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Título: Música – criação de canção: memória e cultura

 

29/07/2010

Autor y Coautor(es)
Leonardo Stefano Masquio
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RIO DE JANEIRO - RJ COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO

Claudia Helena Azevedo Alvarenga

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Médio Artes Música: Estruturas sintáticas
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Artes Música: desenvolvimento da linguagem musical
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Artes Música: Estruturas morfológicas
Ensino Médio Artes Música: Contextualização
Ensino Fundamental Final Artes Música: Compreensão da música como produto cultural e histórico
Ensino Fundamental Final Artes Música: Apreciação significativa em música: escuta, envolvimento e compreensão da linguagem musical
Ensino Fundamental Final Artes Música: Expressão e comunicação em música: improvisação, composição e interpretação
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Médio Artes Música: Canal
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Estudo da Sociedade e da Natureza Cultura e diversidade cultural
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Compreender a canção como linguagem e expressão de um pensamento
  • Produzir canções a partir da discussão do conto literário "E a brisa sopra" de Marina Colassanti
  • Ensaiar e apresentar a composição
Duração das atividades
1 aula de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Conhecimento musical informal
Estratégias e recursos da aula

         Caro(a) professor(a), nesta série de aulas abordaremos alguns dos aspectos pedagógicos envolvidos no processo coletivo de criação de canções em sala de aula. Por meio de recursos simples de autoconhecimento da voz e da comunicação cotidiana, é possível introduzir na prática musical dos alunos a criação de suas próprias canções.                            

         Da mesma maneira como a criança se permite riscar o papel em suas primeiras ‘garatujas’ e desenhos, acreditamos ser possível incentivar jovens e crianças a produzir e a organizar seus próprios sons cantados. Muitas vezes a cobrança por um ‘resultado’ prático, ‘bonito’ e condizente com os padrões identificados nos meios de comunicação, sabota um processo de descoberta do som, de possibilidade do erro, do esboço e do ‘brincar’. Compreendemos a canção como ‘brinquedo’, como uma estrutura com a qual desde cedo estamos acostumados, mas que pode ser desmontada, reinventada, experimentada. O percurso de descoberta é salutar para o desenvolvimento cognitivo e expressivo.                             

         Conceitualmente, propomos uma perspectiva de música contemporânea na abordagem da canção popular. Historicamente, a entrada dos compositores contemporâneos, como Schafer e Koellreutter, no campo da educação musical, contribuiu para uma ampliação do conceito de música ao considerar que qualquer som pode ser organizado com intencionalidade musical. No entanto, no Brasil,  esta abertura de pensamento, em geral, não faz parte do cotidiano musical do público não especializado que, na maioria das vezes, relaciona-se com música por meio da canção popular através de uma cultura de tradição oral e midiática, por exemplo: Tv aberta, rádios populares e comunitárias, internet etc. Para esta grande audiência, a canção é um dado, um objeto pronto, acabado, figurativo e dotado de padrões, ou seja, tudo aquilo que não se enquadra, não é ou não tem semelhança com o que é considerado tradicionalmente como música.                  

         Esta série de aulas tem por finalidade contribuir para uma compreensão crítica sobre as maneiras como a criança e o jovem de hoje se relacionam com música. Acreditamos que com isso podemos estimular uma relação com música para além da reprodução de um repertório já conhecido. Com este intuito, sugerimos que seja incentivado nas aulas de música o aproveitamento do conhecimento musical informal por meio de discussão, análise e transformação deste material.  Sem desconsiderar as especificidades técnicas e estéticas do fazer musical, a criação coletiva de canções, quando abordada em uma perspectiva crítica, é um instrumento provocador de insights e ‘leituras de mundo’.                  

         Afinal, como são compostas canções de funk, pagode, rap, bossa nova, mpb, pop, rock e outros gêneros populares? Como é possível compor um verso, um refrão, como o que ouvimos comumente em nossos ipods (mp3 player)? O que envolve este tipo de criação? Que características melódicas, rítmicas, poéticas, harmônicas e interpretativas, encontramos em cada estilo? Qualquer pessoa pode compor uma canção ou é algo destinado apenas a alguns poucos talentos iluminados? Qual o sentido de compor uma canção hoje? É relevante? O que pode expressar? É possível compor uma canção mesmo com pouco conhecimento técnico e recursos limitados?                            

         Nesta série de aulas propomos problematizar aspectos como estes e desafiar o professor a levantar outros tópicos para discussão com seus alunos. Ao esboçar respostas através de uma atividade prática de criação de canções, sugerimos aos educadores que reflitam sobre a necessidade constante de busca por uma ação musical significativa construída junto aos seus alunos.                            

         Para uma pesquisa inicial sobre canção e sua história, vide links 1, 2 e 3 em Recursos Complementares.       

  • Canção
  • O século da canção 
  • História Social da Música Popular Brasileira                

         Sobre práticas de criação em música, vide links 4 e 5 em Recursos Complementares.

  • Música na Educação Infantil
  • Koellreutter Educador

Atividade 1 - Uma história contada

         Professor(a), nesta aula proponha uma reflexão com os alunos sobre as possibilidades de conexão entre música, cultura e memória. Para instigar o grupo, apresente, como uma primeira atividade, a história "E a brisa sopra", que integra o livro "Contos de amor rasgado" de Marina Colassanti. 

         E A Brisa Sopra - http://www.letraselivros.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=409&Itemid=65  

         "Ao amanhecer, quando vindo do mar começava a soprar leve o vento, subia o rapaz no alto daquele prédio, e empinava a pipa amarela. Batendo o tênue corpo de papel contra as varetas, serpenteando a cauda, lá ficava ela no azul até que o final da tarde engolia a brisa, habilitando então a terra sobre o mar, e descendo o rapaz para a noite. Assim, repetia-se o fato todos os dias. Menos naquele em que, por doença ou sono, o rapaz não apareceu no alto do terraço. E a brisa da manhã começou a soprar. Mas não estando a âncora amarela presa ao céu, o edifício lentamente estremeceu, ondulou, aos poucos abandonando seus alicerces para deixar-se levar pelo vento". 

         Como apresentar a história?

         No intuito de buscarmos uma abordagem mais dinâmica, sugerimos que seja feita uma preparação prévia deste material. Esta etapa preliminar é importante para aprofundar as interpretações que o professor pode fazer da história e levantar possibilidades para além do texto original. Quando propomos ir além do texto, estamos nos referindo à necessidade de pesquisar maneiras mais eficientes de comunicá-lo coletivamente. Por exemplo, poderíamos optar por uma leitura em voz alta. Esta é uma experiência que não deixa de ser válida, mas como podemos compreender mais de perto os processos de atenção e apreensão de ideias pelos alunos? Neste sentido, a leitura simples pode não ser suficiente para uma comunicação significativa dos conceitos tratados pela história. Nem mesmo respeitar as palavras exatas do texto significa garantia de que elas serão compreendidas ou apropriadas pela percepção dos alunos.

         O que propomos é investigar maneiras de tornar o contato do estudante com o texto mais instigante, prazeroso, expressivo e "musical". Ao contar uma história, os sons que produzimos com as palavras, o sussurro, a surpresa, a dúvida, as reações da plateia são uma música que pode ser aproveitada para que de fato esta história aconteça viva, diante dos olhos participantes da turma. E de que maneira isso se dá? Podemos montar mentalmente um ´roteiro´ da história, estruturando os acontecimentos em partes. Nesta ´roteirização´, pensamos adaptações, inserções da plateia, momentos, tempos que permitam maior fluidez e alcance dos conceitos.

         Exemplificando:

         Fala 1: "Quem ao acordar já sentiu a brisa soprar no rosto? Lembram da sensação? Alguém pode me mostrar que som esta brisa faz? ssss". Este som pode ser ampliado ao coletivo. Isto reforça a imagem inicial que se pretende construir. Busque aprimorar o som. Não muita ênfase, mas sim, suavidade e leveza. Assim, soprava a brisa.

         Fala 2: "Era precisamente isto que aquele rapaz sentia. E ao soprar a brisa logo pela manhã, gostava de subir ao alto daquele prédio e ...". Neste ponto é interessante inserir um elemento corporal à narrativa. Experimente um movimento simulando alguém lançando uma pipa aos céus e manejando sua linha. Os alunos logo reconhecerão e dirão: soltar pipa! Subverta a percepção deles dizendo: "Exatamente! O homem subia ao alto do prédio e lançava a sua ... âncora!". Os alunos provavelmente protestarão. Dirão que trata-se apenas de uma pipa. E perguntarão: "O que uma âncora tem a ver"?

         Fala 3: "Para que serve uma âncora de navio?" - instigue até os alunos chegarem à resposta: "Para mantê-lo preso ao cais".

         Brinque com suas percepções e quebre a expectativa:

         Fala 4: "O que estaria fazendo aquele homem com uma..." (gestos de soltar pipa)

         - "Âncora!" (respondem os alunos)

         - "Isso! Uma pipa bem amarela mergulhada no céu?"

         Perceba como as imagens poéticas podem ser reinterpretadas, reforçadas, questionadas desta maneira. Uma história deve ser um espaço para a reflexão e também para o riso, o sentimento, a emoção. Veja a história sendo contada nos olhos dos alunos e vivencie com eles. O objetivo não é desenvolver um texto com falas prontas. O que se pretente demonstrar é que diversos roteiros podem ser criados pelo professor partindo-se de uma mesma história. O importante é que se tenha clareza dos momentos e da ideia central que precisa ser contada em cada parte e, em seguida, que se pesquisem recursos expressivos que incluam a participação da plateia.

         A seguir, apresentamos um exemplo de roteiro mais geral e bem resumido com as ideias principais da história:

  1. O sopro da brisa - simular o vento com os alunos.
  2. Caracterização de uma personagem que sempre que a brisa soprava ia ao alto do prédio soltar pipa.
  3. Metáfora da pipa e da âncora.
  4. Repetição diária da ação do rapaz - Que efeito poderia simular a passagem do tempo?
  5. Um dia o rapaz por motivo desconhecido não aparece mais.
  6. O prédio, tendo perdido sua âncora, gradualmente desprende-se de seus alicerces e voa ao sabor da brisa.
  7. Discussão a respeito do sentido geral da história.

         Repare que a sequência dos fatos está presente, podendo ser mais ou menos detalhada. Cabe ao intérprete, roteirizar a seu modo, reinventar a história acrescentando detalhes e desenvolvendo cada momento.

         Para a criação do roteiro e suas possíveis soluções devem ser consideradas a faixa etária dos alunos e a inclusão de elementos próximos de seu universo cultural (um prédio da região em que vivem, por exemplo, ou o próprio prédio da escola). Após a realização da história, estimule o grupo a pesquisá-la em seu formato de texto original. Indique autor e fontes.

         Uma das melhores formas de memorizar uma história é partilhar com alguém. Proponha esta iniciativa aos alunos.        

         Esta pequena história pode ser lida como uma metáfora da ideia de cultura e de memória. Afinal, o que de fato mantinha o prédio preso em seus alicerces? O que o legitima e dá vida? Será sua estrutura física e material? Será a presença do rapaz e sua âncora/pipa/imaginário? Será sua ausência, seguida do voo do prédio? Este voo representa a perda de seu testemunho enquanto história? O ato de soltar pipa pode ser considerado um patrimônio cultural? Discuta estas questões com os alunos e enriqueça a atividade com suas leituras.

                 

Atividade 2 - Uma história cantada     

         Professor(a), agora apresente e cante com os alunos a canção Eduardo e Mônica de Renato Russo:

         Dica: para o canto coletivo proponha alternar entre os grupos de meninos e meninas as partes da história que dizem respeito a um ou outro personagem. Por exemplo:

        - meninas: Ela fazia Medicina e falava alemão.

        - meninos: E ele ainda nas aulinhas de inglês.

         Promova uma análise com os alunos e um debate sobre como a música exemplificada também constitui uma narrativa. Da mesma maneira que, ao contar um conto, podemos extrair música das inflexões vocais e das reações sonoras da plateia, ao cantarmos uma canção também podemos contar uma história. Em Eduardo e Mônica, o autor trabalha com dois personagens bem definidos em suas diferentes características, contrastantes no modo de vida, idade e gostos, mas ao mesmo tempo, complementares.

         A música começa com uma pergunta: "Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?". Este questionamento inicial é seguido de uma descrição rica em detalhes do cotidiano dos personagens. Fale sobre palavras encontradas na letra ou referências que podem não ser conhecidas pelos alunos. Estimule as perguntas e a curiosidade.

         O arranjo apresenta ainda instrumentação (violão, baixo eletro-acústico, pandeirola) e acompanhamento rítmico identificado com o gênero "folk", constituindo a base de apoio para o desenrolar da narrativa.

         A seguir, apresentamos algumas sugestões para condução do debate com os alunos:

  • O que chama a atenção quando ouvimos a canção "Eduardo e Mônica"?     
  • Há alguma relação entre esta canção e a história "E a brisa sopra" contada anteriormente?
  • Alguém conhece mais alguma música que conte uma história? Discuta que mesmo que a música não tenha um formato de texto narrativo, algum tema pode ser extraído dela.
  • Existiriam outras formas de tratar o mesmo assunto?
  • Há diferenças entre uma história contada e uma canção? Quais? Há semelhanças? Quais?
  • O que é necessário para a elaboração de uma história? E para a elaboração de uma canção?
  • Provoque uma revisão de conceitos e gostos. O que faz de uma história uma boa história? De uma canção uma boa canção? Discuta e problematize.

       

Atividade 3

        Oriente os alunos a criarem suas próprias histórias e desafie-os a contá-las utilizando a linguagem da canção. Para esta atividade propomos as seguintes tarefas:

  1. Peça aos alunos que se dividam em grupos de 4 a 6 pessoas.
  2. Proponha que decidam o tema, o título e personagens, e escrevam a história (no máximo 10 linhas).
  3. Sobre a história criada, estimule os alunos a roteirizarem da forma como foi apresentado na Atividade 1, com uma ideia geral da história organizada em momentos.
  4. Desafie-os a pesquisarem uma forma musical de contar a história.

         Quando dizemos ´musical´, neste caso, deixamos os alunos livres para contarem a história falando e inserindo participações da plateia ou para acrescentarem momentos cantados ou, apenas, com um texto cantado do início ao fim. Comente sobre estas possibilidades e deixe que façam suas escolhas. Modificações no texto original podem ser realizadas à vontade, contanto que se mantenha clara a ideia que deve ser contada.

         Instigue os alunos a organizarem sua história para que seja apresentada à turma. Peça uma revisão do projeto de cada grupo e auxilie-os a estabelecer papéis sobre o que cada um fará.              

        Durante os ensaios pode ser interessante que os alunos ocupem outros espaços, salas vazias para obterem maior concentração. Incentive que associem gestos, danças, movimentos na apresentação. Oriente os grupos a distribuírem tarefas entre si e a perceberem como este tipo de atividade privilegia a heterogeneidade na maneira de aprender e produzir. É comum os alunos demonstrarem múltiplas habilidades ao longo do processo, como: liderança, capacidade de organização, criatividade, senso crítico. Enfatize que as diferenças devem ser canalizadas para a soma e a construção em conjunto.         

         No momento da apresentação, sugerimos que seja construído um ambiente de respeito mútuo entre os colegas que estão mostrando suas produções. É importante que em meio a energia caótica da criação os alunos possam se ouvir, ter voz para apresentar suas opiniões e observar o momento da expressão de cada pessoa. Críticas exageradas ou baseadas em ideias de senso comum pré-concebidas devem ser discutidas no momento em que ocorrem. Estimule o comentário construtivo: O que pode melhorar neste trabalho? Que sugestão eu tenho? Como proponho resolver os problemas observados? Se eu fosse deste grupo, como colaboraria com a atividade?

Recursos Complementares
Avaliação

       Ao final da atividade, observe se os alunos atingiram os objetivos propostos. Avalie:                          

         1. Conseguiram discutir e expressar suas interpretações a respeito da história?                

         2. Produziram canções a partir da criação de suas próprias histórias?             

         3. Ensaiaram e apresentaram as canções compostas com desenvoltura? As composições desenvolveram bem os temas?                 

         4. Os alunos conseguiram discutir em conjunto a composição e tomar decisões em grupo? 

         5. Demonstraram interesse e motivação ao longo das atividades?

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