23/11/2009
Maria Cristina Tavela Weitzel
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros |
O objetivo desta aula é rever e aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre a variação linguística.
Aulas elaboradas para alunos do 8° ano do ensino fundamental com conhecimentos prévios sobre a variação linguística.
Parte 1 e 2
Professor: converse com seus alunos sobre a variação linguística, procurando se inteirar sobre o nível de conhecimento que eles têm a respeito do assunto. Conduza a aula, levando-os a explicitar aquilo que já sabem (e talvez não se lembrem). Para sua orientação, siga o roteiro abaixo. À medida que os alunos derem as suas contribuições, construa um esquema representativo da variação no quadro de giz.
1) Podemos estudar as variedades linguísticas que têm a ver com a situação de comunicação e com o interlocutor, chamadas registro; e as variedades que têm a ver com o falante, chamadas dialetos.
2) Gostaria que vocês dessem exemplos para explicar o registro (adequação linguística).
Primeiro um exemplo tendo em vista a situação comunicativa.
Em seguida, um exemplo tendo em vista o interlocutor.
3) Agora passe a discutir a variação dialetal. Relembre que a variação dialetal pode ser estudada segundo algumas dimensões. Pergunte quais são elas. Organize as respostas, de preferência seguindo as instruções abaixo.
Diferenças geográficas
a) A língua portuguesa é falada em diversos países. Pensando apenas no Brasil e em Portugal você saberia apontar alguma diferença?
(Professor: se você conhecer algum caso ou alguma piada (não preconceituosa) que saliente as diferenças linguísticas entre o português do Brasil e o de Portugal, conte para os alunos.)
b) E em relação ao Brasil, vocês conhecem alguma palavra que diferencie os falantes de outras regiões em relação à nossa? (Exemplo: estando em Salvador, uma senhora perguntou para uma moça, no ponto do ônibus, se o “frescão” passava por ali. Surpreendida, a moça quis saber: “Frescão? Que é isso?”. Foi quando a senhora se deu conta de que o termo “frescão” usado no Rio de Janeiro para se referir ao ônibus com ar refrigerado, era desconhecido, nessa acepção, na capital baiana.
c) E quanto à produção de sons (variação fonética) falamos do mesmo modo?
d) Ainda tendo em vista o espaço geográfico, vocês podem exemplificar diferenças entre a fala urbana e a fa la rural? (Alguns exem plos: (1) Óia - Olhar algo , ver , prestar atenção. Óia só que coisa !!! / (2) Vou chegando! – Ao contrário do que parece, significa uma despedida.)
4) Prosseguindo a aula, relembre as demais dimensões da variação dialetal. Ajude-os, se for o caso, a identificar e exemplificar outras diferenças, como:
Diferenças quanto à faixa etária (Exemplo: É cara, tô azarando uma mina que é o maior barato. / Estou interessado numa mulher muito bonita, elegante e inteligente.)
Diferenças quanto ao sexo (Exemplo: Cara, preciso te contar o que aconteceu ontem na festa. / Querido (Ai, menino), preciso te contar o que aconteceu ontem na festa.)
Diferenç as quanto ao tempo
Para exemplificar leia o fragmento abaixo, início do texto Antigamente, de Carlos Drummond de Andrade. ( texto disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond07.htm
“Antigamente as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. [...]”
Diferenças sociais (Inclui os jargões profissionais, como a linguagem dos advogados, locutores de futebol, dos policiais, etc. E as gírias. Os dialetos sociais podem ter um papel de identificação, pois é através deles que os diferentes grupos se reconhecem e até mesmo se protegem em relação aos demais.
Peça exemplos.
Terminada a discussão, solicite que os alunos anotem o esquema do quadro, que poderá ficar assim:
VARIEDADES LINGUÍSTICAS |
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Registros: variedades que ocorrem em função do interlocutor e da situação comunicativa. |
Exemplos: |
VARIEDADES LINGUÍSTICAS |
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Dialetos: variedades que ocorrem em função das pessoas que usam a língua. |
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1. Diferenças geográficas |
Exemplo: |
2. Diferenças de idade |
Exemplo: |
3. Diferenças de sexo |
Exemplo: |
4. Diferenças históricas (tempo) |
Exemplo: |
5. Diferenças sociais |
Exemplo: |
Enquanto os alunos copiam o esquema, e o completam com exemplos, distribua a atividade abaixo, para ser feita em sala, em dupla.
(O texto que servirá de análise foi retirado do site http://acd.ufrj.br/~pead/tema01/propostas.html#8 , onde você poderá encontrar propostas interessantes de atividades com a Variação Linguística.)
Atividade
Leia o texto abaixo e discuta com o seu colega de dupla o que o surfista quis dizer.
Entrevista com vencedor de concurso de surf REPÓRTER: Qual foi a bateria que você mais surfou até hoje? SURFISTA: Foi no Cristal Grafiti. A onda veio abrindo inteira, dropei no crítico, fiz o bottom turn de backside, subi e dei um rasgadão. Aí deixei cair lá embaixo, subi novamente, dei outra rasgada e, quando ela engordou, adiantei, dei um cutback bem agachado e bati na espuma. Veio a junção e mandei uma esbagaçada, depois foi aquela marolagem, enganação. (revista HARDCORE, setembro de 1991) |
a) A gíria dos surfistas é carregada de termos em inglês. No entanto, mesmo não sabendo a tradução exata, é possível a gente compreender o que foi dito?
b) Cite algumas características pelas quais podemos identificar a linguagem dos surfistas.
c) Que importância pode ter para um grupo, como os surfistas por exemplo, ter um dialeto próprio?
d) Reproduza com suas palavras a manobra executada pelo surfista, de modo que qualquer leitor pudesse compreender o que ele fez.
Professor, distribua o texto Aí, Galera, de Luis Fernando Veríssimo, publicado no Correio Brasiliense, em 13 de maio 1998. Antes d e iniciar a leitura, pergunte aos alunos:
a) Qual é a expectativa do público em relação à fala dos jogadores de futebol? O jogador brasileiro é estereotipado?
b) O que significa o termo estereotipação? Exemplifique.
c) O público que avalia um jogador, julgando-o segundo o seu modo de falar poderia estar manifestando algum tipo de preconceito?
- Após a discussão, solicite uma leitura silenciosa.
Jogadores de futebol podem ser vítimas de e stereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
-Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
-Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
-Como é ?
-Aí, galera.
-Quais são as instruções do técnico?
-Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
-Ahn?
-É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
-Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
-Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
-Pode.
-Uma saudação para a minha genitora.
-Como é?
-Alô, mamãe!
-Estou vendo que você é um, um...
-Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
-Estereoquê?
-Um chato?
-Isso.
Terminada a leitura silenciosa, retome o texto e promova a leitura em voz alta. Escolha três alunos para fazerem uma leitura expressiva: um será o narrador, outro o jogador e outro o repórter. Dê um tempo para que eles se preparem, se possível fora da sala de aula. Enquanto isso, converse sobre o comportamento linguístico dos atletas em geral e dos jogadores de futebol em particular. (Provavelmente haverá muita participação).
2) Faça perguntas para verificar a compreensão do texto:
a) Nesta crônica, o jogador surpreende o repórter com o seu jeito de falar? Por quê? (Resposta possível: o jogador usa a norma culta de forma intrincada, hermética.)
b) O que o repórter esperava dele em termos de comportamento linguístico? (Resposta possível: o repórter esperava que ele respondesse como de costume: usando um padrão de linguagem bem simples, com certas dificuldades em relação ao uso da norma culta, além da dificuldade de se expressar em público).
c) Apesar de usar a norma culta, o jogador foi feliz nas suas respostas? (Resposta esperada: não, porque ele precisou “tradu zir” a sua fala para o rep órter. A linguagem formal em excesso, gerou incompreensão, prejudicando completamente a comunicação.)
d) E quanto ao repórter, houve adequação de linguagem em relação àquela situação comunicativa?
- Distribua a atividade abaixo, para ser feita por escrito, em sala, em dupla. Se o tempo não for suficiente, os alunos deverão terminá-la em casa.
Atividade
Responda atentamente às questões abaixo.
1) Marque a resposta incorreta. Com relação às formas de saudação, podemos dizer que:
( ) Aí, galera é uma saudação habitual para se dirigir a um grupo de pessoas com quem se tem liberdade.
( ) Aí, galera é uma forma de saudar coletivamente as pessoas, enquanto Aí, campeão e Alô mamãe são vocativos exclusivos para um interlocutor único.
( ) Saudar pessoas de um nível hierárquico superior, em si tuações de formalidade, com a expressão Aí, galera constitui uma gafe decorrente do uso inadequado da linguagem.
( ) Seja onde for, o importante é encontrar as pessoas e saudá-las, não importando a maneira.
2) A alternância de registro feita pelo jogador (ora muito formal e hermético, ora bem coloquial) e o uso de gírias típicas do futebol geram algumas situações curiosas, estando entre elas:
( ) a perplexidade do entrevistador diante de um jogador que usa a norma culta num grau hiperformal.
( ) a satisfação do entrevistador ao verificar que descobriu um jogador que domina a norma culta da língua portuguesa.
( ) a habilidade do jogador, que “traduzia” a sua fala empolada para uma linguagem menos formal.
3) Marque V ou F:
( ) Podemos perceber diferenças regionais para expressar a noção de infinitivo. Em Minas, por exemplo, os falantes dizem pegá, apagando o r, ao invés de pegar; o mesmo não acontece em certos lugares do sul do Brasil, onde o r final do infinitivo é pronunciado. Oapagamento do r, na fala, como fez o jogador ao dizer “pegá eles sem calça”, não é erro de português. Trata-se de um caso de variação.
( ) As construções “pegá eles sem calça” e “pegá-los sem calça” estão ambas corretas do ponto da variação linguística. Podemos usar uma ou outra, dependendo da situação de comunicação.
4) Considerando o contexto, “sabotar a estereotipação” significa:
( ) ter dificuldade de expressar-se de a cordo com o dialeto de seu grupo.
( ) não corresponder à imagem que se faz dos atletas em geral.
( ) adequar-se à situação comunicativa.
5) Levando em conta o contexto do texto Aí, Galera podemos enquadrar a linguagem dos jogadores como pertencente a um determinado grupo social? Ilustre a sua resposta com um exemplo do texto e outros que você conheça.
6) Finalmente, pode-se dizer que o autor obteve o efeito de sentido esperado: fazer rir. O que causa o efeito cômico?
Parte 4
- Corrija as atividades da aula anterior.
- Bem antes da data dessa aula, você deverá selecionar alguns textos na Internet ou outro suporte para serem distribuídos nessa aula. Os termos têm que dar margem à reflexão sobre variedades lingüísticas.
- Para cada texto selecionado, existe uma determinada tarefa. Distribua o material e solicite que cada grupo execute a atividade que lhe coube. Determine um tempo para a finalização da tarefa. Terminado o tempo, faça um rodízio do material, de modo que cada grupo execute quatro tarefas (uma com música, uma com revista em quadrinhos, uma com propaganda e uma com reportagem de revista juvenil.
a) Duas letras de música (Sugestões: “Nosso sonho” e “Assim sem você”, de Claudinho e Buchecha)
- Explicar a intencionalidade, os efeitos de sentido.
b) Duas histórias em quadrinhos com dialeto urbano e rural (Sugestão: Chico Bento, de Maurício de Sousa)
- Explicar a intencionalidade e a aceitação popular.
c) Duas propagandas antigas
(consulte o site abaixo, onde você encontrará textos e vídeos)
http://www.google.com.br/search?sourceid=navclient&ie=UTF 88rlz=1T4SUNA_enBR287BR288&q=%
- Explicar as estratégias usadas e se fariam efeito ainda hoje.
d) Duas reportagens tiradas de revistas juvenis (Por exemplo “Capricho”, “Gloss”, “Atrevida”)
Explicar a intencionalidade em função do público alvo.
Peça as respostas por escrito do exercício da parte 4 em folha à parte e atribua um valor.
Quatro estrelas 8 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
15/08/2013
Cinco estrelasExcelente material, bem diversificado, agradeço o auxílio.
25/06/2013
Cinco estrelasGostei muito! Parabéns! Vou aproveitar o exemplo do vocabulário do surfista para um trabalho da faculdade. Obrigada, pessoal. Abraço.
04/05/2012
Cinco estrelasGostei bastante da aula, muitas atividades diversificadas. Dá pra trabalhar variação linguística sob vários aspectos. Foi bastante útil para mim.
26/04/2012
Cinco estrelasQueria receber o gabarito dessas atividades
03/06/2011
Três estrelasO plano é interessante!!
24/03/2011
Cinco estrelasSou professora de língua portuguesa e adorei as sugestões.
14/11/2010
Cinco estrelasAchei ótima a sugestão de trabalho.
24/03/2010
Cinco estrelasTambém sou professora de português e achei a idéia excelente. Geralmente os alunos gostam de estudar sobre as variações linguísticas e com uma metodologia diferenciada é ainda melhor o resultado. Parabens....