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JORNAL

Prêmio Professores do Brasil-2014

Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2014

Edição 108

EDITORIAL - Prêmio Professores do Brasil-2014

O 8º Prêmio Professores do Brasil, iniciativa do Ministério da Educação em parceria com outras entidades, é o tema da 108ª edição do Jornal do Professor.

A premiação reconhece e valoriza experiências pedagógicas bem-sucedidas e inovadoras de professores da educação básica da rede pública, em duas categorias:

Temas Livres – composta pelas subcategorias Educação Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Temas Específicos – formada pelas subcategorias Ciências para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Alfabetização nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Educação Integral e Integrada, Educação Digital Articulada ao Desenvolvimento do Currículo.

Foram apresentados, este ano, 6.808 projetos encaminhados por professores de mais de 2 mil municípios. Os escolhidos foram 39 educadores de 18 unidades da federação, das cinco regiões brasileiras.

Para esta edição do Jornal do Professor, selecionamos experiências premiadas de Campo Grande (MS); Ivoti (RS); Palmas (TO); Quixadá (CE); Salvador (BA); São Caetano do Sul (SP).

A professora Rita de Cassia Cavalcanti Porto, da Universidade Federal da Paraíba, participa da seção Entrevista. E a professora Isabel Cavalcante, do Centro de Ensino Fundamental 04 em Planaltina (DF) está na seção Espaço do Professor. Criadora e diretora da Cia de Teatro Língua de Trapo, ela fala da experiência que desenvolve na área de artes cênicas com alunos com artes habilidades.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Professora de MS cria projeto sobre bebês e ação pedagógica

Professora Maria Mara e dois alunos na sala de aula

Projeto que identifica o papel do professor em um berçário e destaca ações ricas em significados e experiências para os bebês está entre os 39 vencedores do 8º Prêmio Professores do Brasil. Os Bebês e Ação Pedagógica do Professor: Entre Experiências e Possibilidades de Aprendizagem no Berçário é o trabalho desenvolvido por Maria Mara Miranda Rodrigues, professora do Centro de Educação Infantil Jardim Carioca (Ceinf), de fevereiro a novembro de 2013, em Campo Grande (MS). O projeto atendeu 20 bebês entre 12 e 18 meses, matriculados em tempo integral.

“Ciente de que as ações de cuidar e educar devem coexistir de forma indissociável nas salas de berçário, busquei fazer um trabalho voltado para o desenvolvimento dos bebês, sempre respeitando a individualidade de cada um”, adianta Maria Mara. Nas atividades práticas com os bebês, ela contou com o apoio de três recreadoras, suas auxiliares de sala.

Várias atividades foram realizadas no decorrer do ano. Entre elas, rodas de leitura, brincadeiras com fantasias e espelhos, exploração de linguagem musical e corporal, além de entrevistas e reuniões com os pais e acompanhamento do trabalho com os bebês, por meio de registros fotográficos e observações das práticas diárias. Na visão de Maria Mara, os resultados alcançados foram satisfatórios. “Ampliei minha visão sobre o que é ser professor de bebês e como a atuação pedagógica no berçário pode fazer a diferença no desenvolvimento da aprendizagem infantil”, destaca.

Outro ponto positivo, segundo ela, foi a oportunidade de realizar ações voltadas para o aprendizado dos pequenos. “Isso ficou claro ao compararmos o desenvolvimento desses bebês”, explica. “Chegaram ao berçário inseguros e quietos e ao final do ano estavam cheios de entusiasmo, com a linguagem oral bem desenvolvida, mais independentes e expressando no olhar as curiosidades acerca do mundo”, analisa a professora, que atua há seis anos no Ceinf.

Para o próximo ano, Maria Mara considera fundamental a continuidade do projeto, para a busca de conhecimentos sobre o bebê e de uma parceria sólida com as famílias. “E, acima de tudo, dar prioridade à melhoria do ensino destinado aos pequenos, por meio de ações pedagógicas consistentes e reflexivas”, salienta.

Pedagoga com especialização em gestão escolar e em educação infantil, Maria Mara diz que o Prêmio Professores do Brasil foi um grande presente. “Sinaliza que estamos no caminho certo em busca de uma educação pública de qualidade para nossas crianças”, diz. Para ela, além de representar o esforço de uma equipe que acreditou em seu trabalho, estudou com ela e acompanhou todas as ações desenvolvidas, o prêmio representa a importância da parceria entre a instituição de ensino e as famílias, principais colaboradoras. “A premiação sintetiza a dedicação, o amor e o comprometimento que tenho com o trabalho que desenvolvo com os pequenos da educação infantil”, assegura. (Fátima Schenini)

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Estudantes aprendem ciências com a criação de jogos de tabuleiro

Estudantes participam de jogo de tabuleiro

A proposta de trabalhar de maneira interdisciplinar os temas de ciências do quinto ano do ensino fundamental por meio de jogos de tabuleiro levou a professora Josefa Rosimere Lira da Silva a ser incluída entre os ganhadores do 8º Prêmio Professores do Brasil. Seu projeto, Construindo Ciência: A Experiência da Produção de Jogos com Crianças do Ensino Fundamental, foi distinguido na categoria Temas Específicos, subcategoria Ciências para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

“A premiação representa o reconhecimento de uma prática pedagógica inovadora realizada em sala de aula”, enfatiza Rosimere, que desenvolveu o projeto de março a outubro de 2013, com 34 estudantes da Escola Municipal Irmã Elisa Maria, em Salvador.

Segundo Rosimere, não é fácil fazer algo diferente na escola. “Realizar um trabalho desses requer do professor coragem e determinação para não desistir diante das adversidades”, analisa. “Não é fácil assegurar procedimentos dos alunos para se reunirem em grupo, respeitando a opinião do outro, registrar as orientações do passo-a-passo do trabalho e fazer escuta durante as intervenções por grupo e por aluno.”

Com o projeto, Rosimere idealizou, produziu e divulgou jogos de tabuleiro com temas de ciências como instrumento pedagógico facilitador no processo de aprendizagem e de desenvolvimento de habilidades. “Dentro desse processo, os estudantes tiveram a oportunidade de desenvolver competências e habilidades na criação e no aperfeiçoamento dos jogos educacionais”, ressalta. Ela explica que o projeto buscou produzir os jogos de maneira interdisciplinar e contextualizada para que os alunos compreendessem como a ciência está presente no cotidiano.

No decorrer do projeto, os alunos elaboraram oito jogos didáticos, com instruções sobre a maneira de jogar, explicações relacionadas ao conteúdo, público-alvo e a bibliografia utilizada, entre outras informações. Em um primeiro momento, os jogos foram apresentados pelos grupos de estudantes criadores e ficaram em exposição para toda a comunidade escolar. Posteriormente, os demais alunos da escola puderam participar dos jogos, sob a orientação dos estudantes criadores.

Benefício — De acordo com Rosimere, o projeto teve bons resultados. “É difícil mensurar, mas acredito que o principal benefício para os alunos foi conhecer a metodologia científica e poder ver o pensamento tomando forma até se tornar um material concreto (no caso, um jogo).”

Em 2013, três jogos foram apresentados no 4º Encontro de Jovens Cientistas da Bahia, promovido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), na categoria Ciência Lúdica. Dois deles — Brincando com a Matemática e Os Meteoros — foram premiados. Em novembro de 2014, a revista Jovens Cientistas publicou artigo sobre o Brincando com a Matemática durante a quinta edição do encontro de jovens cientistas do estado.

Com formação em pedagogia e pós-graduação em psicopedagogia, Rosimere atua como professora do ensino fundamental há cerca de três anos. Sua experiência profissional inclui trabalho como psicopedagoga, no atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco, e como coordenadora pedagógica, na área de educação científica, com alunos do ensino médio no Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica Ciência, Arte & Magia da UFBA. (Fátima Schenini)

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Projeto pedagógico em escola do RS alia matemática e cidadania

Duas alunas utilizam caixa eletrônico

Uma discussão sobre o valor arrecadado pela professora para custear fotocópias usadas nas aulas de matemática deu origem a uma proposta pedagógica premiada. O projeto Aprendendo a Poupar, desenvolvido com alunos do oitavo ano do ensino fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Professor Mathias Schütz, em Ivoti, região metropolitana de Porto Alegre, foi um dos vencedores do 8º Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação.

De acordo com a professora de matemática Denise Brandão Kern, autora do projeto, alguns alunos consideravam alto o valor a ser pago pelas cópias. Ela propôs aos estudantes que anotassem todos os gastos. “Assim, poderiam identificar se aquele valor era justo”, esclarece. De acordo com Denise, o envolvimento dos pais e de outras pessoas da comunidade no processo de discussão e de reflexão sobre o tema enriqueceu a aprendizagem.

De março a outubro de 2013, os alunos atendidos pelo projeto participaram de diversas atividades, tanto internas, em sala de aula, quanto externas, durante passeios. Em visita a um supermercado, os estudantes tiveram como tarefa anotar os produtos que custavam centavos e os preços daqueles mais consumidos nos lanches. Durante visita a uma agência bancária, puderam conversar com o gerente a respeito do funcionamento do estabelecimento.

Outra atividade foi a abertura de uma conta de poupança da turma, com previsão de depósitos mensais. O total arrecadado ao final do projeto permitiu custear uma viagem de estudos ao Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. “Com o dinheiro economizado, conseguimos pagar o ônibus e os ingressos. E ainda sobraram R$ 6,50 para cada um”, revela a professora.

Em sala de aula, o conteúdo sobre números decimais foi trabalhado a partir dos valores pesquisados no supermercado. “As discussões ajudaram os alunos, que aprenderam a se posicionar com respeito, a ouvir e a argumentar”, esclarece a professora. “As aulas contribuíram na formação da cidadania.”

Reconhecimento — Para Denise, receber o Prêmio Professores do Brasil representa reconhecimento. “O trabalho de um professor, em nosso país, ainda é pouco valorizado, e a visibilidade que um prêmio como esse nos dá ajuda a acreditar que vale a pena ser professor”, enfatiza. “Estar entre os selecionados é uma forma de representar a classe dos professores que lutam dia a dia para fazer a diferença na educação no Brasil.”

Denise tem licenciatura plena em ciências e em matemática e mestrado em ensino de ciências exatas. Há 25 anos no magistério, ela diz esperar que sua influência seja sempre positiva na vida dos alunos e os ajude a fazer boas escolhas. (Fátima Schenini)

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Projeto ensina a reaproveitar água e estimula consciência ecológica

Dois canteiros suspensos, feitos de garrafas PET

A preocupação em reutilizar a água que pinga dos aparelhos de ar condicionado levou a professora de biologia Juliana Girardello Kern a criar o projeto Reúso da Água de Condicionadores de Ar para Irrigar Hortas Suspensas. Incluído entre os 39 vencedores da oitava edição do Prêmio Professores do Brasil, na categoria Temas Livres, subcategoria Ensino Médio, o projeto foi desenvolvido este ano, com 40 alunos de segundo ano do Centro de Ensino Médio Tiradentes, de Palmas (TO).

A ideia surgiu em 2013, quando Juliana, apenas como experiência, criou um protótipo do projeto, com apenas dois alunos envolvidos. Este ano, ela resolveu retomar a ideia. Mostrou aos alunos o desperdício de água dos aparelhos de ar condicionado e explicou que aquela água poderia ser reutilizada. “Pensamos em uma horta, mas a horta comum seria apropriada para pessoas que moram em casas, não em apartamentos”, observa. “Chegamos então à conclusão de que deveríamos fazer uma horta suspensa.”

Com a turma dividida em grupos, cada aluno escolheu uma residência para realizar o projeto. Essa medida, além do acompanhamento do desenvolvimento das plantas, possibilitou o envolvimento das famílias. “Os alunos e seus familiares tiveram a oportunidade de cuidar de uma planta e vê-la crescer e também desenvolveram técnicas e sensibilização em questões ambientais”, analisa Juliana.

Outros benefícios trazidos pelo projeto, segundo ela, foram o estreitamento dos laços familiares e a conscientização sobre o uso da água como o direito de todo cidadão, mas sem desperdício. Para a confecção das mini-hortas foi usado material reciclável, como caixotes de madeira, garrafas plásticas e garrafões de água de 20 litros.

O projeto foi executado de abril a outubro, com a participação da professora de língua portuguesa Patrícia Pinheiro. “Com ela, vieram as orientações para a produção de um resumo do projeto de cada grupo e para o desenvolvimento do ‘diário de bordo’, para que todas as etapas pudessem ser descritas e analisadas”, diz Juliana. “O projeto me fez acreditar que posso fazer diferença, sim, em alguns lares”, afirma. “E este é meu maior prêmio: saber que a família do aluno participou do processo e se envolveu de fato.”

Com licenciatura plena em biologia e especialização em ecoturismo, Juliana atua no magistério estadual há 12 anos. “Gosto de fazer coisas diferentes, inventar e recriar maneiras para estimular os alunos a estudar.”

De acordo com a professora a distinção no 8º Prêmio Professores do Brasil resultou em satisfação profissional, paz interior, sentimento de dever cumprido. “Os alunos sentiram que é possível fazer diferença com muito pouco”, avalia. (Fátima Schenini)

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Professoras paulistas ensinam a evitar desperdício

Painel com fotos das atividades realizadas

Projeto interdisciplinar relacionado a desperdício de água e de alimentos proporcionou a duas professoras de São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, a inclusão entre os vencedores do 8º Prêmio Professores do Brasil. O projeto 2013 – Ano Internacional para a Cooperação pela Água: Consumismo = Desperdício; Por que Desperdiçar se Podemos Economizar?, desenvolvido por Rosângela Torres Giampietro e Maria Amélia Lucena em duas turmas de primeiro ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Anacleto Campanella, foi premiado na categoria Temas Específicos, subcategoria Alfabetização nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

O trabalho, desenvolvido ao longo de cinco meses, teve o objetivo de levar os estudantes a reconhecer a importância da preservação da água e de seus ciclos para o equilíbrio e o futuro da Terra. E também de fazê-los entender que a redução do desperdício de alimentos contribui com o meio ambiente. “Um estudo do Reino Unido mostra que o desperdício de comida implica no gasto de um volume de água duas vezes maior que o usado para o consumo das famílias”, explica Rosângela.

As duas professoras trabalharam com a ideia de redução no consumo de alimentos e de reaproveitamento integral de folhas, talos e cascas, que geralmente vão para o lixo. Juntas, elas construíram um minhocário para receber resíduos orgânicos. “As crianças passaram a recolher restos da merenda escolar para alimentar as minhocas e também diminuir a poluição do meio ambiente naquele período”, recorda Rosângela.

Nas aulas, as crianças aprenderam receitas de alimentos com cascas e folhas. Foram também orientadas sobre a conservação do meio ambiente e dos alimentos. “Todas as atividades estiveram direcionadas para a alfabetização”, diz Rosângela. Os alunos usaram os conhecimentos adquiridos na elaboração de um mural de curiosidades (Você sabia?) e de um caderno de receitas, apresentados em uma mostra cultural, no encerramento do projeto.

De acordo com a professora, o trabalho foi muito bem recebido pelos alunos. “Eles tornaram-se ‘detetives’ em casa, passaram a verificar o lixo diariamente e questionavam as mães, implacáveis: ‘Por que jogou o arroz fora?’, por que jogou aquela maçã no lixo?’”

Conscientização — Segundo Rosângela, as mães ficaram incomodadas, no início, mas depois entenderam e passaram a reduzir a quantidade de dejetos orgânicos. “Alguns alunos traziam os restos para jogar na composteira da escola”, revela. “O envolvimento foi total, de pais e alunos. E o mais importante foi notar a conscientização de todos, tanto nas avaliações escritas quanto nos relatos pessoais.”

Rosângela considera a premiação o reconhecimento de um árduo trabalho pessoal. Ela espera que sua iniciativa sirva de estímulo para que outros professores participem das próximas edições do prêmio. “Eles devem acreditar em seus projetos e em seu potencial.”

Com graduação em letras e em pedagogia e pós-graduação em psicopedagogia, Rosângela atua no magistério há quatro anos, sempre com turmas de alfabetização. “Alfabetizar é um trabalho de doação”, resume. “Amo o que eu faço.”

Para a professora, alfabetizar significa não só ensinar a ler e a escrever, mas oferecer liberdade. “O indivíduo que lê e escreve está conectado às pessoas e ao mundo”, diz. “É o que eu procuro ensinar aos meus pequenos, todos os dias.” (Fátima Schenini)

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Professora adota meios digitais para ajudar alunos a ler melhor

Ao verificar que seus alunos apresentavam déficit de aprendizagem em escrita, leitura e compreensão de textos, além de fazer uso inadequado dos recursos digitais e das mídias sociais, a professora Maria de Nazaré Sousa Freire decidiu aproveitar o interesse dos estudantes pelas novas tecnologias e transformá-las em elementos mediadores da relação entre professor, aluno e conteúdo. “Os recursos tecnológicos fazem parte do universo dos alunos. Então, procuramos transformá-los em ferramentas facilitadoras do processo de ensino e aprendizagem para motivar e levar o aluno a aprender a aprender”, destaca a professora.

Surgia, assim, o projeto Plugado na Informação, Construindo Conhecimento, desenvolvido este ano com turmas do oitavo e do nono anos do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental José Jucá, de Quixadá, Ceará. O trabalho, um dos distinguidos no 8º Prêmio Professores do Brasil, foi realizado em conjunto. Além de Nazaré, regente do laboratório de informática da escola, participaram as professoras Francinara Maira de Brito Lopes, Fabiana de Holanda Miranda, Patrícia Luzia Pinheiro Fernandes e Francisca Elizangela da Silva Pereira. “O projeto permitiu o avanço gradativo dos alunos na aprendizagem e na construção de novos saberes à medida que iam se envolvendo nas atividades, questionando sua realidade, expressando ideias, interagindo com os outros e tendo contato com a informação”, diz Nazaré.

De acordo com a professora, o projeto incentivou os estudantes a fazer novas leituras e os ajudou a melhorar na produção de textos. Além disso, passaram a compreender melhor o que liam e o contexto em que vivem. “Eles também desenvolveram o senso crítico, adquiriram habilidade no uso dos recursos tecnológicos e de ferramentas digitais e estão mais responsáveis no uso das redes sociais”, assegura.

Jornal — Durante a execução do projeto, os alunos participaram de atividades como leitura de obras literárias, apresentação de seminários, debates sobre temas culturais e transversais e oficinas sobre gênero textual, com destaque para o texto jornalístico. Também receberam orientações sobre a produção de um jornal escolar, entrevistaram pessoas da comunidade, produziram fotos e vídeos e criaram um site para a divulgação do jornal, JJ News – A Nossa Voz. O lançamento da primeira edição, em maio deste ano, no auditório da escola, foi o momento mais importante do projeto.

Para Nazaré, o Prêmio Professores do Brasil representa o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em meio a uma série de dificuldades. “Mostra que, com determinação, superamos barreiras e que, na educação, o trabalho em equipe é imprescindível para êxito do processo de ensino-aprendizagem”, ressalta a educadora, que tem licenciatura plena em história e especialização em metodologia do ensino fundamental. Ela está no magistério há cerca de 28 anos. Além do trabalho que desenvolve na Escola José Jucá, nos turnos da manhã e da tarde, atua à noite na Escola Estadual de Ensino Médio Governador Luiz Gonzaga da Fonseca Mota. (Fátima Schenini)

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Artes cênicas e altas habilidades fazem parceria de sucesso no DF

Cena da peça A Revolta dos Brinquedos

Professora da rede de ensino do Distrito Federal há 25 anos, Isabel Cavalcante trabalha com o teatro em sala de aula desde 1996, quando passou a desenvolver o Projeto Integrar–Artes Cênicas e Artes Visuais, em parceria com a professora Rejane Araújo, da área de artes visuais, no Centro de Ensino Fundamental 4, em Planaltina. Em 2005, na mesma instituição, ela passou a trabalhar com alunos de altas habilidades, o que considera “maravilhoso”.

“O que mais me encanta, além do talento dos alunos, é o envolvimento”, ressalta. “Todos estão ali porque querem estar e trabalham com uma felicidade contagiante; a participação ativa do aluno e de sua família é marcante e faz toda a diferença.”

A maior satisfação de Isabel é realizar, com os alunos, todos os projetos sonhados. “Ver o quanto isso os deixa felizes, faz bem a eles, melhora a autoestima e os torna seres humanos melhores, mais expressivos, mais confiantes, com mais objetivos na vida, tudo isso é a minha realização e a minha felicidade”, destaca.

Atriz por mais de 20 anos, ela diz não ter mais tempo para atuar, em razão das atividades que desenvolve com o teatro em sala de aula. “De vez em quando, eu me visto com os meus personagens e conto histórias para matar um pouco a saudade”, revela.

Em parceria com a escola, com a comunidade e com as famílias dos alunos, Isabel construiu uma sala na instituição e formou, em 2004, a companhia de teatro Cia. de Teatro Língua de Trapo. “Lá, atendo alunos originários de qualquer escola da cidade e de fora”, diz. “Atualmente, estou atendendo 38 alunos vindos de 12 escolas diferentes das zonas urbana e rural de Planaltina e tenho uma lista de espera de 116 estudantes.”

Os alunos são atendidos duas vezes por semana, no horário inverso ao das aulas. “Trabalhamos tudo o que envolve o teatro”, garante. “Fazemos toda a preparação corporal do aluno, liberação de movimentos, expressão corporal, facial, voz; montamos cenas de teatro mudo; trabalhamos com a arte de contar histórias.”

Segundo a professora, são montados grandes espetáculos, que exploram todos os elementos do teatro — cenário, figurino, iluminação, sonoplastia, maquiagem. “O aluno é trabalhado em sua totalidade, e isso tem um reflexo extremamente positivo em sua vida familiar, escolar e social”, destaca Isabel, que tem licenciatura plena em artes cênicas pela Faculdade Dulcina de Moraes e pós-graduação na área de inclusão social pela Universidade de Brasília (UnB).

Os espetáculos dirigidos por Isabel Cavalcante chegam, hoje, a vários locais, dentro e fora de Brasília. Em 2012, a Cia. Língua de Trapo abriu a 11ª Edição do Festival de Teatro na Escola da Fundação Athos Bulcão, com o espetáculo O Auto da Compadecida, e foi selecionada pelo programa Mais Cultura–Microprojetos Bacias do São Francisco, com o espetáculo O Caminho das Águas. Em 2013, o grupo foi um dos 15 selecionados no país para o Festival Estudantil de Teatro (Feto), em Belo Horizonte, onde apresentou o espetáculo O Bem-Amado, de Dias Gomes.

Sempre que surge uma oportunidade, Isabel encaminha os alunos para testes. “Já tivemos um aluno selecionado para o filme A Arte de Andar pelas Ruas de Brasília, que participou do Festival de Cinema de Brasília”, afirma. “Já temos três ex-alunos formados em artes cênicas e outros quatro cursando, e já fomos selecionados para alguns festivais e matérias em emissoras de televisão.” (Fátima Schenini)

Rita de Cassia Cavalcanti Porto (UFPB): “Projetos tornam a aprendizagem dos alunos mais significativa”

Rita de Cassia Cavalcante Porto

Professora do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Rita de Cassia Cavalcanti Porto faz parte do corpo docente do Programa de Pós-graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da mesma universidade. Doutora em educação pela Unicamp, na área de ensino, avaliação e formação de professores, Rita de Cassia estudou a política de formação dos profissionais de educação e deu destaque à elaboração de projetos político-pedagógicos (PPP). Graduada em pedagogia e mestre em educação, realizou estudos de aperfeiçoamento na área da teoria crítica de currículo na University of Wisconsin, dos Estados Unidos.

Para ela, a pedagogia de projetos aparece no bojo das discussões da pedagogia nova, “como alternativa ao modelo de currículo centrado nas disciplinas isoladas, propondo-se a criar formas alternativas de organizar o currículo por projetos de trabalho e tornando a aprendizagem dos alunos mais significativa”.

“Os estudantes deixam de receber depósitos de conteúdos já determinados pelas orientações curriculares e passam a problematizar suas experiências nos projetos da escola”, destaca a professora, que é pesquisadora da Rede Freireana de Pesquisadores e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas da Pedagogia Paulo Freire, da UFPB. Membro do Fórum Permanente de Apoio à Formação Docente do Estado da Paraíba e do Fórum Estadual de Educação da Paraíba, Rita de Cassia também integra o Conselho Técnico Científico da Educação Básica (CTC-EB) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Jornal do ProfessorDesde que o Prêmio Professores do Brasil foi criado, em 2005, o Ministério da Educação distingue projetos pedagógicos desenvolvidos em escolas da educação básica pública de todo o país. Qual a importância de os professores trabalharem com projetos?

Rita de Cassia Cavalcanti Porto – Gostaria de enfatizar a importância de trabalharmos com currículos mais críticos, que considerem a leitura do mundo contextualizado com a leitura da palavra. O grande educador Paulo Freire [1921-1977] já nos chamava a atenção para compreendermos que “todo projeto pedagógico é político e se acha molhado de ideologia. A questão a saber é, a favor de quê e de quem, contra quê e contra quem se faz a política de que a educação jamais prescinde”. Nessa perspectiva é que entendemos a importância de trabalharmos com projetos contextualizados através da leitura do mundo e propostas de transformação da realidade.

Quais os principais benefícios dessa metodologia na aprendizagem dos alunos?

– Sabemos que, historicamente, o currículo vem apresentando concepções das mais tradicionais às mais críticas. Nesse contexto, a pedagogia de projetos aparece no bojo das discussões da pedagogia nova como alternativa ao modelo de currículo centrado nas disciplinas isoladas, propondo-se a criar formas alternativas de organizar o currículo por projetos de trabalho e tornando a aprendizagem dos alunos mais significativa. Ela considera as experiências dos estudantes e o processo democrático da escola como necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Os estudantes deixam de receber depósitos de conteúdos já determinados pelas orientações curriculares e passam a problematizar suas experiências nos projetos da escola.

E para os professores? Os projetos também trazem contribuições? Quais?

– A pedagogia de projetos não é nova. Surge no início do século 20, com John Dewey [1859-1952] e outros educadores da chamada “pedagogia ativa”. Dewey criou o Método do Problema, mas Willian H. Kilpatrick [1871-1965] criou uma filosofia de educação, traduzida no Método de Projetos, no qual priorizou a participação do educando na situação de aprendizagem. No Brasil, ela aparece no bojo do debate da escola nova com os pioneiros da educação e retorna ao debate, na década de 1990, com contribuições do educador espanhol Fernando Hernández, ao afirmar que um projeto pode organizar-se seguindo um determinado eixo: “A definição de um conceito, um problema geral ou particular, um conjunto de perguntas inter-relacionadas, uma temática que valha a pena ser tratada por si mesma”. Sabemos que, na perspectiva do trabalho coletivo e do diálogo, os projetos trazem importantes contribuições. Dentre elas, podemos citar o envolvimento dos professores e estudantes como partícipes do currículo da escola; a abertura para compreender os saberes de experiências dos estudantes e a cultura escolar; a integração de diversas disciplinas por meio de temas ou eixos e a proposição de resoluções de problemas da vida prática diária, capazes de contribuir com o debate nacional.

Quais os pontos que não podem ser esquecidos em um projeto?

– O projeto deve ser construído a partir da reflexão critica das ações dos professores e estudantes sobre os problemas contemporâneos da educação escolar e as possibilidades de resolução desses problemas. Podemos destacar:

• A leitura da realidade e o contexto cultural no entorno da escola.

• O conhecimento do projeto político-pedagógico e do currículo da escola e sua articulação com os projetos desenvolvidos pelos professores.

• A participação da comunidade escolar na seleção e problematização dos temas.

• O trabalho coletivo e interdisciplinar.

• O conhecimento dos saberes socialmente transmitidos.

• A escolha das atividades a serem desenvolvidas.

• A apresentação do projeto à comunidade.

• O conhecimento dos documentos oficiais (LDB, PNE, leis que tratam da diversidade e DCN).

• A avaliação emancipatória (ação-reflexão-ação)