06/10/2009
BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Professor Luiz Prazeres Universidade Federal de Minas Gerais
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros |
O aluno poderá aprender a diferenciar contextos que exigem uso de diferentes níveis de formalidade da língua portuguesa, além de refletir sobre a atitude adequada dainte de variantes da língua tidas como não de pretígio. O preconceito linguístico será abordado e o aluno aprenderá a se posicionar diante do tema.
O aluno deverá ter boa noção de acentuação do português e da correta ortografia das palavras para apresentar um nível de aproveitamento maior da aula. Fique atento, professor, àa variedade da língua utilizada pelo aluno, para evitar mal entendidos ou atitudes de preconceito. É importante, ainda, o aluno ter noções das figuras do locutor, aquele (ou aqueles) que produz um enunciado, e do interlocutor, aquele (ou aqueles) a quem é destinada e mensagem de um enunciado.
Comece a aula, apresentando para os alunos os conceitos de língua padrão e não padrão. Língua padrão, como a variedade de maior prestígio social, e a língua não padrão, composta por aquelas variedades da língua que são diferentes da padrão e que são alvo de críticas severas quanto ao seu uso, em situações de formalidade. Peça para seus alunos lerem o texto a seguir e refletirem sobre o que está ocorrendo com o texto e responderem:
- O que está distoando no texto em termos de língua escrita? Ele poderia ser escrito de forma diferente?
Receita cazêra minêra di môi di repôi nu ái iói
INGREDIENTI
- 5 denti di ái
- 3 cuié di ói
- 1 cabêsss de repôi
- 1 cuié di mastumati
- sá á agosto
MODI FAZÊ
Cascá o ái, picá o ái i socá o ái cum sá.
Quenta ói na cassarola; fogá o ái socado
no ói quentim; pica o repôi beeemmm finim;
fogá o repôi no ói quentim juntu cum ái fogado;
pô a mastumati i méxi cum a cuié prá fazê o môi.
Sirva cum rôis e meléte. Issu é bão dimais da conta sô.
Fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070909170717AAraqvo
Figura I: Molho de repolho
(fonte: < http://marcelokatsuki.folha.blog.uol.com.br/images/tz8-frangogengibre.jpg >)
Claramente, os alunos perceberão que não escrevemos assim, mas muito de nós brasileiros possuímos um dialeto falado parecido com esse com que foi escrito o texto. Daí, a importância de destacarmos para nossos alunos a postura correta, ética que devemos ter diante de variantes tidas como não de prestígio pela sociedade: o que elege uma variante da língua como padrão, ou não, é simplesmente o fator cultural de uma sociedade. Ou seja, o que põe em posição de destaque a variante de varieadade língua padrão é a influência das pessoas tidas como cultas de uma sociedade. Não há nada que prove que uma variedade da língua é melhor do que outra, logo não devemos julgar uma variedade da língua melhor que outra. O importante é que todas cumprem com perfeição o propósito de realizarem o ato de comunicação.
Entretanto, devemos ensinar nossos alunos a diferenciarem as situações e os diferentes graus de formalidade. Um texto do gênero receita de bolo nunca é escrito da forma apresentada acima em uma publicação nacional sobre culinária. Assim, como primeira atividade, peça para seus alunos re-escreverem o texto na variedade padrão da língua. Ajude-os em dúvidas quanto a ortografia de certas palavras. O que define a formalidade é a proximidade ou a distância de variedade de uma língua em relação a variedade padrão.
Ao fim da atividade dê algumas caracteristicas que diferenciam a língua oral da escrita, como:
- Na pronúncia, em todos as variações da língua, sempre ocorre casos de supressão de partes da falada, dependendo da velocidade que se pronuncia as palavras ou de outros fatores.
- A língua oral permite retomada ao contrário da escrita. Logo, quando falamos podemos repetir algo caso a pessoa não entenda. Já na escrita devemos ser o mais claros possíveis, pois estaremos longe de nosso interlocutor para tirarmos suas dúvidas.
- Na língua falada há hesitações, truncamento de palavras, sendo que na língua escrita não pode haver esse tipo de coisa.
O professor pode ler com os alunos o seguinte texto, publicado em uma revista de grande circulação nacional: ¨Caxoro, páçaro e outros bixos”, Revista Cláudia, n.1, São Paulo: Abril, 2009. Ou acessar o sítio www.educarparacre scer.com.br, em que a mesma reortagem aparece.
A segunda parte da aula será voltada para um estudo da s variedades da língua em termos de léxico,ou seja, vocabulário. Mostre para eles que um a língua apresenta diferenças em relação ao uso de palavras para se referir um certo objeto. Isso é bem percebido, quando comparemos a denominação de frutas, objetos, entre outros em diferentes regiões do país. Peça para lerem o texto a seguir e, como atividade, escrever em dez palavras que conhecem e são consideradas como gírias por eles.
GÍRIAS
Quem nunca disse uma gíria, que fale alguma agora ou cale-se para sempre. Calma, não estou rogando nenhuma praga, apenas querendo dizer que as gírias fazem parte de nossas vidas. Estão por toda parte, aparecendo novas expressões a todo o momento. Tudo pode virar gíria. Elas existem assim como os apelidos, para que as pessoas possam chamar de forma diferente: objetos, fatos e outras pessoas, ou seja, apesar de possuírem seu próprio nome, por um acaso do destino, acabam ganhando esse jeito “novo” de serem chamadas e reconhecidas. Como exemplo, podemos citar a cerveja, que, ao longo dos anos, foi intitulada de: loira, ceva, boa, gelada entre outras.
As gírias em geral são facilmente entendidas, pois são introduzidas gradualmente em nosso meio. Mas se por acaso pegássemos uma pessoa totalmente isolada do mundo por algumas décadas e falássemos com ela utilizando gírias, poderiam ocorrer equívocos de interpretação.Pensem nesse indivíduo escutando que um rapaz estava “azarando” a moça na escola. Provavelmente iria imaginar que o referido jovem estava torcendo para que a tal moça tropeçasse em algo ou que estourasse a caneta no meio de seu caderno, porque para ele “azarar” seria torcer contra e não “paquerar”.
Outra gíria que poderia ser mal interpretada é o tal “toque” do celular - aliás, no meu tempo dar um toque em alguém, era dar uma dica sobre algo, para o sujeito se “tocar” sobre algum fato do qual ele não estava muito por dentro –, mas voltando ao celular, a primeira coisa que se pensaria era que os jovens andavam se “cutucando” (sabe-se lá aonde) com seus aparelhos.
Pior ainda seria se escutasse que fulano iria mandar um “torpedo” para uma “mina”. Entraria em pânico, acreditando se tratar de um ataque terrorista.
Brincadeiras à parte, as gírias servem de certa forma para personalizar o jeito como chamamos algo, deixando-o na “moda”. Chega como uma novidade, se transforma em pronúncia corriqueira e por fim acaba no dicionário para não cair no total esquecimento.
Fonte: < http://www.overmundo.com.br/overblog/girias >.
Mostre para seus alunos que, por meio desse texto, podemos percebemos a importância das expressões idiomáticas, palavras e expressões que ganham novo sentido dentro de um determinado grupo social. Faça uma apresentação em sala das dez expressões e com seus respectivos significados que cada aluno retirou de seu próprio vocabulário. Será uma atividade muito interativa e divertida. Apresente ao fim da aula, palavras com diferença de denominação regional, como a macaxeira e o aipim(mandioca), a bergamota (mexirica), e o jerimum (abóbora).
Terceira aula:
A terceira aula consiste na avaliação.
Referências Bibliográficas:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. A Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática: texto, reflexão e uso. 3. ed. reform. São Paulo, Atual: 2008.
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de Redação. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
CAXORO, PÁÇAROS E OUTROS BIXOS. Disponível em: < www.educarparacrescer.com.br >. Acessado em: 14 set. 2009.
Peça para seus alunos responderem à atividade a seguir:
Ativiadades:
1) O texto a seguir está de acordo com a variedade não padrão da língua. Ele é uma resposta de alguém agradecendo pela pessoa que passou a receita para ele. Reescreva-o na variedade padrão escrita:
Ai Cumpadi césa... cumpadi césa!
Tô rindo inté agorín ômi. Num cunsigu pará sô.
Cê num pérdi u modi fazê a cumadi anqui curê pa casinha di tântu ri. As tripa tum dano nó anqui nu buxu.
Má vamu dexá di prosa i vâmu falá dêssi môi danadu di baun qui ocê mandô pa ieu. Hi! hi! hi!, num consigu pará di ri cumpadi. Hê!, hê!, hê! Vô vortá na casinha . Cê ispera um poquin. já vorto cá.. Hê! hê!, hê!...
Vortei.
Vô fazê esse môi danadu di baun. Apriciei pur dimais essa receta. Adispois ieu contu pu cumpadi cúmu ficô.
Inté mas vê.
beijin procê.
Hê!, hê!, hê!
Fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070909170717AAraqvo
2) “A variedade da língua padrão possui maior prestígio social, logo quem a domina está acima dos que não a dominam”.
Com base na discussão realizada em sala, redija um texto apresentando os seguintes argumentos contra essa afirmação:
- A variedade padrão é imposta socialmente.
-Nada prova que uma variedade é melhor que a outra. O importante é que todas cumprem o propósito da comunicação.
- A falta de domínio da variedade padrão não desmerece uma pessoa de sua posição social, mas dificultará o acesso dessa pessoas a textos escritos nessa variedade.
(20-25 linhas).
Quatro estrelas 5 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
02/07/2010
Cinco estrelasInteressante e proveitosa esta aula. Parabéns!
26/04/2010
Cinco estrelasMuito interessante as estratégias usadas, inclusive variando os textos apresentados, uma vez q sempre é utilizado as linguagens da zona rural em relação a zona urbana - GIBI: CHICO BENTO. Esta diferenciou bastante.
24/03/2010
Quatro estrelasÓtima, As aulas são bem elaboradas e os recursos utilizados (receita) cai muito bem.
24/03/2010
Cinco estrelasÉ muito importante trabalhar a questão da linguagem padrão e não padrão com os alunos, sempre levando em consideração a não discriminação das culturas, noteando-os a escrita formal.
24/03/2010
Cinco estrelasAdorei! O aluno vai poder refletir sobre a importancia da escolha adequada do uso da lingua na comunicação de uma maneira divertida.