco estrelasexelente explicação
24/03/2010
Cinco estrelasadorei!