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O Gênero Debate

 

18/11/2010

Autor y Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Cristina Weitzel

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O objetivo desta aula é levar o aluno a perceber a estrutura argumentativa/contra-argumentativa do gênero debate, bem como verificar sua compreensão quanto à organização dos argumentos, ressaltando a importância da exposição e do respeito às diversas opiniões e praticando a oralidade.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura escrita e identificação dos elementos do domínio do argumentar (tese, argumentação, etc.)

Estratégias e recursos da aula

Aula 1

A)    Professor, é pertinente apresentar aos alunos um texto argumentativo para que observem a sua estrutura. Assim sendo, propomos o estudo do texto abaixo. Providencie uma cópia do texto e dos exercícios para os alunos.

Antes de partir para a leitura do texto, você deve ativar o possível conhecimento prévio dos alunos quanto ao tema do texto proposto, com o intuito de sensibilizá-los para discussão sobre tal tema. Para isso, faça perguntas oralmente, tais como: “A universidade pública é hoje tema de várias discussões. Quais discussões vocês já ouviram a respeito dela?”.

Texto 1

Contra a gratuidade nas universidades públicas

Gustavo Ioschpe – Economista, especialista em educação – Veja on line

A ideia de acabar com a gratuidade de universidades públicas no Brasil costuma "despertar os instintos mais primitivos" de alguns leitores, de forma que a pausa para a reflexão é sempre necessária (pelo menos como prelúdio ao destampatório).

Proponho aos opositores da ideia um exercício mental: suponha que você está criando o sistema universitário de um país hipotético com as mesmas características do Brasil. Nele, os ricos cursariam as universidades públicas sem pagar por isso? Por quê? Ainda não ouvi resposta convincente a essa indagação.

Deixando de lado a imaginação e falando sobre o Brasil real, a oposição ao fim da gratuidade vem, normalmente, de duas fontes: a, digamos, legalística e a utilitarista.

A lei deveria ser assim?

A legalística diz: ora, o ensino deve ser gratuito para todos pois está na Constituição e é, portanto, direito assegurado a todos os brasileiros, incluindo os ricos. Essas pessoas parecem falar da nossa Constituição como se fosse édito divino - pleno de sabedoria e imutável. Eu, particularmente, acho que a nossa Constituição de 1988 é como aquelas teses de doutorado que viram alvo de piada: tem coisas boas e originais, só que o que é bom não é original, e o que é original não é bom. Nesta última categoria, eu enquadraria os artigos que versam sobre a gratuidade do ensino público em todos os níveis e a indissociabilidade de ensino e pesquisa. Fora do campo das opiniões e julgamentos de valor, porém, há a constatação factual: a Constituição é uma criação da sociedade, expressa por seus representantes eleitos, não tendo, portanto, nada de imutável ou infalível. Dizer que algo tem de ser feito porque está na lei só remete a pergunta a um nível superior: a lei deveria ser assim? Minha resposta é negativa. Acredito que a lei deva ser mudada, mesmo que, nesse caso, estejamos falando de algo complicado, que requereria uma emenda constitucional. O óbice legal, portanto, inexiste.

 Temos então o argumento utilitarista, que diz algo como "eu pago todos os impostos, que são absolutamente exagerados no Brasil, e não recebo nada em troca em termos de serviços públicos. O mínimo que tem de ser feito, portanto, é manter a gratuidade das universidades públicas, que é o único mecanismo que o Estado tem de ressarcir sua dívida para com os cidadãos que pagam impostos".

Vamos por partes.

• Em primeiro lugar, a carga tributária brasileira é, sim, abusiva, e deveria ser diminuída. O fato de que há impostos demais, porém, não significa que também não haja isenções indevidas. A gratuidade das universidades para alunos ricos é uma dessas isenções indevidas. Deve ser combatida, ao mesmo tempo em que se combate também o peso da carga tributária.

• Em segundo lugar, não é verdade que o Estado brasileiro não oferece nenhum serviço público, mesmo às camadas mais ricas da população. Defesa nacional, segurança pública, pavimentação e sinalização de ruas e avenidas, sistema judiciário - essas são áreas, dentre muitas outras, em que o Estado provê serviços públicos mesmo aos mais ricos. São deficientes? Sim. Deveriam ser melhores? Sim. Mas por pior que seja a nossa polícia e o nosso judiciário, por exemplo, a vida seria infinitamente pior, pra não dizer impossível, sem eles. Novamente, precisamos batalhar pela melhoria desses serviços, mas ao mesmo tempo reconhecendo que há, sim, muito que já é feito atualmente.

• Em terceiro lugar, a relação financeira entre cidadão e Estado, especialmente em um regime democrático, não é um balcão de negócios onde dá-se de um lado e retira-se do outro. Acredito haver na sociedade brasileira uma maioria favorável à redistribuição de renda, e a principal ferramenta para se atingir esse objetivo é através da taxação progressiva: quanto mais rico, mais imposto o sujeito paga, e esse imposto é distribuído de forma prioritária às parcelas mais pobres da sociedade. É absolutamente normal, portanto, que uma pessoa de posses pague mais em imposto de renda do que recebe em serviços diretos do governo. É claro que aí há uma questão política, e não técnica, que é em que ponto da escala a transferência se dará: se 95% dos impostos irão para os pobres, 80%, 70% etc. Mas que a maioria deveria chegar aos mais pobres e que, portanto, os ricos pagarão mais do que recebem diretamente, é consenso praticamente universal.

A via do crédito educativo

Mesmo que os ricos sintam-se injustiçados com o quinhão que os cabe, acredito que o ensino universitário é um dos últimos lugares que essa compensação deveria ser buscada, pois diferentemente de grande parte dos gastos públicos, o dispêndio em educação universitária é um investimento, que dará ao seu recipiente vultosos retornos. Estudo de alguns anos atrás (paper de Blom et al 2001) demonstra que os portadores de diplomas universitários no Brasil têm salários 814% maiores do que aqueles sem instrução nenhuma, 2,5 vezes mais do que aqueles com diploma de ensino secundário e o retorno a um ano de ensino superior está em torno de 20% - ou seja, a cada ano adicional de ensino superior, o salário do sujeito é, em média, 20% maior do que a pessoa que não cursou aquele ano. De forma que qualquer pessoa, mesmo aquela com poucas posses, deveria poder contrair dívidas, via crédito educativo, para custear os seus estudos, na ciência de que os retornos salariais daquele investimento seriam mais do que suficientes para cobrir qualquer empréstimo razoável. Imagine então quando falamos de pessoas de classe alta, cujo empréstimo vem de seus pais... Melhor seria, então, exigir que a contrapartida do poder público viesse através de melhorias nos serviços em que o Estado detém o monopólio e que não auferem aos cidadãos ricos vantagens ainda maiores para perpetuar seu privilégio ad eternum.

Texto disponível no link:  http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/index_051007.shtml

B)    Peça que um aluno leia o texto em voz alta com a finalidade de promover um momento de atenção coletiva ao texto.   

C) Após a leitura, inicie a análise do texto, buscando extrair dos alunos informações a respeito da estrutura, tais como: qual é o gênero, o tipo de texto (argumentação/contra-argumentação), como eles chegaram a essa conclusão; tese, argumentos que fundamentam a tese defendida e a tese contestada pelo autor etc; identificação dessa estrutura no texto.

Para a realização da análise acima, entregue aos alunos uma lista com as perguntas abaixo, que devem ser discutidas oralmente, visando a construção de respostas em conjunto:

1)     Na sua opinião, qual é o objetivo comunicativo do texto? Em qual gênero textual ele se enquadra?

2)   Qual o público alvo do texto?

3) Qual é a tese de Gustavo Ioschpe? Onde ela pode ser identificada?

4) E a tese contestada por ele?

5) Quais são os argumentos que embasam a tese contestada por Gustavo Ioschpe?

6) Quais argumentos o autor utiliza para contestar os argumentos  anteriores?

7) O que o autor pretende com as perguntas que ele chama de exercício mental?

8) Os marcadores “em primeiro lugar”, em “segundo lugar” e “em terceiro lugar” possuem qual função no discurso?

9) Relacione o tópico “A via do crédito educativo” com a questão da privatização das universidades públicas.

10)Você acha que Gustavo Ioschpe  usou argumentos capazes de defender sua tese, isto é, o propósito comunicativo do texto foi alcançado?

D) Para finalizar a aula, proponha a reflexão sobre a estrutura argumentativa e os usos linguísticos a partir da afirmação de Dóris de Arruda Carneiro da Cunha: “O artigo de opinião é constituído de outros discursos sobre os fatos comentados e antecipações das objeções do leitor, para fazer aderir ao seu ponto de vista e para criticar os outros com os quais mantém uma relação de conflito” (DIONISIO, BEZERRA, MACHADO, 2002). Pergunte se concordam que o texto lido está de acordo com a colocação de Cunha, visando melhor entendimento e fixação do tipo textual em questão.

Aula 2   

E) Comece esta aula retomando o assunto da aula anterior (argumentação), ressaltando a importância de todos terem uma opinião sobre determinado assunto e saberem expor tal opinião e defendê-la.   

Ressalte que além do texto escrito, utilizamos muito o texto oral para expor e defender nossas opiniões nas diversas situações do dia a dia. Ilustre com algumas situações corriqueiras como: ao convencer os pais de autorizarem as saídas nos fins de semana, eles expõem e defendem suas opiniões, o porquê de quererem ir a tal lugar, o porquê de os pais não precisarem se preocupar, o porquê de merecerem a autorização, etc.   

Pergunte se algum aluno já assistiu a um debate sobre determinado assunto, o que achou e se sabe a estrutura de tal gênero oral.   

F) Baixe os vídeos abaixo ( Blocos 1, 2 e 4) e exiba-os em datashow  para os alunos. Peça que prestem bastante atenção e diga que fará perguntas logo após a exibição.   

Link para baixar:  http://mtv.uol.com.br/debate/naintegra/0203-internet-liberar-ou-controlar 

OBS: as perguntas devem ser respondidas oralmente pelos alunos. Estimule a turma para que todos participem, respeitando os turnos de fala dos colegas.   

G) Após assistirem ao vídeo, faça perguntas como: Lobão é o apresentador do programa. Que papel ele assume no debate? / As opiniões apresentadas foram iguais? Dê exemplos. / Qual a intenção dos debatedores? / Os debatedores respeitaram a vez de falar do outro? / Qual a consequência disso? / E as opiniões divergentes, foram respeitadas ou recriminadas?   

H) Após responderem oralmente as perguntas acima, construa  com os alunos uma ficha das características do debate oral.

Veja as ideias abaixo:         

Tipo textual:

Objetivo:  

Participantes e papel desses no debate:

Linguagem:

Algumas expressões utilizadas pelos debatedores:

Recursos Complementares

Recomendamos acessar o link:  

http://www.scielo.br/pdf/delta/v25n1/a02v25n1.pdf  

Avaliação

Divida a turma em dois grupos e proponha que elaborem um debate para desenvolver  com a turma em data marcada por você. Escolha um tema com os alunos e divida os participante que defenderão (em torno de 6), os que serão contra (em torno de 6), um mediador, um juiz e a plateia. É importante que os alunos escolham livremente a posição que irão tomar.

Esclareça que eles devem pesquisar sobre o tema, para que apresentem bons argumentos. Seguem algumas sugestões de temas:   

 O aborto deve ser legalizado no Brasil?

 A descriminalização do uso das drogas no Brasil resolveria o problema do tráfico?

 É possível salvar o Planeta do aquecimento global?

 Aumentar os gastos com segurança vai fazer diminuir a violência?   

-- Separe uma aula para os alunos se reunirem em grupo, levando o material consultado. (já que haverá plateia, dividir esse grupo – plateia – em dois para que ajudem a elaborar os argumentos e organizar o material)

-- Passe de grupo em grupo para verificar se os alunos estão usando bem o material: dados estatísticos, argumento de autoridade, resultado de pesquisas, etc

-- Peça ao mediador e ao juiz que elaborem as regras:             

* tempo de fala para cada um             

* sorteio da ordem das falas             

* permissão para pergunta da plateia   

O mediador deve:

*Apresentar o assunto a ser debatido

*Justificar a importância da polêmica

*Organizar a participação dos debatedores

*Organizar a participação dos observadores após o debate, isto é, dar a palavra a quem quiser questionar.   

O Juiz deve:

* analisar a fala dos participantes

* dar um relatório final, dizendo quem se desempenhou melhor e por quê.

Ressaltar que não há VENCEDOR no debate, mas quem apresenta melhor os argumentos, quem defende melhor o ponto de vista, quem usa melhor a lingaugem adequada ao contexto, etc.   

Marque um dia para a realização do debate. Se puder filmar o debate para depois assistirem, melhor.   Se não puder, faça uma avaliação no final para verificar se todas as etapas foram cumpridas, se respeitaram a fala, se usaram o material de pesquisa de forma adequada, etc.

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