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Entre a "realidade" e a ficção: uma abordagem discursiva.

 

14/07/2010

Autor y Coautor(es)
Fabiane de OLiveira Braga Felício
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Cristia Miranda, Edna Maria Santana Magalhães

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: processos de interlocução
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Língua Portuguesa Aspectos cognitivo-conceituais: mundo, objetos, seres, fatos, fenômenos e suas inter-relações
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno, ao fim das aulas propostas, poderá aprender a:

- Reconhecer, identificar, produzir, através de alguns gêneros, textos ficcionais e não ficcionais.

- Identificar características da sociedade contemporânea, no que se refere, especificamente, ao domínio da esfera pública, à informação, ao voyeurismo bem como aos textos verbais e não-verbais.

- Entender e estabelecer alguns aspectos discursivos (no contexto de produção e recepção dos textos, das condições de produção, dos efeitos de sentido) nos textos que circulam socialmente e associar as características de macro-estrutura textual à composição de um gênero textual ficcional, ou não.

- Reconhecer, através desses gêneros, como também através da tipologia textual, aspectos de encontro e dispersão de textos ficcionais e não-ficionais, aspectos que, por sua vez, ajudam a construir a (inter) textualidade, inerente a qualquer texto.

- Perceber como se organiza o trânsito entre a realidade e ficção.

-Perceber como a sociedade atual, bem como suas características fundamentais , mobiliza aquilo que é do domínio público e aquilo que é do domínio privado.

- Reconhecer a diferença entre realidade e ficção, no que concerne, principalmente, à concepção de texto e construções que o mesmo permite, bem como opor essa mesma construção a outros sistemas semióticos tal como: cinema, publicidade, histórias em quadrinhos, charges, entre outros.

- Refletir sobre os aspectos conceituais de realidade e da ficção, a partir da sociedade do espetáculo, nos textos que lemos atualmente.

Duração das atividades
Cinco (05) a]ulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Professor, seus alunos precisam ter bem sistematizadas as noções de real e de ficcional/realidade e ficção/verossimilhança para atingir os objetivos desse tema-aula. Para isso, a primeira aula será focada na discussão do que eles entendem sobre esses termos e, a partir disso, desenvolver uma compreensão adequada para a realização das atividades.

Estratégias e recursos da aula

Discutindo noções de real e de ficção (uma aula de 50 minutos)
Professor, para atingir os objetivos desse tema-aula é necessário que você, primeiramente, busque uma concepção ampla, junto aos alunos, da definição dos termos realidade e ficção. Nesse sentido, sugiro que promova uma discussão entre os alunos, acerca dos conceitos desses dois termos. Inicialmente, você pode registrar os mesmos na lousa, ou no quadro negro, e pedir para que os alunos tentem defini-los.

Esta etapa é importante porque parte do princípio de que o aluno, ao definir todo e qualquer termo, cria um modelo de explicação para o real e, ao fazer isso, acaba iluminando o tema em discussão que, por sua vez, ajuda a construir, criticamente, um conceito que acaba por ampliar a capacidade cognitiva de entendimento do conceito. A partir das respostas que eles mesmos trarão, você utilizará alguns exemplos de textos (verbais ou não verbais), para que os classifiquem em ficcionais ou em não ficcionais.

Nesse momento, priorize alguns exemplos que pertençam ao conhecimento de mundo dos alunos. Traga para a sala exemplos de textos de cada domínio, de preferência, que você suponha que eles conheçam (charges, textos-ficcionais, tal como conto, cinema). Nessa etapa, faça-os rememorar o que acontece, principalmente, em termos de comunicação midiática: ou seja, os textos ficcionais e os textos não ficcionais possuem características comuns?

Como nos são transmitidas as notícias, os fatos do cotidiano? É possível um fato da realidade e noticiado em jornais/revistas se tornar um texto não ficcional? De que maneira um fato narrado, contado e (re) contado em forma de textos verbais constrói uma notícia de modo a transformá-la em "espetáculo"?

Nesse momento, professor, você pode dar exemplos do "conhecimento de mundo" prévio dos alunos: quais as histórias (ficcionais) que os mesmos conhecem, por exemplo, "Ali Babá e os quarenta ladrões", "Dom Quixote", "A Ilíada e a Odisséia" (esses exemplos podem partir de você, professor) e, a partir desses, outros que eles conheçam e que eles sabem foram reproduzidos nas telas do cinema/teatro. O objetivo é priorizar a intertextualidade entre textos (verbais e não verbais) de sistemas semióticos do mesmo domínio ficcional.

Nesse sentido, o objetivo é deixar claro, através dos exemplos e do conhecimento prévio dos alunos, que você explicite em suas aulas, a concepção da prática intertextual e dos conceitos acerca do que seja ficção. A partir desses conceitos, trabalhe os conceitos de não-ficção. O que poderia ser considerado um texto não-ficional?

Se preciso for, use exemplos de notícias de jornal e discuta com os alunos a forma como são apresentadas. Mostre a estrutura do jornal e suas narrativas. Parta de questionamentos a respeito do que seja o real a partir daqueles conceitos, estabelecidos por ele (aluno), a respeito do que não é real.Tente conduzi-los a conceberem tudo o que veem ou leem, como não-ficção. Para tanto, é necessário que você os leve a pensar que o real também é algo construído, mas que tem um compromisso com o factual e não com a imagina ção, como é o caso d os textos ficcionais . Traga exemplos de fatos que são abordado s, diferentemente, por diferentes suportes informativos.

Em seguida, trabalhe com a aproximação dos conceitos de realidade e ficção: seria possível existir textos , de diferentes suportes, nos quais os aspectos de realidade e ficção podem ser observados? Em quais gêneros eles aparecem com mais frequência? Em quais suportes? Informativos, escolares, etc.

A sociedade e seus mundos possíveis (duas aulas de 50 minutos cada)
Nesta etapa, primeiro apresente aos alunos o texto de Arnaldo Jabor: Deus e o Diabo na Tv. Distribua o texto e peçam para que façam uma primeira leitura em silêncio:

Deus e o Diabo na TV

"The news are bad, the ads are good". As notícias são péssimas, os comerciais são bons. Essa foi a fórmu la que MCLuhan utilizou para definir a nossa iconosfera televisiva autal. A notícia tem que ser ruim senão não vende. O comercial tem que ser feliz senão não vende. Cid Moreira chega a ficar com cara de sono quando tem que dar notícia boa.No noticiário, como nas leis da dramaturgia felicidade não dá filme ou peça de teatro. Reparem que depois do final feliz acaba a história.No delicioso mundo da publicidade, é o contrário : não pode haver uma ponta de angústia na tela senão não vende macarrão ou suco de tomate.E assim criam-se dois países diferentes na telinha da TV: o país irreal das tragédias e o país real da felicidade.No inferno das notícias reina o procedimento da não interpretação dos fatos, da equalizaçao dos acontecimentos. Assim uma gang que estupra uma menina é igual ao bombardeio da Sérvia e os mortos da Baixada e da Iuguslávia vão para a mesma vala. Não há seleção e nem sabe fazê-lo. Entao fatos isolados adquirem sinistra contiguidade, que torna mais surrealista o mundo da ficção do real. Não há seleçao e ninguém sabe como fazê-lo. Entao, fatos isolados adquirem sinistra contiguidade o que torna mais surrealista o mundo da ficção. Isto porque o mundo da Tv, une tudo, junta tudo.(...) Isso gera um novo ser, o video louco brasileiro, um paranóico mal informado, vivendo de pânicos e mentiras, de céus e de infernos, com uma sensação permanente de perda: perderá a vida a qualquer momento e perde a felicidade sempre, pois quase todos não têm como comprar a ventura anunciada nas margarinas. Não existe a família dos anúncios, o amor dos anúncios, Pamo não existe a tragédias e felicidades. Na TV o tempo é pavorosamente contraído numa vertigem diabólica e nossas casas são invadidas por Deus e o diabo. Vivemos variando do medo para a inveja, virando estranhos bichos de duas cabeças, sem acesso a nenhuma realidade." Arnaldo Jabor.

(Disponível em: http:http://www.paralerepensar.com.br/a_jabor.htm. Acesso em: 02/10/2009).

Para ilustrar a aula:

Referência: Jornal do Quino, disponível, também, em:

http://sizanay.multiply.com/photos/album/38/Cartoons_do_Quino#photo=23.jpg. [Acesso em 08/12/2009]

Ilustre o texto lido de, Arnaldo Jabor, chamando a atenção para aquilo que não foi explicitado no texto lido, mas que atrai a atenção do telespectador moderno: os reality-show que imbricam elementos da realidade e da ficção. Explore o que os elementos contidos no cartum de quinto podem expressar o que o texto diz a respeito daquilo que o telespectador gostaria de ver reproduzido na tela. Ilustre com os exemplos dos reality shows que são espécies de "novelas" da vida real. Nesse aspecto a charge trazz uma crítica contundente a esse tip o de sociedade, que gosta de ver-se reproduzida na tela, numa mistura de realidade e ficção?&n bsp;

A seguir, divida os alunos em grupo e peça-os, a partir do que foi sugerido no texto, que discutam o papel da informação e da publicidade na sociedade atual partindo de exe mplos que eles mesmo conheçam. Peçam, ainda, para qu e eles anotem as princi pais características encontradas no texto a respeito do noticiário e, posteriormente, da publicidade. Seguidamente, peçam para discutirem o papel da ficção e da não-ficção nesses dois formatos de textos midiáticos: o telejornal e a publicidade. Quais as características da não ficção no telejornal? Quais as características da ficção na publicidade? Quais as características do gênero (formato, co-enunciador, intencionalidade comunicativa) Peça que cada grupo eleja um redator e um relator. O primeiro deve anotar as contribuições dos colegas e o segundo apresentá-las para a turma.

Reúna os grupos novamente, faça, no quadro, ou na lousa, um quadro com duas c olunas: telejornais e publicidade. Vá anotando as respostas dos alunos e problematize, quando achar necessário, algum dos dados informados, fazendo com que os alunos argumentem sobre o tema. Feche a discussão, a partir das contribuiçõess dos grupos, destacando como os elementos apontados ilustram o que é ficção e não-ficção e como esses textos se organizam. Não se esqueça de apontar ou solicitar dos alunos as especificidades de leitores para um e outro texto.

Da ficção para não-ficção ( duas aulas de 50 minutos)
Ilustre essas aulas com o poema de Manuel Bandeira: Poema tirado de um a notícia de jornal : Disponível em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/manuel-bandeira/poema-tirado-de-uma-noticia-de-jornal.php [Acesso em 12/11/2009]

Discuta os aspectos da não-ficção no texto literário (não-ficcional). Explore os elementos intra-textuais contidos na narrativa do poema que traz um efeito de sentido aproximado das notícias: trabalhe os fatores relacionados à tragicidade, à economia de espaço do texto, à narração curta e aos fatos sendo narrados sem precisão, visando explorar a instantaneidade e o próprio impacto.

(Re)textualizar (DEFINA RETEXTUALIZAR) o poema em grupo, transformando-o em uma notícia, explorando aspectos visuais, verbais e não verbais, não presentes no texto. Aproveite para caracterizar as notícias e seus aspectos de organização textuais tal como os elementos da narrativa jornalística: o quê, como? onde?, quando? e por quê?,S elementos perifrásticos ( o título, as imagens, a fonte, autoria, suporte textual...)

Quais as características da não-ficção contidas no poema?

Apresente a música do Chico Buarque "Construção", disponibilizando o texto verbal e e a melodia.

Disponível em: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45124/. [Acesso em 12/11/2009]

Peça ao alunos para identificarem no texto os elementos narrativos que o aproximariam a uma notícia e os elementos narrativos que o aproximariam de um conto:

1. Quais os elementos não ficcionais que estariam presentes no texto?

2.Quais os elementos do texto que aproximaria o enredo, presente na narrativa, de um fato, capaz de compor, por exemplo, a primeira página do jornal?

3. Existem elementos trágicos explorados?

4. Qual a condição para que uma informação seja notícia?

5. O fato narrado poderia se tornar uma notícia de jornal? Por quê? Como isso se daria?

6. Seria possível tal fato ganhar uma instantaneidade e notoriedade nos veíc ulos midiáticos? Com o isso poderia ser feito? Que aspectos mais seriam evidenciados pelo público leitor?

7. Qual o perfil de leitor seria destinado essa notícia? Aponte os elementos que justificam sua resposta.

Nesta segunda etapa, proponha uma produção de texto (re-textualização)& nbsp;em que os alunos tenham que tran sformar a canção em u ma reportagem, supondo q ue o fato narrado na letra da música tenha sido algo do cotidiano de uma grande cidade, digno de ser recontado, em forma de notícia. Proponha a escolha de um determinado suporte informativo, explicando que esse suporte é o meio de veiculação e d e divulgação do texto produzido. Informe ainda sobre a necessidade de acrescentarem aos fatos narrados os elementos que o configurariam como uma reportagem (ou seja, adicionar os elementos que tornem um fato narrado em uma notícia).

Explique aos alunos que a reportagem oferece mais detalhes em relação à notícia e que, por isso, deve ter uma perspectiva e um olhar ampliado, como também detalhado, a respeito do fato (re)contado. Faça-os entender que os gêneros trabalhados partem de fatos fictícios, frutos da imaginação de seus autores, mas que poderiam ter acontecido e podem ainda terem sido inspirados em um fato corriqueiro. Isso faz com que os mesmos se a ssemelhem aos gêneros não-ficcionais que circulam, abundantemente, em nossa sociedade, tais como a notícia e a reportagem. ( Não precisa explicit ar o nome, mas trabalhe os aspectos da verossimilhança desses textos f iccionais com a realidade).

Faça-os produzirem os textos, agora, individualmente, e peça-os para se sentirem à vontade, ao criarem toda uma situação comunicativa em que seja possível a caracterização dos gêneros reportagem e notícia.

Não se esqueça de dar aos alunos tempo para a produção de várias versões dos textos, discutirem entre si e você deve estar atento/a para perceber que fatos linguísticos têm sido mais passíveis de erros e quais eles já dominam. A partir dessa observação, você organizará atividades onde as dificuldades possam ser sistematizadas e aprimorar o uso e a reflexão dos conteúdos que eles já dominam. A sua leitura dos textos produzidos deve ter o objetivo de diagnosticar a situação de leitura e de escrita dos seus alunos para definir estratégias de formação de leitores e produtores de textos competentes na/para a sociedade.

Recursos Complementares

Para ilustrar a aula : O Show de truman: http://www.youtube.com/watch?v=zBu9l_EKWVs&feature=related (O filme também poderá ser passado na íntegra).

Para saber mais:

LOPES, Emília Mendes. O conceito de ficcionalidade e sua relação com a Teoria da Semiolingüística. (in) MACHADO, Ida Lúcia, SANTOS, João Bosco Cabral dos, MENEZES, Willian Augusto (orgs). Movimentos de um percurso em análise do discurso.Belo Horizonte, Faculdade de Letras da UFMG, 2005.

Avaliação

Avalie, nos comentários das produções de texto, se eles souberam, primeiramente, definir os conceitos, textualmente identificados, a respeito da realidade e da ficção.

Após isso, a partir dos conceitos de real e de ficção, observar se na leitura e na retextualização dos textos estudados houve uma identificação dos elementos do mundo, real e do ficcional, nos gêneros trabalhados na produção de texto (notícia e reportagem).

Nesse aspecto, além dos elementos verificados e identificados nos textos estudados, avalie a capacidade do aluno de produzir, dentro de uma situação comunicativa proposta e numa dada situação (notícias e reportagens), se os alunos cumpriram os propósitos ( atendendo ao formato (narração), estruturação icônica do texto, no formato de narração e de reportagem).

Por fim, avalie se a estruturação do texto, levou em conta os aspectos estudados, tendo como propósito maior a (re)textualização, a (re)leitura e o trânsito entre o ficção para não-ficção, estando a produção de texto do aluno, no limiar entre eles.

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