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A sonoridade como recurso da poesia simbolista

 

08/07/2010

Autor y Coautor(es)
wendell de freitas amaral
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JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Ler poemas de poetas simbolistas;

relacionar sensações e impressões despertadas pela leitura de poemas à exploração da sonoridade das palavras;

interpretar efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos musicais (ritmo, rima, aliteração, assonância, eco, onomatopéia, etc.);

usar estratégias do discurso poético (ritmo, métrica, sonoridade das palavras) de modo a obter os efeitos de sentido desejados.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Noções sobre o Simbolismo na Literatura.

Estratégias e recursos da aula

1ª etapa:   

Professor, seria interessante que os alunos já tivessem algum conhecimento sobre o Simbolismo, o contexto, os principais autores e suas obras.

Nesta aula não iremos priorizar o estudo sistemático da Escola literária, serão vistos apenas alguns aspectos que fazem do poema um conjunto sonoro significativo.    

Retome ainda com eles o conceito de algumas figuras de linguagem como a aliteração, assonância, eco, onomatopéia, paronomásia....

Ao iniciar a aula pergunte aos alunos o que mais gostam em poesia. Peça que reflitam buscando na memória os poemas de seu repertório de leitura e que tentem apontar qual aspecto da linguagem poética os atrai mais.

O som ou o significado?   

Instigue-os a pensar que a sonoridade é um importante elemento não só para a memorização do texto como também para a construção das imagens do poema. Para os simbolistas essa dedicação à sonoridade do texto poético foi muitas vezes exagerada. Propositalmente vagas e fluidas, eram construídas as relações de sentido com o ritmo da musicalidade sobressaindo ao significado. Esteticamente, para esses poetas, essa imprecisão de sentidos os tornava mais próximos do indefinido, do misterioso, do sempre novo, o que os fazia crer numa ascese através da linguagem. Na nossa poesia o simbolismo foi em sua maior parte "verlaineano", isto é, de poetas que cultivavam o gosto pelo verso musical. Veja como está explícita a obsessão pela música e pela imprecisão da poesia nos versos do poeta francês:                                                          

  

ARTE POÉTICA (Tradução de Augusto de Campos)

Antes de tudo, a música preza

portanto, o ímpar. Só cabe usar

o que é mais vago e solúvel no ar

sem nada em si que pousa ou que pesa.                                                                                                                                                                                                    

Escolher palavras é preciso,

mas com certo desdém pela pinça;

nada melhor do que a canção cinza

onde o indeciso se une ao preciso.                                                                                                                                                                                                     

O poema na íntegra pode ser lido em: http://conselheiroacacio.wordpress.com/category/escritores-franceses/paul-marie-verlaine/                                                                 

Exiba ainda algumas obras de pintores impressionistas para que os alunos percebam essa característica marcante do impreciso, do vago e do indefinido, o anti-realismo da arte da época. Abaixo alguns quadros de Monet, Degas, Cézanne.

(imagem do autor)

                                                        

Atividade:   

Leve-os para a biblioteca ou o laboratório de informática e convide-os à pesquisa e à leitura de obras de poetas simbolistas ou pós-simbolistas, aqueles que trazem em seu estro as influências sonoras do verso.   

Muitas obras se encontram disponíveis para download em sites como o www.dominiopublico.gov.br e tantos outros. Abaixo alguns links: 

http://www.casadobruxo.com.br/literatura.htm  

www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000013.pdf 

http://www.revista.agulha.nom.br/pk.html 

http://www.revista.agulha.nom.br/@ms.html 

(imagem do autor)

Liste uma seleção de poemas e poetas e oriente-os para a pesquisa visando encontrar textos em que a sonoridade é marcante. Observe os recursos poéticos utilizados pelos escritores simbolistas, como as figuras: aliteração, assonância, paronomásia, rimas, onomatopéia etc.  

Indique para os alunos buscarem na pesquisa poetas como Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens, Raul Pompéia, Augusto dos Anjos, Maranhão Sobrinho, Raul de Leoni, Ernani Rosas, Pedro Kilkerry, Marcelo Gama, Mário Pederneiras, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Cecília Meireles. Poetas do fim do século XIX e outros "novos" contemporâneos à semana de 22.

Após a aula de descoberta dos poemas simbolistas, divida os alunos em grupo e oriente-os a montar uma seleção das obras que pesquisaram. A seleção pode ser feita obedecendo aos critérios: autor; figuras de sonoridade mais marcantes (assonância, aliteração etc); ou temas, por exemplo, natureza, noite, mistério, morte etc. O importante é que cada grupo de alunos exponha os poemas pesquisados e, se possível, leia para o restante da turma.

                                                                                                                                                                                                                                         

                                                                                                                                                                                                                             

2ª etapa:

Professor, neste momento envolva os alunos num exercício de leitura oral e percepção sonora da linguagem poética. Provavelmente os alunos já leram poemas de Cruz e Sousa como "Antífona" (Ó Formas alvas, brancas, Formas claras) - com predominância de assonância; e "Violões que choram" (Vozes veladas, veludosas vozes) - com predominância de aliteração. Indique também o filme de Sylvio Back sobre o poeta negro: "Cruz e Sousa - o poeta do desterro".   

Como sugestão, um poema de Cruz e Sousa, "Siderações", e outro de Raul Pompéia, "Vibrações":

  

(Todas as imagens são do autor)

Atividade:   

Após uma primeira leitura, divida os alunos em grupos de quatro e peçam para que leiam entre si, os poemas indicados. Todos lêem, ouvem e destacam nos textos as marcas gráficas para a sonoridade do poema. Peça para que observem também as possibilidades de relacionar o som com o significado do texto. Fonológico-semanticamente o poema se constrói. E depois abra espaço para o debate e a apresentação das análises de cada grupo.      

Em "Siderações", alguns exemplos da sonoridade são a contínua aliteração nasalizada (n; m); na primeira quadra as repetições dos sons de (v; s; z; d); além das assonâncias de (a) da segunda quadra, como as aliterações em (c). Na terceira quadra o som do (l) repete-se entre as três proparoxítonas.

O poema em prosa de Raul Pompéia é um composto de vibrações de sentidos vários. Por exemplo, é repleto de aliterações como as em (v; m; s) e assonâncias com (i; e), e ainda perpassa por toda a obra as referências à associação do som com as imagens: “A cada nota, uma cor, tal qual nas vibrações da luz. O conjunto é a sinfonia das paixões”; “Sonoridade, colorido: eis o sentimento”. Explicar que essa associação de sentidos é uma busca constante dos simbolistas, como pode-se notar nos versos do precursor Charles Baudelaire, em “Correspondências” (tradução de Ivan Junqueira) "Numa vertiginosa e lúgubre unidade (...) Os sons, as cores e o perfumes se harmonizam”.

Os poemas citados acima podem ser acessados em:

http://www.revista.agulha.nom.br/csousa.html                                                                                                                                                                            

http://www.vidaempoesia.com.br/raulpompeia.htm  

 

(imagem do autor)

3ª etapa:   

Neste momento, professor, peça aos alunos que consultem o material da pesquisa e que selecionem o poema "Interlunar" de Maranhão Sobrinho. Disponível em: http://cantarapeledelontra.blogspot.com/2010/03/poemas-de-maranhao-sobrinho.html  

(imagem do autor)

Atividade:

Peça para que os alunos discutam sobre a construção da sonoridade do poema. Nele, eles deverão perceber não só as aliterações e assonâncias comuns nos poemas simbolistas, mas principalmente, o rico jogo de construção das rimas do soneto em uma sequência rítmica do som das vogais: ânio, ênio, ínio, ônio, únio. 

Agora divida os alunos em grupo e peça para que cada um dos grupos pesquise sobre diferentes poetas simbolistas brasileiros e que leiam, apresentando em espécie de seminário, um poema em que a musicalidade é marcante (relacionando com o contexto histórico – outras obras de arte, por exemplo).

Como atividade lúdica, peça para que tentem escrever versos praticando esse jogo com as figuras sonoras, dando maior destaque ao som do que ao significado global do texto. Após as produções, abra um espaço para a leitura oral dos versos. Analise com os alunos as possíveis construções de sentido a partir da sequências sonoras e rítmicas.

Recursos Complementares

CANDIDO, Antonio; CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira. Volume II. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel, 1979.

MURICY, Andrade. Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro. Brasília: MEC-INL,1973.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/simbolismo/simbolismo.php 

http://www.academia.org.br/abl/media/prosa3.pdf  

Avaliação

A avaliação deve pautar-se na capacidade de compreensão da relação entre som e sentido e na fusão de sensações provocada pelos poemas simbolistas.

Avaliar a participação e interação dos alunos, individual ou em grupo, em cada atividade proposta. Enfatizar a leitura oral e a produção escrita na última atividade.

Opinión de quien visitó

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Opiniones

  • Begma Tavares Barbosa, Universidade Federal de Juiz de Fora , Minas Gerais - dijo:
    begma@acessa.com

    14/04/2011

    Cinco estrelas

    Conteúdo bem organizado, permitindo descobrir, pela leitura, a poesia simbolista, sua sonoridade e imagens. Ótima relação entre literatura e pintura


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