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JORNAL

Família na Escola

Sábado, 30 de Agosto de 2008

Edição 4

EDITORIAL - Família na escola

Participação da Família na Escola, tema escolhido pelos leitores em enquete colocada em nossa página, é o assunto da quarta edição do Jornal do Professor.

 

Você vai ficar informado sobre a importância da participação da família na escola, as diferentes formas de participação, benefícios trazidos pela participação dos pais na escola, o trabalho de parceria realizado por associações de pais e mestres, e a luta das entidades que congregam pais e alunos.

 

Escolha o tema das próximas edições. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

 

Seja bem-vindo!

A participação da família na escola

A educação perpassa tanto o ambiente escolar quanto o familiar. A interação entre ambos é muito importante para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. Mas de que forma deve ocorrer a participação da família na escola? De que maneira a escola pode estimular a participação dos pais? Quais os principais resultados trazidos por essa participação?

Para responder a estas e outras perguntas, o Jornal do Professor ouviu a filósofa, mestre em educação, e pesquisadora em educação, Tania Zagury. Escritora com 13 livros publicados no Brasil e no exterior, Tania Zagury é casada e mãe de dois filhos.

Entre suas principais obras estão Educar sem Culpa – A Gênese da Ética; Limites sem Trauma - Construindo Cidadãos; Escola sem Conflito: Parceria com os pais; Os Direitos dos Pais – Construindo Cidadãos em Tempo de Crise; e O Professor Refém - Porque fracassa o ensino no Brasil.

 

JP - A senhora considera importante a participação da família na escola?

TZ - Sem dúvida alguma é muito importante.

 

JP - Por quê?

TZ - Na medida em que percebem que os pais acompanham o trabalho da escola e, além disso, supervisionam e acompanham seus estudos, o cumprimento de tarefas e também seus progressos e dificuldades, os filhos começam a compreender a importância que o saber – e a escola é o veículo primeiro desse saber - tem para a vida moderna, o que é essencial.

 

JP - Como deve ser essa participação? Atualmente, os pais se queixam muito de falta de tempo.

TZ - A participação não obrigatoriamente demanda muito tempo. Deve ser antes de tudo qualitativa, isto é, não é preciso ir à escola todos os dias, assumir funções em comissões ou algo assim; quem puder e quiser, pode fazê-lo, porém mais importante é deixar claro para os filhos que acreditam no trabalho da escola, que estudar não é opção, é obrigação e que os professores têm o apoio da família. Além disso, a supervisão às tarefas e a atenção que dão aos comunicados que o colégio envia, explicitam concretamente às crianças a dimensão que a família dá aos estudos. Atualmente o que a escola mais necessita ter é o apoio da família e da sociedade para poder fazer o seu trabalho de forma eficiente.

 

JP - Pais com pouca escolaridade podem participar da educação dos filhos?

TZ - Podem sim. Só não precisam, por exemplo, tirar dúvidas em questões que não estudaram, sem que isso lhes cause qualquer constrangimento. Além disso, a formação ética não demanda cultura, mas caráter. E nessa função ninguém tem mais força e importância do que pai e mãe.

 

JP - De que forma?

TZ – Podem, por exemplo, mostrar aos filhos a oportunidade que estão tendo e que eles, pais, não tiveram, Além disso, dando apoio ao trabalho da escola e acompanhando em casa o cumprimento de tarefas e horários de estudo. Para isso não é necessário dominar o conteúdo, basta ser pai, confiar na escola e exigir a contrapartida dos filhos. Um nível saudável de exigência só faz bem... Uma ótima contribuição que os pais podem dar: mostrar aos filhos que sem esforço não se consegue nada na vida.

 

JP - Quais são os principais resultados trazidos pela participação dos pais?

TZ – Primeiro a revalorização do saber; os filhos compreendem que estudar é importante; segundo: tendo mais contato com o trabalho que a escola desenvolve, os pais compreendem melhor as dificuldades e os empecilhos que existem no processo de ensinar e aprender, tornando-se mais aptos a colaborar; um terceiro resultado positivo é indireto: demonstrando confiar na escola, os pais ajudam a reconstruir a autoridade do professor, hoje um item fundamental para que a aprendizagem possa ocorrer. Quando os alunos não confiam e/ou não respeitam os docentes, não aprendem. Pais que vivem questionando, criticando e superprotegendo os filhos, não percebem que, de certa forma, incentivam a indisciplina e a desmotivação. É claro que estou me referindo às críticas feitas inadequada e constantemente, e sem base concreta. Todo mundo pode errar; professor também. A forma pela qual se faz a crítica é que faz diferença.

 

JP - Uma criança com pais participativos terá melhores resultados do que outra com pais indiferentes ao processo escolar?

TZ - Em se tratando de seres humanos é sempre temerário fazer afirmativas categóricas, mas eu poderia afirmar sem receio de ser leviana que, nesse caso em especial, as chances de sucesso da criança são muito maiores.

 

JP - Alguns pais acreditam que colaborar em atividades que visem arrecadar dinheiro para a escola, ou fazer trabalhos de conservação, pintura etc., basta para ter participação na escola. Por outro lado, alguns educadores defendem uma participação mais efetiva da família no processo ensino-aprendizagem. Como a senhora vê essa questão e de que forma ela se daria?

TZ - Creio que a participação mais efetiva, como já afirmei, é de fato o apoio à escola como instituição de ensino, especialmente nesse momento em que a imagem do professor está tão enfraquecida. Não significa que a escola esteja acima de qualquer avaliação ou crítica, de forma alguma. Refiro-me ao processo de desconfiança mútua que se estabeleceu entre família e escola, que tem trazido sérios prejuízos especialmente para as crianças, como mostrei em meu livro "Escola sem Conflito, Parceria com os Pais". É um círculo vicioso que precisamos romper. E nisso os pais podem ajudar muitíssimo. Afinal, qual a criança ou jovem que vai à escola motivado, se, em casa, os pais são os primeiros a criticar, a falar mal e a desautorizá-la?

 

JP - A senhora acredita que as escolas estão preparadas para uma maior participação dos pais?

TZ – Esse é o outro lado da moeda: a convivência sem conflitos entre família e escola só é possível se houver uma relação mútua de confiança; quer dizer, nem os pais devem criticar sem conhecer realmente o que está ocorrendo, nem a escola pode tratar os pais como "intrusos" ou considerar sua presença incômoda; ouvir com atenção o que a família reporta é fundamental; aliás ouvir e considerar, não apenas ouvir. É superimportante levar em conta relatos, reivindicações e sugestões; se os pais sentem que não estão falando com as paredes, tendem, cada vez mais, a confiar; e vice-versa. É preciso, no entanto, que a equipe técnico-pedagógica ouça, analise e dê um retorno. Mesmo quando não se aceita uma sugestão, se isso é explicitado de forma técnica mas compreensível, costuma funcionar bem. A adesão dos pais é essencial e começa no momento em que se sentem aceitos e respeitados. Como todas as pessoas querem se sentir, não é mesmo?

 

JP - De que forma os diretores e professores podem estimular a participação dos pais?

TZ - Tendo um sistema organizado de recepção aos pais. Significa dizer que a escola se organiza para recebê-los sempre que sintam necessidade de falar, reclamar ou trocar idéias. Por outro lado, esse esquema ajuda a perceber que ali há uma organização e pessoas trabalhando de forma técnica, que os receberá amistosa e abertamente. É preciso transparecer que quem os ouve são profissionais, que como tal, só farão o que realmente for útil e viável para os alunos como um todo. É comum os pais trazerem informações importantes; fatos que ocorrem nos corredores ou na hora da saída como situações de bullying, por exemplo, podem vir à tona. São coisas que a escola tem dificuldade em saber, porque sempre ocorrem em surdina. Pais atentos por vezes têm acesso a informações que a escola não tem. A colaboração que a família pode dar é muito grande, portanto; sem falar em iniciativas que levam à modernização de infra-estrutura, enriquecimento de acervos, biblioteca, além de depoimentos profissionais, etc.

 

JP - Os pais devem participar da formulação das políticas públicas na área educacional? De que modo?

TZ - O MEC já promoveu algumas pesquisas de opinião junto a pais de alunos, em pelo menos duas ocasiões. Li e analisei alguns desses estudos, que trouxeram à luz dados importantíssimos. Por exemplo: os pais querem uma escola com mais autoridade; professores qualificados e que exijam resultados dos alunos. O desejo de dar um futuro melhor aos filhos faz com que, mesmo os que não têm muito estudo, tenham competência para opinar, competência essa gerada pelo amor, que lhes clarifica caminhos que por vezes, os melhores especialistas custam a perceber. Eles sabem onde estão as falhas e as apontam sem medo, porque é o destino de suas crianças que está em jogo.

 

JP - Outras observações sobre o assunto.

TZ - Só tenho um aspecto a ressalvar, de tudo o que coloquei: a família deve ser recebida, ouvida e deve participar. Porém isso não significa nem pode ser confundido com direito de tomar decisões por ou pela escola. Cada uma dessas duas instituições fundamentais tem um papel pelo qual é responsável. Família tem poder decisório e autoridade em casa; a escola tem que ter autonomia na sua função decisória, muito embora os pais possam opinar e participar. Em última análise, quem deve ter a palavra final sobre o que deve ser feito ou mudado na escola, são as equipes pedagógicas e os docentes. Afinal, somos ou não profissionais da educação?

Interação escola-família contribui para a aprendizagem

Feira na Escola Municipal Décio Carvalho

A interação da escola com a família dos alunos foi apontada por 14 redes municipais, entre 37 pesquisadas, como um dos fatores importantes para o sucesso da aprendizagem. As relações com a comunidade foram citadas por 12. Os resultados do estudo, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Ministério da Educação, e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), deram origem à publicação Redes de Aprendizagem – boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender.

Os resultados da pesquisa mostram que as escolas adotam diferentes estratégias para concretizar a aproximação escola-família. Em Mortugaba, município localizado no sudoeste da Bahia, a 743 Km de Salvador, a Escola Municipal Décio Carvalho desenvolveu um projeto de matemática, em 2007, que mobilizou pais e alunos de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. A escola promoveu uma feira na rua, em frente à escola, para que os alunos tivessem experiências concretas de aprendizagem relativas ao sistema monetário. Os alunos venderam verduras, ovos, frangos, salgados e doces. Os pais participaram, ajudando a conseguir os produtos a serem vendidos, fazendo quitutes, e também trabalhando nas barracas. A comunidade foi convidada a participar, por meio de carro de som e notícias na rádio.

A atividade foi tão bem sucedida que será realizada novamente este ano. “Os alunos gostaram muito, por ser uma atividade real, concreta. Mesmo alguns estudantes que não gostavam muito de matemática, agora pedem para a escola fazer de novo a feira”, salienta a diretora da escola, Rosimeire Guimarães Souza.

No extremo noroeste do Estado de São Paulo, no município de Sud Menucci, as escolas oferecem vários projetos, tanto a alunos como a suas famílias, por meio das Associações de Pais e Mestres (APM). No projeto Tempero de Mãe, por exemplo, as APMs selecionam e contratam mães de alunos para ajudar no preparo da merenda escolar. E no projeto Pais participantes, Filhos atuantes, são oferecidas diversas palestras aos pais, durante o ano letivo, para que eles possam ter uma visão ampla do contexto escolar. Também são oferecidas oficinas de leitura e de contar histórias, que eles realizam juntos com os filhos. E nos finais de semana, o projeto Escola da Família abre as instituições, colaborando para fortalecer o vínculo entre a família e a escola.

“São várias atividades que desenvolvemos para agregar os pais à escola. Fazemos dinâmicas para que os pais possam interagir com as crianças, trabalhamos questões relativas à higiene e alimentação, e de como deve ser a ajuda nas tarefas de casa”, explica a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Victor Padilha, em Sud Menucci, Darlei Regina Castilho Gitti. “A escola não é de primeiro mundo. Ainda não atingimos esse patamar, mas estamos caminhando”, diz Darlei. Para ela, sozinho ninguém faz nada, mas em equipe, pegando uma habilidade de cada um, as coisas acontecem.

Segundo Carlos Roberto Ragonha, duas filhas, que integra a APM dessa escola há três anos, o empenho dos pais ajudou a elevar o nível de ensino da Professor Victor Padilha, em 2007. “Os pais se reuniam de quinze em quinze dias, para exigir mais empenho dos professores e mais dedicação dos alunos. Nem os próprios pais eram esquecidos. Eles também recebiam cobranças por uma maior participação.”

(Fátima Schenini)

Trabalhando juntos: a força das associações de pais e mestres

Apoio ao aluno é fundamental para a aprendizagem.

De norte a sul e de leste a oeste do Brasil, o trabalho conjunto de pais e educadores, por meio das associações de pais e mestres (APM), consegue melhorar as condições das escolas e trazer benefícios também para o processo de ensino-aprendizagem. No bairro do Brooklim, em São Paulo (SP), a Escola Estadual Professor Ennio Voss é um exemplo de que o esforço conjunto pode trazer bons resultados.

Com 1.380 alunos e 68 professores distribuídos nos períodos da manhã e da tarde e aulas de ensino fundamental da 1ª a 8ª séries, a instituição é considerada uma escola diferenciada. Mas a situação já foi muito diferente. De acordo com Cleuza Pulice, diretora da Ennio Voss há 17 anos, quando ela começou a lecionar na instituição, há 26 anos, a escola era totalmente abandonada. “Vidros quebrados, pichações por todos os lados, enfim...um abandono”, conta.

Muito lentamente ela foi envolvendo a comunidade local, que era da favela das Águas Espraiadas, num trabalho de conscientização. A escola começou a emprestar seus espaços para serem usados pelos moradores vizinhos, nos finais de semana. Com isso, eles vinham participar e ajudar a escola, limpando terrenos e cuidando dos espaços.

Segundo Cleuza, montar a APM foi muito útil para reverter o quadro em que a escola se encontrava. Hoje a APM é atuante e conseguiu fazer várias benfeitorias. “Temos uma escola ajardinada, com cortinas e ventiladores em todas as salas de aulas e não gastamos mais dinheiro com trocas de vidros e pinturas excessivas, pois a conservação é feita pelos próprios alunos”, explica a diretora. Além disso, graças à APM, a Ennio Voss conta com inúmeros outros benefícios, como televisores, DVD e rádios em todas as salas de aula.

Ex-aluna do Ennio Voss e com uma filha estudando na escola, Neusa de Castro Sorrochi faz parte da diretoria da APM há quatro anos. “Com o apoio da APM, a escola mantém um padrão de funcionamento muito bom, pois o dinheiro arrecadado serve para cobrir eventuais necessidades e deficiências. Se sobrar verba, ela é investida em melhorias na escola”. A filha de Neusa termina o ensino fundamental neste ano e vai deixar a escola. Entusiasmada com o trabalho que realiza, Neusa já se ofereceu para continuar atuando na APM da Ennio Voss como voluntária.

(Fátima Schenini)

Mãe busca mais diálogo entre pais, alunos e escolas

Presidente da Faspa/MG e da Confenapa

A necessidade de ampliar o diálogo entre pais, alunos, e escolas levou uma idealista mineira, mãe de cinco filhos, a dar início a um trabalho de muita luta, ainda na década de 1980. Sem local certo para realizar reuniões, Iedyr Gelape Bambirra promovia encontros onde era possível. Por vezes, até em escadarias eram feitas reuniões.

Até que, em 1987, conseguiu o registro definitivo para a Associação Pais e Alunos de Minas Gerais (Aspa/MG). Atualmente, Iedyr é presidente da Federação de Associações, Pais e Alunos de Minas Gerais (Faspa/MG), em Belo Horizonte, que tem cerca de 200 entidades afiliadas, congregando pais e alunos do maternal até o ensino superior, tanto de escolas públicas quanto particulares. Também é presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos (Confenapa), com sede em Brasília (DF).

“Até agora os pais não têm o acesso que deveriam ter às escolas. Muitos colégios ainda são fechados a uma maior participação e os pais são barrados”, diz Iedyr. Em sua opinião, a presença da família na escola é de suma importância, até para diminuir a violência. “O autoritarismo de diretores é a denúncia mais generalizada. Quando os pais estão presentes há mais respeito com os alunos. Isso impede que eles se sintam humilhados e se revoltem”, acredita. Além disso, afirma Iedyr, vários diretores de escolas ainda impedem a criação de grêmios estudantis, embora seja uma atividade prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Iedyr já pediu licença várias vezes, mas acaba voltando para o trabalho, voluntário, que realiza nas duas instituições. Segundo ela, ainda há muito pela frente. “Ainda não atingimos as populações indígenas e quilombolas, que também estão nos nossos planos.” O depoimento de luta pela educação de Iedyr Bambirra faz parte do livro Mulheres de Minas: Lutas e Conquistas, lançado neste mês de agosto, na Assembléia Legislativa.

Disk denúncia – A Faspa/MG e a Confenapa oferecem à comunidade um serviço de atendimento e recebimento de reclamações. É o disk denúncia (0XX (31) 3441.7265), que recebe relatos de fatos ocorridos em escolas públicas ou privadas. “Para que seja bem atendida e se possa tomar alguma providência, a pessoa liga e marca uma hora. Na sede da entidade irá preencher um formulário e uma procuração, para que a entidade possa fazer os encaminhamentos necessários. Conseguimos êxito em 97% dos casos,” diz Iedyr.

Em novembro próximo, a Confenapa e a Secretaria de Educação Básica do MEC vão realizar o Encontro Nacional de Pais e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O evento, em Brasília, vai reunir aproximadamente 85 pais de todo o Brasil. Na ocasião, será lançado o Manifesto dos Pais, contendo questões e reivindicações na educação. Também será lançada a Cartilha dos Direitos e Deveres dos Pais, que será distribuída gratuitamente aos interessados. (Fátima Schenini)

Poesia e motivação

Natural de Torixoréu (MT), o professor Izaias Resplandes leciona desde 1983, no município de Poxoréu (MT), onde reside. Graduado em matemática e em pedagogia, pós-graduado em estatística, cursa atualmente o 9º semestre do curso de direito. Trabalha nas escolas estaduais Padre César Albisetti (ensino médio) e Profª Juracy Macêdo (9º ano do ensino fundamental), como professor de matemática. Também dá aulas no Projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA).

 

Em 1986, publicou com mais dois amigos o livro Saudades e Melancolias (Editora Aurora). Em 1988, junto com outros escritores da região, fundou a União Poxorense de Escritores (UPE). Em 1994, participou da Antologia da Poesia Upenina.

 

Usa a poesia como motivação, para fugir da rotina e trazer mais ânimo para a sala-de aula. Acesse outras obras de Izaias Resplandes em seu blog: www.respland.blogspot.com

 

A atitude do pródigo

 

Izaias Resplandes

 

 

Misericórdia, Senhor! Misericórdia!

"Pequei contra o céu, pequei contra ti";

Falei mal dos irmãos, espalhei a discórdia,

Até do seu nome, zombei e esqueci.

 

Perdão, meu Pai! Perdão!

"Já não sou digno de ser chamado seu filho".

Deixei sua luz perfeita, preferi a escuridão.

Meu rosto já está morto, já não tem mais o seu brilho.

 

Oh, Deus! Oh, Deus! Livra-me do submundo das dores

Dá-me uma nova chance de estar ao seu lado.

"Trate-me apenas como um dos seus trabalhadores",

Mas não me deixe lá, sozinho e abandonado.

 

Sei que fui um tolo quando parti

Dos seus braços amorosos e desse lar paterno.

Não há lugar melhor do que aqui

A vida lá fora é um verdadeiro inferno.

 

Aqui, cada servo é chamado de seu amigo,

O Senhor lhes confia até o íntimo segredo,

Eles se sentam à mesa e ceiam contigo

Com toda confiança, sem receio e sem medo.

 

Sei que nada fiz para merecer o seu amor;

"Dissipei os seus bens, vivi dissolutamente"...

Mas eu não agüento mais viver com essa dor

Que me consome o coração e a mente.

 

Deixa-me ficar! Eu preciso de paz!

Não suporto mais esse tormento.

Sei que pelo que fiz, nada é demais,

Mas eu não agüento tanto sofrimento.

 

Quero ficar na paz desse seu recanto,

Viver para sempre nesse lar de amor

Quero adormecer ao som de seu acalanto

E encher minha vida de seu brilho e cor.

 

É bem verdade que nada disso mereço

Mesmo assim venho fazer-lhe esse pedido

Pelo qual, desde já, lhe agradeço

Quando por sua graça puder ser atendido.

Negligência familiar

Psicóloga Lígia Caravieri fala sobre negligência familiar.

A psicóloga Lígia Caravieri, especialista no tema, explica as situações que podem ser consideradas negligência familiar e o que fazer quando a criança passa por isso.