Reconhecer o papel da técnica e do trabalho como elementos fundamentais na produção espacial, utilizados tanto para o atendimento das necessidades básicas das pessoas quanto de seus interesses de acumulação e poder;

Identificar os impactos ambientais decorrentes da relação da sociedade com a natureza, mitigados pelo uso de técnicas mais sensíveis e apropriadas;

Identificar a influência das novas tecnologias no arranjo espacial contemporâneo, considerando as dimensões econômica, cultural, política e ambiental dessas relações.

Conceito de trabalho vivo e trabalho morto

Conceito de espaço geográfico

Implicações éticas da relação sociedade natureza no mundo moderno

Impactos ambientais decorrentes das ações humanas

Aula sugerida para a 1ª série do ensino médio.

Devido à multidimensionalidade de abordagens que o tema permite, sugere-se que a aula seja desenvolvida com o envolvimento de vários componentes curriculares: Geografia, Biologia, Língua portuguesa, Química, e Física.

Nesta aula, propõem-se ações que possibilitam a compreensão da temática apresentada, posicionando-se criticamente frente a ela: de que maneira me valho das técnicas e do trabalho vivo e do trabalho morto? Como me posiciono frente a produtos que derivam de trabalho e de técnicas condenáveis, tais como: trabalho escravo, uso abusivo de agroquímicos, desmatamentos ilegais, entre outros? Na condição de consumidor responsável, como proceder para evitar tais abusos?

Atividade 1

Usando transparência para retroprojetor ou projetor multimídia, o professor deverá apresentar a foto selecionada ou outra de sua preferência, que demonstre algum tipo de domínio do homem sobre a natureza. Por meio de um diálogo, o professor deverá instigar a curiosidade dos alunos para que identifiquem a finalidade da construção representada na foto, bem como a presença de algumas técnicas visivelmente presentes nessa paisagem. Nesse momento, considera-se a participação oral dos alunos, nas respostas aos questionamentos feitos pelo professor, tais como: De que se trata a imagem apresentada? Qual a finalidade dessa obra? Como está presente em nosso cotidiano?

Além da imagem, o professor deverá propor uma pesquisa sobre matérias jornalísticas relacionadas ao tema Usinas hidrelétricas. Em grupos de quatro ou cinco alunos, eles deverão consultar jornais e revistas disponíveis no acervo da escola. As principais informações deverão ser anotadas no caderno.  Essas informações serão socializadas num debate, quando o professor, reprojetando a imagem selecionada, solicitará que os estudantes socializem aquilo que aprenderam.  Todos deverão apresentar o que investigaram, ampliando o conhecimento da turma sobre o tema em estudo.

http://blogdaelianegomes.blogspot.com.br/2009/11/usina-hidreletrica-de-itaipu.html (Acesso em 5/6/2013)

Após o debate, o professor deverá imprimir e apresentar a síntese sugerida na sequência. Ainda na fase de sensibilização, a leitura promoverá a percepção de expressões geográficas fundamentais para a compreensão do tema. Para isso, recomenda-se que a primeira leitura seja feita individual e silenciosamente, sublinhando algumas palavras chave. A compreensão do texto deverá ser sintetizada em uma frase redigida, no máximo, em até 140 caracteres. Aleatoriamente, o professor deverá solicitar que alguns alunos leiam a sua síntese, verificando a compreensão geral da turma.

Trabalho e técnica transformam a natureza

Para a realização da vida, historicamente, a sociedade apropriou-se da natureza. Alimentos, agasalho, abrigo, constituem necessidades vitais, cujo atendimento evoluiu da simples coleta e caça para a agricultura e criação de animais; das cavernas para as habitações construídas a partir da transformação dos recursos naturais disponíveis, e outros sinteticamente obtidos.

A condição de seres inteligentes e sensíveis fez com que os desafios do meio estimulassem a criatividade, resultando na descoberta do fogo, na agricultura e na domesticação de animais. Esses acontecimentos, ocorridos há cerca de dez mil anos, caracterizam a fase embrionária da sociedade humana, como a conhecemos e vivemos hoje. Como se vê, a produção do espaço aconteceu de modo espontâneo e concomitante à realização da vida: não se produz o espaço antes para nele habitar depois. Ao contrário, as necessidades humanas instigam a apropriação da natureza e a transformação espacial.

Considerando as transformações que tais acontecimentos proporcionaram na evolução da sociedade, destaca-se o papel das técnicas e das ferramentas nesse processo, ainda que rudimentares e incipientes. Friccionar duas pedras para provocar o fogo e, com ele, limpar o solo; com uma madeira roliça e pontiaguda, furar a terra para nela depositar a semente; lixar a ponta de algumas madeiras resistentes facilitando a captura dos animais; amassar o barro ou perfurar rochas transformando minerais em habitações; estancar a água dos rios guardando-a para a estiagem.

O conhecimento adquirido permite o aprimoramento dessas técnicas e das ferramentas desenvolvidas para a realização das tarefas. A sociedade evoluiu em número de pessoas, enquanto o conhecimento acumulado promove aperfeiçoamento constante, resultando na complexidade das demandas cotidianas. Um apito rudimentar para atrair aves e animais transformou-se em sofisticados equipamentos que detectam a localização dos cardumes e das manadas selvagens; o amontoado de pedras estancando a água de um rio transformou-se em complexos sistemas de irrigação; as peles de animais foram substituídas por tecidos sintéticos impermeáveis e térmicos.

Tanto no passado quanto no presente a ação humana transforma a natureza, criando e recriando o espaço geográfico. Toda transformação gera impacto e a principal diferença entre os impactos do passado e os do presente é a sua intensidade, tanto quantitativa quanto qualitativa. Qual o impacto ambiental do preparo de uma pequena área, utilizando técnicas rudimentares, e o de uma grande área, valendo-se de tecnologias industriais? Qual o impacto ambiental de um pequeno aglomerado de habitações e o de uma megalópole?

Estudar a evolução das técnicas, seus usos e seus significados permite compreender aspectos instigantes, tais como: o seu papel na formação das diferentes culturas, a sua influência na formação do espaço, a sua natureza paradoxal tanto atendendo necessidades humanas como provocando vários tipos de impactos: ambientais, econômicos, sociais, políticos, culturais, e outros. (Profª drª Izabel Castanha Gil)

A próxima etapa consiste na formação de duplas para a resolução das questões propostas.

1- Quais elementos explícitos e implícitos na imagem selecionada evidenciam a presença de técnicas e tecnologias?

2- Qual a diferença entre técnica e tecnologia?

3- Identifique uma técnica presente no ambiente representado na imagem, citando:

a- a utilidade dessa técnica naquele ambiente.

b- ferramentas utilizadas para a sua execução.

c- diferentes tipos de profissionais envolvidos na sua execução.

d- recursos naturais utilizados e a localização espacial da disponibilidade desses recursos.

4- Considerando a ideia de evolução técnica contemplada no texto, identifique outras formas de obtenção de energia utilizada pelas sociedades, antes da fase industrial, como vivenciamos hoje.

As respostas devem ser anotadas no caderno e socializadas oralmente, demonstrando a diversidade de informações observadas. O professor deverá estimular um diálogo entre os alunos para que as ideias fluam espontaneamente.

Atividade 2

Considerando a água como elemento essencial para a realização da vida, a tarefa seguinte constitui-se numa investigação sobre o uso da água nos assentamentos humanos. Divida a turma em oito grupos, sendo que cada grupo pesquisará sobre um tema.

As informações coletadas serão sintetizadas em forma de tópicos, destacando as mais relevantes e ilustradas com imagens e ou vídeos pertinentes ao tema, identificados pelos alunos durante as investigações.

O resultado será socializado por meio de apresentações orais, com uso de slides preparados em Power point. Cada grupo (definirá o papel de cada componente do grupo, a fim de que todos trabalhem e se sintam responsáveis e envolvidos)terá até seis minutos para suas apresentações, contando com a participação de todos os membros. As falas poderão ser distribuídas da seguinte maneira: um deles faz a introdução, alguns se encarregam do conteúdo e outro apresenta as conclusões. Os expositores deverão utilizar técnicas para comunicação oral, tais como interação com a turma, domínio de conteúdo, desenvoltura (evitando leituras em pequenas tiras de papel, no caderno ou na tela), uso das mãos, e emprego da norma culta da língua portuguesa (evitando vícios de linguagem).

Considerando um sistema de avaliação baseado em notas (não em menção), apresenta-se uma sugestão de pontuação para as competências e habilidades a serem observadas durante as apresentações orais.

 Algumas dicas de como falar bem em público estão disponíveis em http://oglobo.globo.com/educacao/dez-dicas-para-falar-bem-em-publico-4566443.

A formação integral do educando pressupõe a consideração de todas as dimensões inerentes ao processo de ensino e aprendizagem. Assim, o envolvimento dos alunos vai além da objetividade do conhecimento específico, estendendo-se também aos aspectos comportamentais. Enquanto os grupos expõem, os demais devem prestigiar os colegas evitando estudar durante as apresentações, conversar paralelamente ou qualquer outro tipo de desatenção. O professor deverá adotar a seguinte tática: a cada 2 grupos expositores, faz-se uma pausa de 3 minutos para que os 2 grupos seguintes revisem seus conteúdos. Dessa forma, minimiza-se a ansiedade e estimula-se a participação, evitando o estudo de alguns durante a apresentação de outros. Para garantir equidade, o professor deverá dar o mesmo tempo de 3 minutos antes das apresentações dos dois primeiros grupos.

Outra orientação significativa do professor refere-se à prática de se fazer perguntas ao final das apresentações. Tão importante quanto saber expor é o ato de saber perguntar: identificação de aspectos relevantes durante as falas, objetividade, respeito à divergência de opinião, organização do tempo e da sequência das perguntas, entre outros, são aspectos inerentes à participação por meio de perguntas. Assim, o professor deverá estimular os questionamentos, definindo com a turma o momento de fazê-los: ao final das apresentações ou durante as mesmas, conforme surgirem as dúvidas.

É comum o retraimento dos alunos, esperando que o mesmo aconteça enquanto estão expondo: não questionam para não serem questionados. Como forma de estímulo ao debate, o professor deverá esclarecer que essa prática enriquece a compreensão dos temas e a sua atuação será a de esclarecer dúvidas, caso alguém não consiga responde-las.

Com o objetivo de enriquecer a performance da comunicação oral, o professor poderá propor a filmagem das apresentações. Um aluno de cada grupo será indicado pelos colegas para a realização dessa tarefa, usando seu aparelho de telefone celular. Em momento oportuno, essas filmagens serão projetadas para que os expositores visualizem seus pontos fortes e identifiquem aspectos que podem ser melhorados. É importante que o professor estabeleça critérios, tais como: clareza e naturalidade, interação com o público ouvinte, domínio de conteúdo, uso da norma culta da língua portuguesa, entre outros. O item comunicação pode ser incorporado nos critérios de avaliação.

Atividade 3

Combinando com a turma sobre qual o melhor momento (durante as apresentações ou no final das mesmas), o professor deverá organizar um debate retomando a centralidade do tema proposto: Qual é o papel da técnica e do trabalho na arrumação e desarrumação socioambiental do planeta? A discussão deverá focar os desafios impostos pelo desenvolvimento humano: atender as nossas necessidades provocando o mínimo de impactos ambientais. Novamente, destaca-se o papel da técnica, considerando que a escolha das mesmas depende de filtros culturais, políticos e éticos. A tecnologia deve estar a serviço da sociedade e não o contrário.

O conhecimento adquirido por meio das investigações, dos diálogos e do debate deverá ser sistematizado em uma produção textual. Considerando a abrangência dos temas propostos, sugere-se que seja produzido um texto jornalístico, noticiando a outras pessoas o que foi apreendido. Informações sobre esse assunto podem ser acessadas em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/redacao---noticia-a-estrutura-do-texto-jornalistico.htm.

O professor poderá selecionar alguns desses textos para publicação no jornalzinho ou no site da escola. Para apresentar a atividade realizada, o professor poderá redigir uma breve contextualização teórico-metodológica, reforçando o aspecto didático-pedagógico da ação empreendida.

Além da síntese escrita, o professor deverá solicitar a garimpagem de exercícios de vestibular e ou do ENEM, dispostos online ou em livros didáticos, que abordem a temática investigada. Inicialmente, um/a aluno/a voluntário/a atuará como receptor das questões garimpadas pelos membros do seu grupo, sendo uma questão por aluno. Outro aluno deverá atuar como voluntário recebendo os arquivos dos líderes de cada grupo, selecionando as questões em duplicidade. O arquivo final deverá ser remetido ao professor, que selecionará algumas para comentário em sala de aula. Elas serão projetadas na tela ou impressas, de modo que todos acompanhem a sua resolução.  Outras questões poderão ser reproduzidas na prova bimestral institucional, tornando-se valiosos indicadores da apreensão da turma, em relação ao tema estudado.

Edição 20 – formação integral

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=518

Matriz de referência para o ENEM:

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2009/Enem2009_matriz.pdf

O uso da imagem na pesquisa educacional:

http://www.anped.org.br/reunioes/26/trabalhos/josyannemilleomartelli.pdf

O espaço geográfico: um esforço de definição

http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/Geousp/Geousp22/Artigo_Rhalf.pdf

Uso da imagem na educação: http://penta3.ufrgs.br/edu/imagensEducacao/sld004.htm

Virou notícia na escola: a criação do texto jornalístico

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=6640

Tanto as questões de vestibular e ou ENEM selecionadas quanto o conteúdo pesquisado pelos grupos serão utilizados na elaboração da prova bimestral institucional, aferindo o domínio dos alunos sobre a temática estudada.

O quadro de pontuação apresentado na atividade 2 facilita o trabalho avaliatório do professor. Além das apresentações orais, todas as etapas devem ser consideradas, de acordo com os objetivos pré-estabelecidos.

A auto avaliação tem relevante papel no processo de ensino e aprendizagem. Na sequência, apresenta-se uma sugestão de itens para serem aplicados aos alunos. O professor deverá imprimir duas cópias para cada grupo, sendo uma utilizada como rascunho e outra para entrega ao professor. Os dois últimos itens devem ser respondidos individualmente, enquanto os demais devem ser respondidos a partir do consenso do grupo.

Avaliação da atividade vivenciada e de auto avaliação dos membros do grupo