06/10/2009
BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Professor Luiz Prazeres Universidade Federal de Minas Gerais
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
O aluno deverá aprender a reconhecer as características e a estrutura de poemas, reconhecer o emprego de palavras em conotação, conhecer as técnicas de sonoridade e imagem do poema e ainda compreender e empregar os pincipais elementos da versificação.
Trabalharemos com nosso aluno a contraposição entre denotação, sentido real das palavras, e conotação, sentido contextual das palavras. Assim, é essencial que o aluno já domine as noções das principais figuras de linguagem, como a comparação, a metáfora, a metomínia, a personificação, a hipérbole, entre outras. Esse seria o conhecimento prévio necessário relativo à construção de sentido do texto. Tratando-se da estrutura dos poemas, começaremos do princípio.
O primeiro passo de nossa aula será a apresentação para os alunos do que é o eu-lírico, que é peça chave para enentedermos o que é o gênero lírico. O eu-lírico é aquele que nos fala de seus sentimentos, de sua visão de mundo, ou seja, daquilo que passa em seu interior e ele deseja apresentar isso ao mundo. Esse é a característica principal do gênero lírico. Para exemplificar:
- mostre para os alunos o video de Rosa de Hiroshima, Ney Matogrosso, baseado numa composição poética de Vinicius de Moraes. Em seguida, faça um estudo de vocabulário, ou seja, caso não entendam alguma palavra, apresente seu significado encrevendo-o no quadro.
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Imagem I: Ney Matogrosso
Video 1, Rosa de Hiroshima: < http://www.youtube.com/watch?v=9YJaaVAQ5lE&feature=related >.
- Pergunte para os alunos após a apresentação:
1) Qual a mensagem o autor quer nos transmitir com esse poema?
Respostas esperadas: protestar contra a bomba, chamar a atenção das pessoas para os efeitos da guerra, entre outras.
2) Qual a sensação que ele passa para você?
Espere respostas variadas, como tristeza e sofrimento, ou pessoas doentes.
3) Quais as imagens que o eu-lírico explora para nos transmitir tais sensações?
Crianças mudas (o que é dificil de se pensar, pois a alegria é comum às crianças, logo remete a uma tristeza muito grande), meninas cegas, mulheres com rotas alteradas (rotas como vidas mudadas) e as feridas. O poeta usa da metáfora da figura da rosa relacioando-a à explosão nuclear. Essa é uma das figuras de linguagem mais comum e amplamente utlizadas em poemas.
Destaque para seus alunos que o uso de figuras de linguagem é amplo em poemas, ou seja, o sentido contextual, conotativo, sobressai em várias composições poéticas.
Após esse momento, reforce para os alunos a explicação do que é o eu-lírico, esse ser abstrato responsável pelos sentimentos expressos na poesia é diferente da pessoa do autor. Por exemplo, um brasileiro adulto pode ser o autor de um poema que possui como eu-lírico uma criança japonesa. Contudo, muitas vezes o autor exporta para o eu-lírico seus sentimentos e até mesmo suas experiências, mas essas duas entidades não devem ser confundidas.
Para finalizar a aula, peça para que escrevam um poema sobre um dos seguintes temas como uma forma de exercitarem o trabalho com o eu-lírico: amor, amizade ou futuro. Esses temas foram escolhidos, professor, pois são bastante abrangentes e, certamente, é muito fácil de qualquer pessoa se familiarizar com algum deles para compor. Deixem que usem rimas ou versos livres.
Nessa segunda parte da aula, abordaremos os conceitos mais técnicos relativos ao gênero lírico. Assim, partiremos da análise de um poema de Florbela Espanca, Vaidade:
Vaidade
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade !
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
So nho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquele de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curva da!
E quand o mais no céu eu vou so nhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!
Imagem II: Florbela Espanca
Fonte: ESPANCA, Florbela. Poemas. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
- Após a leitura em sala de aula desse poema, tire dúvidas dos alunos quanto ao vocabulário.
Trabalhe, agora, com os alunos o conceito de rima. Peça para repararem na semelhança sonora no final dos versos de cada estrofe do poema. Analisemos a segunda estrofe. Marcaremos com a mesma letra os versos que possuem o mesmo som:
Sonho que um verso meu tem claridade A
Para encher todo o mundo! E que deleita B
Mesmo aqueles que morrem de saudade! A
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! B
Rimas no estilo ABAB, como vemos no exemplo, são chamadas de alternadas ou cruzadas, uma vez que os versos rimam alternadamente. Há também as estrofes com rimas do tipo ABBA, que são chamadas de interpoladas, quando as rimas são separadas pos dois ou mais versos. Ou ainda encontramos rimas do tipo AABB, que são chamadas de emparelhadas, pois rimam de duas em duas.
Após esse momento familiar com a poesia, pois todos já tivemos contato com algum tipo de rima, devemos passar para o estudo do número de sílabas de um poema. Devemos destacar primeiro para nossos alunos que a sílaba poética é diferente da sílaba que aprendemos em aula de gramática. Em poemas, contamos somente a sílaba que ouvimos, dando destaque para as sílabas fortes de cada palavra. Só contamos as sílabas até a última estrofe de cada palavra. Vejamos novamente a estrofe estudada anteriormente:
So/nho/que um/ ver/so/ meu/ tem/ cla/ri/dade
Pa/ra en/cher/ to/do o/ mun/do! E /que/ de/leita
Mes/mo a/que/les/ que/ mo/rrem/ de/ sau/dade!
Mes/mo os/ de al/ma/ pro/fun/da e in/sa/tis/feita!
Essa estrofe possui dez sílabas poéticas em cada verso. Devemos alertar nossos alunos em relação a essa divisão: as vogais de final e início de palavra se fundem em uma só sílaba, e o mesmo ocorre com palavras que começam com h.
Tal ligação entre sons só não ocorre quando a vogal é tônica., Convém, agora, apresentarmos para nossos alunos os nomes dados aos versos de acordo com seu número de sílaba:
Classificação dos versos
Monossílabos (uma sílaba poética)
Dissílabosa (duas sílabas poéticas)
Trissílabos (três sílabas poéticas)
Tetrassílabos ou quebrados de redondilha maior (quatro sílabas poéticas)
Redondilha menor (cinco sílabas poéticas)
Heróicos quebrados (seis sílabas poéticas)
Redondilha maior (set e sílabas poéticas)
Octossílabos (oito sílabas poéticas)
Eneassílabos (nove sílabas poéticas)
Decassílabos (dez sílabas poéticas)
Versos de arte maior ou endecassílabos (onze sílabas poéticas)
Alexandrinos ou dodecassílabos (doze sílabas poéticas)
Bárbaros (treze sílabas poéticas ou mais)
A rima é recurso que traz musicalidade ao poema, assim como o ritmo, que é a marcação entre as sílabas pronunciadas com mais força e com menos força. Peça para analisarem novamente a segunda estrofe do poema e marque no quadro as sílabas fortes de cada verso:
So/nho/que um/ ver/so/ meu/ tem/ cla/ri/dade
Para en/cher/ to/do o/ mun/do! E /que/ de/leita
Mes/mo a/que/les/ que/ mo/rrem/ de/ sau/dade!
Mes/mo os/ de alma/ pro/fun/da e in/sa/tis/feita!
Leve os alunos a notar que essas sílabas fo rtes conferirão o qu e chamamos de ritmo, gerando um efeito c onstância na alteração entre as sílabas fortes e fracas à medida que o tempo passa. Essa é uma das características estrutrais mais iportantes d os poemas em termos de versificação. Fora esses tipos de rima, há também o que ch amanos de versos brancos, que são os versos formulados sem rima, os quais foram amplamente utilizados no século XX pelos movimentos literários dessa época.
Destaque para seus alunos que esse tipo de construção de quatro est rofes, duas com quatro versos e duas com três versos é chamada de soneto. É o tipo mais utilizado ao longo da história dos movimentos literários, mesmo se tratando dos movimentos modernos.
Avaliação em sala de aula.
Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. A Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática: texto, reflexão e uso. 3. ed. reform. São Paulo, Atual: 2008.
ESPANCA, Florbela. Poemas. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Circulo do Livro, 1988.
ROSA DE HIROSHIMA: youtube. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=9YJaaVAQ5lE&feature=related >. Acesso em 10 set. 2009.
A avaliação consistirá na análise do Poema Aos olhos dele, também da poeta Florbela Espanca:
Aos olhos dele
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!
Peça aos alunos para responder às seguintes questões sobre o poema, acima. As respostas estarão disponíveis em <
http://sites.google.com/site/centropedagogicoufmg/lingua-portuguesa-2 >.
1) Num primeiro momento, o eu-lírico perdeu suas crenças. Que imagem ele usa para representar esse fato? Qual a figura de linguagem é utilizada nesse caso?
2) Algo, porém, desfaz esse momento de descrença do eu-lírico: os olhos da pessoa amada. Ela usa de uma figura de linguagem para destacar a grandeza desse olhos. Cite esse verso e diga que figura de linguagem foi utilizada. Explique o sentido gerado pela expressão “dois céus”.
3) Qual o resultado final desse amor?
4) Peça, agora, para o aluno marcar no poema as sílabas poéticas e as sílabas fortes de cada verso do poema Aos olhos dele de Espanca: barra para divisão silábica e sublinhado para sílaba forte.
5) Peça para o aluno fazer um poema respeitando a relação entre rima e métrica, com constância de métrica e atenção a musicalidade do poema. Tema livre.
Peça para apresentarem em sala de aula.
Quatro estrelas 6 calificaciones
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01/04/2013
Cinco estrelasmto bom.
05/03/2013
Cinco estrelasexcelente este conteudo...me ajudou mto...
13/03/2012
Três estrelasobrigado pela ajuda
14/06/2011
Cinco estrelasGostei muito . Na minha opinião está completa. atividaes bem elaboradas e destaco a produção textual e individual, que é muito inportante. Ressalto ainda o fechamento que é a partilha , a exposição dos poemas elaborados. Parabéns.
24/03/2010
Cinco estrelasexcente,maravilhoso........
24/03/2010
Cinco estrelasQuero parabenizar o professor Saulo e também ao professor Luis Prazeres por dedicar seu precioso tempo a nos ajudar! Suas sugestões me ajudou muito! Obrigada