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Sobre literatura de cordel

 

14/06/2010

Autor y Coautor(es)
LAZUITA GORETTI DE OLIVEIRA
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • reconhecer as características e origem da   literatura de cordel;
  • reconhecer palavras próprias de uma variedade linguística regional;
  • reconhecer as especificidades do texto poético;
  • identificar versos estrofes e refrão;
  • observar a regularidade métrica que confere ritmo a um texto poético;
  • ampliar o repertório lexical: conhecer e empregar adequadamente palavras  limitadas a certas condições histórico-sociais – regionalismos.  
Duração das atividades
04 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • saber distinguir linguagem denotativa e conotativa/figurada;
  • conhecer elementos da estrutura formal do  poema: estrofes, versos, rimas.
Estratégias e recursos da aula
  • utilização do laboratório de informática e sala de vídeo;
  • pesquisa em sites disponibilizados na internet;
  • atividades realizadas em grupo ou duplas de alunos.

Aula 01 (50 minutos)

Literatura de cordel é uma manifestação artística popular,  originalmente oral, passando mais tarde a ser impressa  em folhetos rústicos que eram expostos para venda em cordões, o que deu origem ao nome.  Suas raízes estão na cultura popular de base oral da Europa. É difundida principalmente no Nordeste, conta histórias tradicionais verdadeiras ou não que são transmitidas de geração a geração, por meio, principalmente dos cantadores de feiras. Os assuntos abordados na Literatura de Cordel são bastante variados: narrativas de guerra, de amor, de viagens, de fatos recentes e acontecimentos sociais, por exemplo. O poeta, acompanhado de uma viola, canta ou recita trechos de seus poemas, a fim de vendê-los.

Atividade 1.

1.Para iniciar a apresentação do tema aos alunos, o professor deverá levá-los ao laboratório de informática para assistir aos vídeos sobre Literatura de Cordel. Antes de assistirem ao vídeo, o professor deverá entregar cópia (xerox) do roteiro abaixo para os alunos. Eles deverão fazer uma leitura do roteiro antes para que possam assitir ao vídeo tendo em vista o que leram.

a. Literatura de Cordel:

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4  

http://www.youtube.com/watch?v=6OYZnVrBvhU&feature=related 

b. Literatura de Cordel – TV Globo – Antena Paulista 

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=c0WZsU647Fw&feature=related

2. Após a exibição do vídeo, o professor deverá conversar com os alunos a respeito do tema Literatura de Cordel utilizando o roteiro já entregue a eles.

a. O cordel é uma manifestação popular em forma de poema. O cordel é escrito para um ouvinte ou para um leitor? Por quê?

b. Cordel são pequenos folhetos com  textos  escritos em versos e nas capas há desenhos feitos em  xilogravuras. Você sabe o que é xilogravura?

c. Na estrutura do cordel, há regras, isto é, os  poemas apresentam metrificação, rimas?

d. Qual região do Brasil é um  campo fértil para a Literatura de Cordel?

Observação: As perguntas apresentadas servem como ponto de partida, pois uma vez estabelecido o processo de interlocução, possivelmente as indagações vão sendo ampliadas.

Aula 02 (50 minutos)

Atividade

1. O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para, em dupla,  pesquisarem sobre Literatura de Cordel, seguindo o roteiro seguinte:

a. Literatura de Cordel: conceito, origem e história.

b. Poeta cordelista: Patativa do Assaré

c. Métricas do cordel.

 d. Xilogravura de cordel.

Disponíveis nos sites:

http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/cordel/cordel.htm 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel 

http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/patati.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura  

Aula 03 (50 minutos)

Atividade

Para exemplificar as informações sobre cordel que os alunos obtiveram por meio da pesquisa, o professor deverá reproduzir (xerocar)  para eles o fragmento do poema “Abc do Nordeste flagelado” de Patativa do Assaré. A seguir, os alunos, em dupla, deverão responder às questões propostas.  

ABC do Nordeste flagelado

Patativa do Assaré

A - Ai, como é duro viver

nos Estados do Nordeste

quando o nosso Pai Celeste

não manda a nuvem chover.

É bem triste a gente ver

findar o mês de janeiro

depois findar fevereiro

e março também passar,

sem o inverno começar

no Nordeste brasileiro.

B — Berra o gado impaciente

reclamando o verde pasto,

desfigurado e arrasto,

com o olhar de penitente;

o fazendeiro, descrente,

um jeito não pode dar,

o sol ardente a queimar

e o vento forte soprando,

a gente fica pensando

que o mundo vai se acabar.

C — Caminhando pelo espaço,

como os trapos de um lençol,

pras bandas do pôr do sol,

as nuvens vão em fracasso:

aqui e ali um pedaço

vagando... sempre vagando,

quem estiver reparando

faz logo a comparação

de umas pastas de algodão

que o vento vai carregando.

D — De manhã, bem de manhã,

vem da montanha um agouro

de gargalhada e de choro

da feia e triste cauã:

um bando de ribançã

pelo espaço a se perder,

pra de fome não morrer,

vai atrás de outro lugar,

e ali só há de voltar,

um dia, quando chover.

E — Em tudo se vê mudança

quem repara vê até

que o camaleão que é

verde da cor da esperança,

com o flagelo que avança,

muda logo de feição.

O verde camaleão

perde a sua cor bonita

fica de forma esquisita

que causa admiração.

F — Foge o prazer da floresta

o bonito sabiá,

quando flagelo não há

cantando se manifesta.

Durante o inverno faz festa

gorjeando por esporte,

mas não chovendo é sem sorte,

fica sem graça e calado

o cantor mais afamado

dos passarinhos do norte.

G — Geme de dor, se aquebranta

 e dali desaparece,

 o sabiá só parece

que com a seca se encanta.

Se outro pássaro canta,

o coitado não responde;

ele vai não sei pra onde,

pois quando o inverno não vem

 com o desgosto que tem

 o pobrezinho se esconde.

[...]

Disponível em:

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=92002  

Sobre o texto

1. Na literatura de cordel, há dois tipos de poesia: obra feita - conta histórias populares, fatos históricos e descreve paisagem que são memorizadas pelos declamadores; o repente – versos feitos e ditos a partir de fatos momentâneos. O poema “Abc do Nordeste flagelado” é uma “obra feita” de Patativa do Assaré.

a. Identifique no poema as palavras cujo significado você desconhece. Essas palavras são específicas de que região do Brasil?

b. Que  paisagem está sendo descrita no poema? Justifique sua resposta

c. Nesse poema, Patativa do Assaré faz uma denúncia Social. Qual é essa denúncia?

d. Patativa  utiliza o abecedário para expor o triste  drama da seca vivido pelo sertanejo abecedário. Qual o efeito de sentido provocado por  essa escolha do autor?

e.  Um poema de cordel foi feito memorizado e  para ser recitado. Identifique no poema, marcas de oralidade que mostram  a ligação do poeta ao seu meio, às suas raízes.

f. Leia a primeira estrofe do poema. O ritmo é obtido por meio da regularidade das rimas e da métrica. Retome sua pesquisa e  veja quantas sílabas há em cada verso dessa estrofe.

g. Identifique, no poema, versos que revelam o desespero do eu-lírico com a situação do sertanejo.

h. [..] é muito triste o mistério

de uma seca no sertão;

 a gente tem impressão

que o mundo é um cemitério

Como você  interpreta os versos acima?

Aula 04 (50 minutos) 

Atividade

1. O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para assistir ao vídeo  com a música “Vaca Estrela e Boi Fubá” de Patativa do Assaré, na  voz de Raimundo Fagner.

Disponível no site:

http://www.youtube.com/watch?v=tvzzNyQhGow

2. O professor deverá reproduzir para os alunos a letra da música “Vaca estrela e Boi Fubá”  e o poema  “Cabra da peste”, ambos de autoria de Patativa do Assaré.

Vaca estrela e Boi Fubá

Seu dotô me dá licença

Pra minha história contá

Hoje eu tô na terra estranha

é bem triste o meu pená

Mas já fui muito feliz

Vivendo no meu lugá

Eu tinha cavalo bom

Gostava de campeá

E todo dia aboiava

Na porteira do currá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Eu sou fio do nordeste

Não nego o meu naturá

Mas uma seca medonha

Me tangeu de lápra cá

Lá eu tinha o meu gadinho

Não é bom nem imaginá

Minha linda vaca Estrela

E o meu belo boi Fubá

Quando era de tardezinha

Eu começava a aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Aquela seca medonha

Fez tudo se trapaiá

Não nasceu capim no campo

Para o gado sustentá

O sertão esturricô, fez os açude secá

Morreu minha vaca Estrela

Se acabou meu boi Fubá

Perdi tudo quanto eu tinha

Nunca mais pude aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Hoje nas terra do sul

Longe do torrão natá

Quando eu vejo em minha frente

Uma boiada passá

As água corre dos oios

Começo logo a chorá

Lembro minha vaca Estrela

E o meu lindo boi Fubá

Com sodade do nordeste

Dá vontade de aboiá

Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá

Disponível no site:

 http://vagalume.uol.com.br/fagner/vaca-estrela-e-boi-fuba.html  

Cabra da peste

Eu sou de uma terra que o povo padece

Mas nunca esmorece, procura vencê,

Da terra adorada, que a bela cabôca

De riso na boca zomba no sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome,

Olho pra fome e pergunto: o que há?

Eu sou brasilêro fio do Nordeste,

Sou cabra da peste,  sou do Ceará.

Tem munta beleza minha boa terra,

Derne o vale à serra, da serra ao sertão.

Por ela eu me acabo, dou a própria vida,

É terra querida do meu coração.  

Meu berço adorado tem bravo vaquêro

E tem jangadêro que domina o má.

Eu sou brasilêro fio do Nordeste,

Sou cabra da peste,  sou do Ceará.  

Ceará valente que foi munto franca

Ao guerrêro branco Soare Moreno,

Terra estremecida, terra predileta

Do grande poeta Juvená Galeno.

Sou dos verde mare da cô da esperança

Qua as água balança pra lá e pra cá.

Eu sou brasilêro fio do Nordeste,

Sou cabra da peste,  sou do Ceará.

Ninguém me desmente, pois é com certeza,

Quem qué vê beleza vem ao Cariri,

Minha terra amada pissui mais ainda,

A muié mais linda que tem no Brasí.  

Terra da jandaia, berço de Iracema,

Dona do poema de Zé de Alencá

Eu sou brasilêro fio do Nordeste,

Sou cabra da peste,  sou do Ceará

3.  A seguir, o professor deverá solicitar aos alunos que respondam em dupla as seguintes questões:

a. A literatura de cordel conta de maneira simples a vida do sertanejo, o amor, a liberdade, a natureza, o folclore, a política, religião, enfim, todas as manifestações importantes na vida do nordestino e da nação, em prosa e verso.

Quais desses aspectos podem ser observados nos textos “Vaca estrela e Boi Fubá” e “Cabra da peste”?  Comente.

b. Identifique o refrão presente nos dois textos. Qual a função dessa repetição no texto?

c. Compare os dois textos:  em que medida o autor contribui para a elaboração de uma imagem da identidade nordestina. Explique.

4. A dupla deverá escolher um dos textos  e prepará-lo  para recitar para colegas e professor(a), alternando as estrofes  entre eles e falando juntos o refrão. Devem atentar para o fato de que os autores, ou cordelistas, recitam os versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.       

Recursos Complementares

Para ampliar os conhecimentos sobre  Literatura de Cordel, o professor poderá apresentar aos alunos os vídeos seguintes:

1. O que é Literatura de Cordel:

Disponível no site:

http://www.youtube.com/watch?v=c0WZsU647Fw&feature=related   

2. Literatura de Cordel –Dácio Bicudo:  

Disponível no site:

http://www.youtube.com/watch?v=cSYyaKHCehE&feature=related 

3. O que é Literatura de Cordel – Música – Francisco Diniz:

Disponível no site:

http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/o_que_e_cordel.htm 

Avaliação

A literatura de cordel é cultura popular. Os versos de um poema de cordel estão sempre relatando acontecimentos, fatos políticos, artísticos, lendários, folclóricos ou pitorescos da vida como ela realmente é. Sua produção é simples como o povo e sua abrangência alcança todas as classes sociais, entretanto nem sempre é reconhecida e valorizada. Trabalhar o cordel em sala de aula é uma oportunidade para que este ramo da literatura popular tenha uma chance de aceitação e valorização; fazendo despertar o gosto pela preservação dos artistas e da cultura nordestina na escola.

O desempenho em relação a esse tópico, deverá ser por meio da resolução das atividades sobre os poemas de Patativa do Assaré:  "ABC do Nordeste flagelado", "Vaca estrela e Boi Fubá" e "Cabra da peste".  

Opinión de quien visitó

Quatro estrelas 7 calificaciones

  • Cinco estrelas 6/7 - 85,71%
  • Quatro estrelas 1/7 - 14,29%
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