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JORNAL

Ensino de Línguas

Quarta-feira, 10 de Junho de 2015

Edição 114

EDITORIAL - Ensino de Línguas

Ensino de Línguas é o assunto da 114ª edição do Jornal do Professor. O tema foi escolhido por 39,77% dos leitores que votaram na enquete colocada em nossa página.

Selecionamos, para este número, experiências desenvolvidas por professores de alemão, espanhol, francês, inglês, japonês e mandarim, desenvolvidas em escolas e instituições de Araçás (BA); Campo Bom (RS); Catu (BA); Juazeiro (BA); Marília (SP); Pomerode (SC); São Paulo (SP); Sobradinho (BA) e Teresina (PI).

Nossas entrevistadas são a professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, da Faculdade de Letras da UFMG, em Belo Horizonte (MG) e a professora Rosa Maria de Oliveira Graça, do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS). E a professora Débora Maria Russo, diretora do Centro Juvenil de Artes Plásticas, de Curitiba (PR), participa da seção Espaço do Professor.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Yes, é possível aprender inglês nas escolas públicas do Brasil

Professora Marilene Bauer e alunos

Em meio às críticas de que não é possível ensinar e aprender inglês nas escolas públicas brasileiras, professores com formação nessa área vencem as dificuldades e exibem exemplos de projetos criativos e bem-sucedidos. Antenados na familiaridade dos alunos com as tecnologias de comunicação, muitos desses educadores procuram tornar as aulas mais modernas e dinâmicas e vão além da leitura e das regras de gramática para permitir a interatividade e o desenvolvimento da habilidade da conversação.

No interior do Rio Grande Sul, em Campo Bom, cidade de 60 mil habitantes, colonizada por alemães, a professora Marilene Bauer usa a internet e as ferramentas de produção textual no computador para motivar os alunos do nono ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas a escrever notícias em inglês. Orientados a responder as cinco perguntas básicas de um texto jornalístico (who, what, when, where and why — quem, o quê, quando, onde e por que), os alunos transformaram a sala de aula em uma pequena redação e decidiram criar um site para postar as produções textuais, o PV News.

O sucesso do projeto levou Marilene a integrar o grupo de 22 professores selecionados para a edição de 2014 do prêmio Educadores Especialistas da América Latina. Três desses docentes foram escolhidos para representar o Brasil em um fórum internacional de educadores que inovam na sala de aula com recursos tecnológicos, realizado em abril último, em Redmond, Estados Unidos. Marilene embarcou para divulgar o site de notícias em inglês criado pelos alunos.

Fluência — Este ano, a professora reformulou o projeto, mas manteve o uso da tecnologia. Agora, os alunos são desafiados a produzir a TeleTV, um noticiário em inglês, com previsão de tempo e programas sobre moda, decoração e outros assuntos do cotidiano. “São situações bem simples para que os alunos consigam desenvolver com um inglês básico”, explica Marilene. As aulas mais dinâmicas permitem, segundo a professora, aumentar a fluência no idioma.

O interesse dos alunos na aprendizagem do inglês tem sido tão grande que Marilene arrumou um jeito de continuar ajudando-os, mesmo depois que terminam o nono ano e precisam deixar a escola, que não oferece o ensino médio. Aos sábados de manhã, a professora dá aulas de graça, em uma igreja do bairro, a alunos e ex-alunos interessados em praticar a conversação e não perder a fluência.

E não é só. Além das aulas no contraturno para estudantes do nono ano, que fazem parte de um projeto do município para maior fluência no inglês, Marilene iniciou, há três anos, projeto de ensino a crianças das séries iniciais do ensino fundamental, em parceria com uma editora de obras em língua inglesa. “A escola foi a primeira a ter inglês para os pequenos, e deu tão certo que a Secretaria de Educação de Campo Bom adotou o idioma nas séries iniciais desde o ano passado”, explica a professora, que leciona também na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo.

“Não podemos ver o inglês como uma disciplina, mas como uma ferramenta para a comunicação”, destaca. Para atrair os estudantes, ela defende que o professor aproxime o conteúdo do dia a dia dos alunos, com o uso, por exemplo, de músicas em inglês que eles ouvem sempre e de gírias próprias do idioma. “Os alunos adoram aprender isso para usar com os colegas”, diz Marilene. Formada em letras (inglês) e professora há dez anos, ela entende que, acima de tudo, o profissional tem de amar aquilo que faz.

Vídeo — A tecnologia também foi o recurso adotado pelo professor Edney Chirol da Silva para despertar o interesse pelo aprendizado de inglês em Teresina. Os alunos do ensino médio integrado e das turmas de educação de jovens e adultos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) foram estimulados, no ano passado, a fazer um vídeo de no máximo cinco minutos para contar, em inglês, uma história de terror.

“Deu certo, e foram produzidos vídeos muito interessantes”, explica o professor, que já planeja novo projeto, a ser desenvolvido no laboratório de línguas em construção no campus da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Parnaíba, no litoral norte do estado. “Cada vez mais, a língua estrangeira se faz necessária no dia a dia, principalmente a inglesa”, afirma Edney. Com licenciatura em língua estrangeira moderna pela UFPI, ele tem 17 anos de experiência no ensino de inglês e defende o uso de programas de computação, de músicas e vídeos para “estimular e melhorar o aprendizado dos alunos”.

Protagonismo — Professor em dois municípios do interior da Bahia, o Colégio Municipal de Araçás e a Escola Nossa Senhora de Fátima, em Catu, Antônio Cláudio da Hora Souza usa em sala de aula os preceitos teóricos da chamada aprendizagem ativa. Na explicação dele, “um conjunto de práticas que faz do estudante o protagonista no processo de aprendizado”.

Por essa metodologia, o aluno não tem o primeiro contato com o conteúdo em sala de aula, pela exposição do professor. “Os alunos têm leituras prévias para fazer. Na aula, eles vão sedimentar o que leram, e o professor vai iluminar pontos-chave”, explica o professor, formado em letras (inglês) pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e pós-graduado em língua, linguística e literatura.

Com 18 anos de experiência em sala de aula, Souza afirma que as aulas de inglês precisam avançar no currículo tradicional, com ênfase nas habilidades de leitura e no uso correto das regras gramaticais, para valorizar a oralidade. “É preciso fugir um pouco do didático, lidar com a realidade do aluno”, diz. “Infelizmente, há colegas que ainda se preocupam somente em ensinar o verbo to be.”

De acordo com o professor, a escola deve dar atenção, hoje, a um ensino de inglês que atenda às exigências do aprendizado de línguas estrangeiras num mundo globalizado. (Rovênia Amorim)

Aulas de espanhol ajudam na aproximação com país vizinho

Professora Fátima Spillari e alunos, na sala de aula

A produção de histórias em quadrinhos, com desenhos e textos em espanhol, pelos alunos, é uma das atividades desenvolvidas pela professora Fátima Regina Spillari. Ela leciona na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Kluwe, no município gaúcho de Bagé, a cerca de 60 quilômetros da fronteira com o Uruguai. “Os alunos têm interesse nas aulas de espanhol, pela possibilidade de fazer amizades, conhecer pessoas e trocar ideias pela internet”, diz. De acordo com a professora, os estudantes viajam com frequência ao Uruguai. Muitos deles têm familiares do outro lado da fronteira.

Segundo Fátima Regina, os estudantes têm curiosidade pelo significado e pela pronúncia de determinadas palavras, como millones (milhões) e mientras (enquanto). Para a ampliação do vocabulário dos alunos em espanhol, ela promove trabalhos em grupo sobre temas como família, alimentos, vestuário, casa e cores. Após pesquisas sobre os temas, os estudantes fazem apresentações para os colegas, com cartazes, vídeos e maquetes. “Sempre faço esse trabalho na primeira série do ensino médio; a maioria dos alunos gosta”, revela. Com graduação em letras, Fátima Regina tem pós-graduação em inclusão da língua espanhola.

Professora na mesma escola, Maria Enilda Gularte Nunes Martinez adota livros, filmes, vídeos, músicas e poesias, entre outras opções, nas aulas de espanhol. Também promove saídas pedagógicas, com visitas dos alunos ao vizinho país. “O espanhol é a segunda língua mais difundida no mundo, depois do inglês, e uma das mais promissoras no mercado de trabalho”, diz. “Então, aprender o idioma é uma necessidade imperiosa no mundo atual.”

Para Maria Enilda, muitas perspectivas surgem a partir do poderio do idioma no mundo. Ela constata, no entanto, que no Brasil a influência da cultura espanhola ainda é pequena, apesar da proximidade e das fronteiras com países de língua hispânica. Formada em letras, Maria Enilda tem especialização em supervisão e orientação escolar.

A escola Carlos Kluwe, com 1,3 mil alunos, oferece aulas de espanhol desde 1998. Inicialmente, no centro de línguas da própria unidade de ensino, como opcionais. Integrante do currículo obrigatório, o espanhol é ministrado, este ano, nos dois primeiros anos do ensino médio.

“Boa parte da população de Bagé entende e fala o espanhol. Nossa cidade fica a 60 quilômetros da fronteira”, destaca o professor Cezar de Quadros Palomeque, diretor da escola. “A importância de oferecer aulas de espanhol está em incentivar a aprendizagem dos jovens.”

Professor de estudos sociais, com pós-graduação em sociologia, Palomeque está no magistério há 35 anos. Atuou como professor de história e geografia durante seis anos. (Fátima Schenini)

Aulas de alemão preservam tradições em cidade catarinense

Menino segura livro diante do rosto

Conhecida como a cidade mais alemã do Brasil, a pequena Pomerode, em Santa Catarina, preserva as tradições culturais herdadas dos colonizadores, vindos, em grande parte, da Pomerânia, região no norte da Alemanha. A herança germânica pode ser vista por toda a parte no município, a 150 quilômetros de Florianópolis: desde as construções e jardins até os grupos folclóricos e pratos típicos. Nesse ambiente, nada mais natural do que o interesse pelo idioma alemão, oferecido na Escola Básica Municipal Olavo Bilac, desde 2008, e na Escola Básica Municipal Dr. Amadeu da Luz, desde 2009.

Segundo a professora Ana Cristina Kamchen Buettgen, diretora da escola Olavo Bilac, a ideia de oferecer o ensino bilíngue surgiu em 2007, com a realização, em Blumenau, de encontro entre autoridades do Brasil e da Alemanha. Uma experiência de escola bilíngue em Berlim inspirou o desenvolvimento dessa forma de ensino em Pomerode.

Embora a intenção inicial fosse transformar a escola Olavo Bilac em uma unidade de ensino bilíngue, observou-se que nem todos os alunos tinham interesse em aprender o alemão. “Outra dificuldade era a diferença de grade curricular entre as escolas do município, que inviabilizava transferências e matrículas de novos alunos”, lembra a professora. Assim, foi necessário rever o formato do projeto. Em 2011, o ensino bilíngue passou a ser oferecido de forma optativa, a partir do segundo ano do ensino fundamental, duas vezes por semana, no período de contraturno. “Hoje, são 19 turmas na escola Olavo Bilac; a primeira turma está no oitavo ano.”

A diretora destaca que o processo ainda é de construção. “Fazendo ajustes, pesquisando metodologias e estratégias que atendam amplamente os objetivos e expectativas do ensino bilíngue”, diz. A grade curricular nacional é seguida normalmente no horário regular de aula, e os professores que trabalham com essa grade não precisam dominar a língua alemã. “Além das aulas do ensino bilíngue, todas as turmas da rede municipal de ensino têm na grade curricular normal uma aula de língua alemã do primeiro ao quinto ano e duas aulas do sexto ao nono ano”, ressalta.

Há 24 anos no magistério e há dois anos e meio na direção, Ana Cristina tem graduação em pedagogia e especialização em ludopedagogia e alfabetização e em mídias na educação.

Todas as escolas da rede municipal também têm em sua grade curricular a disciplina de língua inglesa, a partir do primeiro ano do ensino fundamental. “Ao ter acesso ao aprendizado formal de uma segunda língua novas janelas se abrem. Você não só conhece uma língua, mas novas culturas, tradições, formas de viver”, diz Ana Cristina. “É abrir as janelas do mundo.” Ela enfatiza ainda a expectativa de uma valorização profissional no futuro. “Em Pomerode, há algumas empresas alemãs que valorizam funcionários que dominam o idioma.”

A opinião é compartilhada pelo professor de língua alemã Endrigo de Oliveira Knetsch, que atende turmas do quarto ao oitavo ano do ensino fundamental. “A comunidade percebe que o ensino bilíngue contribui para a formação e preparação do aluno para a vida e para o futuro mercado de trabalho, visto que a proficiência de idiomas é cada vez mais desejável por parte das grandes empresas instaladas no município e região”, esclarece.

Com graduação em letras e há 11 anos no magistério, ele participa regularmente de seminários para professores promovidos pela Fachberatung, órgão do governo alemão que orienta as escolas do exterior que oferecem o idioma na grade curricular e aplicam provas de certificação e diplomação.

Benefícios — Professora regente de turma de terceiro ano do ensino fundamental, Dorotéa Brandt Hornburg não usa a língua alemã em suas aulas, mas acredita que o ensino bilíngue traz benefícios. “As aulas em alemão complementam o que está sendo trabalhado no turno regular, e os alunos desenvolvem a aprendizagem e ampliam os conhecimentos”, avalia a pedagoga, com especialização em alfabetização. Ela está no magistério há 25 anos.

A escola Olavo Bilac tem 748 alunos matriculados na educação infantil e no ensino fundamental, no período diurno. Desse total, 347 frequentam o ensino bilíngue. No período noturno, o espaço físico da instituição é cedido para o atendimento de estudantes do ensino médio da rede estadual de ensino. (Fátima Schenini)

Acesse a página da EM Olavo Bilac

Japonês e mandarim estão entre as opções para estudantes paulistas

Estudantes com trajes típicos de região da Alemanha

Japonês, mandarim, francês, alemão, italiano, espanhol e inglês são alguns dos cursos oferecidos, gratuitamente, a estudantes paulistas, de acordo com a demanda de cada região. As aulas são ministradas nas mais de 200 unidades do Centro de Ensino de Línguas (CEL) da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo em diversos municípios.

Em Marília, a cerca de 400 quilômetros da capital, os sete idiomas estão disponíveis em uma unidade criada há 26 anos. Localizada na Escola Estadual Monsenhor Bicudo, atende 460 alunos oriundos de escolas das redes públicas de ensino, nos turnos matutino, vespertino e noturno. As matrículas podem ser feitas por estudantes a partir do sétimo ano do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos, exceto para os cursos de inglês e mandarim, disponíveis somente para alunos do ensino médio. Além de aprender uma nova língua, os estudantes têm a oportunidade, durante as aulas, de conhecer também os costumes de outros países.

Segundo a coordenadora do CEL de Marília, Ângela Aparecida Batista, a proposta do projeto de criação do centro nasceu nos fins da década de 1980, “no ambiente de globalização que se intensificava, aproximando povos e culturas”. De uma forma mais específica, de acordo com Ângela, tinha-se em mente “a integração do Brasil com a comunidade latino-americana hispanofalante, objetivamente pensando em termos econômicos, através do Mercosul”.

Outros idiomas foram acrescentados depois à grade curricular. “Isso ampliou a visão, antes restrita à América hispanofalante, para a da mundialização dos laços econômicos e culturais, chegando à configuração de hoje”, destaca.

Japonês — Professor de língua japonesa desde 2004, André Pereira ressalta que seus alunos, em geral, são muito interessados. “Raramente se ausentam, com frequência trazem dúvidas e curiosidades para as aulas e cumprem com todo empenho as atividades realizadas”, afirma.

Ele acredita que a atração dos jovens pela língua japonesa vem do interesse que têm por itens culturais como mangá (história em quadrinhos), animes (animações) e j-pop ( música popular japonesa). Outro ponto lembrado por ele é a proximidade que a região de Marília tem com a colônia japonesa, bastante presente na comunidade. “Minhas aulas envolvem conversação, escrita e regras gramaticais”, diz o professor. “Só uso a escrita japonesa, e os alunos aprendem os três tipos: hiragana, katakana e kanjis (ideogramas).

Os livros didáticos são fornecidos pela Secretaria de Educação do estado. São seis obras, que abrangem desde o básico até os níveis mais avançados do idioma, voltadas para escrita, leitura e compreensão do idioma.

Com graduação em geografia, que também leciona, Pereira revela que sua habilitação para o ensino de japonês deve-se ao fato de ter sido aprovado no teste Nouryokushiken, de proficiência no idioma, regulamentado pela secretaria de educação do Japão. Além disso, o professor tem grande conhecimento da vida e da cultura nipônicas, pois morou por 12 anos naquele país e lá estudou da sexta série do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio.

Mandarim — As aulas de mandarim foram implantadas graças a uma parceria da Secretaria de Educação do estado com o Instituto Confúcio, que atua na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). “Os professores, normalmente, são alunos chineses, com bolsa de mestrado ou doutorado, que vêm ao Brasil para uma complementação de estudos e ministram aulas, também”, revela Ângela. “Nossa professora, Wang Yukun, está em Marília para complementar a bolsa de mestrado em educação pela Unesp.”

Graduada em letras (português, inglês e espanhol), com mestrado em comunicação, Ângela tem experiência de 20 anos como professora de gramática, literatura e redação em instituições particulares de ensino e como professora efetiva de inglês da rede pública estadual. Há dois anos na coordenação do CEL de Marília, ela deu aulas de espanhol durante três anos.

Parcerias — De acordo com Ângela, para a capacitação de professores e fornecimento de material pedagógico, a Secretaria estadual de Educação firma parcerias com instituições relacionadas aos idiomas oferecidos no CEL. A Embaixada da Espanha, o Consulado da França em São Paulo, a Associação de Professores de Francês do Estado de São Paulo (Afpesp) e a Aliança Francesa, a Associação Cultura Inglesa, o Instituto Goethe e a Fundação Japão são algumas dessas instituições. “Por conta de parcerias, aqui em nosso centro já tivemos alunos que viajaram para a Argentina, Inglaterra e Espanha”, diz. (Fátima Schenini)

Saiba mais nas páginas do Centro de Estudos de Línguas e do Instituto Confúcio na internet

Experiência de professores no exterior enriquece aulas de inglês

Carina e seus alunos

Em janeiro do ano passado, a professora de inglês Carina Carvalho, da Escola Municipal General Vicente de Paulo Dale Coutinho, na periferia de São Paulo, embarcou pela primeira vez para uma viagem ao exterior. Contemplada com bolsa de estudos, ela teve a oportunidade de passar 40 dias nos Estados Unidos.

Além das aulas teóricas na Universidade de Notre Dame, na cidade de South Bend, no estado de Indiana, a professora pôde conviver com famílias nativas, participar de encontros de leitura e visitar museus interativos, além de dar aulas, em inglês, a alunos do quinto e do sétimo anos da escola pública Brown Intermediate School.

De volta ao Brasil, a professora traduz em práticas pedagógicas, no dia a dia de aulas, o aprendizado com o curso de aperfeiçoamento no exterior. Com os alunos do primeiro e do segundo anos do ensino fundamental, ela trabalha com cantigas folclóricas, em inglês. Com as turmas da educação de jovens e adultos, faz uso das tecnologias. Os alunos são estimulados a produzir vídeos com diálogos em inglês e a compartilhá-los pela internet.

“O aperfeiçoamento da linguagem escrita e oral e o conhecimento de novas tecnologias e metodologias foram de grande importância e se fazem úteis diariamente na minha prática docente”, afirma a professora, formada em letras. Há 13 anos, ela leciona na rede municipal de São Paulo. “É preciso avançar em cursos como esse, que tive o privilégio de realizar no exterior”, diz. “Muitos professores, como eu, nunca tiveram a oportunidade de sair do Brasil e muito menos conseguem arcar com custos de um curso em um país estrangeiro.”

Projeto — Nos últimos dois anos, 1.607 professores de inglês da educação básica de escolas públicas fizeram curso de aperfeiçoamento, em diferentes níveis, nos Estados Unidos como bolsistas do Programa de Desenvolvimento Profissional de Língua Inglesa nos EUA (PDPI), uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação e a Comissão Fulbright no Brasil. Do total de professores contemplados pelo programa, o maior quantitativo (34,6%) estava, na época do intercâmbio, no exercício de docência em escolas públicas do Nordeste, segundo dados da Fulbright Brasil. Hélio Lima Filho era um deles. Professor do ensino fundamental em duas escolas públicas no interior da Bahia — Centro Educacional Luís Eduardo Magalhães, em Sobradinho, e Escola Municipal Profª Dinorah Albernaz Mello da Silva, em Juazeiro —, ele passou quase dois meses em curso de qualificação no Miami Dade College, na Flórida.

A experiência com o intercâmbio o motivou a desenvolver projeto pedagógico multidisciplinar que envolve música, dança, literatura, culinária e geografia. A ideia é explorar a cultura dos Estados Unidos. As atividades terão início no segundo semestre, nas duas escolas.

Formado em letras, com habilitação em inglês, Hélio afirma que são bem-vindas as políticas de intercâmbio para aprimorar a formação de professores no exterior nas habilidades exigidas pelo idioma — o falar e o ouvir, o ler e o compreender.

Apesar de considerar que o ensino da língua inglesa tem deixado “muito a desejar” e defender a construção de laboratórios de línguas nas escolas públicas, Hélio garante que “não há nada mais gratificante” do que lembrar, nos 15 anos atuando como professor de escola pública, que foi e continua sendo “espelho para muitos dos alunos”. Mesmo sonho da professora Carina: “Uma sala-ambiente específica para língua inglesa, com recursos didáticos e tecnológicos, como computadores, laboratório de línguas, vídeo, livros e materiais didáticos diversos, além de turmas reduzidas de alunos”. (Rovênia Amorim)

Rosa Maria de Oliveira Graça (UFRGS): “Preparação de professor de línguas exige empenho e estudo”

Professora de língua francesa e de didática da língua francesa, responsável pelas disciplinas de estágio de docência em língua francesa no Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rosa Maria de Oliveira Graça coordena o setor de francês do Núcleo de Ensino de Línguas Estrangeiras em Extensão (Nele), na mesma universidade. Há 35 anos no magistério, com experiência no ensino fundamental e médio e na educação superior, Rosa Graça diz que a preparação de um professor de línguas exige muito empenho e estudo.

“Precisamos que haja uma política pública para as licenciaturas de línguas e para a formação de professores de todos os idiomas, promovendo estágios de formação no exterior, atingindo mais licenciandos da área de ensino de línguas”, ressalta a professora, que tem especialização em ensino do francês pela Universidade Paul Valéry, na França, e mestrado e doutorado em estudos da linguagem pela UFRGS. (Fátima Schenini)

 

Jornal do Professor Como está a procura pela área de licenciatura em francês na UFRGS? O francês ainda atrai o interesse dos jovens ou foi superado pelo inglês e pelo espanhol?

— No curso de letras, há uma procura constante — cerca de 50 alunos por ano —, a partir do vestibular. Temos porém de restringir a uma turma de 25, em francês I, por falta de professores. A questão fundamental é a permanência no curso, que exige muita leitura e investimento pessoal na aprendizagem. O inglês tem um público maior, por motivos óbvios e também pela pressão do mercado de trabalho. O espanhol, pelo respaldo da legislação que torna sua inclusão obrigatória na rede escolar. Os jovens buscam o francês por opção, por gostarem de estudar o idioma, primeiramente. Temos uma variação de cinco a dez alunos, por ano, que iniciam a formação didática para se tornarem professores. Alguns diplomados do bacharelado em tradução também realizam, às vezes, uma formação complementar e entram no mercado de trabalho. Nossos bons alunos, dedicados ao estudo da língua e à didática da língua francesa, conseguem boas colocações depois de terminar o mestrado ou o doutorado, inserindo-se em universidades particulares ou em federais, por concursos públicos, ou até mesmo são professores autônomos. Muitos atuam em cursos livres, onde a remuneração não é tão boa. Trabalham muito, embora sejam reconhecidamente bem aceitos pela boa formação que trazem da UFRGS. Há sempre procura de bons profissionais do francês para o ensino. Muitos cursos livres buscam professores formados, mas não oferecem remuneração adequada e aceitam profissionais sem formação didática.

O que é mais importante em uma aula de línguas: a escrita ou a conversação? O que é preciso fazer para atrair o interesse dos estudantes para o aprendizado de uma nova língua?

— Tudo depende dos objetivos de cada estudante. Os acadêmicos, que devem fazer a prova de proficiência para o mestrado ou o doutorado, precisam de uma metodologia que desenvolva a competência leitora em textos acadêmicos. Logo, aprofundar a expressão oral é desnecessário nesse contexto. Mas, há, no momento, vários cursos de graduação e pós-graduação que favorecem estudos em algum país francófono, pelo programa Ciência sem Fronteiras ou mesmo com dupla diplomação, como é o caso de algumas engenharias e letras na UFRGS. Portanto, é importante desenvolver as competências (expressão oral e escrita, compreensão oral e escrita) para que possam se inserir na vida acadêmica e sociocultural do país. O professor precisa estar consciente dos objetivos do ensino-aprendizagem do público em questão, propondo sequências didáticas adequadas, pois os alunos trazem necessidades especificas e, geralmente, querem investir com fins específicos na sua aprendizagem. No contexto escolar, além da questão da faixa etária, há também a responsabilidade do professor em trazer a língua francesa em contextos interessantes (música, cinema, leitura, manifestações culturais em geral etc.), que possam estimular os alunos a reconhecer, nessas atividades, elementos em comum ou diferentes, a fim de trabalhar de forma intercultural a língua francesa. O professor de francês, nesse contexto, como os demais, tem também a responsabilidade de formar os alunos, favorecendo a interação e a colaboração, pois a língua francesa não é um componente isolado de um currículo escolar que cada vez mais deve priorizar a interdisciplinaridade.

Os professores saem bem preparados para lecionar francês?

— Tudo depende do empenho pessoal e investimento na formação linguística e didática. Um licenciando que se prepara bem apresentará um nível melhor, que estará registrado em seu histórico escolar pelos melhores conceitos e pela qualidade das atividades complementares que realizou na universidade. Temos gerações recentes de professores que aproveitaram bolsas de estudos de francês do Nele (extensão da UFRGS); da Aliança Francesa de Porto Alegre, por meio da Associação dos Professores de Francês do RGS; do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) para formação na França, em 2013; do programa de leitorado de português na França, promovido pela Embaixada da França, e ainda bolsas para jovens professores, em final de formação didática, patrocinadas pela Embaixada da França. Ter o diploma de licenciado em francês não basta. A preparação de um professor de línguas exige muito empenho e estudo. O nosso contexto sociocultural afeta essa formação, pelas dificuldades conhecidas, como o alto custo do aprimoramento linguístico qualificado, dos estágios de imersão no exterior e do material de estudo específico da área. Nossos licenciandos ressentem-se por estar fora do programa Ciência sem Fronteiras. Precisamos de uma política pública para as licenciaturas de línguas e para a formação de professores de todos os idiomas, promovendo estágios de formação no exterior, atingindo mais licenciandos da área de ensino de línguas. A qualidade de nossos profissionais e pesquisadores depende da formação em línguas estrangeiras.

Portanto, é uma questão muito séria a formação de nossos professores de línguas. Os profissionais que formamos na UFRGS compreendem que o métier de professor os torna eternos aprendizes e estão realmente preparados para se tornarem excelentes professores de francês. Mas eles precisam estar contemplados nos programas de aperfeiçoamento no exterior, pela própria natureza da formação. Afinal, são eles que formarão nossos profissionais e pesquisadores de ponta, bem como serão responsáveis pela formação em língua francesa de crianças e jovens nas redes escolares. De sua qualificação dependerá a qualidade da formação desses diferentes públicos.

Centro juvenil oferece aulas de arte há 62 anos em Curitiba

Alunos do CJAP participam de atividade artística

Em funcionamento há 62 anos, em Curitiba, o Centro Juvenil de Artes Plásticas (Cjap) da Secretaria da Cultura do Paraná, dedica-se ao ensino da arte para crianças e adolescentes de seis a 17 anos. Público e gratuito, oferece oficinas variadas, tais como pintura, desenho, modelagem, teatro e escultura, com novas matrículas a cada semestre. O Cjap tem, atualmente, 340 estudantes matriculados.

Diretora do centro desde 2012, Débora Maria Russo revela diversos relatos de pais sobre os benefícios percebidos ao longo dos anos com os filhos que frequentam as aulas de artes. “Isso é muito gratificante”, diz.

Segundo Débora, as artes representam uma parte essencial da experiência humana. E a produção plástica, artística e criadora é parte integrante e necessária para a evolução da criança. “Gostaria que todos os alunos estudassem artes para descobrir como os seres humanos usam símbolos não verbais e se comunicam, não apenas com palavras, mas por meio da música, dança e artes visuais”, ressalta.

Com graduação em artes visuais e pós-graduação em fundamentos estéticos da arte-educação, Débora atua na área da educação desde 1988. Antes de assumir a direção do Cjap, trabalhou como orientadora de oficinas durante 14 anos e atuou em cursos de capacitação para professores.

Desse período, a professora recorda-se de alguns alunos, hoje profissionais bem-sucedidos. Débora relata o caso de um rapaz que a chamou quando ela saía do Cjap. Surpresa, pois a princípio não o reconhecera, ouviu do rapaz que ele tinha sido seu aluno. Ao perguntar seu nome, lembrou-se que ele era muito travesso. “Hoje, é engenheiro e também dá aulas, e falou sobre lições e experiências de vida que eu costumava contar. Foi emocionante”, afirma.

De acordo com Débora, no início da criação do Cjap, as crianças não faziam matrícula e frequentavam as oficinas aleatoriamente. “Era um momento de livre expressão”, revela. (Fátima Schenini)

Saiba mais na página do Cjap na internet

Vera Menezes (UFMG): “É preciso investir na formação dos professores”

Profa. Vera Menezes, da UFMG

A professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva defende o investimento na formação dos professores para que o Brasil possa avançar no ensino de idiomas. “O professor que não fala a língua que ensina não tem motivação para o trabalho, nem consegue motivar os alunos”, analisa.

Vera Menezes é professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atua na graduação e na pós-graduação, nas linhas de pesquisa em ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e em linguagem e tecnologia. Para ela, não adianta investir em bons livros didáticos, em equipamentos, em uma carga horária decente, “se não tivermos professores preparados para conduzir o processo”.

Com graduação em português, em inglês e em direito, mestrado em inglês, doutorado em linguística e filologia e pós-doutorado em linguística, Vera coordena o projeto de pesquisa Aprendendo com Memórias de Falantes e Aprendizes de Línguas Estrangeiras (Amfale), com colaboradores no Brasil, Japão, China e Finlândia. (Rovênia Amorim)

 

Jornal do ProfessorO ensino de línguas estrangeiras nas escolas ganha importância na atual sociedade do conhecimento. De que forma o Brasil pode avançar nesse ensino?

Vera Menezes — O primeiro passo é investir na formação dos professores. O professor que não fala a língua que ensina não tem motivação para o trabalho, nem consegue motivar os alunos. Esse tipo de professor, fatalmente, vai apelar para atividades mecânicas, que lhe dão mais segurança. Nenhum outro investimento dará certo se continuarmos com uma grande massa de professores malqualificados. Não adianta investir em bons livros didáticos, em equipamentos, em uma carga horária decente, se não tivermos professores preparados para conduzir o processo.

Como os professores da educação básica podem despertar o interesse dos alunos para o aprendizado de uma língua estrangeira? Mostrar ao estudante que esse aprendizado pode ajudá-lo profissionalmente, no futuro, é uma forma de estímulo?

— O futuro profissional pode ser um fator motivacional. O mais importante, porém, é o aluno perceber que consegue se inserir em práticas sociais mediadas pela língua adicional. O ensino precisa se voltar para o uso da língua.

O que é mais importante para que se alcancem bons resultados nas aulas de línguas estrangeiras na educação básica? O professor, o material adotado ou o método utilizado?

— Em primeiro lugar, o professor. O material didático ajuda muito, mas o professor precisa saber trabalhar com ele.

Quais os principais métodos utilizados para o ensino de uma língua estrangeira? Há um método melhor que outro?

— A história do ensino de línguas demonstra que se pode aprender com qualquer método. No entanto, acredito firmemente que o ensino de línguas só pode ser bem-sucedido quando o aprendiz vê sentido no que aprende, quando as atividades que desenvolve se inserem em práticas sociais autênticas e ele percebe que pode usar essa língua em experiências fora da sala de aula. Ouvir música, por exemplo, é uma prática de uso real da língua. Escrever mensagem em rede social, na língua que aprende; fazer um cartão do Dia das Mães ou de aniversário nessa língua; entrevistar um estrangeiro; produzir um cartaz de protesto, dentre outras atividades, são exemplos de práticas sociais autênticas. Ao fazer isso, o aluno vê sentido na aprendizagem da língua.

As instituições de educação superior brasileiras formam bons professores de línguas estrangeiras? Qual a contribuição que as universidades podem dar para melhorar o ensino de línguas na educação básica?

— A maioria das universidades forma bons professores. Mas, devido aos baixos salários, esses professores deixam de ir para o ensino público. Não basta formar bons professores. É preciso assegurar que eles permaneçam na rede pública. As universidades podem e estão contribuindo também com ações de educação continuada, mas nem sempre a direção das escolas libera os professores para participar de capacitações. É preciso incentivar e apoiar os professores para que eles invistam na própria formação.

Geralmente os estudantes não têm como praticar um segundo idioma, dentro ou fora da escola. Como eles poderiam fazer esse treinamento?

— Com o advento das novas tecnologias, não há limitações para a prática do idioma. As tecnologias de áudio e voz estão bastante evoluídas, e há inúmeras ferramentas de interação e comunicação gratuitas, na internet, que permitem o uso da língua. Os alunos precisam apenas de orientação e apoio dos professores para utilizar essas oportunidades de prática do idioma.

Há controvérsia entre os teóricos sobre o ensino de línguas nas escolas públicas. Uma corrente diz que é mito a impossibilidade de aprendizado de um segundo idioma na educação básica. Qual é a sua opinião?

— É sim possível aprender nas escolas públicas, desde que elas tenham uma carga horária didática decente e um professor que saiba a língua, que tenha boa formação como professor de língua adicional. Conheço bons exemplos de professores e também de alunos que saíram da educação básica com um nível de inglês razoável. Não se pode esperar da educação básica, com sua reduzida carga didática, que o aluno alcance um nível avançado, mas é possível ir além do elementar.

Uma das críticas às aulas de inglês no ensino fundamental é a ausência de prioridade para a habilidade de conversação. Em estudos acadêmicos, os alunos denunciam o conteúdo repetitivo e a ênfase no verbo to be. É preciso atualizar o método de ensino e investir na formação de professores?

— A crítica é justa. Prova disso é a seleção das obras aprovadas no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). A maioria dos professores escolhe os materiais que menos desafiam os alunos e que oferecem menos experiências de aprendizagem. Como nenhum livro tem foco exclusivo na forma, muitos professores se recusam a usar as obras, e todo o dinheiro investido na aquisição das mesmas vai literalmente para o lixo. Ainda estamos na luta para sair do foco na gramática para o foco no uso da língua. É possível usar a língua com propósitos comunicativos desde as primeiras aulas. Pensemos, por exemplo, no ensino dos numerais até nove. Em vez da repetição mecânica, é possível pedir aos alunos para compartilhar números de telefones, em inglês. Eles podem usar os números de emergência, como os do corpo de bombeiros, serviços de saúde, polícia, escola, amigos e parentes etc. Essa prática não mecânica os ajuda a aprender vocabulário e, ao mesmo, tempo a aprender a pedir e a dar informações sobre números de telefones em inglês. Esse é um exemplo de que é possível usar o verbo to be para comunicação e ir além dele. Para isso, insisto, precisamos ter professores bem qualificados.

A internacionalização da educação superior contribui para a valorização da língua estrangeira, principalmente o inglês?

— Sim, temos visto, em todas as universidades federais, um grande investimento em ensino de inglês com o advento do programa Ciência sem Fronteiras. Os alunos têm cursos para desenvolver a competência em inglês e estão motivados.

Em que medida o programa Ciência sem Fronteiras tornou-se um incentivo aos estudantes no aprendizado de um segundo idioma? Há motivação e maior interesse no aprendizado?

— Sim, tem sido um grande incentivo. Os estudantes, agora, vislumbram a possibilidade de realizar o sonho de ter uma vivência no exterior.

O Brasil precisa de uma política linguística? Como ela deve estar estruturada?

— Precisamos investir em um bom ensino de inglês, que é a língua da ciência, mas precisamos também investir em uma política plurilíngue, com formação competente de professores em vários idiomas. Precisamos ensinar a aprender outras línguas para interagir com países onde a ciência se desenvolve e também com aqueles que são nossos parceiros comerciais. Assim, não devemos nos limitar ao ensino de inglês e espanhol, como tem sido feito. Temos de abrir mais oportunidades para o ensino de mandarim, alemão, francês, árabe e outros idiomas. Ao mesmo tempo, precisamos também investir no ensino de português para estrangeiros e divulgar o português brasileiro no mundo. Além disso, precisamos de política de proteção às línguas indígenas e de formação de professor indígena.

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