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JORNAL

Xadrez na Escola

Segunda-feira, 25 de Abril de 2016

Edição 124

EDITORIAL - Xadrez na Escola

O assunto da 124ª edição do Jornal do Professor é Xadrez na Escola, conforme escolha de 45.74% dos leitores que votaram na enquete colocada em nossa página.

Selecionamos para apresentar a vocês experiências desenvolvidas em escolas de Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Nesta edição, contamos com duas entrevistas: uma com o professor Antônio Villar Marques de Sá, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília; outra com o professor Charles Moura Netto, vice-presidente da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) e secretário municipal de educação de Santa Maria de Jetibá (ES), considerada a capital capixaba do xadrez.

O professor Alexandre David Zeitune, do Centro de Ensino Fundamental 08 de Sobradinho (DF), é o participante da seção Espaço do Professor.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Aulas de xadrez melhoram notas e comportamento de alunos em MG

Alunos jogam xadrez na sala de aula

Ao perceber os benefícios do xadrez no rendimento e no comportamento dos alunos que se sentavam diante do tabuleiro, a direção da Escola Estadual Clertan Moreira do Vale, em Tupaciguara, região do Triângulo Mineiro, não teve a menor dúvida. As aulas do jogo de origem indiana, até então restritas aos estudantes do turno integral, foram incorporadas à grade curricular e tornaram-se obrigatórias no projeto pedagógico da escola. Assim, há quatro anos, os 880 alunos de turmas do primeiro ao nono ano do ensino fundamental têm aulas de xadrez, com duração de 50 minutos, duas vezes por semana.

Com isso, as aulas de educação física passaram a ser dadas no período do contraturno. “Como nossa cidade é pequena, os alunos podem almoçar em casa e voltar à tarde para as atividades de educação física”, explica a vice-diretora, Patrícia Andrade. Desse modo, a escola não apenas criou mais conforto para os alunos, que deixaram de ir suados para as salas de aula, como passaram a ter uma atividade extra no turno regular. Os resultados positivos com a nova dinâmica do xadrez se traduzem em melhores notas em leitura e em matemática e também no relacionamento com professores e colegas, além da própria família.

“As mudanças trazidas pelo xadrez foram muitas”, afirma a vice-diretora. “Os alunos estão mais concentrados nas atividades de sala de aula e as notas melhoraram.” Segundo Patrícia, o gosto pelo jogo de tabuleiro é tanto que os alunos aproveitam a hora do recreio para jogar no pátio da escola.

O xadrez chegou à escola pelo professor de educação física Sérgio Ricardo Ferreira, autodidata. Ele se apaixonou pelo jogo aos seis anos de idade. “Aprendi vendo os adultos jogarem”, conta. “Começamos com dois alunos e, atualmente, todos os 300 estudantes do integral participam. Foi uma evolução muito rápida.”

Competições — Há três anos, a escola participa dos Jogos Escolares e sempre conquista medalhas. Em 2015, quatro alunos foram classificados para a etapa regional. “Temos alunos que estão evoluindo muito no raciocínio estratégico exigido para se fazer boas jogadas; daqui a pouco, eu é que serei o aluno deles”, brinca o professor.

Dione Henrique Pereira Santos, 13 anos, aluno do oitavo ano, é um desses aprendizes de sucesso. Ele aprendeu a jogar nas aulas, em 2014, e já começa a colecionar resultados de destaque nas competições escolares. E não é só. O estudante conta que suas notas em matemática melhoraram. “O xadrez é um jogo de inteligência, tem de raciocinar e de pensar estrategicamente”, ensina. “É preciso ficar focado, concentrado, pensando na melhor resolução; aprendi a usar isso na matemática: olho os problemas como um jogo de xadrez e tento chegar ao xeque-mate.”

Em casa, o xadrez permitiu melhorar o relacionamento de Dione com a madrasta. “Depois que saio da escola, jogamos à tarde; ela me vence, às vezes; estamos bem mais próximos.”

Mancala — Em Sabará, cidade histórica, na área metropolitana de Belo Horizonte, o xadrez também repercutiu em notas e comportamento melhores entre os alunos do sexto e do sétimo anos da Escola Estadual Christiano Guimarães. Diante do sucesso do projeto, trabalhado em parceria no ano passado, as professoras Sônia Teodora dos Santos, de matemática, e Cristiane Mendes Pinto Rezende, de educação física, planejam repeti-lo neste ano letivo. Sônia introduziu em suas aulas a mancala (jogo de semeadora), de origem africana, e Cristiane, o xadrez, dois jogos que estimulam o raciocínio lógico.

As professoras promoveram uma competição interna, nas salas, e depois entre as turmas como forma de aumentar o interesse. Ao fim do projeto, os melhores alunos foram premiados com medalhas e avaliados pelas professoras. “Por incrível que pareça, os alunos deixaram de lado os tablets e os celulares para jogar xadrez e mancala”, diz Sônia. “Isso é muito bom para o rendimento matemático porque eles saem do imediatismo das novas tecnologias e aprendem a ter paciência e mais calma, a se concentrar com os jogos de tabuleiros.”

Com duas décadas de experiência em sala de aula, há oito anos a professora de matemática prefere trabalhar, a cada bimestre, com um tipo diferente de jogo. A mancala, segundo ela, permite aos estudantes aprender sobre o plano cartesiano e a contar por agrupamento e aprimorar o raciocínio lógico. Para estimular o aprendizado, os próprios alunos constroem o jogo, com feijões e caixas de ovos. Além do mais, de acordo com a professora, a mancala é uma forma de trabalhar com os alunos, de forma transversal, um pouco da história e da tradição africanas.

Estratégia — O xadrez foi introduzido na escola, nas aulas de educação física, como estratégia para tornar os alunos menos ansiosos. As professoras consideram o retorno muito melhor do que o planejado. “Por isso, pelo menos um bimestre a cada ano letivo, esse jogo de tabuleiro é adotado como projeto pedagógico”, diz a professora Cristiane, que agora assume como vice-diretora da escola. “Percebemos que o xadrez ajuda na disciplina, na socialização, na concentração, no raciocínio lógico, e isso se reflete em melhores notas e na relação professor-aluno.”

O xadrez, a mancala, o dominó e outros jogos educativos são formas de despertar o interesse dos alunos pela matemática. “Os jogos educativos dão outra qualidade ao ensino da matemática, que deixa de ser aquela disciplina temida e mecânica”, afirma Sônia. “Até o meu relacionamento com os alunos se tornou melhor e mais próximo.” (Rovênia Amorim)

Tradição no interior de Goiás, jogo é rotina em duas escolas

Alunos jogam xadrez

Desde o início do ano letivo, alunos das duas escolas públicas municipais de Chapadão do Céu, cidade de 15 mil habitantes, a 489 quilômetros de Goiânia, aprendem as estratégias para chegar ao xeque-mate, em diferentes jogadas. A ideia da secretaria municipal de educação é levar adiante projeto de ensino de xadrez capaz de aliar os benefícios desse milenar jogo de tabuleiro como recurso pedagógico educativo ao resgate da tradição da cidade em participar de competições.

“Nossa cidade já teve grande prestígio nos campeonatos de xadrez, e precisamos trazer esse reconhecimento de volta”, explica Álvaro Barbosa Damacena, um campeão da cidade, e de Goiás, contratado pela secretaria para ensinar xadrez nas duas escolas e também na biblioteca municipal. “Eu participava de uma equipe e sempre viajava pelas cidades de Goiás para competir, e é isso que queremos para nossos alunos”, diz o professor, que aprendeu a jogar xadrez aos 12 anos, quando era aluno da Escola Municipal Flores do Cerrado. Naquela época, o jogo fazia parte das atividades da aula de educação física.

Hoje, além dos alunos da escola onde estudou, Álvaro ensina também os estudantes da Escola Municipal Dona Amélia Garcia Cunha. Assim que os alunos estiverem prontos, o professor pretende programar uma competição entre as duas unidades de ensino. Depois, eles serão incentivados a participar dos campeonatos regionais. O xadrez está tão incorporado à cultura da cidade que, no ano passado, os alunos do turno integral da escola Flores do Cerrado levaram o jogo para o desfile cívico de 21 de agosto, quando se comemora a emancipação política de Chapadão do Céu — em 1991, passou de povoado a município.

Rotina — Os tabuleiros de xadrez fazem parte da rotina escolar há dez anos, mas até o ano passado, somente os 300 alunos do turno integral, oriundos das fazendas de milho, soja e cana-de-açúcar da região, podiam participar da oficina, na hora do recreio. “Agora, com a contratação do professor pela secretaria de educação do município, os alunos do regular também podem participar”, explica a diretora, Rozane Pelisson Filipin. “Isso é importante porque o xadrez ajuda muito no raciocínio lógico exigido pela matemática.”

Na hora do recreio, a professora de matemática Edjânia Rodrigues Sousa Alves acompanha e joga com os alunos que participam das oficinas. “Depois que começaram a jogar, eles passaram a ver os problemas da matemática como desafios que precisam ser vencidos”, diz a professora. “Eles persistem mais em resolvê-los.”

Edjânia aprendeu a jogar xadrez durante o curso de licenciatura em matemática na Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus de Santa Helena de Goiás, a 345 quilômetros de Chapadão do Céu.

Na escola Dona Amélia Garcia Cunha, o xadrez é oferecido aos estudantes no contraturno, duas vezes por semana. “Temos 30 alunos participando e 12 na fila de espera”, afirma a diretora, Cleci Filipin. “Infelizmente, não podemos abrir mais vagas, pois queremos que o professor possa atender a todos com qualidade.”

Cleci também elogia a iniciativa da Secretaria de Educação de Chapadão do Céu de recuperar uma tradição da cidade. “É uma atividade que vai ajudar muito na disciplina e na sociabilidade dos alunos porque cria o hábito da concentração”, afirma.

O professor Álvaro Damacena, responsável por ensinar a arte milenar do xadrez a estudantes do ensino fundamental das duas escolas municipais, nota mudanças positivas no comportamento das crianças e adolescentes: “Os alunos hiperativos já estão mais calmos e percebem que é preciso deixar o impulso de lado e ter paciência para entender a jogada e o adversário”, explica. “E isso é um aprendizado que serve para as demais atividades da escola e para as decisões da vida.” (Rovênia Amorim)

Jogo apoia aprendizado de diversas disciplinas em escola de AL

Alunos e peças gigantes de xadrez

Apaixonado pelo jogo de xadrez, o professor Adriano José da Silva Nascimento idealizou um projeto para estimular a prática da atividade na Escola Estadual Mário Gomes de Barros, no município alagoano de Joaquim Gomes, a 60 quilômetros de Maceió. Seu interesse pelo jogo começou quando ainda era aluno do ensino médio na mesma escola. “Participei de torneio interno e me encantei com o xadrez, que além de jogo é arte e ciência”, revela.

Praticado na escola desde 2005, apenas durante as aulas de educação física, o xadrez passou a ser enfocado nas diversas disciplinas do ensino médio a partir de 2015. Naquele ano, Adriano criou o projeto O Xadrez e as Diversas Disciplinas, com a coordenadora pedagógica Fátima Maria Rodrigues Pereira, atual diretora da instituição. Seu propósito foi estimular a criatividade, participação e melhoria do desempenho dos estudantes nas diversas disciplinas do ensino médio.

Assim, nas aulas de história, por exemplo, os estudantes adquirem conhecimentos sobre a origem e a evolução do jogo. Nas aulas de química, disciplina lecionada por Adriano, a abordagem passa pelos materiais e processos envolvidos na confecção das peças e tabuleiros. “O interesse e a participação dos alunos ficaram acima do esperado, o que nos deixou muito animados e encorajados”, destaca o professor. Ele diz que procurou fazer um projeto que chamasse a atenção e “rompesse com a mesmice”, do qual todos os alunos pudessem participar ativamente. “Daí surgiu a ideia de montar um xadrez gigante no pátio do colégio, acessível aos alunos nas horas vagas e intervalos”, diz. Segundo o professor, o aluno conhecedor do jogo o ensina aos demais.

As peças do jogo foram confeccionadas pelos alunos, em papel-machê, com materiais recicláveis e cola biodegradável, a partir de moldes feitos pelo professor. “Criei o desenho com o modelo das peças, juntei latas de leite e garrafas plásticas e fiz o esqueleto das peças, afirma. “Esqueleto pronto, fiz o preenchimento com papeis velhos, amassados, moldando e fixando com fita adesiva.”

O passo seguinte foi a colagem de pedaços de papel em torno da peça, até a obtenção de uma camada rígida, em formato compatível com o projeto. Depois de secas, as peças foram envelopadas. Um detalhe foi a cola usada por Adriano, que ele chama de biocola, feita com maisena (amido de milho), vinagre e água.

A última etapa do processo foi a cópia das peças-molde, feita pelos alunos com o método da papietagem (técnica artesanal, que usa papel, cola e um molde). Para isso, os estudantes também usaram a biocola.

Benefícios — Segundo Adriano, o projeto resultou na melhoria da disciplina, do empenho dos alunos nas aulas e da relação professor-aluno, além da socialização entre as classes. Outra melhoria, segundo ele, ocorreu no relacionamento entre os alunos oriundos de fazendas e sítios e os da cidade. “Com o xadrez, o aluno deixa de ser tímido, retraído, e passa a se relacionar de maneira produtiva, com o mesmo nível de competitividade e interação”, avalia.

De acordo com Adriano, a participação e o interesse dos estudantes foram tão satisfatórios que resolveram criar um clube de xadrez na escola. Dessa forma, podem dar continuidade ao ensino e à prática do jogo, com possibilidade de participação em torneios internos e externos.

Adriano acredita que todo estudante deveria ter a oportunidade de entrar em contato com o xadrez. “Justifico isso baseado em experiência pessoal, nos resultados que obtivemos com o projeto e nas diversas pesquisas e estudos já realizados acerca do uso do xadrez como atividade pedagógico-esportiva extraclasse”, enfatiza.

Na visão do professor, o xadrez permite o desenvolvimento da atenção, concentração, planejamento, responsabilidade, respeito e criatividade, entre outros pontos, o que contribui para aumentar a confiança e a autoestima dos alunos. “A forma como se pensa nas melhores jogadas ou consequências destas implica em melhores tomadas de decisões na vida, respeitando valores, regras e, principalmente, o respeito mútuo”, destaca. “O jogo começa com um aperto de mãos e termina da mesma forma, evidenciando que não há maior ou menor, e enfatizando que vitória ou derrota nada mais é que aprendizado.”

De acordo com a diretora da unidade de ensino, o maior benefício do xadrez é a concentração do aluno. “Mas valorizo muito a questão de que, apesar de ser um jogo, e todo jogo ser competitivo, não há nenhuma briga ou exaltação durante as partidas.” (Fátima Schenini)

Charles Moura Netto (CBX): “Xadrez é fácil e divertido de aprender”

Professor internacional de xadrez, membro da World Chess Federation (Fide) e vice-presidente financeiro da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), Charles Moura Netto nega que o jogo seja difícil para as crianças. “Pelo contrário, é fácil e divertido de aprender”. Segundo Netto, como qualquer atividade, o xadrez sempre terá maior aceitação de uns e menor de outros. Porém, de uma forma geral, as crianças gostam muito e querem se divertir com o jogo. “O segredo é a metodologia e a didática na hora do ensino”, afirma.

Com graduação em educação física (licenciado e bacharel) e mestrado em educação ambiental, Netto exerce ainda a atividade de coordenador do Laboratório de Xadrez Pedagógico da Faculdade da Região Serrana (Farese), em Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo. Ele também é secretário de educação da cidade, considerada a capital capixaba do xadrez. “Em nosso município, o xadrez é incentivado das séries iniciais às finais”, diz. (Fátima Schenini)

Jornal do Professor – Quais os benefícios do xadrez para a aprendizagem?

Charles Moura Netto – A prática sistematizada do xadrez, de forma lúdico-pedagógica ou esportiva (alto rendimento), pode potencializar em seus praticantes várias habilidades cognitivas que, sem dúvida, contribuem para o processo de aprendizagem. Dentre vários benefícios podemos citar:

• Melhor capacidade de recuperação de informação já assimilada, bem como o uso de combinações desse conhecimento em modelos lógicos.

• Representação e concepção espaciais; uso da perspectiva, reconhecimento de posições e longitudes; capacidade de observação e inteligência espacial.

• Inteligência verbal; domínio da linguagem escrita: signos e símbolos.

• Desenvolvimento do autocontrole e da atenção; aplicação do pensamento aprofundado; trabalho dos contextos de superação de frustrações.

• Administração racional do tempo; busca de soluções em um período de tempo preestabelecido; concepção e representação temporais.

• Desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões; autonomia de pensamento.

• Empenho pelo progresso contínuo; busca de melhores resultados.

• Personalidade autônoma, autoestima, realização pelas conquistas.

• Criatividade, imaginação e fantasia.

• Focalização – as crianças são instruídas sobre os benefícios de observar cuidadosamente e de se concentrar.

• Visualização – as crianças são estimuladas a imaginar uma sucessão de ações antes que elas aconteçam. O xadrez permite o fortalecimento da habilidade de visualização a partir da troca das peças de posição apenas mentalmente. Primeiro, com um movimento; depois, vários à frente.

• Previsão – as crianças são ensinadas a pensar e, então, agir. Com o passar do tempo, o xadrez ajuda a desenvolver a paciência e a atenção.

• Avaliação de opções – as crianças aprendem a não fazer a primeira coisa que surge em mente. Aprendem a identificar alternativas e a considerar os prós e os contras de várias ações.

• Análise concreta – os jogadores aprendem a avaliar os resultados de ações específicas e sequência de ações. Decisões são melhores quando guiadas pela lógica em vez do impulso.

• Pensamento abstrato – os aprendizes são ensinados a, periodicamente, deixar de lado os detalhes e considerar o quadro maior. Também aprendem a transpor padrões usados em um contexto para situações diferentes, mas relacionadas.

• Planejamento – as crianças são ensinadas a desenvolver metas de objetivos mais longos e dar os passos necessários para concretizá-los. Elas também são ensinadas sobre a necessidade de reavaliar seus planos de acordo com novos contextos desenvolvidos que alterem a situação.

• Trabalho com considerações múltiplas simultâneas – os alunos são incentivados a não se deixar absorver demais em apenas uma consideração, mas a tentar pesar diversos fatores, todos de uma vez.

• Cognição - recuperação mais ágil e coordenada de informações já armazenadas, para solução de situações enfrentadas no dia a dia, inclusive nas partidas de xadrez.

É importante que o jogo seja estimulado nas escolas? Essa opinião é compartilhada pela Confederação Brasileira de Xadrez?

– Como atividade milenar, estruturada em torno de uma federação internacional que congrega mais de 150 países, e contando com aproximadamente 600 milhões de praticantes em todo o planeta, certamente o jogo deve ser considerado relevante. O xadrez tem adquirido grande importância no âmbito educacional. É usado como instrumento social e didático-pedagógico. Muitos países já o adotam como ferramenta pedagógica pelo fato de o xadrez ser uma importante ferramenta de ensino-aprendizagem em diversas áreas de conhecimento. O raciocínio é elemento de grande fator para que a cidadania se efetive. Nesse contexto, o xadrez proporciona habilidades, não apenas em raciocínio.

A prática do xadrez, segundo vários pesquisadores, possibilita capacidades que podem ser benéficas para os alunos em salas de aulas. Estas habilidades são relevantes num desenvolvimento cognitivo global. As crianças que praticam alguma atividade lúdica na infância se tornam adultos mais interessados e criativos. Com base nesse pensamento, seguimos os princípios de Jean Piaget [1896-1980], que relaciona os jogos na infância com um fator de formação do adulto. Segundo ele, “o jogo constitui o polo extremo da assimilação da realidade no ego, tendo relação com a imaginação criativa que será fonte de todo o pensamento e raciocínio posterior”. A prática do jogo quando criança permite desenvolver nos adultos a capacidade de autocontrole, de tomada de decisões e de raciocínio.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, “no ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos, os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar, as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhe deram origem, sabendo que estão brincando”. Em outras palavras, ao brincar, as crianças adquirem possibilidades de estabelecer relações com si mesmas e com os outros.

O brincar é direito de todas as crianças, assegurado pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente. O Capítulo II, art. 16°, inciso IV, acrescenta que toda criança tem o direito de brincar, praticar esportes e divertir-se. Nas brincadeiras, elas recriam situações que a favorecem na vida social e escolar. Os jogos inseridos na educação favorecem a capacidade do aluno de criar novas situações que permitam a aquisição de habilidades no contexto escolar.

De acordo com o professor Marcos T. Pinheiro de Almeida, a brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pelo uso de regras. A brincadeira é uma atividade que pode ser tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira, a existência de regras não limita a ação lúdica. A criança pode modificá-la, ausentar-se quando desejar, incluir novos membros, modificar as próprias regras. Enfim, existe maior liberdade de ação para as crianças. Ao praticar alguma atividade que envolva brincadeira, mesmo contendo regras, as crianças estarão praticando atividades lúdicas e, consequentemente, mais interessadas e atentas estarão ao que o professor deseja. Entre as brincadeiras que podem ser usadas em sala de aula como atividades lúdicas que favoreçam o ensino-aprendizagem e a capacidade de cognição dos alunos está o xadrez. Os estudantes estarão brincando com o jogo, com suas peças e, ao mesmo tempo, aprendendo um conteúdo.

A Confederação Brasileira de Xadrez compartilha dessa ideia, pois tem a convicção da importância do ensino de xadrez nas escolas para os alunos. Ao longo da sua história, a confederação tem desenvolvido, em parceria com o terceiro setor e com os ministérios do Esporte e da Educação, inúmeras iniciativas para estimular a prática do jogo em ambientes formais e informais de educação, além de organizar e promover torneios para estimular ainda mais a prática entre crianças em idade escolar.

O xadrez não é um jogo muito difícil para crianças? Há técnicas específicas para ensiná-lo?

– O xadrez não é um jogo difícil, pelo contrário. É fácil e divertido de aprender. Como qualquer atividade, sempre terá maior aceitabilidade de uns e menor de outros. Porém, de uma forma geral, as crianças gostam muito e querem se divertir com o xadrez. O segredo é a metodologia e a didática na hora do ensino, pois o professor tem o poder de transformar a aprendizagem em algo convidativo, aguçando na criança o desejo de querer mais e mais.

O xadrez faz parte das atividades desenvolvidas nas escolas de Santa Maria de Jetibá?

– Sim, Santa Maria de Jetibá é considerada a capital estadual do xadrez. Em nosso município, o jogo é incentivado desde as séries iniciais até as finais. A partir de 2006, o município inseriu o xadrez na cultura municipal. Foram os primeiros passos para se tornar a cidade que pensa o xadrez. Para incentivar essa nova prática, que começava a florescer no município, a Câmara de Vereadores aprovou a Lei Municipal nº 1000/2007, que dispõe sobre o ensino do xadrez nas escolas da rede municipal de ensino e cria o Projeto de Xadrez Escolar – Pró-Chess. Esta mesma lei previu a criação do Clube de Xadrez. A partir disso, as escolas da rede passaram a desenvolver o projeto, com uma aula semanal.

Para auxiliar as escolas, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, através do Clube de Xadrez, entrou em parceria no projeto ao oferecer curso de capacitação para os professores da rede. Além da capacitação, a parceria entre as secretarias municipais de Educação e de Esportes e Lazer proporcionou visitas de uma equipe às escolas para incentivar o ensino do xadrez, com a realização de torneios escolares. Atualmente, o município é sede da CBX.

A CBX incentiva, de algum modo, a formação de professores de xadrez? De que forma?

A Confederação Brasileira de Xadrez tem como uma de suas metas multiplicar o número de professores de xadrez no Brasil. Queremos que todos os cidadãos tenham a oportunidade de praticar a modalidade. A confederação é pioneira, em parceria com a Faculdade da Região Serrana, em pós-graduações em xadrez pedagógico. Está disponível na internet uma plataforma com vários cursos de xadrez, tanto para iniciantes quanto para alunos mais avançados. Também são promovidas capacitações de xadrez em várias secretarias de educação do país.

Xadrez desenvolve o raciocínio e ajuda a ampliar a concentração

Alunos jogam xadrez

Professora de educação física na Escola Estadual Princesa Isabel, em Manaus, Jaqueline Guerreiro de Mendonça apoia o xadrez nas aulas. “O jogo é uma ferramenta pedagógica importante para o desenvolvimento cognitivo das crianças”, assinala a professora, que leciona a turmas do terceiro ao quinto ano do ensino fundamental. Ela aprendeu a jogar xadrez em um curso de formação continuada oferecido pelo setor de educação física da Coordenadoria Distrital 1, à qual está vinculada. “Foi amor à primeira vista”, destaca.

De acordo com Jaqueline, o xadrez proporciona inúmeros benefícios aos estudantes e deveria ser praticado em escolas de todo o país. O primeiro desses benefícios que ela aponta é a concentração. “Vejo que os alunos, em um primeiro momento, aprendem a se concentrar, pois cada peça tem um movimento”, diz. “Depois, vem o exercício da estratégia, pensar em jogadas possíveis.”

A professora aponta, em seguida, outras habilidades, como desenvolvimento da memória, velocidade de raciocínio, capacidade de solucionar problemas e poder observador. Para ela, tudo isso ajuda não apenas no desenvolvimento do próprio jogo, mas também em situações cotidianas e no aprendizado das demais disciplinas. “Nem toda criança saberá responder o que é diagonal, vertical, horizontal, mas aquela que já observou alguém falar sobre os movimentos do bispo e da torre, duas peças de xadrez, saberá”, afirma. “Isso é noção básica de direção e será usado na matemática.”

Competição — O aumento do poder de concentração e de desenvolvimento do raciocínio também é lembrado pela diretora da instituição, Maria Aristeia Pimentel Matos, entre os benefícios do xadrez a seus praticantes. Há 30 anos no magistério e com experiência de 15 anos na direção de instituições de ensino, Maria Aristeia revela que a escola Princesa Isabel deu início ao jogo de xadrez há cerca de cinco anos, como opção para os alunos resistentes a atividades que exijam esforço físico. A responsável foi a professora de educação física Soraya Lima. “Quando ela saiu da escola, a professora Jaqueline assumiu e deu continuidade às atividades ligadas ao jogo de xadrez”, acrescenta a diretora.

Os estudantes costumam participar de competições, com resultados satisfatórios. “Em 2016, um de nossos alunos, Thiago Souza Sobrinho, ganhou o primeiro lugar na categoria sub-10 (masculino) do campeonato de xadrez da Federação Amazonense e se qualificou para o campeonato brasileiro”, diz Jaqueline. “Ainda tivemos uma aluna que ficou em segundo lugar também na categoria sub-10 (feminino) do mesmo campeonato, a Iza Beatriz Fernandes Barbosa.”

A participação dos enxadristas em competições chamou a atenção dos demais estudantes e resultou no aumento do número de praticantes da modalidade. (Fátima Schenini)

Jogo é valorizado e incentivado em cidade do interior gaúcho

Alunos da EM Rui Barbosa durante campeonato de xadrez

No município gaúcho de Campo Bom, no Vale do Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre, o jogo de xadrez é uma atividade valorizada e incentivada nas escolas, com a participação de estudantes em torneios e campeonatos. “Meu envolvimento com o xadrez iniciou-se por volta de 1994, quando exercia a função de coordenadora da educação física, esporte e lazer na Secretaria Municipal de Educação e Cultura”, diz a professora Márcia Korndoerfer Tornin, da Escola Municipal Rui Barbosa.

Márcia explica que promoveu, na época, um curso de capacitação em xadrez para professores da rede municipal, em parceria com a Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo. “O trabalho, então, começou a frutificar nas escolas e surgiu a ideia de organizarmos o 1º Torneio Aberto de Xadrez em Campo Bom, que já está na 21ª edição.”

A instalação do Clube de Xadrez na Biblioteca Pública Municipal foi outra medida adotada por Márcia. “Aberto à comunidade, funcionava aos sábados de manhã, com monitoria do jovem aluno Marcelo Konrath, atualmente professor e árbitro internacional de xadrez e editor do portal Xadrez Gaúcho”, diz a professora.

A partir de 2009, já na Escola Rui Barbosa, Márcia continuou a incentivar a prática do xadrez durante as aulas de educação física, com turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental. Os resultados obtidos com a iniciação ao jogo nessa faixa etária a levaram a propor, em 2013, um projeto direcionado a alunos do terceiro ao quinto ano. “O xadrez, agora, é trabalhado semanalmente em sala de aula a partir do terceiro ano”, esclarece. Além disso, às quintas-feiras, os alunos que se destacam em sala de aula participam do encontro de xadrez, no turno vespertino, destinado ao aprimoramento das estratégias e integração à equipe de competição da escola, composta por 24 alunos.

Durante as aulas, Márcia procura despertar nos alunos o prazer no aprendizado do xadrez e o gosto pelo desafio. Isso, segundo ela, os leva a desenvolver competências como agilidade de raciocínio, capacidade de visualização espacial, elaboração de estratégias próprias, aumento do tempo de concentração e desenvolvimento da memória. Há 32 anos no magistério, ela tem graduação em educação física e pós- graduação em metodologia do ensino da educação física.

Estímulo — “O xadrez é um esporte divertido, que estimula o raciocínio lógico, a concentração e a memória”, diz a professora Lizandra Patrícia Gottlieb, diretora da escola Rui Barbosa. “Também estimula a imaginação, desenvolve a capacidade de planejamento na criação de estratégias e exige paciência e respeito ao colega.”

De acordo com Lizandra, após certa resistência inicial ao xadrez, principalmente por parte de alguns professores, que o consideravam difícil e complicado para alunos pequenos, a professora Márcia conseguiu desenvolver o gosto pelo jogo na escola, graças ao trabalho lúdico que desenvolveu desde os primeiros anos. “O trabalho foi gradativo, atingindo também o público adolescente da escola”, ressalta. Outra iniciativa foi a participação dos estudantes em campeonatos de xadrez, dentro e fora da cidade.

Para o professor Eder de Oliveira, da Escola Municipal Princesa Isabel, ao aprender a jogar xadrez, as crianças tendem a aumentar a concentração, a paciência e a perseverança e se tornam mais flexíveis ao resolver problemas e tomar decisões.

Professor de educação física em turmas da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental, Eder conta que seu envolvimento com o jogo teve início em 2006. “No início, usava o xadrez como alternativa, pois no inverno, de manhã, era muito frio e úmido, e não havia ginásio na Escola Princesa Isabel”, afirma. “Então, jogávamos xadrez na primeira hora; depois, íamos para o pátio fazer outras atividades.”

À medida que se aprofundava no estudo do ensino de xadrez, o professor percebia que poderia aproveitar o jogo como ferramenta pedagógica. Agora, o xadrez faz parte das aulas de educação física, uma hora por semana. No contraturno, uma hora e 30 minutos, duas vezes por semana. “O xadrez faz e pode fazer ainda mais diferença para nossas crianças no que se refere à elevação da autoestima e confiança”, diz Eder. “Elas passam a se sentir incluídas e valorizadas socialmente, o que contribui para sua formação.”

De acordo com o professor, a literatura científica especializada destaca que a prática do jogo de xadrez contribui, efetivamente, para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da capacidade de análise, síntese e de resolução de problemas, da abstração e objetividade, do autocontrole e autoestima. “Alunos que por vezes são menosprezados ou preteridos pelos colegas por não terem as mesmas habilidades físicas e motoras podem encontrar no xadrez um meio para interagir com os colegas e se sentir incluídos no grupo”, destaca.

Atitude — Eder salienta a mudança ocorrida nas atitudes dos alunos. “A cada vitória em torneios, eles se sentiam mais confiantes, conduziam a resolução dos seus conflitos com mais paciência e respeito mútuo, e isso, para nossa escola, foi uma grande mudança”, enfatiza o professor, pós-graduado em educação física escolar.

O xadrez é uma das atividades incluídas no Programa Acolher – Desafios para Além da Jornada Escolar, desenvolvido em Campo Bom desde 2009. O programa atinge em torno de duas mil crianças e adolescentes em todos os bairros do município. Têm prioridade no atendimento aquelas em situação de risco e vulnerabilidade social. “O envolvimento dos alunos com diversas atividades colabora para a prevenção do uso de drogas no meio escolar”, defende Graciela Rosa Soares, coordenadora do esporte escolar da Secretaria de Educação do município. (Fátima Schenini)

Exercer o magistério é a oportunidade de fazer a diferença, diz professor do DF

Professor Alexandre David Zeitune

Professor da rede pública do Distrito Federal, há 13 anos, Alexandre David Zeitune considera o magistério uma profissão difícil, pois exige empenho constante em formação, além de habilidades específicas, como empatia, domínio de metodologia e criatividade. Entretanto, ressalta, “ser professor é enorme oportunidade de fazer a diferença, alavancando nossa sociedade para melhores patamares na qualidade de vida”.

Com licenciatura em biologia e pós-graduação em gestão ambiental e resíduos, Zeitune começou a trabalhar como professor de biologia e ciências naturais no segmento da educação de jovens e adultos (EJA). Depois, passou a lecionar a turmas do ensino regular. “Como biólogo, trabalhei em diferentes órgãos públicos e empresas na iniciativa privada, mas foi como professor que me senti verdadeiramente útil, além de obter uma profunda realização profissional”, destaca.

Em atuação na sala de recursos de altas habilidades–superdotação (AH-SD) do Centro de Ensino Fundamental 8, de Sobradinho, região administrativa do Distrito Federal, desde 2010, o professor revela que os alunos são extremamente exigentes e esperam total comprometimento. E destaca que esses estudantes são efetivamente comprometidos, têm alto grau de persistência, muita criatividade e inteligência acima da média. “A escola regular torna-se extremamente maçante e pouco desafiadora”, diz. “O grande desafio é reverter essa situação com propostas provocadoras e assuntos inovadores dentro da linha de interesse do aluno.”

Segundo Zeitune, esse desafio resulta em outro, maior ainda, ao docente: como permanecer constantemente atento a novas tendências? “Cursos de formação, participação em congressos nas áreas de tecnologia e altas habilidades são fundamentais e requerem bastante tempo e recursos”, salienta.

A sala de AH–SD do CEF 8 também atende estudantes de outras unidades públicas de Sobradinho e tem 30% das vagas destinadas a alunos de escolas da rede particular.

Olimpíada — Quando assumiu a sala, Zeitune encontrou alunos com interesse em eletrônica, programação e robótica. Resolveu então estudar esses temas e adquirir materiais para uso pelos estudantes em seus projetos. Em 2013, alguns deles apresentaram interesse em participar da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). Foram inscritas duas equipes, que conseguiram alcançar o primeiro lugar no nível 1 e o quarto no nível 2, o que garantiu vaga na competição nacional. Nesta, foi obtida a sexta colocação.

“Em 2014, incentivados pelo resultado anterior, fizemos a inscrição de seis equipes”, diz o professor. “Ficamos no primeiro, terceiro, quarto e quinto lugares no nível 1 e no terceiro e oitavo no nível 2, garantindo duas vagas para o nacional.” Na OBR nacional, realizada em São Carlos (SP), os alunos do CEF 8 alcançaram o quarto e o sexto lugares.

Em 2015, Zeitune inscreveu dez equipes. “Nossos meninos e meninas conseguiram as medalhas de ouro, prata e bronze na regional do Distrito Federal e o orgulhoso tricampeonato.” Naquele mesmo ano, dois alunos participaram da Mostra Nacional de Robôs (MNR), paralela à OBR, com um projeto sobre o ensino de robótica na educação integral. “O projeto foi bastante elogiado, e os estudantes foram indicados para receber a bolsa de iniciação científica júnior do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] para alunos do ensino médio”, salientou.

Os estudantes pretendem ampliar o projeto de aulas de robótica para alunos da comunidade e incluir as aulas de programação de aplicativos para o sistema androide. “Isso vai garantir uma inclusão digital de ponta para a nossa comunidade escolar”, avalia Zeitune. De acordo com o professor, os alunos estão “bastante antenados” com as necessidades locais e alguns se mostram empenhados em elaborar projetos de combate à propagação dos mosquitos dos gêneros Aedes e Lutzomyia. “Pretendemos, também, buscar mais parcerias para que possamos ter recursos para a execução dos projetos.” (Fátima Schenini)

Antônio Villar Marques de Sá (UnB): “O enxadrismo contribui para o desenvolvimento de várias capacidades e habilidades ”

Prof. Antonio Villar Marques de Sá durante jogo de xadrez

Pesquisador do xadrez como recurso pedagógico inovador e apreciador, desde a juventude, dessa modalidade esportiva e lúdica, o professor Antônio Villar Marques de Sá, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), assinala, nesta edição do Jornal do Professor, os benefícios desse jogo de tabuleiro para os estudantes. Segundo ele, as habilidades aprendidas com o xadrez são úteis tanto para a formação escolar — por exemplo, na aquisição de raciocínio lógico-matemático — quanto para os desafios da vida em sociedade.

Com experiência em estudos sobre aprendizagem lúdica, educação matemática e pedagogia do xadrez na educação, Sá é graduado em matemática pela UnB e já lecionou em escolas de educação básica em Brasília e Paris. Ele tem diplôme d´études approfondies e doutorado em sciences de l´éducation pela Université de Paris X e diplôme supérieur d´études françaises pela Université de Nancy II.

Além disso, foi presidente da Federação Brasiliense de Xadrez (2000-2002) e coordenador nacional de xadrez da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (2001 a 2008). Atualmente, é líder do Grupo Aprendizagem Lúdica: Pesquisas e Intervenções em Educação e Desporto e membro do Grupo de Pesquisa Aprendizagem e Mediação Pedagógica, ambos realizados na UnB, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Nesta entrevista, o professor diz que o enxadrismo contribui para o desenvolvimento de várias capacidades e habilidades cognitivas, emocionais e sociais e destaca o papel social do xadrez no processo de inclusão escolar. Segundo ele, o jogo “pode constituir um suporte pedagógico” para melhorar a autoestima de alunos de classes de baixo rendimento e “promover a convivência social e a percepção do outro”. (Rovênia Amorim)

Jornal do ProfessorComo o xadrez ajuda na aprendizagem?

Antônio Villar Marques de Sá — Em uma partida de xadrez, os jogadores cumprem etapas básicas do raciocínio lógico: fazer um plano de jogo, agrupar as alternativas, aprofundar a busca do melhor lance, escolher e tomar a decisão. Essas habilidades serão úteis nas aprendizagens escolares e sociais.

Há estudos que mostram os benefícios do xadrez para os alunos?

— Sim. Além das seis dissertações de mestrado sobre xadrez escolar que orientei na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (Almeida, Garcia, Melo, Rezende Júnior, Silva, Veloso-Silva), recomendo o livro Xadrez e Educação: Contribuições da Ciência para o Uso do Jogo como Instrumento Pedagógico, publicado pela Editora da Universidade Federal do Paraná (Silva, 2012). Considera-se que o enxadrismo contribui para o desenvolvimento de várias capacidades e habilidades cognitivas, emocionais e sociais, dentre as quais antecipação, atenção, autocontrole, cálculo, concentração, criatividade, imaginação, julgamento, memória, perseverança, planejamento, tomada de decisão, raciocínio lógico-matemático e inteligência geral. Ao ser incluído em classes de baixo rendimento escolar, pode constituir um suporte pedagógico que melhora a autoestima dos alunos, beneficiando o processo educativo. Até mesmo com adolescentes com restrição de liberdade, o professor, além do fortalecimento dessas competências, pode promover a convivência social e a percepção do outro.

Em razão do fator motivacional intrínseco ao ato de jogar, o ensino e a aprendizagem do xadrez favorecem o desempenho em muitas matérias escolares. Isso é particularmente notável no que se refere à educação matemática, pois auxilia na compreensão e no rendimento em aritmética (operações básicas, como adição e subtração, são exercitadas por meio do cálculo das eventuais trocas de peças), álgebra (um sistema de equações com ene incógnitas torna-se mais assimilável graças ao cálculo do rating dos jogadores) e geometria (noções de direção vertical, horizontal e diagonal são ilustradas com o movimento das peças no tabuleiro). Porém, cabe comentar que tais aplicações do xadrez à aprendizagem da matemática são bastante vastas e não necessariamente de nível elementar, pois entre outras concernem análise combinatória, cálculo de probabilidades, estatística, informática e teoria dos jogos de estratégia.

Do ponto de vista heurístico, um problema de xadrez pode ser concebido como um problema de matemática. Tanto que Gauss e Euler, renomados matemáticos, interessaram-se, respectivamente, pela colocação de oito damas no tabuleiro e pelo percurso do cavalo sobre as 64 casas do tabuleiro. De fato, a atividade enxadrística é útil na medida em que oferece múltiplas possibilidades no campo da resolução de problemas, além de intermediar para o indivíduo a construção de sua própria matemática, situando-se, assim, entre as abordagens atuais da educação.

Mas, possivelmente, o principal mérito da aprendizagem enxadrística, desde que adotada ludicamente, repousa no fato de permitir que cada aluno possa progredir seguindo seu próprio ritmo, o que corresponde a uma das metas primordiais da educação moderna.

Em suma, o xadrez constitui uma inovação pedagógica cuja potencialidade não foi completamente explorada. Outras pesquisas devem ser realizadas, notadamente no que se refere à transferência de habilidades e aos aspectos motivacionais do processo de ensino-aprendizagem enxadrístico.

Em que circunstâncias o xadrez pode ser usado pelos professores?

— O xadrez pode ser utilizado nos ambientes escolar, periescolar e extraescolar. Em cada um deles, pode ser enfocado como um esporte, como um instrumento pedagógico ou como um lazer.

Existe alguma formação específica para que os professores trabalhem com o xadrez?

— Sim. Esse é um tema primordial. O Ministério da Educação, em parceria com as secretarias estaduais, deve fomentar a capacitação dos docentes de acordo com as duas principais orientações que disputam a primazia no campo educacional (Sá, 2000): a pedagogia do xadrez, na qual o estudo e a prática deste esporte são considerados como formadores para o desenvolvimento global do estudante, constituindo-se como matéria curricular; a pedagogia pelo xadrez, segundo a qual ele representa um suporte pedagógico para transmitir conhecimentos de outras disciplinas escolares.

Em minha pesquisa para o doutorado em ciências da educação, na Universidade de Paris (Sá, 1988; 2012), constataram-se mais dificuldades quando o ensino de xadrez foi adotado como disciplina obrigatória (escola privada laica). Merece destaque, neste caso, que a classe era composta por alunos de mesma faixa etária. Em contrapartida, o enxadrismo revelou-se mais estimulante nas turmas em que era atividade opcional (escola pública e centre d'animation). Nestes dois contextos, respectivamente periescolar e extraescolar, havia mais heterogeneidade de idade e escolarização na composição dos grupos. Contudo, cumpre ressaltar que estas circunstâncias específicas comportaram desafios de manejo pedagógico para o professor, sobretudo no que se refere às questões de comportamento de seus estudantes.

Em linhas gerais, essa pesquisa indicou que é importante preservar a dimensão lúdica da atividade, através da escolha opcional dos participantes. Dessa maneira, é possível contribuir para o desenvolvimento individual de cada aluno e melhorar as relações no meio educativo. Em outras palavras, parece ser preferível que as escolas ofereçam, obrigatoriamente, o enxadrismo; mas cabe aos estudantes fazer a opção por participar ou não.

A formação dos futuros professores de xadrez deve levar em consideração os aspectos pedagógicos gerais e os aspectos pedagógicos peculiares do jogo. Também é essencial que o professor saiba lidar com classes formadas por grupos de idades diferentes, porém, mais homogêneos em níveis enxadrísticos. Isso presume que ele esteja capacitado para abordar as diferenças de desenvolvimento humano no plano cognitivo, físico, psicológico e social. Ser um bom especialista em xadrez não é suficiente para ensiná-lo. É preciso, igualmente, dedicar-se à pedagogia, em consonância ao contexto institucional no qual ela é exercida.

De onde vem a prática do xadrez? Quando ele começou a ser usado nas escolas do Brasil?

— O xadrez foi criado na Índia, por volta do ano 570 de nossa era. Foi exportado para a Pérsia (atual Irã) e, mais tarde, adotado pelos árabes, que o introduziram na Europa, onde já era bem conhecido no século 11. Na Idade Média, adquiriu rapidamente o status de passatempo favorito da sociedade aristocrática europeia, proibida a prática entre os pobres.

Na França, o psicólogo francês Alfred Binet, criador dos testes de quociente de inteligência, publicou artigo (1893) e livro (1894) que analisavam o virtuosismo dos enxadristas. Na Alemanha, desde o final do século 19, ocorreram os primeiros esforços para a introdução do xadrez nas escolas.

No Brasil, em 1935, ocorreu, provavelmente, a primeira iniciativa de ensino do xadrez escolar. Sob a influência de Sylvio Tucci, os diretores do Ginásio (atual período do 5º ao 9º ano do ensino fundamental) de Jaboticabal (SP), adotaram, em caráter facultativo, a aprendizagem do xadrez entre os alunos, compreendendo aulas teóricas e práticas. De lá para cá, tais experiências multiplicaram-se e diversificaram-se. Assim, em 1993, realizou-se em Curitiba o 1º Seminário Internacional de Xadrez nas Escolas, com o apoio do então Ministério da Educação e do Desporto. Naquela ocasião, participaram 15 conferencistas de dez nações: Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Filipinas, França, Grécia, Itália, Portugal e Venezuela.

Em prol da difusão do xadrez nas escolas públicas, o MEC publicou uma cartilha (Sá; Trindade; Lima Filho; Sousa, 1993) e o Ministério do Esporte lançou uma brochura (Sá; Trindade; Lima Filho; Sousa, 2007). Esses manuais foram distribuídos gratuitamente em cerca de 500 municípios do país, com a finalidade de atingir um milhão de pequenos brasileiros. Essas experiências são parcialmente apresentadas nos vídeos Xadrez Escolar (Distrito Federal, 2004), Xadrez nas Escolas (Brasil, 2004), e Xadrez: o Jogo da Vida (ESPN, 2009). O quadro atual indica que o xadrez vem sendo gradativamente admitido no campo da educação, predominando como atividade periescolar, isto é, complementar às atividades curriculares.

Quando e como começou seu interesse pelo xadrez como recurso pedagógico?

— Em 1978, aos 20 anos, eu iniciei a profissão de professor de xadrez em uma escola primária. A diretora me ofereceu o desafio: eu trabalharia durante um mês e faria uma avaliação. Se eu fosse aprovado entre alunos, pais e professores, ela daria continuidade à inovação. Lá fiquei por dois anos. Em seguida, em 1980, fui contratado por uma escola montessoriana, que naquela época já era inclusiva. Havia um menino com paralisia cerebral e uma menina cega, ambos com oito anos. Apesar das minhas dificuldades, eles aprenderam com surpreendente facilidade. Nessa época, surgiu a vontade de estudar o xadrez como recurso pedagógico, o que fiz em duas disciplinas da graduação (psicologia da aprendizagem e psicologia da infância). Quando tive a oportunidade de cursar pós-graduação, submeti esse tema na Universidade de Paris, e ele foi aceito. Na fase final da tese, o Ministério da Educação daquele país decidiu fazer um projeto-piloto em 24 escolas públicas da cidade, e fui convidado para participar da equipe de professores, o que fiz com grande satisfação em quatro dessas instituições. Como o projeto foi muito bem avaliado, o enxadrismo escolar foi ampliado paulatinamente. Hoje, existe em milhares de escolas públicas francesas. O ápice dessa história ocorreu em 2012, quando o parlamento europeu decretou que, no prazo de dez anos, os 27 países que compõem a União Europeia introduzirão nos seus respectivos sistemas educativos o programa xadrez nas escolas.

O senhor ministra disciplinas de aprendizagem lúdica e atividades lúdicas na Universidade de Brasília. Qual a importância desse conteúdo para a formação dos futuros professores?

— A importância do jogo para o desenvolvimento humano tem sido objeto de estudo nos mais diversos campos do conhecimento. A atividade lúdica foi enfocada sob o ponto de vista filosófico, sociológico, psicanalítico, psicológico e pedagógico. As teorias assim elaboradas enfatizam elementos diferentes, o que as torna úteis para análise de aspectos particulares do fenômeno lúdico. Não existe, portanto, uma teoria consensual e universalmente aceita.

Progressivamente, constituiu-se um movimento visando à introdução do lúdico no ensino para além das classes pré-escolares (Unesco, 1986). Não obstante, poucas transformações em profundidade foram absorvidas no plano curricular. O debate em torno das vantagens e desvantagens dessa evolução faz parte de uma discussão mais ampla sobre o modo de compreender a natureza do processo educacional.

Em síntese, a implantação da aprendizagem lúdica no ensino depende da superação do paradoxo que consiste em adotar o jogo — uma atividade voluntária, cuja finalidade está voltada para os interesses e necessidades individuais — para mediar uma tarefa concebida no sentido de atingir objetivos acadêmicos externamente estabelecidos.

A importância desse conteúdo para a formação dos futuros professores se dá em dois níveis. O pessoal, no sentido de que o docente precisa vivenciar a ludicidade em sua própria vida, e o profissional, pois em seguida ele atuará como um mediador lúdico do conhecimento em sala de aula.

Existem técnicas específicas para os alunos de acordo com a faixa etária?

— Sim. E esta é uma busca que o professor fará continuamente em sua carreira, visto que cada classe — e cada pessoa — é única em sua aprendizagem. O que torna a nossa profissão docente tão apaixonante e, ao mesmo tempo, tão difícil, é essa constante procura para atuar na sempre em evolução zona de desenvolvimento iminente, descrita por Vigotski.

Essas técnicas específicas são abordadas em nossas brochuras, cartilhas e publicações editadas pelos ministérios da Educação e do Esporte (Sá, 2005), além de uma pesquisa que orientei (Trindade Júnior, 2006). Além da faixa etária, é fundamental observar as individualidades dos alunos. No ano passado, publiquei com o professor Wesley o livro Xadrez, uma Questão de Visão: Orientações para Ensino e Aprendizagem da Pessoa com Deficiência Visual, que foi dedicado às pessoas que lutam por independência, transformando os obstáculos da vida em trampolins para as realizações de seus sonhos (Sá; Rocha, 2015).

Além do xadrez, que outros jogos o senhor inclui nas aulas? Qual o benefício de cada um deles?

— Jogos de reflexão pura (dama, dominó, mancala, trilha, cara-a-cara, jogo-da-memória, jogo-da-velha, resta-um etc.), brincadeiras e jogos tradicionais (amarelinha, pião, pipa, sudoku, tangram etc.), jogos de sorte (dados, gamão, jogos de percurso, uno etc.). Alguns desses jogos e outros são apresentados no vídeo Matemática Lúdica (UnB, 1993). No início, eu era favorável apenas aos jogos de estratégia, mas com o passar dos anos notei que os jogos com dados democratizavam a vitória e eles foram incorporados à nossa proposta pedagógica. Além disso, incentivo a criação, pelo próprio estudante, de um jogo que possa ser útil para o professor em sala de aula. Esses jogos são analisados em grupos, melhorados, aplicados e reavaliados. É uma dinâmica bastante rica, sobretudo para aqueles que decidem “entrar na brincadeira”. Nos últimos anos, venho adotando também os jogos cooperativos. Para interessados no tema, indico a dissertação de mestrado da professora Ana, que aplicou e analisou 19 jogos cooperativos na educação infantil (Barroso, 2016). Dentre os benefícios de cada um deles posso citar a autonomia, a ludicidade, a socialização e as habilidades mentais.

Referências

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BARROSO. A. B. S. Jogos cooperativos na educação infantil e suas implicações para o espaço da sala de aula. 180 p. Dissertação (mestrado em educação) — Universidade de Brasília, 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Xadrez nas Escolas. Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico, TV Escola, série com Ciência, 2004 (52 minutos), vídeo, son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PsDoTJBY1kQ&nohtml5>.

DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Educação. Xadrez escolar (Programa Canal E — Em dia com a educação, 2004). 59 minutos, vídeo, son., color.

ESPN. Xadrez: o jogo da vida (Programa SporTV Repórter, 2009). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I_m4qD0h8rc>.

GARCIA, M. A. O xadrez no contexto escolar: pesquisa-ação com estudantes do ensino fundamental. Dissertação (mestrado em educação) — Universidade de Brasília, 2011.

MELO, W. A. de. Influência da prática do xadrez escolar no raciocínio infantil. 127 p. Dissertação (mestrado em Educação) — Universidade de Brasília, 2015.

REZENDE JÚNIOR, L. N. Pesquisa-ação de proposta educativa lúdica pelo uso do xadrez na construção de valores por adolescentes com restrição de liberdade. 159 f. Dissertação (mestrado em Educação) — Universidade de Brasília, 2014.

SÁ, A. V. M. de. Le jeu d’échecs et l’éducation: expériences d’enseignement échiquéen en milieux scolaire, périscolaire et extra-scolaire. 1988. 432 f. Tese (doutorado) — Département des Sciences de l’Éducation. Université de Paris 10 — Nanterre, França, 1988 (contém 560 referências).

______. O xadrez e a educação (9 artigos, 2000). Disponível em: <www.clubedexadrezonline.com.br/artigo.asp?doc=443>.

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SÁ, A. V. M. de; ROCHA, W. R. Xadrez, uma questão de visão: orientações para ensino e aprendizagem da pessoa com deficiência visual. Brasília: Liber Livro, 2015.

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