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A variação linguística vista a partir de letras de música

 

07/07/2010

Autor y Coautor(es)
wendell de freitas amaral
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JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Análise linguística
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Avaliar o uso de variedades linguísticas e estilísticas em um texto, considerando a situação comunicativa e o gênero textual;

demonstrar uma atitude crítica e não preconceituosa em relação ao uso de variedades linguísticas e estilísticas;

valorizar as variedades do português brasileiro como elemento de identidade cultural.

Duração das atividades
2 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Estratégias e recursos da aula

1ª aula

Como primeira atividade, os alunos deverão buscar na internet a letra da canção "Assum Preto", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Após a pesquisa, eles poderão acompanhar a música em duas atividades simultâneas: a escuta da canção e a leitura da letra (disponível em: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/assum-preto.html).  

   

Tudo em vorta é só beleza                                                      

Sol de abril e a mata em frô                                                      

Mas assum preto cego dos zóio

Num vendo a luz ai, canta de dô                                                

Tarveis pur iguinorança

Ou mardade das pió

Furaro os zóio do assum preto

Pra ele assim ai, cantá mió

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

Atividade:

Após a primeira atividade, o professor pede para que os alunos se manifestem sobre o sentido do texto, debatendo sobre as seguintes questões:

a) De que ele trata?

b) As marcas de oralidade presentes na canção dificultam sua compreensão?

c) Quais os possíveis motivos apontados pelo eu lírico da cegueira do pássaro?                                                                                                                                       

                                                                                                                                                                                                                                                     

Professor, espera-se que os alunos respondam que as marcas da oralidade não dificultam a compreensão do texto e que percebam, sem ter dúvidas, que o texto refere-se a um pássaro que teve seus olhos furados, devido a uma crença popular de que assim seu canto soaria mais belo.

Em seguida, acompanhe a turma até o laboratório de informática e peça aos alunos para pesquisarem sobre a biografia de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Depois de concluída a pesquisa, pedir que formulem e registrem no caderno hipóteses sobre as possíveis causas da letra da música ter sido escrita com tal variante.

Sabendo que Humberto Teixeira foi compositor e parceiro de Luiz Gonzaga (ambos nordestinos) em muitas canções, e também advogado e deputado federal, conhecido por isso como "dotô do baião", os alunos perceberão que a letra não foi escrita por uma pessoa com pouca escolaridade, portanto, o compositor é um conhecedor da norma culta. A partir dessa conclusão, deverá estar claro para os estudantes que a letra objetiva um princípio estético, pois pretende-se com esse discurso uma aproximação com a variante falada pelos sertanejos (dialeto regional), além de possibilitar uma fluência na sonoridade dos versos baseada nos recursos rítmicos e nas rimas.

Para finalizar, peça aos alunos para transcreverem a letra na norma padrão, o que deixará explícita a limitação da "nova letra" quanto aos recursos estéticos citados acima.                              

                                                                                                                                                                                                                                                    

2ª aula

Para a segunda aula, a sugestão é que os alunos pesquisem a letra do "Samba do Arnesto", de Adoniran Barbosa (disponível em: http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/43968/)                                                                                                                       

O Arnesto nos convidô pr'um samba, ele mora no Brás

Nóis fumos não encontremos ninguém

Nóis vortemos com uma baita de uma reiva

Da outra vez nóis num vai mais

Nóis não semos tatu!

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas mais nóis não aceitemos

Isso não se faz, Arnesto, nóis não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na porta

Um recado assim ói:

"Ói, turma, num deu pra esperá

Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,

Assinado em cruz porque não sei escrever"

Arnesto.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

Música disponível para download em: http://www.4shared.com/audio/T3SQFxH3/Adoniran_Barbosa_-_O_Samba_Do_.htm 

Atividade:

Após a escuta da canção e leitura da letra, o professor pede aos alunos que expliquem o que mais lhes chamou a atenção na letra. Provavelmente irão falar do tom de humor e da linguagem que para muitos está "errada", dando exemplos como "fumos"; "semos"; "reiva"; "ponhado".

Para esclarecer o motivo de tal linguagem, o professor pede aos alunos que pesquisem sobre a biografia e a obra de Adoniran Barbosa, tal como seu contexto de produção. Eles então perceberão que, apesar de afirmações do próprio autor, como estas: "pra escrever uma boa letra de samba, a gente tem que ser, em primeiro lugar, anarfabeto", Adoniran escrevia as letras nessa variante linguística não porque era analfabeto, mas porque pretendia reproduzir em suas letras o linguajar da população não-escolarizada, além do português "macarrônico" dos imigrantes italianos e de seus descendentes, que viviam em bairros como os do Brás e do Bexiga, onde viveu também o autor, em São Paulo. Objetivo semelhante ao de Antônio de Alcântara Machado quando publicou o livro de contos "Brás, Bexiga e Barra Funda", em 1927. O protagonista da letra, Arnesto, é analfabeto como afirma: "Assinado em cruz porque não sei escrever". Por uma questão estética e por fidelidade à condição do personagem Arnesto, Adoniran cria o texto na variante social do falante não-escolarizado.

Portanto, ao final da aula, o objetivo será alcançado se os alunos perceberem o quanto é importante as variantes linguísticas, como nos exemplos (dialeto regional e dialeto social) para que o autor retrate, como um cronista, os diversos fatos narrados em suas letras e vividos por tais personagens típicos. Além disso, a aula pode contribuir para uma reflexão sobre o preconceito linguístico, quando certas variantes sociais são discriminadas em razão do privilégio de outras.

Recursos Complementares

http://www.samba-choro.com.br/artistas/adoniranbarbosa 

http://www.reidobaiao.com.br/luiz-gonzaga-jamais-ofuscou-humberto-teixeira 

http://acd.ufrj.br/~pead/tema01/variacao.html

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 2. ed.São Paulo: Cortez, 1997.

Avaliação

Para a avaliação, a sugestão é que o professor peça aos alunos que, em pequenos grupos, pesquisem e tragam para a sala de aula outras canções que sirvam de exemplo para demonstrar as diversas variantes da língua portuguesa. Em um seminário, eles poderão analisar as letras, sua construção estética, assim como seu contexto cultural e social, a fim de perceberem os objetivos comunicativos de tais canções.  

Opinión de quien visitó

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Opiniones

  • Jesana Amorim , Centro Educacional Jeovando Lopes de Almeida , Bahia - dijo:
    jesana100@yahoo.com.br

    15/04/2012

    Quatro estrelas

    O plano de aula promove conhecimento sobre a variação linguística possibilitando a valorização das diversas linguagens.


  • Natascha, fatec de são paulo , São Paulo - dijo:
    natascha-sp@uol.com.br

    21/02/2011

    Quatro estrelas

    muito bom o texto. me ajudou muito com meu trabalho.


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