Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR CLASE
 


Memórias

 

20/10/2009

Autor y Coautor(es)
LAZUITA GORETTI DE OLIVEIRA
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

• Compreender o que é memória;
• ler e analisar textos de memória;
• identificar e usar palavras e expressões que marcam o tempo passado;
• observar o uso do pretérito perfeito e do imperfeito;
• produzir um texto de memórias.

Duração das atividades
4 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

• demonstrar habilidades básicas de leitura;
• conhecer a estrutura narrativa;
• conhecer tempos e modos verbais.

Estratégias e recursos da aula
                   

Utilização do laboratório de informática;
atividades em pequenos grupos em sala de aula.


Aula 1
Atividade 1

A temática a ser trabalhada trata-se do gênero discursivo memórias.

Importante: São textos que recuperam uma época com base em lembranças pessoais. Esse tipo de texto geralmente desperta emoções no leitor por meio da beleza e profundidade da linguagem.


Para motivar os alunos a respeito do tema, o professor deverá conversar com eles, perguntando:
a. Quem se lembra de um acontecimento marcante acontecido quando era criança? Uma festa, uma viagem, uma travessura, um passeio?
b. Fotografias e objetos antigos podem nos ajudar a recuperar lembranças do passado?
c. Há diferença de sentido entre a palavra memória no singular e memórias no plural?

Atividade 2

Em círculo, o professor deverá informar aos alunos que geralmente memórias literárias são produzidas por escritores a convites de editoras, no entanto, qualquer pessoa mais velha têm muito o que contar.  Na sequência, o professor deverá apresentar aos alunos o texto “Como num filme” de Antônio Gil Neto e pedir que o leiam (se o professor considerar conveniente, poderá fazer a leitura do texto em voz alta  para os alunos).

Como num filme

Não foi difícil cair nas graças de Seu Amalfi. Direto, sincero, amoroso, foi logo falando de sua vida, com um jeito meio solto, especial, como quem vai montando uma seqüência de cenas em nosso pensamento. De início, estáticas e em preto-e-branco, e, aos poucos, em impulsos coloridos. Depois de uma ou outra pergunta, quase nem precisei falar mais nada. Apenas ouvir, entregar-se à brincadeira da memória era o que bastava.
Ele foi contando, contando e imagens foram se instalando em mim como quem entra em um filme.
"Esse cheirinho de café pendurado no vento leve conduz a meu tempo mais antigo.
Pensei ouvir bem baixinho um fiapo de uma canção napolitana e tudo veio à tona. Logo lembrei-me de minha mãe torrando café, fazendo o pão, a macarronada. Bem que procuro não pensar muito para não marejar os olhos.
O começo de tudo foi na Itália. De lá vieram meus pais. Fugidos do horror da guerra, acabaram por fazer a vida aqui em São Paulo, onde nasci.
É a partir dessas lembranças que minha cabeça parece uma máquina de fabricar filmes.
Recordo muita coisa. Não só do que minha mãe contava, mais ainda das que eu vivi.
Lá pelos idos de 1929, com cerca de sete anos de idade, era menino feito. Minha vida era um misto de cowboy com Tarzan. Onde hoje fica o Shopping Center Norte era só mato, água e muita, muita terra. Era lá meu paraíso. Meu e dos meus amigos: o Vitorino, o Zacarias... Vivia para jogar futebol, nadar, pescar e caçar passarinhos.
Uma brincadeira de que gostávamos muito era “chocar o trem”. Sabe o que é isso?
Era subir rapidinho no trem em movimento. Ele andava bem devagar, é claro, levando pedras da Serra da Cantareira para construir a cidade. Com o tempo seu trajeto se encheu de bairros: Tucuruvi, Jaçanã, Vila Mazzei, Água Fria e mais o que há agora. Lembra aquela música do Adoniran? Tem a ver com esse trem...

Da escola não gostava tanto. Não era um bom aluno, mas era esperto, vivido. Isso sim. O que acabava ajudando em muitas situações... Em um abrir e fechar dos olhos da memória lá estão a escola, o corre-corre das crianças e todos eles, intactos e em plena labuta do dia: Dona Albertina, Dona Isabel, Seu Luís, os professores. Ainda o Seu Peter, o diretor, e Seu Luigi, o servente. Quantas vezes em meio à cópia da lousa, que seguia plena em silênci o e dever, disparava um piscar enviesado para meus companheiro s de time. Quebrávam os as pontas dos lápis e com o descaramento e a falsa pretensão de de ixarmos todos eles apontadinhos para a letra ficar bem desenhada e bem bonit a nas nossas brochuras, lá íamos nós, atrás da porta e com a gilette em punho, armar em cochichos a melhor estratégia para o próximo jogo. Tudo lorota!
Meio moleque, meio mocinho, sempre dava algum jeito de arranjar um dinheirinho para ir à Voluntários, uma das poucas ruas calçadas do bairro, nas matinês do cine Orion.
Meu figurino era feito por minha mãe: uma camisa clara, bem limpa e passadinha com ferro de brasa. Com meus colegas ia ver o que estava em cartaz. Bangue-bangue era o melhor. Lembro-me do BuckJones, do Rin Tin Tin, do Roy Rogers e mais uma porção daqueles bambas do momento. Também me recordo do cine Vogue e de Seu Carvalho, seu dono e operador, que, ao constatar a enorme fila na bilheteria, dizia para nós, garotos, com certo orgulho solene, só haver lugares em pé. Entrávamos mesmo assim. Depois de alguns minutos já tínhamos nossos lugares escolhidos e... sentados. No escurinho do filme começado, queimávamos um barbante malcheiroso que fazia todo mundo desaparecer de nosso lugar preferido. Comédia pura, não é?
Com o passar dos anos, veio o tempo do trabalho para valer. De aprendiz de químico tornei-me o titular na fábrica de perfumes dos libaneses. Fiz de tudo lá: brilhantina, rouge, pó-de-arroz, produtos muito usados na época. Veio também o tempo do namoro sério e, com ele, o cinema com sorvete a dois. Minha vida era um filme de aventuras, mais que outra coisa. Tive de vencer muitos obstáculos. E foi um bom tempo assim.
Construir uma família não é fácil, mas, como se sabe, o amor sempre vence.
Como nos filmes de amor, acabei me casando em technicolor e em cinemascope, como um galã, com minha Mercedes, mais bonita que Greta Garbo ou qualquer outra estrela de Hollywood. Com ela comecei a freqüentar o centro de São Paulo. Íamos de bonde elétrico, descíamos na Praça do Correio e andávamos de braços dados pelos pontos mais elegantes da cidade.
Misturados aos carros que pertenciam a gente muito rica, estavam os cabriolés, uma espécie de carroça puxada a cavalos... Na Avenida São João estavam os melhores cinemas: o Marabá, o Olido, com seus camarotes e frisas. Quantos filmes! “O Canal de Suez”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “E o Vento Levou!”. Vejo-nos direitinho, como em um musical indo para a cidade de bonde. O condutor, o Delmiro, mais parecia um bailarino, um Fred Astaire tropical, por conta dos trejeitos, malabarismos de corpo que fazia ao parar, descer, cumprimentar, receber as pessoas, acomodá-las e, enfim, conduzir o bonde.
Era mais que um motorneiro. Esse era um show à parte!
Se bem me lembro, o cinema me acompanhou a vida inteira. Isso porque sou do tempo do cinema mudo, veja você, onde os violinos e o piano faziam nossa imaginação ouvir as vozes e sentir as emoções dos artistas que passavam rápidos nas telas. Depois veio o cinema falado e para nós isso era a maior e a melhor invenção. Olhando para o que se passou, constato que fui um bom freqüentador das telas. Com chuva ou com sol!
Até nossa primeira filha, com poucos meses de idade, não impedia nossa diversão preferida! Era nossa figurante proibida. Íamos ao Bom Retiro, ao cine Lux. Lá eu conhecia todo mundo e sentávamos com a menina nos braços bem na ultima fila, caso precisássemos sair às pressas para acalmar um choro repentino. Assistimos a tantas histórias e nossa menina dormia profundamente. Quase sempre.
Talvez por conta de trabalho, das exigências da vida, dos cuidados com a família e mesmo com a facilidade da televisão, acabei me dando conta de que fiquei muito tempo sem ir ao cinema. Engraçado, agora que estou praticamente sozinho, em conseqüência das perdas que a vida nos traz, o cinema volta com toda a força. Não perco quase nada do que passa nos shoppings perto de cas a. Tudo é mais confo rtável, imenso. Mas tudo é mais barulhento, apressado e real dem ais. Não sobra muito tempo para sonharmos.
Mesmo assim, quero ir a outros cinemas desta cidade que cresceu e cresce tanto. O jeito é me armar de um celular para que minha filha não fique tão preocupada comigo por causa dessas minhas novas aventuras cinematográficas."
Quando releio o que está escrito, não sei onde está o que o Seu Amalfi me contou e onde está o que projetei de sua vida em mim. Engraçado mesmo! Perdi-me nos labirintos da imaginação, onde o presente e o passado se fundem em um só desenho. A memória brinca com o tempo, como em um filme, como uma criança feliz.

Antonio Gil Neto, escritor paulista.
Texto escrito com base no depoimento do sr. Amalfi Mansutti, 82 anos


Disponível no site:

http://www.desvendandopalavras.com/2008/08/desvendando-palavras.html


Aula 2

Para rememorar o que foi lido na aula anterior, os alunos deverão reler silenciosamente o texto, para responderem às perguntas seguintes:
1. O autor relata as memórias de seu entrevistado. O que mais lhe chamou atenção na história do Sr Amalfi?
2. Qual o significado da expressão “chocar o trem”?
3. A descrição pode ser utilizada como recurso para envolver o leitor e aproximá-lo da experiência trazida pelo autor do texto. Retire do texto, passagens descritivas em o narrador-personagem além de descrever conta seus sentimentos e impressões.
4. O ponto de exclamação é usado para transmitir ao leitor sentimentos como espanto, admiração, surpresa ou alegria. Identifique no texto, o emprego do ponto de exclamação com essa função.
5. Ao escreverem memórias, os autores se preocupam em caracterizar os lugares e as pessoas do passado. Eles fazem também a comparação entre o tempo antigo e o atual, mostrando as diferenças. Comprove essa afirmação com passagens do texto.
6. A cidade de São Paulo era bem diferente naquele tempo.
a. Como eram os meios de transporte urbano? E o trânsito? E as construções?
b. Como era o cinema?
7. Você sabe quem foi Adoniran Barbosa?
8. O autor de memórias usa verbos no passado para marcar um tempo do qual se lembra e se foi. Os tempos verbais predominantes e essenciais no gênero memórias são o pretérito perfeito e pretérito imperfeito.

Observe estas passagens do texto:
a. “Até nossa primeira filha, com poucos meses de idade, não impedia nossa diversão preferida! Era nossa figurante proibida. Íamos ao Bom Retiro, ao cine Lux. Lá eu conhecia todo mundo e sentávamos com a menina nos braços bem na ultima fila, caso precisássemos sair às pressas para acalmar um choro repentino. Assistimos a tantas histórias e nossa menina dormia profundamente. Quase sempre.”
Qual é o tempo verbal predominante nesse trecho?
b.”Com o passar dos anos, veio o tempo do trabalho para valer. De aprendiz de químico, tornei-me o titular na fábrica de perfumes dos libaneses. Fiz de tudo lá: brilhantina, rouge, pó-de-arroz, produtos muito usados na época. Veio também o tempo do namoro sério e, com ele, o cinema com sorvete a dois.”
Qual é o tempo verbal predominante neste trecho?
Compare os dois trechos e explique a diferença entre os dois tempos verbais do passado.


Importante: o professor deverá  aproveitar o momento e explorar com os alunos o emprego do pretérito perfeito e do imperfeito: o pretérito perfeito marca as ações que se destacam “o cinema me acompanhou a vida inteira”. Já o uso do pretérito imperfeito marca o “tempo do relembrar” que é o tempo das memórias.

9. Nas memórias, há palavras e expressões que ajudam o leitor a localizar a época em que os fatos ocorreram. Marque no texto, além dos verbos, todas as palavras que mostram que os episódios ocorreram no passado .
10. r ouge; lorota. Procure n o dicionário o significado des sas palavras com o objetivo de levar a melhor acepção para o contexto de onde foi retirada.
11. No último parágrafo, o autor compara as memórias a quê? Você concorda com essa comparação? Explique.


Aula 3
Produção de texto

O professor deverá propor aos alunos que se reúnam em pequenos grupos (três alunos) para conversar com pessoas mais velhas da escola, amigos, familiares ou vizinhos. Eles deverão pedir a essas pessoas que falem de suas lembranças.Os alunos deverão fazer uma coletânea dos relatos ouvidos. Poderão gravar a entrevista, com a permissão do entrevistado.
De posse dessa coletânea, em sala de aula, cada aluno deverá ocupar o lugar de um memorialista e escrever um texto em primeira pessoa, assim como o autor Antônio Gil Neto no texto “Como num ffilme”.
Os alunos deverão trocar os textos entre si para leitura e apreciação.


Aula 4
O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para que eles digitem seus textos. Após a correção dos textos pelo professor, os textos deverão ser expostos em um mural apropriado da escola, para apreciação da comunidade escolar.

Avaliação

O professor fará a avaliação durante todo o processo, ou seja, em todos os momentos em que os estudantes estiverem participando das discussões propostas e, individualmente, por meio da realização das diferentes atividades escritas. Em relação à produção do texto de memórias, ao corrigi-lo, o professor deverá verificar se o aluno desenvolveu a proposta e se o objetivo da produção foi atingido.

Opinión de quien visitó

Quatro estrelas 10 calificaciones

  • Cinco estrelas 7/10 - 70%
  • Quatro estrelas 1/10 - 10%
  • Três estrelas 2/10 - 20%
  • Duas estrelas 0/10 - 0%
  • Uma estrela 0/10 - 0%

Denuncia opiniones o materiales indebidos!

Opiniones

Sem classificação.
INFORMAR ERRORES
¿Encontraste algún error? Descríbelo aquí y colabora para que las informaciones del Portal estén siempre correctas.
CONTACTO
Deja tu mensaje al Portal. Dudas, críticas y sugerencias siempre son bienvenidas.