14/06/2010
Eliana Dias
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos |
Aula 01 (50 minutos)
Literatura de cordel é uma manifestação artística popular, originalmente oral, passando mais tarde a ser impressa em folhetos rústicos que eram expostos para venda em cordões, o que deu origem ao nome. Suas raízes estão na cultura popular de base oral da Europa. É difundida principalmente no Nordeste, conta histórias tradicionais verdadeiras ou não que são transmitidas de geração a geração, por meio, principalmente dos cantadores de feiras. Os assuntos abordados na Literatura de Cordel são bastante variados: narrativas de guerra, de amor, de viagens, de fatos recentes e acontecimentos sociais, por exemplo. O poeta, acompanhado de uma viola, canta ou recita trechos de seus poemas, a fim de vendê-los.
Atividade 1.
1.Para iniciar a apresentação do tema aos alunos, o professor deverá levá-los ao laboratório de informática para assistir aos vídeos sobre Literatura de Cordel. Antes de assistirem ao vídeo, o professor deverá entregar cópia (xerox) do roteiro abaixo para os alunos. Eles deverão fazer uma leitura do roteiro antes para que possam assitir ao vídeo tendo em vista o que leram.
a. Literatura de Cordel:
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4
http://www.youtube.com/watch?v=6OYZnVrBvhU&feature=related
b. Literatura de Cordel – TV Globo – Antena Paulista
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=c0WZsU647Fw&feature=related
2. Após a exibição do vídeo, o professor deverá conversar com os alunos a respeito do tema Literatura de Cordel utilizando o roteiro já entregue a eles.
a. O cordel é uma manifestação popular em forma de poema. O cordel é escrito para um ouvinte ou para um leitor? Por quê?
b. Cordel são pequenos folhetos com textos escritos em versos e nas capas há desenhos feitos em xilogravuras. Você sabe o que é xilogravura?
c. Na estrutura do cordel, há regras, isto é, os poemas apresentam metrificação, rimas?
d. Qual região do Brasil é um campo fértil para a Literatura de Cordel?
Observação: As perguntas apresentadas servem como ponto de partida, pois uma vez estabelecido o processo de interlocução, possivelmente as indagações vão sendo ampliadas.
Aula 02 (50 minutos)
Atividade
1. O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para, em dupla, pesquisarem sobre Literatura de Cordel, seguindo o roteiro seguinte:
a. Literatura de Cordel: conceito, origem e história.
b. Poeta cordelista: Patativa do Assaré
c. Métricas do cordel.
d. Xilogravura de cordel.
Disponíveis nos sites:
http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/cordel/cordel.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel
http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/patati.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura
Aula 03 (50 minutos)
Atividade
Para exemplificar as informações sobre cordel que os alunos obtiveram por meio da pesquisa, o professor deverá reproduzir (xerocar) para eles o fragmento do poema “Abc do Nordeste flagelado” de Patativa do Assaré. A seguir, os alunos, em dupla, deverão responder às questões propostas.
ABC do Nordeste flagelado
Patativa do Assaré
A - Ai, como é duro viver
nos Estados do Nordeste
quando o nosso Pai Celeste
não manda a nuvem chover.
É bem triste a gente ver
findar o mês de janeiro
depois findar fevereiro
e março também passar,
sem o inverno começar
no Nordeste brasileiro.
B — Berra o gado impaciente
reclamando o verde pasto,
desfigurado e arrasto,
com o olhar de penitente;
o fazendeiro, descrente,
um jeito não pode dar,
o sol ardente a queimar
e o vento forte soprando,
a gente fica pensando
que o mundo vai se acabar.
C — Caminhando pelo espaço,
como os trapos de um lençol,
pras bandas do pôr do sol,
as nuvens vão em fracasso:
aqui e ali um pedaço
vagando... sempre vagando,
quem estiver reparando
faz logo a comparação
de umas pastas de algodão
que o vento vai carregando.
D — De manhã, bem de manhã,
vem da montanha um agouro
de gargalhada e de choro
da feia e triste cauã:
um bando de ribançã
pelo espaço a se perder,
pra de fome não morrer,
vai atrás de outro lugar,
e ali só há de voltar,
um dia, quando chover.
E — Em tudo se vê mudança
quem repara vê até
que o camaleão que é
verde da cor da esperança,
com o flagelo que avança,
muda logo de feição.
O verde camaleão
perde a sua cor bonita
fica de forma esquisita
que causa admiração.
F — Foge o prazer da floresta
o bonito sabiá,
quando flagelo não há
cantando se manifesta.
Durante o inverno faz festa
gorjeando por esporte,
mas não chovendo é sem sorte,
fica sem graça e calado
o cantor mais afamado
dos passarinhos do norte.
G — Geme de dor, se aquebranta
e dali desaparece,
o sabiá só parece
que com a seca se encanta.
Se outro pássaro canta,
o coitado não responde;
ele vai não sei pra onde,
pois quando o inverno não vem
com o desgosto que tem
o pobrezinho se esconde.
[...]
Disponível em:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=92002
Sobre o texto
1. Na literatura de cordel, há dois tipos de poesia: obra feita - conta histórias populares, fatos históricos e descreve paisagem que são memorizadas pelos declamadores; o repente – versos feitos e ditos a partir de fatos momentâneos. O poema “Abc do Nordeste flagelado” é uma “obra feita” de Patativa do Assaré.
a. Identifique no poema as palavras cujo significado você desconhece. Essas palavras são específicas de que região do Brasil?
b. Que paisagem está sendo descrita no poema? Justifique sua resposta
c. Nesse poema, Patativa do Assaré faz uma denúncia Social. Qual é essa denúncia?
d. Patativa utiliza o abecedário para expor o triste drama da seca vivido pelo sertanejo abecedário. Qual o efeito de sentido provocado por essa escolha do autor?
e. Um poema de cordel foi feito memorizado e para ser recitado. Identifique no poema, marcas de oralidade que mostram a ligação do poeta ao seu meio, às suas raízes.
f. Leia a primeira estrofe do poema. O ritmo é obtido por meio da regularidade das rimas e da métrica. Retome sua pesquisa e veja quantas sílabas há em cada verso dessa estrofe.
g. Identifique, no poema, versos que revelam o desespero do eu-lírico com a situação do sertanejo.
h. [..] é muito triste o mistério
de uma seca no sertão;
a gente tem impressão
que o mundo é um cemitério
Como você interpreta os versos acima?
Aula 04 (50 minutos)
Atividade
1. O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para assistir ao vídeo com a música “Vaca Estrela e Boi Fubá” de Patativa do Assaré, na voz de Raimundo Fagner.
Disponível no site:
http://www.youtube.com/watch?v=tvzzNyQhGow
2. O professor deverá reproduzir para os alunos a letra da música “Vaca estrela e Boi Fubá” e o poema “Cabra da peste”, ambos de autoria de Patativa do Assaré.
Vaca estrela e Boi Fubá
Seu dotô me dá licença
Pra minha história contá
Hoje eu tô na terra estranha
é bem triste o meu pená
Mas já fui muito feliz
Vivendo no meu lugá
Eu tinha cavalo bom
Gostava de campeá
E todo dia aboiava
Na porteira do currá
Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá
Eu sou fio do nordeste
Não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tangeu de lápra cá
Lá eu tinha o meu gadinho
Não é bom nem imaginá
Minha linda vaca Estrela
E o meu belo boi Fubá
Quando era de tardezinha
Eu começava a aboiá
Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá
Aquela seca medonha
Fez tudo se trapaiá
Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentá
O sertão esturricô, fez os açude secá
Morreu minha vaca Estrela
Se acabou meu boi Fubá
Perdi tudo quanto eu tinha
Nunca mais pude aboiá
Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá
Hoje nas terra do sul
Longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente
Uma boiada passá
As água corre dos oios
Começo logo a chorá
Lembro minha vaca Estrela
E o meu lindo boi Fubá
Com sodade do nordeste
Dá vontade de aboiá
Ê, vaca Estrela, ô, boi Fubá
Disponível no site:
http://vagalume.uol.com.br/fagner/vaca-estrela-e-boi-fuba.html
Cabra da peste
Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas nunca esmorece, procura vencê,
Da terra adorada, que a bela cabôca
De riso na boca zomba no sofrê.
Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho pra fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará.
Tem munta beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a própria vida,
É terra querida do meu coração.
Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará.
Ceará valente que foi munto franca
Ao guerrêro branco Soare Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.
Sou dos verde mare da cô da esperança
Qua as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará.
Ninguém me desmente, pois é com certeza,
Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem no Brasí.
Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencá
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará
3. A seguir, o professor deverá solicitar aos alunos que respondam em dupla as seguintes questões:
a. A literatura de cordel conta de maneira simples a vida do sertanejo, o amor, a liberdade, a natureza, o folclore, a política, religião, enfim, todas as manifestações importantes na vida do nordestino e da nação, em prosa e verso.
Quais desses aspectos podem ser observados nos textos “Vaca estrela e Boi Fubá” e “Cabra da peste”? Comente.
b. Identifique o refrão presente nos dois textos. Qual a função dessa repetição no texto?
c. Compare os dois textos: em que medida o autor contribui para a elaboração de uma imagem da identidade nordestina. Explique.
4. A dupla deverá escolher um dos textos e prepará-lo para recitar para colegas e professor(a), alternando as estrofes entre eles e falando juntos o refrão. Devem atentar para o fato de que os autores, ou cordelistas, recitam os versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
Para ampliar os conhecimentos sobre Literatura de Cordel, o professor poderá apresentar aos alunos os vídeos seguintes:
1. O que é Literatura de Cordel:
Disponível no site:
http://www.youtube.com/watch?v=c0WZsU647Fw&feature=related
2. Literatura de Cordel –Dácio Bicudo:
Disponível no site:
http://www.youtube.com/watch?v=cSYyaKHCehE&feature=related
3. O que é Literatura de Cordel – Música – Francisco Diniz:
Disponível no site:
http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/o_que_e_cordel.htm
A literatura de cordel é cultura popular. Os versos de um poema de cordel estão sempre relatando acontecimentos, fatos políticos, artísticos, lendários, folclóricos ou pitorescos da vida como ela realmente é. Sua produção é simples como o povo e sua abrangência alcança todas as classes sociais, entretanto nem sempre é reconhecida e valorizada. Trabalhar o cordel em sala de aula é uma oportunidade para que este ramo da literatura popular tenha uma chance de aceitação e valorização; fazendo despertar o gosto pela preservação dos artistas e da cultura nordestina na escola.
O desempenho em relação a esse tópico, deverá ser por meio da resolução das atividades sobre os poemas de Patativa do Assaré: "ABC do Nordeste flagelado", "Vaca estrela e Boi Fubá" e "Cabra da peste".
Quatro estrelas 7 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
30/08/2015
Cinco estrelasParabéns!! Vou utilizar sua proposta em minhas aulas! Obrigada!!!
03/02/2014
Cinco estrelasGostei muito do roteiro sugestivo da aula! Obrigada por compartilhar conosco, belíssima aula de Cordel!!!
05/09/2013
Cinco estrelasAula belíssima, rica em todos os aspectos
17/08/2011
Cinco estrelasfoii otimaa a aulaa
15/06/2011
Cinco estrelasAdorei a maneira como foi trabalhado o cordel
02/05/2011
Quatro estrelasMuito bom teu roteiro de aula.Como professora de literatura tenho pesquisado o cordel para relacionar com manifestações literárias populares gaúchas.Obrigada.
21/02/2011
Cinco estrelasAdorei. Matrial riquíssimo. Bastante didático.Parabéns!