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O universo filosófico e sertanejo na obra de Guimarães Rosa

 

17/01/2011

Autor y Coautor(es)
THYAGO MADEIRA FRANCA
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Aparecida Clemilda Porto

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • interpretar elementos diversos (alegóricos, filosóficos, intertextuais) em textos de Guimarães Rosa;
  • analisar um conto roseano a partir de um estudo dirigido;
  • compreender elementos da vida e obra do presente autor;
  • produzir/encenar um texto do autor em questão.
Duração das atividades
7 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O aluno deverá conhecer as características do regionalismo literário, bem como a estrutura de um texto dissertativo.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 01

Filosofando com o Grande Sertão

http://www.metavestibulares.com.br/arquivos_noticias/ver_foto.php?id=119     Acessado em: 13 dez. 2010. 

João Guimarães Rosa (1908-1967) foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Boa parte de sua obra ambienta-se no chamado sertão brasileiro. "Grande Sertão: Veredas" é um livro de Guimarães Rosa escrito em 1956 e um dos mais importantes da literatura brasileira.

A história gira em torno de dois personagens, Riobaldo e Diadorim. Riobaldo, também conhecido como Tataranaou Urutu-Branco, é o narrador-protagonista do livro. Diadorim é Reinaldo, amigo de infância de Riobaldo e filho de Joca Ramiro, chefe de um bando de jagunços.

Fale um pouco sobre o enredo da obra para os alunos.

Observação: caso você julgue possível a leitura integral do romance, adapte as atividades a seguir.

Propomos uma leitura apenas de fragmentos do livro de Guimarães Rosa que construam descrições acerca de temáticas diversas.

Assim, indicaremos qual é o assunto central de cada fragmento. No entanto, sugerimos que a interpretação do aluno seja responsável por construir uma significação pessoal.

Indicações de fragmentos:

Do Diabo: "Explico ao senhor, o diabo vive dentro do homem, os crespos do homem- ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si , cidadão, é que não tem diabo nenhum .Nenhum! é o que digo O senhor aprova? Me declare tudo, franco - é alta mercê que me faz; e pedir posso, encarecido. Este caso- por estúrdio que me vejam - é de minha certa importância. Tomara não fosse...   Mas, não diga que o senhor, instruído, que acredita na pessoa dele? Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já o campo! Ah, a gente , na velhice, carece de Ter sua aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito, Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem , o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até : nas crianças - eu digo. Pois não é ditado:' menino- trem do diabo'? E nos usos , nas plantas , nas águas, na terra, no vento... Estrumes....O diabo na rua , no meio do redemoinho"

De Deus: "Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há de a gente, perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar -- é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada -- erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor nao dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos -- não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento?"

Da vida: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem! O que Deus quer é ver a gente aprendendo - a ser capaz de ficar mais alegre no meio da alegria e mais alegre ainda, no meio da tristeza. Tudo tem seus mistérios. Tudo o que já foi é o começo do que vai vir. Quem quer aprender, aprende... Sentir saudades é trazer mais perto ainda, tudo aquilo que a gente pensa perdido."

Da religião: "Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo - o - mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é a salvação-da-alma...Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio...Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo: e aceito as preces de compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. Mas, quando, vou no MIndubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório. Eu queria rezar - o tempo todo. Muita gente não me aprova, acham que lei de Deus é privilégios, invariável. E eu! Bofe! Detesto! O que sou? - o que faço, que quero, muito curial. E em cara de todos faço, executado. Eu? - não tresmalho!"

Do destino: "Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo - o - mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é a salvação-da-alma...Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio...Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo: e aceito as preces de compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. Mas, quando, vou no MIndubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório. Eu queria rezar - o tempo todo. Muita gente não me aprova, acham que lei de Deus é privilégios, invariável. E eu! Bofe! Detesto! O que sou? - o que faço, que quero, muito curial. E em cara de todos faço, executado. Eu? - não tresmalho!"

Da temperança: "Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxam o mundo para si, para consertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas do seu modo."

A partir desses fragmentos, os alunos, individualmente, deverão:

  • reconhecer qual o conceito filosófico/existencial tomado como temática em cada fragmento (vida, destino, Deus, Diabo, temperança);
  • construir um parágrafo interpretativo para cada um dos fragmentos;
  • construir um parágrafo que denote a opinião subjetiva sobre cada um dos conceitos.

Após a produção dos pequenos textos, selecione alguns alunos para lerem seus textos.

Desenvolva, ao final da leitura, um pequeno debate sobre os conceitos filosóficos debatidos nos fragmentos de "Grande Sertão: Veredas".

ATIVIDADE 02

Intertextualidade em Guimarães Rosa

http://www.blogiveco.com.br/?tag=guimaraes-rosa       Acessado em: 11 dez. 2010. 

"Fita verde no cabelo" é um dos contos mais famosos do universo literário roseano. O presente texto, de certa forma, dialoga com o clássico dos contos de fadas "Chapeuzinho Vermelho".

A presente atividade objetiva a leitura de ambos os textos, bem como uma produção de texto. Ainda que haja vários trabalhos acadêmicos que teorizam acerca desse intertexto, os alunos deverão percebê-lo por suas análises.

Primeiramente, reproduza o conto "Chapeuzinho Vermelho" em datashow ou faça fotocópias (texto de domínio público) para que os alunos o acompanhe. Desenvolva a leitura em conjunto.

Link para o conto "Chapeuzinho Vermelho" (trata-se da versão original dos Irmãos Grimm, de modo que aqui não há a adaptação infantil do conto, conhecida mais popularmente): http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1357155     Acessado em: 12 dez. 2010.

É possível que os alunos conheçam outra versão desse conto. Converse sobre os processos de adaptação que essas histórias sofreram, ao longo dos séculos.

Posteriormente, desenvolva uma nova leitura em conjunto do conto roseano.

Link para o conto de Guimarães:  http://amorecultura.vilabol.uol.com.br/fitaverd.htm      Acessado em: 12 dez. 2010. 

É bem provável que todos reconheçam a intertextualidade com o conto "Chapeuzinho Vermelho". Não fale muito sobre os elementos que compõem essa semelhança textual, haja vista que você proporá que:

  • os alunos se organizem em duplas;
  • as duplas produzam um texto descritivo que demonstre as semelhanças e diferenças entre ambos os textos;
  • utilizem, se necessário, fragmentos dos textos para comprovarem a intertextualidade.

Não se trata de um artigo de literatura comparada. O objetivo é que eles reconheçam os elementos convergentes e divergentes entre os textos.

ATIVIDADE 03

Estudo dirigido

http://asa-da-palavra.blogspot.com/2008_07_01_archive.html     Acessado em: 12 dez. 2010. 

A presente atividade é, de certa forma, bem estruturalista. Trata-se de um estudo dirigido acerca de um conto de Guimarães Rosa, intitulado "O cavalo que bebia cerveja". Como de costume, os textos desse autor são uma mistura de filosofia, existência humana e o ambiente sertanejo.

Proponha que, em duplas, os alunos leiam o presente conto e respondam as questões interpretativas que se seguem.

O questionário deverá ser respondido em sala de aula e entregue em folha separada.

Link para o conto: http://www.releituras.com/guimarosa_ocavalo.asp   Acessado em: 13 dez. 2010. 

  1. Em sua opinião, porque o narrador-personagem não gostava do dono do cavalo?
  2. De acordo com o início do conto, qual provavelmente é a idade do narrador-personagem?
  3. “Desfeita ou ofensa, não sou o de perdoar — a nenhum de nenhuma”. O que o fragmento demonstra em relação à personalidade do narrador-personagem?
  4. Que justificativa a mãe dava para que não se preocupasse com o personagem dono do cavalo?
  5. “Cabrão! Parava pitando, uns charutos pequenos, catinguentos, muito mascados e babados. Merecia um bom corrigimento. Sujeito sistemático, com sua casa fechada, pensasse que todo o mundo era ladrão". Que sentimento é possível se perceber nesse fragmento?
  6. Como o narrador-personagem reagiu ao receber ajuda para comprar os remédios para sua mãe doente?
  7. Por que o narrador foi trabalhar para o dono da chácara?
  8. Qual era sua principal função nesse trabalho?
  9. Como eram chamados os dois visitantes da capital?
  10. Para que os dois visitantes pagaram o narrador-personagem?
  11. Em que momento o narrador revela o nome do seu patrão? Qual era esse nome?
  12. O narrador se deu por satisfeito ao entrar na casa do seu patrão? Do que ele agora desconfiava?
  13. O que os visitantes pareciam querer fazer como o patrão do narrador?
  14. Qual a surpresa que o narrador e Seo Priscílio tiveram em relação ao cavalo?
  15. O narrador era fiel ao seu patrão? Justifique sua resposta.
  16. O que foi encontrado no primeiro quarto da casa de Seo Giovânio?
  17. Explique a fala do narrador: “Saí, então, fui no seo Priscílio, falei: que eu não queria saber de nada, daqueles, os de fora, de coscuvilho, nem jogar com o pau de dois bicos! Se tornassem a vir, eu corria com eles, despauterava, escaramuçava — alto aí!”.
  18. Qual era o segredo que Seo Giovânio guardava em sua casa?
  19. Relate a despedida entre o narrador e Seu Giovânio.
  20. Qual presente o primeiro ganhou do último?
  21. Após receber a chácara de herança, o que fez o narrador?
  22. Por que você considera que o narrador não irá esquecer do dia em que bebeu cervejas com o patrão?
  23. Em sua opinião, por que Seu Giovânio era considerado uma pessoas estranha por todos?
  24. Em sua opinião, o narrador mudou sua visão em relação ao patrão? Justifique.

Posteriormente, desenvolva a correção das questões de forma oral. Caso surjam questionamentos, promova um debate sobre o enredo e as questões abordadas no conto em questão.

ATIVIDADE 04

Conhecendo e interpretando Guimarães Rosa

Professor, geralmente dá-se a biografia de um escritor antes de ler parte de sua obra. Nossa aula propõe o contrário. Exibe, nessa atividade, um breve documentário sobre Guimarães Rosa e sua obra:

http://www.youtube.com/watch?v=yEswKRmGZ74     Acessado em: 12 dez. 2010. 

Debata, se necessário, informações e questões contempladas no documentário.

Posteriormente, proponha a produção (individualmente) de um texto dissertativo sobre a vida e a obra de Guimarães Rosa. Os alunos deverão utilizar como referencial o vídeo assisitido, bem como as leituras e discussões empreendidas anteriormente.

Caso seja possível, eles também poderão utilizar fontes de livros e da internet para complementar o seu texto.

Após tais produções, que deverão ser empreendidas em casa, promova uma rodada de leitura dos textos.

ATIVIDADE EXTRA

Encenando ou produzindo vídeo

Professor, ao se pesquisar na internet, encontramos propostas de atividades que encenaram contos ou fragmentos da obra de Guimarães Rosa, bem como grupos de alunos que filmaram/adaptaram textos do autor em formato de curta-metragens.

Caso considere viável o desenvolvimento da presente atividade, propomos algumas fontes de pesquisa.

Link para o conto "A menina de lá":  http://versoeprosa.ning.com/notes/A_menina_de_l%C3%A1    Acessado em: 14 dez. 2010.

Link para o curta-metragem baseado no conto em questão: http://www.youtube.com/watch?v=BbBtvzppm4g&feature=fvsr    Acessado em: 13 dez. 2010.

Leia o conto e assista ao filme com os alunos. Debatam o assunto e decidam a viabilidade dessa proposta.

Atualmente, o acesso a recursos multimídia que permitem uma filmagem é bem mais fácil, haja vista que a maioria dos aparelhos celulares já possuem tal recurso.

No entanto, você poderá desenvolver a atividade "ao vivo". Divididos em grupos, organize uma seleta de contos do autor e peça que os mesmos leiam e escolham um. Posteriormente, auxilie-os na adaptação para se encenar.

Não é necessário que se encene todo o enredo do texto. O importante é que os alunos escolham um texto que gostaram e o preparem.

Indicaremos algumas fontes de textos de Guimarães, no entanto tais links devem ser utilizados somente para leitura, haja vista que a obra do presente autor não se encontra em domínio público.

É provável, também, que a biblioteca escolar possua algumas das coletâneas de contos do autor.

Link para o conto "A terceira margem do rio": http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp    Acessado em: 13 dez. 2010. 

Link para o conto "Famigerado": http://contosbrasileiros.blogspot.com/2007/11/joo-guimares-rosa-nasceu-em-cordisburgo.html    Acessado em: 13 dez. 2010. 

Link para o conto "A Hora e a Vez de Augusto Matraga": http://pt.shvoong.com/books/novel-novella/1653501-hora-vez-augusto-matraga/    Acessado em: 13 dez. 2010. 

Guimarães Rosa escreveu centenas de contos, todos com o brilhantismo filosófico e a ambientação sertaneja tradicional. Permita que os alunos leiam vários textos para que possam selecionar um a partir de uma identificação com o enredo ou com as temáticas debatidas.

Recursos Complementares

Artigo “A “despedidosa dose” de João Guimarães Rosa”, de Adilson dos Santos:

http://www.ufpe.br/pgletras/Investigacoes/Volumes/Vol.21.1/a-despedidosa-dose_Adilson-Santos_art.05ed.21.pdf      Acessado em: 13 dez. 2010. 

Texto "Dossiê Guimarães Rosa, de Marily da Cunha Bezerra e Dieter Heideman:http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/01.pdf    Acessado em: 13 dez. 2010.  

Avaliação

A partir das atividades empreendidas, avalie os alunos nos seguintes aspectos:

  • interpretação dos elementos (alegóricos, filosóficos, intertextuais) em textos de Guimarães Rosa;
  • análise de um conto roseano a partir de um estudo dirigido;
  • compreensão dos elementos da vida e obra do presente autor;
  • produção/encenação de um texto do autor.
Opinión de quien visitó

Cinco estrelas 1 calificaciones

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Opiniones

  • Eliane, particular , São Paulo - dijo:
    machado.eliane@gmail.com

    02/08/2012

    Cinco estrelas

    Material bem estruturado, muito bem documentado e que proporciona o desenvolvimento integral do aluno.


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