02/06/2010
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Relações sociopragmáticas e discursivas |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Recursos linguísticos em uso: fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais |
Estratégias:
Recursos:
Aula 1
Atividade 1
Nesta primeira atividade, o professor distribuirá aos alunos, que estarão organizados em grupos, pequenos fragmentos xerocados contendo os seguintes trechos retirados da seção Leitor, da Revista Veja, edição 2164, 12 de maio de 2010. Disponível em: http://veja.abril.com.br/120510/leitor.shtml
1) “O uso do Google é importante, mas não substitui a leitura de um bom livro. A quantidade de informações fragmentadas e diluídas que obtemos por meio dessa ferramenta não é páreo para uma edição que pode ser manuseada e saboreada como um bom vinho.” Zaíra Dirani – Professora - Brasília, DF.
2) “Brilhante a reportagem "A farra da antropologia oportunista" (5 de maio), sobre a "pilantropologia" nacional que pretende transformar nosso país num imenso "Brasilistão" de índios, quilombolas e sem-terra. Além de atentar contra o agronegócio, pedra angular da estabilidade econômica, essa nefasta prática racista vai contra os rumos da história do Brasil, que se tornou, em apenas cinco séculos, um país miscigenado que é exemplo para o mundo.” Félix Maier - Águas Claras, DF.
3) “A Carta ao Leitor "Uma cadeia de fraudes e abusos" (5 de maio) levanta o véu dos abusos, interesses fisiológicos e ideológicos que permeiam a expansão de aldeias em propriedades particulares legítimas e produtivas. O estado brasileiro responsável pela ruína dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul – com as bênçãos de membros do Ministério Público Federal que parecem mais versados em Lênin e Marx do que em Constituição brasileira – quer por aqui expandir áreas de aldeias dando um "chapéu" nos brasileiros que povoaram nossas fronteiras e as tornaram produtivas. Parabéns a VEJA por colocar o dedo em mais uma vergonha com que o estado brasileiro insulta a nação.” Valfrido M. Chaves - Campo Grande, MS.
4) “Parabéns pela coragem de publicar a reportagem "O plano B da Fifa" (5 de maio), mas é fácil entender os motivos do atraso. Meses antes do evento, o governo liberará a verba de emergência. E nós, passivos, pagaremos de novo a conta.” Mauro Moreira - São Paulo, SP.
5) “Excelente a tática da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro de "reocupar os morros" (5 de maio). Mas fica a pergunta: os bandidos debandaram para onde?” Cristina D. Silva - Pequim, China.
O professor, seguidamente, perguntará aos alunos se existe alguma palavra ou expressão que requer para a sua compreensão a remissão (retomada) ou a prospecção (um olhar para a frente) a alguma outra parte do texto ou a um conhecimento que não necessariamente está posto graficamente no texto. Com isso, os alunos terão de identificar, neste primeiro momento, alguns processos referenciais.
Atividade 2
O professor oralmente destacará os processos de referenciação de cada trecho para os quais gostaria que os alunos focassem sua atenção, conforme sugestão a seguir.
Trecho 1:
Trecho 2:
Trecho 3:
Trecho 4:
Trecho 5:
Atividade 3
Depois de discutidos os trechos oralmente, o professor passará então à formalização por via indutiva do que seja referência textual e as noções de anáfora e catáfora. Para tanto, mostrará em data show aos alunos mais alguns exemplos, questionando a cada slide:
http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira116.htm
2)
http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira85.htm
3)
http://www.acharge.com.br/index.htm (charge feita no dia 16/05/10, data em que o Santos empatou com dificuldades com o Ceará)
4)
5)
(Esta propaganda foi retirada do Arquivo da Propaganda pelo site : http://arquivo.net/ Todavia, essa imagem já não está mais disponível no portal, porque as propagandas são renovadas de tempos em tempos).
6)
“Crise da dívida e dúvidas sobre o euro assustam o mercado” Manchete do Jornal Le Monde, na França, no dia 16/05/2010.
7)
8) Título de Texto de Opinião “Yabadabadoo”
Fonte: MAINARDI, Diogo. Yabadabadoo. Revista Veja, 6 de março de 2010. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/mainardi/
E se, logo após esse título você lesse: “Depois de passar meses e meses na pedreira, o PSDB, como Fred Flintstone, escorregou pelo rabo do dinossauro, montou em seu carro pré-histórico e se pôs em marcha. Serra é o candidato”.
2. Qual(is) palavra(s) neste pequeno trecho foi(ram) fundamental(is) para a construção de pontes referenciais?
Ao final dos exemplos, o professor terá conduzido a turma para a resposta aos seguintes e primordiais questionamentos:
1. O que é referência?
2. Existe apenas referência no texto?
3. Quando o referente é retomado, temos um processo de anáfora ou catáfora?
4. A referência somente retoma algo já dito ou mostrado ou partilhado de alguma maneira?
5. Quais as condições para compreender a referência quando ela não está no texto?
6. Com base nos exemplos, quais as classes de palavras podem funcionar como expressões remissivas?
Aula 2
Nesta aula, por meio das duas atividades propostas, os alunos identificarão e construirão sentidos para os processos referenciais.
Atividade 1
O professor entregará para cada aluno o seguinte texto xerocopiado:
Uma lição(1) dos jovens(2)
Alguns dos personagens gays da reportagem de VEJA: o começo do fim do preconceito
Uma reportagem especial desta edição de VEJA(3) revela a existência de um fenômeno(4) recente entre parcela considerável dos adolescentes(5) e jovens brasileiros(6). Eles(7) formam uma geração que cultiva a tolerância em um nível jamais atingido em outros períodos da nossa história(8). É uma realidade positiva(9) em especial para os jovens homossexuais(10), justamente na idade em que a aprovação dos pares é mais vital para o amadurecimento emocional do que a da própria família. Fazer parte de uma turma, ser aceito sem se ver obrigado a fingir e sem ser o alvo preferencial de gozações, quando não de hostilidades, é a melhor tradução de felicidade(11) na adolescência.
A reportagem(12) mostra que se revelar homossexual para os pais ainda é algo tenso, complexo e sofrido para um jovem(13). Mas o convívio com a diferença, antes verificado apenas no ambiente de vanguardas e círculos intelectuais e artísticos, está se tornando a norma(14) nos grandes centros urbanos brasileiros. O fato de alguém ser gay não traz mais aquela marca dominante(15) em torno da qual orbitavam todas as demais qualidades e defeitos do garoto ou da garota. Perante os colegas e amigos, a orientação sexual de um adolescente(16), que até há bem pouco tempo(17) era a característica primordial de sua essência, passa a contar apenas como uma das muitas facetas da personalidade(18).
Encarar a homossexualidade com naturalidade é uma bela lição(19) que os jovens brasileiros(20) estão ministrando aos adultos. De modo geral, quando escapa da galhofa pura e simples, a homossexualidade(21) é tratada com hipocrisia ou usada como bandeira por grupos militantes que vitimizam sua condição e são paparicados por políticos em busca de votos. Os jovens(22) estão demonstrando que ser homossexual não necessariamente implica que um indivíduo seja pior ou melhor, mais forte ou mais fraco do que o outro(23) – mas apenas diferente. Isso(24) leva a questão(25) para longe das piadas, das bandeiras, das passeatas, das religiões, dos julgamentos morais e até das legislações, devolvendo-a(26) ao arbítrio de cada um(27) na confecção da imensa teia de afeição e rejeição que define a condição humana.
SANTOS, Laílson. Uma lição dos jovens. In: Revista Veja, edição 2164, 12 de maio de 2010.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/120510/uma-licao-jovens-p-016.shtml
O professor pedirá aos alunos para identificarem os referentes (conforme numeração do texto) e propor sentidos aos processos remissivos. Neste momento é muito importante trabalhar o valor semântico que as classes de palavras agregam.
Atividade 2
Os alunos analisarão os efeitos de sentido provocados pelas formas remissivas nos seguintes trechos que deverão ser entregues a eles:
a) “Imagino a cabeça dos 600 frades franciscanos que levaram à catedral de Notre Dame os índios do Brasil para serem batizados por Luís 13. Aqueles seres nus, pobres, ingênuos. Os espanhóis levaram da América ouro e prata. Os franceses, só aquelas pobres almas entregues ao Diabo, para serem convertidas ao cristianismo e salvas para Deus” (SARNEY, José. China, Kourou e as amazonas. Folha de S. Paulo, 02 mar. 2007).
b) “Renato Janine Ribeiro, em artigo na Folha de S. Paulo (suplemento Mais, 18/2), teve uma explosão de sinceridade rara em intelectuais brasileiros. Chamou o crime contra o menor de “o horror em estado puro”, confessando que não consegue parar de pensar no assunto. Intelectual de esquerda, simpatizante de Lula, formado na mentalidade iluminista com sua crença no progresso moral irresistível da humanidade, levanta questionamentos religiosos, revê sua posição sobre a pena de morte e se dilacera em incertezas humanísticas ao indagar se “a humanidade se constrói, se conquista – e também se perde”. (KUJAWSKI, Gilberto de Mello. Foi tudo posto em questão. O Estado de S. Paulo, 01 mar. 2007).
É esperado que os alunos, minimamente, consigam perceber que “em ambos os trechos é possível perceber a referenciação como um processo discursivo em que se observam concepções individuais e públicas sendo negociadas na intersubjetividade. A referenciação, assim, contribui para a continuidade do texto e garante o estabelecimento ou a recuperação de informações de modo a propiciar progressão de sentido.” (Walleska Bernardino Silva)
a) “O fato de o referente “os índios do Brasil” ser retomado pelas expressões I) Aqueles seres nus, pobres, ingênuos e II) aquelas pobres almas entregues ao Diabo revela a forma como o autor do texto percebe os índios: pessoas ingênuas, destituídas de qualquer tipo de maldade, cujo futuro é naturalmente pessimista por não deterem a mesma astúcia e perspicácia de que se apossavam os colonizadores do Brasil. Dessa forma, os índios tornavam-se “joguete” nas mãos de portugueses e franceses. Daí a predicação: pobres almas entregues ao Diabo.” (Walleska Bernardino Silva)
b) “Nesse trecho, o articulista utiliza-se do processo de referenciação para atribuir características a Renato Janine, distinguindo-o dos demais intelectuais brasileiros. Mas isso não é feito de modo ingênuo. Ser intelectual de esquerda, simpatizante de Lula, nesse contexto, acarreta uma série de implicações que desmerecerão a posição de Renato, haja vista que a tese desse texto – o Brasil necessita não apenas de uma reforma legal, mas de uma ação repressiva maciça da população contra ações que deturpam os valores éticos, morais, dentre outros, que subsistem no país – leva em consideração o governo petista de Lula. Isso significa que o papel do governo na contenção de ações que deturpam os valores sociais em geral não é satisfatório e, por isso, o enunciador se posiciona contra não apenas a Lula, mas contra Renato, que é singularizado pelo próprio produtor textual como partidário das ideias do governo lulista.” (Walleska Bernardino Silva)
Para leitura do professor:
Dissertação:
SILVA, Walleska Bernardino. A relação entre referenciação e argumentação. Dissertação de Mestrado. Instituto de Letras e Linguística. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Universidade Federal de Uberlândia, 2008, 193p.
Disponível em: http://dominiopublico.qprocura.com.br/dp/116559/A-relacao-entre-referenciacao-e-argumentacao.html
Artigos:
http://www.gelne.ufc.br/revista_ano2_no2_34.pdf
http://www.gelne.ufc.br/revista_ano2_no2_12.pdf
A avaliação desta aula consistirá na percepção do professor quanto à identificação e recuperação dos processos referenciais pelos alunos. Para tanto, o professor se norteará por meio das atividades propostas, tanto orais quanto escritas, de identificação de referentes e possíveis efeitos de sentido observados.
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