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JORNAL

Copa do Mundo na Escola

Quinta-feira, 12 de Junho de 2014

Edição 101

EDITORIAL - Copa do Mundo na Escola

Copa do Mundo na Escola é o tema que escolhemos para a 101ª edição do Jornal do Professor, publicada no dia da abertura do certame mundial em nosso país.

Você vai conhecer aqui, as experiências desenvolvidas por professores de escolas de ensino fundamental e médio do Distrito Federal, Minas Gerais, Rondônia e Tocantins.

A professora Ilza Rodrigues Pereira Lucena, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Professora Edeli Mantovani, no município de Sinop, em Mato Grosso, participa da Seção Espaço do Professor.

Nossa entrevistada é Ivana de Siqueira, diretora geral da Organização dos Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) no Brasil. A OEI desenvolveu o projeto Copa do Mundo, o Mundo em sua Escola nas 12 capitais brasileiras que serão sede dos jogos da competição.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

 

 

Meio ambiente e esporte inspiram trabalho com alunos em Rondônia

Professora e alunos ornamentam escola

Habituados a desenvolver, todos os anos, projetos relacionados ao meio ambiente, os professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Lauro Benno Prediger, no município de Ji-Paraná, Rondônia, incluíram, este ano, ações ligadas à realização da Copa do Mundo no Brasil. Assim, foi criado o projeto Torcendo e Protegendo o Meio Ambiente, ligado diretamente a questões ambientais e relacionado, de maneira interdisciplinar, ao Mundial de futebol e à Semana do Meio do Meio Ambiente.

“Aproveitamos para dar um enfoque diferente. O principal objetivo foi mostrar que a Copa pode ser melhor com menos lixo e poluição”, diz a professora de geografia Matilde Ramilho, que tem pós-graduação em educação ambiental. Segundo Matilde, o projeto foi realizado em equipe, com troca de ideias e opiniões. “Alguns se responsabilizaram pela criação de frases para divulgação no Facebook; outros, pelas bandeiras de cada país, números de participação na Copa e confecção de cartazes e faixas para decorar a escola”, explica.

Entre as atividades desenvolvidas com os alunos, Matilde cita a confecção, com garrafas plásticas, de bonecos que representam Fuleco, o mascote da Copa, e de bolas, com copos reciclados. Os estudantes também fizeram cartazes e bandeiras. Eles tiveram a oportunidade de aprender a localizar os continentes de todos os países participantes do Mundial, bem como conteúdos relacionados às diferentes culturas e populações.

De acordo com Matilde, há 15 anos no magistério, a exposição, na escola, dos trabalhos feitos pelos estudantes contribuiu para elevar a autoestima de todos. “Eles se sentiram valorizados”, avalia.

Estímulo — Para a professora Creunice Pereira de Souza, que leciona língua portuguesa no ensino fundamental e arte no ensino médio, além de elevar a autoestima dos estudantes, o projeto tem colaborado para estimular a criatividade, incentivar a leitura, provocar uma preocupação maior com a ortografia e a produção de textos. Ela diz que tem incentivado a criatividade e a socialização entre os alunos, além de desenvolver o gosto pela pesquisa.

Entre as atividades realizadas, ela cita a produção de frases, cartazes e pinturas. Com graduação em letras e pós-graduação em gestão escolar, Creunice atua no magistério há 23 anos.

Na visão do diretor da escola, Valmir Pereira da Silva, o projeto ajudou a ampliar a conscientização dos alunos sobre a importância da natureza e da necessidade de cuidar do meio ambiente. Há 30 anos no magistério, 15 dos quais na direção, Valmir é professor de geografia.

Com 1.330 alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio e na modalidade de educação de jovens e adultos, a escola conta com a participação atuante das famílias nos eventos que promove. Entre eles, a Manhã Musical, no dia 14 próximo, e a Festa Junina, no dia 28. (Fátima Schenini)

Competições empolgam alunos em escola de Tocantins

Alunos realizam atividades no chão da sala de aula

O projeto Copa do Nosso Mundo foi muito bem recebido pelos alunos do terceiro ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Dom Alano Marie Du Noday, em Palmas, Tocantins. A constatação é da professora da classe, Dionita Araújo Amorim, responsável pelo desenvolvimento do trabalho, em parceria com a coordenadora do Laboratório de Informática, Tereza Gorete, e com a coordenadora de projetos e programas, Fabrícia Neli Johann Martins. O projeto teve início em abril último.

“Empolgados, os alunos não querem faltar às aulas”, revela Dionita. Durante as atividades escolares, os alunos competem entre si, como se estivessem participando de uma copa escolar. “Não inserimos iniciativas extras ou artificializadas, apenas direcionamos a metodologia para atender os conteúdos já previstos para uma ação criativa e lúdica”, explica. “Dessa forma, o projeto não é algo a mais para fazer, mas uma forma diferente de fazer.”

De acordo com a professora, todas as atividades são vistas como “partidas”. Os alunos, em equipes (seleções) realizam as ações e ganham pontos (gols). Segundo ela, os estudantes participam ativamente das atividades propostas e mostram estar motivados, curiosos e interessados. “Até mesmo alguns conteúdos que poderiam ser considerados ‘chatos’ passaram a ser vistos, com o projeto, como divertidos”, destaca.

Leitura de textos e poemas, formação de palavras, montagem de desafios matemáticos, pesquisas na internet sobre temas como a história da Copa do Mundo e as seleções participantes são algumas das atividades realizadas. Há também entrevistas, atividades esportivas e de recreação e a confecção de um minidicionário temático.

De acordo com Dionita, no decorrer das ações, os “jogadores-alunos” têm demonstrado uma aprendizagem mais colaborativa. Um ajuda o outro, com incentivos para que a “seleção” marque o “gol”. “Alguns alunos, que tinham tendência a deixar as atividades inacabadas ou realizadas de forma rotineira, agora querem fazer melhor. Com isso, o rendimento das atividades aumentou”, observa a professora. Formada em pedagogia, ela está no magistério há mais de 21 anos.

No fim das competições, será realizada uma festa para premiar a equipe vencedora, os melhores “atletas”, o “jogador” mais dedicado. Será montada, então, uma exposição para apresentar aos pais e à comunidade os registros das atividades realizadas.

Valorização — “Ao idealizarmos o projeto pensamos em algo que tivesse a Copa do Mundo como inspiração, mas que valorizasse também a realidade do aluno e as atividades escolares”, salienta Fabrícia Neli. “Por isso, a palavra ‘nosso’, para mostrar que houve uma apropriação do tema com foco na realidade.”

De acordo com Fabrícia, houve também a preocupação em provocar o pensar sobre o mundo, sobre a vida e as pessoas. A pedagoga é pós-graduada em gestão pública e atua no magistério há 20 anos.

O Colégio Estadual Dom Alano, com 1.040 alunos matriculados no ensino fundamental e no médio, desenvolve também o projeto Copa Dom Mundo, realizado em todas as turmas, de forma interdisciplinar. O trabalho envolve todas as áreas do conhecimento.

“Os principais resultados alcançados pelos projetos são o envolvimento dos alunos e dos professores”, diz a diretora da escola, Amanda Emiliene Arruda Azevedo. Outro fator importante, segundo ela, é o estímulo à produção individual e coletiva. “Isso torna o aluno mais participativo, critico e, principalmente, protagonista no processo de ensino”, avalia. Pedagoga com experiência também em docência e em coordenação pedagógica, a diretora acredita que os projetos devem considerar a faixa etária e o interesse dos estudantes, de forma a criar ações adequadas e a respeitar os alunos como autores de sua aprendizagem. “É importante que os projetos tenham a cara do aluno.” (Fátima Schenini)

Saiba mais no blogue do CE Dom Alano Marie Du Noday

Temas sobre futebol contribuem para novas aprendizagens

Crianças assistem ao jogo dos pais

As professoras da Escola Municipal Dr. José Xavier Nogueira, em Belo Horizonte, estão desenvolvendo o projeto Copa do Mundo com os alunos da educação infantil. Aberto em 26 abril, com um jogo de futebol entre pais e familiares dos alunos, durante as comemorações da Festa da Família, o projeto atende crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos, de turmas dos turnos da manhã e da tarde.

No dia da abertura do projeto, antes da realização do jogo, as crianças fizeram uma apresentação de música e dança. “Confeccionamos pompons, faixas para cabeça e saias nas cores verde e amarela, simbolizando a torcida dos times e as cores do Brasil”, lembra a professora Juliana Oliveira Assis da Silva. “Os alunos ficaram muito felizes e entusiasmados ao verem os pais participando”, diz Juliana. Há 12 anos no magistério, ela tem formação em curso normal superior. O jogo reuniu os pais de alunos do turno da manhã contra os do turno da tarde.

Durante a realização do projeto, as professoras organizaram rodas de conversas nas salas de aulas para falar sobre futebol e Copa do Mundo. As crianças também participaram de jogos e trabalhos relacionados ao tatu-bola Fuleco, mascote da Copa. Outra atividade foi a elaboração de formas geométricas a partir de elementos como a Bandeira do Brasil, bola e campo de futebol e de cartazes sobre o tema.

“As atividades contribuíram para o desenvolvimento da linguagem oral, conceitos matemáticos, figuras geométricas, cores, letras, símbolos, numerais e atividades interdisciplinares”, avalia a professora Raquel Gomes de Oliveira. Para ela, o projeto colaborou para a aprendizagem de novos conceitos e proporcionou a interação e a elevação da autoestima das crianças. “Os alunos ficaram curiosos, atenciosos, participativos e muito criativos”, destaca. Além disso, ela ressaltou que a realização do projeto proporcionou a interação das famílias, que têm cooperado nas atividades extraclasse. Com formação em curso normal superior, Raquel está há 11 anos no magistério.

Paixão — Segundo a coordenadora pedagógica do turno matutino, Andressa Ferreira de Jesus Ribeiro, o futebol é uma paixão nacional e faz parte da realidade e do cotidiano de todos. “Por meio dele, estão sendo desenvolvidas competências pedagógicas em diversas linguagens, tais como a oral, corporal, musical, visual, digital, matemática e escrita, visando ao enriquecimento de experiências e aprendizagens diárias dos alunos”, explica. Além disso, ela salienta que o projeto tem abordado temas como ética, cidadania, paz, cultura e ecologia.

Com formação no curso de normal superior e pós-graduação em alfabetização e letramento, Andressa trabalha há mais de sete anos na área de educação infantil. Também tem experiência no ensino fundamental.

O projeto será encerrado em julho, com exposição de fotos e dos trabalhos feitos pelas crianças. (Fátima Schenini)

Saiba mais no blogue da EM Dr. José Xavier Nogueira

Festa das Nações mostra outras culturas a alunos em núcleo rural

Alunos desfilam com bandeira

No Núcleo Rural Capão da Erva, em Sobradinho, Distrito Federal, a Escola-Classe Natureza homenageou os países que participam da Copa do Mundo 2014 com a Festa das Nações, realizada no dia 11 último. Além de exposição dos trabalhos realizados durante o primeiro semestre letivo, os participantes assistiram a apresentações de danças típicas por alunos de turmas da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental.

“Teve professor chorando de emoção, por nunca ter visto uma festa como essa na escola”, diz a diretora, Mônica Clifford. “Quisemos dar oportunidade aos alunos de vivenciar coisas diferentes, ter contato com outras culturas além de envolvê-los com outras línguas e maravilhas do mundo.”

Os preparativos para a festa tiveram início em março, com a escolha dos oito países que seriam estudados. Alemanha, Argentina, Camarões, Itália, Japão, México, Portugal e Brasil foram os selecionados por alunos e professores. Ao longo do semestre, os estudantes participaram de atividades interdisciplinares, nas quais foram trabalhados conteúdos como culinária e gastronomia, artes plásticas, cênicas, música, dança e coreografias locais dos países escolhidos. Também participaram de leituras temáticas e estudaram os diferentes hinos, bandeiras, moedas e mapas.

“O objetivo foi criar nos alunos o hábito da pesquisa”, ressalta a diretora. Segundo Mônica, foi possível também mostrar outros países, seus povos e suas culturas. Os estudantes participaram de visitas a embaixadas e obtiveram bandeiras, roupas, folders, cartazes e objetos para a exposição. “Uma experiência como essa é enriquecedora. Eles se sentiram de fato em outros países”, revela a diretora. Formada em pedagogia, com pós-graduação em educação inclusiva, Mônica atua há 30 anos na área da educação. Há seis meses, exerce a função de diretora da escola.

No dia anterior à festa, alunos e professores participaram de uma gincana, que teve atividades com temáticas relacionadas à Copa do Mundo, como o “chute ao gol”. (Fátima Schenini)

 

Escola do DF cria projeto para incentivar habilidades esportivas

Apresentação de dança de alunos em festa junina

A Escola-Classe 407 Norte, de Brasília, leva a sério a importância do esporte para o desenvolvimento pleno dos estudantes. Os alunos, que estudam em tempo integral, participam de atividades no Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB) e no Centro Interescolar de Educação Física (Cief) da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Assim, este ano, a temática Copa do Mundo foi inserida no projeto político-pedagógico (PPP) da escola, intitulado Despertando as Habilidades Esportivas.

De acordo com a diretora, Ana Paula Poças Zambelli dos Reis, o tema Copa do Mundo foi explorado em diversos conteúdos de diferentes disciplinas. Mestre em educação, há 20 anos no magistério e 11 na direção, Ana Paula cita como exemplo, em língua portuguesa, a realização de pesquisas sobre o surgimento do futebol e os principais artilheiros. Em matemática, destaca o uso da geometria para a confecção de bandeiras dos países participantes do Mundial.

Nas aulas de geografia a turmas do segundo ano, a professora Jaciléa Gaspar deu ênfase aos países participantes da competição. Os alunos também consultaram o mapa-múndi, o mapa do Brasil e a localização das cidades-sedes dos jogos. “Houve muita curiosidade por parte das crianças”, salienta. Nas aulas de português, Jaciléa cita a atividade conhecida como caça-palavras, com o tema futebol. “Uma vez achadas, as palavras foram separadas em sílabas, e os alunos formaram frases com algumas.”

Com graduação em pedagogia e 14 anos de experiência no magistério, Jaciléa enfatiza o envolvimento de toda a escola com atividades relacionadas à criação de murais e apresentações.

O assunto Copa do Mundo foi abordado também na festa junina da escola. A decoração do prédio e as roupas das crianças, no estilo caipira, tinham as cores verde e amarelo. A turma do terceiro ano apresentou a música Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga. “Apesar de não ser música específica sobre a Copa, o clima esteve presente, tanto nos ensaios quanto na apresentação”, ressalta a professora Maria Socorro Pereira da Silva. Pedagoga, há 18 anos no magistério, ela acredita que a turma foi bastante participativa em relação aos trabalhos propostos. Maria Socorro percebeu que as crianças já têm conhecimentos sobre o Mundial, o que tornou as discussões em aula “muitíssimo enriquecedoras”.

Ingressos — A Escola-Classe 407 Norte está entre as 901 instituições públicas contempladas com ingressos para jogos da Copa do Mundo. A escola, que atende estudantes do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, recebeu 50 bilhetes para a partida do dia 23 de junho, em Brasília, entre Brasil e Camarões. As instituições de ensino escolhidas estão localizadas nas cidades-sedes do Mundial e fazem parte do programa Mais Educação, do Ministério da Educação. “As crianças ficaram muito felizes. É uma oportunidade única para elas e será inesquecível, sem dúvida”, avalia a diretora.

Quatro alunos de Maria Socorro e dois de Jaciléa foram contemplados com ingressos. Eles irão ao jogo com os respectivos responsáveis. (Fátima Schenini)

Copa do Mundo movimenta escola de Mato Grosso

Alunos ornamentam sala de aula

No município de Sinop, no norte de Mato Grosso, a cerca de 500 quilômetros de Cuiabá, um projeto pedagógico movimentou a Escola Estadual Professora Edeli Mantovani, no primeiro semestre letivo.

É o Projeto Copa do Mundo 2014, desenvolvido pela professora de matemática Luana Kátia Herber Quevedo e pelas professoras de inglês, Juliana Meira de Campos e Luciane Ferreira.

As informações sobre esse projeto foram enviadas pela coordenadora pedagógica da escola, Ilza Lucena. Formada em história, há mais de 20 anos no magistério, ela assumiu a coordenação pedagógica este ano.

Segundo Ilza, o projeto foi criado com o objetivo de colocar a escola no clima da Copa do Mundo 2014. Para tanto, os alunos da Sala 4, que são estudantes do 8º ano do ensino fundamental, fizeram pesquisas sobre as bandeiras das seleções participantes da Copa do Mundo 2014, sobre o Fuleco, a mascote do certame, bem como sobre o troféu e a bola Brazuca.

Organizados em grupos, os estudantes também ajudaram a decorar a escola. O refeitório foi decorado com papel crepom nas cores verde, amarelo e azul, formando no forro, a bandeira do Brasil. Também foram confeccionadas bandeiras das seleções participantes, que foram suspensas no forro, dentro do desenho da Bandeira do Brasil. Cada aluno ficou responsável pela confecção de uma das bandeiras usadas para decorar o refeitório. Réplicas da Brazuca também foram suspensas. (Fátima Schenini)

Ivana de Siqueira (OEI-Brasil): “Projeto quer favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento de valores”

Ivana de Siqueira

A Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) desenvolveu o projeto Copa do Mundo, o Mundo em sua Escola nas 12 capitais brasileiras que serão sede dos jogos da competição. Material lúdico-pedagógico foi distribuído aos professores para o desenvolvimento, com os estudantes, do tema do Mundial de futebol a partir de questões como amizade, autoestima, autocontrole, motivação, resolução pacífica de conflitos, respeito e solidariedade.

De acordo com Ivana de Siqueira, diretora da representação da OEI no Brasil, o objetivo do projeto foi favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento de valores e reforçar atitudes capazes de colaborar para o fortalecimento de uma cultura cívica e solidária por meio do esporte. Ivana é psicóloga, especialista em educação e desenvolvimento e mestre em educação.

O projeto, que integra o programa de ação compartilhado da OEI sobre educação em valores, no marco do projeto Metas Educativas 2021, atingiu mais 17 países, além do Brasil. O projeto incluiu ainda o concurso de redação Aprendendo por Meio do Esporte.

Jornal do Professor Quando e por que foi criado o projeto Ibero-Americano para a Educação em Valores e Cidadania por Meio do Esporte: Copa do Mundo, o Mundo em sua Escola?

Ivana de Siqueira – O projeto foi criado em 2012. Ele integra o programa de ação compartilhado da OEI sobre educação em valores, no marco do projeto Metas Educativas 2021. A criação foi motivada pela Copa do Mundo de 2014 e por alguns dos principais desafios das escolas, que são ensinar crianças e jovens a ser perseverantes, companheiros e solidários; ter respeito com aqueles que são diferentes e disposição para colaborar com o desenvolvimento de projetos para o bem comum. Assim, o objetivo do projeto foi favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento de valores e reforçar atitudes positivas que colaborassem para o fortalecimento de uma cultura cívica e solidária por meio do esporte. O trabalho pretendeu ainda mostrar aos alunos, com a participação em atividades formativas comuns a 18 países, que eles fazem parte da comunidade ibero-americana.

Para o desenvolvimento das atividades, foram elaborados materiais para uso lúdico-pedagógico a partir de temas e textos comuns de educação em valores. As atividades e propostas foram acompanhadas de um guia para facilitar a aplicação por parte dos professores. O guia apresentou as variáveis metodológicas que caracterizavam o projeto: adaptabilidade à diversidade cultural e a diferentes realidades sociais, capacidade de uso transversal nos currículos e, ademais, o favorecimento de diferentes níveis e alternativas de formação em educação em valores para os professores.

Quais as principais ações do projeto?

– O desenvolvimento do projeto nos 18 países contou sempre com a participação dos ministérios da Educação e de parceiros locais. No Brasil, esteve a cargo da OEI, do Ministério da Educação e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O material para o desenvolvimento das atividades lúdico-pedagógicas voltadas para a educação em valores foi impresso e distribuído nas 12 capitais que serão sede de jogos da Copa do Mundo. Ele abordou temas como autoestima, perseverança, autocontrole, motivação, hábitos saudáveis, resolução de conflitos, amizade, respeito, jogo limpo, trabalho em equipe, resolução pacífica de conflitos, gênero e esporte, pessoa com deficiência e esporte, jogos e esportes tradicionais, solidariedade, diversidade cultural, torcedores e torcidas de equipes esportivas, esporte e cidadania, pobreza e esporte, colaboração escola-família.

Após o desenvolvimento das atividades voltadas para a educação em valores, foi promovido o concurso de redação Aprendendo por Meio do Esporte. Houve etapas nas escolas, nas redes municipais de ensino e uma última, nacional, que premiou quatro estudantes brasileiros com viagem ao Rio de Janeiro. Durante uma semana, esses estudantes puderam conviver com jovens vencedores dos concursos realizados em seus países. Na preparação do concurso de redação, a OEI elaborou projeto de regulamento, que poderia ser modificado pelas Secretarias de Educação.

O Ministério da Educação participou ativamente na adaptação do material para a realidade brasileira e do material de orientação para os professores, com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Além da inclusão das especificidades brasileiras no conteúdo e dos temas comuns a todos os países, a adaptação teve a inserção de fotografias, jogos, links e vídeos ilustrativos tipicamente brasileiros. Esse trabalho foi feito pela especialista brasileira Katia Mori, à luz de documentos de orientação como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as Diretrizes Curriculares para Educação em Direitos Humanos.

O MEC também participou das ações de sensibilização das redes municipais de ensino, integrou a comissão julgadora nacional do concurso de redação e organizou a viagem ao Rio de Janeiro.

O projeto foi desenvolvido em todo o Brasil?

– Entre fevereiro de 2013 e março de 2014, foi desenvolvido nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo – Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Nos estados dessas capitais, muitos municípios do interior tomaram conhecimento do material didático e decidiram desenvolver atividades lúdico-educativas próprias, mesmo sem participar do concurso de redação. Cerca de 12 mil alunos participaram de atividades promovidas pelas secretarias municipais de Educação no âmbito do projeto e 800 estudantes do interior, de atividades educacionais de iniciativa própria de escolas da rede pública e particular com o mesmo material educativo.

O projeto vem sendo desenvolvido também em outros países? As atividades realizadas são as mesmas do Brasil?

– O projeto fez parte de atividade liderada pela OEI em 18 países para promover a aprendizagem de valores por meio do esporte, com material elaborado sobre o mundo dos esportes e seus benefícios, tanto para a aprendizagem, quanto para a qualidade de vida. As mesmas atividades lúdico-pedagógicas foram desenvolvidas na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, além do Brasil.

O projeto terá algum tipo de continuidade depois da Copa?

– Fotografias, jogos, links e vídeos ilustrativos do material foram selecionados, incluídos outros esportes, além do futebol, para permitir a continuidade das atividades. A versão eletrônica do material está disponível gratuitamente na página da OEI–Brasil na internet. Os interessados podem obter mais informações no endereço eletrônico oeibr@oei.org.br.