13/05/2011
Eliana Dias
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
Nesta proposta, apresentamos sugestões para se trabalhar com os gêneros discursivos – Fábula e contrafábula -, por meio de uma sequência didática, que faz parte de uma proposta mais abrangente, já iniciada, qual seja: desenvolver um estudo comparativo com gêneros discursivos da ordem do narrar.
As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. São organizadas de acordo com os objetivos que o professor pretende alcançar, visando à aprendizagem dos alunos. Envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação.
Atividade 1
Com seus laptops em mãos, para promover o contato inicial dos alunos com o gênero a ser estudado, o professor deverá solicitar a eles que acessem a página: http://semprepositiva.files.wordpress.com/2010/08/cigarra-banner.jpg
Nesta página, há a seguinte figura:
Com a imagem exposta na tela do classmate dos alunos, o professor deverá perguntar a eles:
a. O desenho da gravura faz alusão a uma fábula bastante conhecida “ A cigarra e a formiga”. Vocês conhecem essa história?
b. Quem gostaria de contá-la, resumidamente, para os colegas?
c. Vocês conhecem outras fábulas? Quais?
d. Vocês sabem por que essas histórias são chamadas de fábulas?
Atividade 2
Após a conversa com os alunos, o professor deverá apresentar a eles um roteiro xerocado, para que, em dupla, cada um com seu laptop, pesquisem sobre fábulas, acessando as páginas seguintes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo
http://linguaportuguesafp2009.blogspot.com/2009/05/o-genero-fabula.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1bulas_de_Esopo
http://sitededicas.uol.com.br/cfab.htm
Roteiro para a pesquisa:
a. Quem foram Esopo e La Fontaine: algumas informações.
b. Quem recriou fábulas conhecidas, no Brasil.
c. Leiam várias fábulas e escolham uma delas, para ser contada em uma roda de leitura.
d. Identifiquem as características comuns a todos os textos lidos e digitem essas informações no K- Word. Salvem o texto em seus pendrives.
Atividade 3
Para esta aula, o professor deverá reproduzir a cópia dos textos “A cigarra e a formiga” de La Fontaine, e “Contrafábula da cigarra e da formiga”, adaptação de Pedro Bandeira. Poderá também solicitar que os alunos leiam os textos na tela de seus laptops. Os textos estão disponíveis, respectivamente nos sites:
http://contadoresdestorias.wordpress.com/2007/11/07/a-cigarra-e-a-formiga-la-fontaine/
http://planeta-semretorno.blogspot.com/2010/02/contrafabula-da-cigarra-e-da-formiga.html
A Cigarra e a Formiga
Disponível em:
Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!
O Livro das Virtudes
Uma antologia de William J. Bennett, 1995
Contrafábula da cigarra e da formiga
Disponível em:
A formiga passava a vida naquela formigação, aumentando o rendimento da sua “capita” e dizendo que estava contribuindo para o crescimento do Produto Nacional Bruto. Na trabalheira do investimento, sempre consultando as cotações da bolsa, vendendo na alta e comprando na baixa, sempre atenta aos rateios e às subscrições. Fechava contratos em Londres já com o pé no Boeing para Frankfurt ou Genebra, para verificar os dividendos das suas contas numeradas.
Mas vivia também roendo-se por dentro ao ver a cigarra, com quem estudara no ginásio, metida em shows e boates, sempre acompanhada de clientes libidinosos do Mercado Comum.
E a formiga vivia a dizer por dentro:
- Ah, ah! No inverno, você há de aparecer por aqui a mendigar o que não poupou no verão! E vai cair dura com a resposta que tenho preparada para você!
Ruminando sua terrível vingança, voltava a formiga a tesourar e entesourar investimentos e lucros, incutindo nos filhos hábitos de poupança, consultando advogados e tomando vasodilatadores.
Um dia, quando voltava de um almoço no La Tambouille com os japoneses da informática, encontrou a Cigarra no shopping Iguatemi, cantarolando como de costume.
“Lá vem ela dar a sua facada!”, pensou a formiga. “ Ah, ah, chegou a minha vez!”
Mas a cigarra aproximou-se só querendo saber como estava ela e como estavam todos no formigueiro
A formiga, remordida, preparando o terreno para a sua vingança, comentou:
- A senhora andou cantando na tevê todo este verão, não foi, dona Cigarra?
- É claro!- disse a cigarra- Tenho um programa semanal.
- Agora no inverno é que vai ser mau... - continuou a formiga com toda a maldade na voz.- A senhora não depositou nada no banco, não é?
- Não faz mal. Os meus discos não saem das paradas. E acabei de fechar um contrato com o Olympia de Paris por duzentos mil dólares…
- O quê?!- exclamou a formiga- A senhora vai ganhar duzentos mil dólares no inverno?
- Não. Isso só em Paris. Depois tem a excursão em Nova York, depois Londres, depois Amsterdam…
Aí a formiga pensou no seu trabalho, nas suas azias, na sua vida terrivelmente cansativa e nas suas ameaças de enfarte, enquanto aquela inútil cigarra ganhava tanto cantando e se divertindo! E perguntou:
- Quando a senhora embarca para Paris?
- Na semana que vem…
- E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris, procure por um tal La Fontaine. E diga-lhe que eu quero que ele vá para o raio que o parta!
Adaptação feita por Pedro Bandeira do texto do escritor português Antônio A. Batista
Disponível em:
http://planeta-semretorno.blogspot.com/2010/02/contrafabula-da-cigarra-e-da-formiga.html
Após a leitura silenciosa do texto, feita pelos alunos, o professor deverá fazer a leitura em voz alta e pedirá aos alunos que, em dupla, respondam às questões propostas. (Cada um em seu laptop)
- Questões sobre o texto “A cigarra e a formiga”
A fábula “A cigarra e a formiga” foi escrita por La Fontaine, escritor francês que viveu no século XVII. Através de suas histórias, ele satirizou, ou seja, criticou a sociedade de seu tempo.
a. Pelo título, pode-se pressupor que o texto é uma fábula? Justifique.
b. Quais as características humanas que a cigarra e a formiga apresentam?
c. O que as atitudes da formiga revelam sobre sua personalidade?
2. Observe a primeira estrofe:
a. Descreva a situação em que se encontrava a cigarra.
b. Identifique, nessa estrofe, um adjetivo que acentua a situação em que a cigarra se encontrava.
c. Qual é o motivo que levou a cigarra a tal situação?
3. Releia a terceira estrofe:
O que o verso “Pois tinha riqueza e brio” revela sobre o caráter da formiga?
4. Cantar, para a formiga, podia ser considerado um trabalho? Como ela via a cigarra?
5. Assinale a(s) frase (s) que melhor resume(m) a moral da história:
( ) Contra a força não há argumento.
( ) As aparências enganam.
( ) Deus ajuda quem cedo madruga.
( ) O trabalho dignifica o homem.
Atividade 4
Questões sobre o texto “Contrafábula da cigarra e da formiga”
1. O texto “Contrafábula da cigarra e da formiga” foi escrito pelo autor português Antônio Baptista, na década de 90, e adaptado por Pedro Bandeira. Faz intertextualidade com a fábula “A cigarra e a formiga”. Houve uma atualização, isto é, uma releitura da fábula de La Fontaine, em relação a vários aspectos, tais como: linguagem, tema, valores financeiros e moral da história.
Identifique no texto e transcreva para seu caderno, uma fala da formiga, que comprove essa atualização.
2. A cigarra e a formiga vivem em meios sociais diferentes. Quais são esses meios? Descreva-os.
3. a. A ideia discutida no texto de La Fontaine é o trabalho. Qual é a ideia discutida na "Contrafábula da cigarra e da formiga"?
b. Explique o sentido das palavras “ formigação, tesourar e entesourar”, de acordo com o contexto social em que a formiga vivia.
4. Os sentimentos da formiga em relação à cigarra são os mesmos nos dois textos? Justifique.
5. Observe a seguinte passagem do texto:
- E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris, procure lá um tal de La Fontaine. E diga-lhe que eu quero que ele vá para o raio que o parta!
Esta passagem mostra que a intertextualidade entre os textos se faz por um aspecto novo. Qual é esse aspecto?
6. De acordo com contrafábula da cigarra e da formiga a avidez por dinheiro é um aspecto negativo ou positivo? Explique.
7. Qual é a moral da história no texto de Antônio A. Baptista?
8. Explique o título “ Contrafábula da cigarra e da formiga”.
9. Qual o conhecimento prévio necessário para que o leitor perceba o humor na contrafábula da cigarra e da formiga?
Atividade 5
1. Com os laptops em mãos, para mostrar outras versões de releitura da fábula “A cigarra e a formiga”, o professor deverá solicitar aos alunos que acessem as páginas seguintes e assistam aos vídeos nelas contidos.
http://www.youtube.com/watch?v=IezC65lMZKY&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=XUTHH35S0j0&feature=related
2. Após assistirem aos vídeos, o professor deverá disponibilizar espaço para que os alunos comentem a atualização da fábula nas releituras produzidas nos vídeos, observando:
a. quais os aspectos atualizados;
b. moral da história em cada releitura;
c. qual(is) das releituras da fábula estão mais adequadas aos tempos modernos? Por quê?
Atividade 6
Atividade de Produção de texto
I - O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia da fábula "O lobo e cordeiro" de La Fontaine, recontada por Monteiro, disponível no site: http://piquiri.blogspot.com/2006/10/o-lobo-e-o-cordeiro.html
ou solicitar a eles que, diante de seus laptops, acessem o site e leiam silenciosamente o texto na tela.
O lobo e o cordeiro
Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.
─ Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber?
─ Disse o monstro, arreganhando os dentes. ─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
─ Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a torcer.
─ Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
─ Como poderia falar mal do senhor no ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
─ Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
─ Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com razão de lobo faminto:
─ Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô! E ─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço.
Moral: Contra a força não há argumentos.
Monteiro Lobato
II - A fábula “O lobo e cordeiro” de La Fontaine foi recontada por Monteiro Lobato, no livro Fábulas. Nesse livro, após cada relato, segue-se um pequeno diálogo das personagens do Sítio do Picapau Amarelo comentando a respeito da história que ouviram.
Leia o comentário sobre essa fábula: (o professor deverá xerocar o comentário para os alunos)
“Estamos diante da fábula mais famosa de todas, declarou dona Benta. Revela a essência do mundo. O forte tem sempre razão. Contra a força não há argumentos.
_ Mas há a esperteza! berrou Emília. Eu não sou forte, mas ninguém me vence. Por quê? Porque aplico a esperteza. Se eu fosse esse cordeirinho, em vez de estar bobamente a discutir com o lobo, dizia: "Senhor Lobo, é verdade, sim, que sujei a água deste riozinho, mas foi para envenenar três perus recheados que estão bebendo ali embaixo". E o lobo, já com água na boca: "Onde?" E eu, piscando o olho: "Lá atrás daquela moita!" E o lobo ia ver e eu sumia...
_ Acredito, murmurou dona Benta. E depois fazia de conta que estava com uma espingarda e, pum! Na orelha dele, não é? Pois fique sabendo que estragaria a mais bela e profunda das fábulas. La Fontaine a escreveu dum modo incomparável. Quem quiser saber o que é obra prima, leia e analise a sua fábula do Lobo e o Cordeiro.”
(Lobato, M. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 42-43).
Emília, em sua fala, fez uma atualização da fábula “O lobo e o cordeiro de La Fontaine”.
Agora é a sua vez, reescreva a fábula, atualizando-a em alguns aspectos de modo a apresentar uma moral diferente daquela da fábula original.
(Como os laptops são iguais, antes de trabalhar essa atividade, pedir aos alunos para colocarem etiquetas adesivas com seus nomes)
Para que os alunos conheçam diversas fábulas, o professor poderá disponibilizar uma aula para que eles assistam aos vídeos disponíveis nos sites:
A lebre e a tartaruga:
http://www.youtube.com/watch?v=OLoh42zGjQQ&feature=related
O leão e o ratinho:
http://www.youtube.com/watch?v=NA8Ei-U0yrA&feature=related
A raposa e as uvas:
Quatro estrelas 6 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
13/08/2012
Quatro estrelasAdorei a aula sobre fabulas..parabéns....
26/02/2012
Cinco estrelasAdorei a sequência de atividades. A ordem do narrar exposta de maneira simples e clara.
21/06/2011
Cinco estrelasEstudar com Fábulas é uma forma muito atrativa, pois trata-se de uma linguagem clara e animada. As fábulas são leituras prazeirosas, além disso, faz parte do cotidiano dos alunos, com isso propicia uma linguagem mais significativa. Amei! Abs,
30/05/2011
Cinco estrelasAchei a atividade da professora esclarecedora, com certeza irá sanar dúvidas e ampliará o conhecimento de qualquer interessado no assunto.
17/05/2011
Cinco estrelasGostei muito das aulas, pricipalmente da sequência das atividades. Bem distribuidas, não tem como algum aluno deixar de aprender sobre fábulas.
15/05/2011
Cinco estrelasLazu, adorei! Ao trabalhar fábula, suas ideias serão muito bem-vindas!