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JORNAL

Inglês no Fundamental

Sexta-feira, 9 de Abril de 2010

Edição 37

EDITORIAL - Inglês no Fundamental

O tema da 37ª edição do Jornal do Professor é Inglês no Fundamental. O assunto foi escolhido por 39,38% dos leitores que votaram na enquete colocada em nossa página.

Nesta edição, você vai ler sobre as experiências criativas de professores de Belo Horizonte (MG) e de Naviraí (MS) que foram disponibilizadas no Portal do Professor; vai saber como professores de Novo Hamburgo (RS) e de São Paulo (SP) utilizam culinária, jogos e músicas para estimular o aprendizado de inglês; e vai conhecer as experiências com o ensino bilíngue que estão sendo desenvolvidas em Santos (SP) e em Goiânia (GO).

Aqui, também, você vai ficar por dentro da série educativa Connect with English exibida pela TV Escola e voltada para o aperfeiçoamento da formação de professores e alunos; e saber o que pensa a coordenadora do Programa Formação Contínua do Professor de Inglês, professora Antonieta Celani, da PUC-SP, a respeito de temas como o nível dos professores que estão sendo formados pelas instituições de ensino superior.

Nosso entrevistado é o professor José Carlos Paes de Almeida Filho, da Universidade de Brasília.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Aulas criativas e recursos tecnológicos estimulam alunos

Alunos trabalhando no computador

Já se passaram dois anos, mas os antigos alunos da professora Crisliane Patrícia da Silva, de Naviraí, no Mato Grosso do Sul, ainda se lembram da ocasião em que aprenderam sobre a romântica comemoração do Dia dos Namorados. O Valentine’s Day, como é conhecida esta celebração nos Estados Unidos, foi o ponto de partida utilizado pela professora em um projeto onde ela não só ensinou palavras e expressões em inglês como ainda mostrou aos estudantes como montar apresentações utilizando aplicativos como o Windows Movie Maker ou o Power Point.

O projeto Valentine’s Day foi desenvolvido há dois anos, na Escola Presidente Médici, onde ela trabalhava na ocasião, com alunos do 9º ano do fundamental e do ensino médio. “O resultado foi maravilhoso. Os alunos participaram com muita vontade e puderam expressar seus sentimentos de várias formas”, enfatiza a professora, que trabalhou questões relacionadas à amizade e ao amor. Em sua opinião, esse foi um dos trabalhos mais interessantes que já planejou e seu maior sucesso foi a liberação para os alunos utilizarem os sites de relacionamentos, costumeiramente proibidos durante as aulas: “eles puderam entrar e postar seus recados e mensagens.”

Formada em letras, com pós-graduação em língua inglesa, Patrícia leciona inglês desde o ano 2000, quando concluiu sua graduação. Ela trabalha, atualmente, nas escolas Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek e diz que sua maior dificuldade é a falta de material. “Vivo pesquisando sugestões de atividades diferenciadas em livros ou em sites especializados em educação”, explica. Ela destaca que essa foi a sua motivação ao desenvolver não só o conteúdo sobre o Valentine’s Day como os demais que estão postados no Portal do Professor.

Ela considera que a união de conteúdos “chatos” com os recursos tecnológicos disponíveis é a atitude que mais dá certo. Em sua opinião, os alunos participam mais quando o professor inova em uma aula expositiva utilizando, por exemplo, um data show ou fazendo um trabalho com câmeras digitais, onde os alunos devem registrar, em inglês, momentos de seu cotidiano, utilizando os tempos verbais já trabalhados em aula. “Acredito que essa tecnologia veio somar com a educação. Só é preciso ter coragem para tentar mudar”, analisa.

A preocupação de Danilo Duarte Costa, de Belo Horizonte, em Minas Gerais, é oferecer aos estudantes conteúdos diferentes e criativos. “Acredito que o papel do professor é motivar os alunos e, para isso, é preciso que as aulas sejam estimulantes e dinâmicas”, acentua. Ele entende como fundamental que as aulas atendam - ou, ao menos, se aproximem - da realidade em que se inserem os alunos: “a aula deve fazer sentido para eles e não se tornar somente um amontoado de informações a serem decoradas”, justifica o professor que trabalha no Centro de Extensão (Cenex) da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desde 2008.

Ele dá aulas de inglês em cursos de idiomas desde 2002, mas ainda não leciona em escolas regulares, pois irá concluir a licenciatura em letras apenas no final deste ano. Em 2009, Danilo Costa participou, como monitor, de um projeto de extensão da UFMG - o Educação Continuada de Professores de Língua Estrangeira (Educonle). “Esta participação me ajudou bastante como fator norteador para as aulas que elaboro para o Portal do Professor,”assinala. Segundo ele, o fato de todos o professores que participam do Educonle lecionarem em escolas públicas possibilitou que entendesse melhor quem eram os alunos, bem como suas necessidades.

Acesse as aulas da professora Patrícia e do professor Danilo no Portal do Professor

(Fátima Schenini)

Escolas investem em ensino bilíngue e contextualizado

Produtos de supermercado na sala de aula

Educandário tradicional fundado em 1902, o Liceu Santista, em Santos (SP), oferece ensino bilíngue há seis anos. As aulas de inglês, terceirizadas, têm início a partir do nível III do ensino infantil, quando ocorrem uma vez por semana, e vão aumentando gradativamente. Assim, de duas vezes por semana no primeiro ano do ensino fundamental, o ensino de inglês passa para cinco aulas semanais no período que engloba do 6º ao 9º ano. No ensino médio, são realizadas aulas dirigidas, três vezes por semana.

“Temos conseguido excelentes resultados, inclusive com aprovação de alunos em universidades norte-americanas”, destaca a professora Alessandra Dias Vieira Marques, uma das coordenadoras do ensino bilíngue na instituição. Formada em letras e pedagogia, cursando pós-graduação em psicopedagogia, e com proficiência no idioma inglês pela Universidade de Michigan, Alessandra Marques explica que a proposta é oferecer um ensino bilíngue de qualidade, contextualizado e que garanta a fluência em todas as habilidades: fala, audição, escrita e leitura.

De acordo com a outra coordenadora do ensino bilíngue no Liceu Santista, Maria Vitória Komar, a metodologia utilizada é lúdica e contextualizada: “acreditamos que o aluno só aprende quando traz para o concreto o que aprendeu”, justifica a professora, que também tem proficiência no idioma inglês pela Universidade de Michigan.

Apesar de alguns alunos estrangeiros, a maior parte dos cerca de 1.200 estudantes da instituição é constituída por brasileiros. “Eles vêm de famílias que valorizam o aprendizado da língua inglesa como um importante diferencial,” ressalta Maria Vitória. Outros diferenciais são as turmas reduzidas, com cerca de 15 alunos no máximo; aulas no laboratório de informática; materiais multimídia; e a realização de vivências e projetos especiais, como culinária, filmes, música, poesia, e teatro, entre outros.

Na visão de Alessandra Marques, o ensino bilíngue é uma tendência na educação. “O idioma inglês já é uma obrigatoriedade no mercado de trabalho, independente da cidade e do país. Por isso nossa preocupação constante em oferecer o que há de mais moderno em termos de aprendizagem e material didático”, justifica.

No Estado de Goiás, a Escola Internacional de Goiânia, criada em 1993, é uma escola bilíngue que atende 450 alunos do ensino infantil e da educação fundamental. Segundo a diretora pedagógica da instituição, Jeannette Aller Moreira, ela é resultado do sonho de oferecer um serviço de educação, numa visão globalizada, onde as crianças possam ser alfabetizados na língua materna e, simultaneamente, aprender o inglês.

A aprendizagem se dá através do lúdico, onde as atividades são planejadas para atender o nível de desenvolvimento do aluno. Nas turmas iniciais, com crianças de um ano e meio a três anos, o inglês é usado durante todo o tempo, evitando-se o uso do português. Nas turmas de três a cinco anos são utilizadas as duas línguas, meio a meio. O processo de alfabetização em português tem início no 1º ano enquanto a alfabetização em inglês começa apenas no 2º ano. É no 2º ano também que os conteúdos das disciplinas curriculares específicas, como matemática e história, começam a ser apresentados nos dois idiomas. “Tal procedimento, ao mesmo tempo em que promove o conhecimento de áreas específicas, auxilia o processo de aquisição do inglês e facilita a alfabetização no idioma,” justifica Jeannette Moreira.

Do 6º ao 9º anos, as aulas de inglês ocorrem quatro vezes por semana, com os alunos separados por níveis de conhecimento da língua. Nas disciplinas regulares, os alunos têm contato com conteúdos específicos na língua inglesa. Para a diretora pedagógica da Escola Internacional de Goiânia, a sociedade atual necessita de pessoas flexíveis e versáteis e com boa capacidade de comunicação. “Devem dominar tecnologias de informação e possuir conhecimento de outras línguas e culturas,” ressalta.

(Fátima Schenini)

Culinária e outras atividades auxiliam no aprendizado de inglês

Estudantes do Colégio Osvaldo Cruz

Na sala de aula, cadeiras são substituídas por fogões e panelas. Cadernos e livros dão lugar a ingredientes de cozinha. A culinária é uma alternativa para a aprendizagem do inglês no ensino fundamental dos colégios Osvaldo Cruz e Pindorama, ambos da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul. Nessas aulas os estudantes descobrem novos sabores, culturas diferentes e como usar a língua inglesa no dia-a-dia.

De acordo com a professora de inglês Luciana de Souza Brentano, esse tipo de atividade onde os alunos vivenciam a língua, torna o ensino mais eficaz. “Apenas o ensino da gramática desvinculado dessa vivência torna a língua inglesa algo sem sentido para as crianças”, afirma. Luciana avalia que “aprender brincando” é parte da prática pedagógica. “Assim, eles criam gosto pela língua inglesa e pela cultura. As famílias nos dão esse retorno, de que o estudante não está apenas aprendendo, mas levando o aprendizado para casa”, diz.

Por meio da culinária, os alunos aprendem até matemática em outra língua. “Eles precisam converter as medidas, pois as usadas no Brasil são diferentes das usadas em outros países como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos”, conta. Além disso, eles descobrem quais os pratos típicos de outros países e o significado deles para suas respectivas culturas.

Luciana é coordenadora do currículo bilíngue dos colégios da instituição, que vem sendo implementado desde 2005. Ela afirma que a língua inglesa é importante não apenas na escola, mas no futuro dos estudantes. “Novo Hamburgo é conhecida como cidade exportadora, especialmente no setor de calçados. As famílias querem preparar os filhos para esse cenário e até mesmo para o mundo globalizado no qual vivemos”, destaca. Segundo ela, quase todas as turmas contam hoje com o currículo bilíngue. “Os alunos aprendem as matérias nas duas línguas. Os conteúdos são divididos entre o inglês e o português. Mas as aulas de culinária são exclusivamente em inglês”, explica.

Em São Paulo (SP), a diretora pedagógica do Colégio Visconde de Porto Seguro, Sônia Bittencourt de Oliveira, considera importante a utilização de brincadeiras e atividades diversificadas no ensino de uma segunda língua. “Quanto mais novas forem as crianças, mais lúdicas devem ser as atividades: desenhos, jogos, dramatizações, músicas e brincadeiras. O foco deve estar na oralidade e não na escrita”, acredita.

Para ela, os métodos de diferenciação são essenciais. “Eu arriscaria dizer que são vitais para um ensino de qualidade, que vise a aprendizagens verdadeiras. Atividades diversificadas, com diferentes níveis de dificuldade ajudam não ao professor, mas aos alunos, que sempre estão e estarão em diferentes níveis linguísticos”, pontua. Sônia destaca, entre elas, os circuitos de atividades que exijam habilidades diferentes como jogos, músicas, monitorias entre colegas e filmes.

A opinião de Sônia é a mesma de Luciana. O aprendizado é mais eficaz quando o aluno vivencia a língua e isso é importante inclusive para o futuro do estudante. “As vivências significativas são importantes. Elas fazem uma conexão com a vida real. Perduram através dos anos, se tiverem uma função social para o aluno. No entanto, mesmo que a falta de uso ‘enferruje’ a fluência, uma boa base facilitará retomadas futuras”, conclui Sônia.

(Rafania Almeida)

Aprenda inglês pela TV Escola

Aperfeiçoar a formação de professores e alunos utilizando recursos pedagógicos que enriquecem o processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa é o objetivo da série educativa Connect with English, exibida pela TV Escola desde outubro de 2008. A série, com 48 episódios, ensina inglês ao mesmo tempo em que apresenta um panorama da vida cultural norte-americana.

Produzida no Canadá, ela foi projetada para auxiliar o aprendizado da língua inglesa de forma diferente e descontraída, por meio da narrativa de histórias do cotidiano e da discussão de assuntos que estão em foco no mundo. O programa apresenta questões relativas a temas como educação, trabalho, amor e perda, utilizando uma linguagem fácil e coloquial.

Cada episódio apresenta um diálogo simples que serve de base para o aprendizado de pronúncias, tempos verbais e expressões. A personagem principal é Rebecca, uma cantora iniciante que viaja pela América do Norte, interpretada por Karin Anglin. A série é exibida às segundas-feiras, às 7h, com reprise às quintas, no mesmo horário e aos sábados, às 6h.

No ar desde 1996, a TV Escola é um canal voltado à capacitação e à formação continuada de professores. Dedicado inteiramente à educação, ele exibe programas, séries e documentários voltados para as necessidades curriculares da educação básica, além de oferecer informação e entretenimento para o público em geral.

A TV Escola pode ser sintonizada via antena parabólica (digital ou analógica) em todo o país e no Portal do MEC. O sinal está disponível também nas tevês por assinatura via Embratel (canal 123), Sky (canal 112) e Telefônica (canal 694). Mais informações sobre o programa estão disponíveis no site do Connect with English.

(Assessoria de Comunicação da Seed/MEC)

Programas de formação continuada podem ajudar a melhorar o nível dos professores de inglês

Maria Antonieta Alba Celani

O método mais apropriado para ensinar inglês no ensino fundamental é sempre aquele que leva em conta a situação de aprendizagem, as necessidades e os interesses dos alunos e a função social da língua que está sendo ensinada-aprendida. A opinião é da professora titular emérita da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Antonieta Alba Celani, que coordena o Programa Formação Contínua do Professor de Inglês, realizado em parceria entre a PUC-SP, a Secretaria Estadual da Educação e a Associação Cultura Inglesa de São Paulo.

De acordo com ela, que é licenciada em letras anglo germânicas, com doutorado na mesma área, especialização na Universidade de Londres e na Universidade de Michigan, e pós-doutorado na Universidade de Liverpool, o conceito de método está sendo muito questionado por especialistas em ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, que acreditam que estamos em uma fase “pós-método”.

Para Antonieta Celani, que começou sua carreira no magistério lecionando inglês em escolas de ensino básico, qualquer método ou mesmo material nas mãos de um professor que tenha objetivos claros, formação eficiente, atitude reflexiva e engajamento em algum programa de educação continuada, pode obter bons resultados.

Com relação ao nível dos professores de língua inglesa que estão sendo formados, ela é enfática: “quem trabalha com programas de educação continuada para professores de inglês sabe que as instituições de ensino superior, salvo as exceções de praxe, não estão formando professores de inglês preparados para desempenhar sua função, nem do ponto de vista educacional, nem do ponto de vista pragmático”. As causas, segundo ela, são várias e abrangem desde carga horária insuficiente até currículos voltados para outros aspectos que não a formação do professor de inglês.

Em sua visão, só programas de formação continuada podem ajudar a melhorar o nível, pois seminários, palestras avulsas, ou cursos rápidos de atualização não favorecem uma formação reflexiva. “A troca de ideias e a vivência com colegas e com pessoas com os mesmos objetivos e com mais experiência é fundamental para melhorar o nível dos professores de inglês”, defende Antonieta Celani.

(Fátima Schenini)

Acesse os Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Estrangeira - 5ª a 8ª série

Professora de arte utiliza novas tecnologias em suas aulas

Marília Schmitt Fernandes

Com licenciatura plena em artes plásticas, Marília Schmitt Fernandes é arte/educadora e artista plástica com 28 anos de atuação no magistério, em Canoas, cidade na zona metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Há 25 anos leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental Arthur Pereira de Vargas.

Atuando sempre em escolas da rede municipal, seu trabalho já obteve reconhecimento. Em 2001, ela obteve o 1º lugar no II Prêmio Arte na Escola Cidadã, com o projeto O Grito na Adolescência, desenvolvido com alunos de 7ª e 8ª séries. Em 2003, recebeu o IV Prêmio Arte na Escola Cidadã - Instituto Arte na Escola (SP), com o projeto Além dos limites do olhar ... um corpo inteiro que sente sem parar . E em 2006, foi contemplada com o Prêmio Victor Cívita Educador Nota 10 em Arte, com o projeto Agora nós sabemos o que é Arte Contemporânea.

Em 2008, Marília participou do projeto AprenDI, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenado pela professora Maria Cristina Biazus. “Produzimos vídeos usando a tecnologia disponível aos alunos, com turmas de 8ª série e alguns resultados estão expostos em nosso blog”, relata. Segundo ela, os alunos participaram ativamente do projeto que chamou de Digitalizando Lembranças. “Eles mostravam-se interessados em todas as aulas, o que facilitou todo o processo de ensinar e aprender”, explica.

Em 2010, Marília está dando aulas para alunos de 7º, 8º e 9º anos (6ª, 7ª e 8ª séries) do ensino fundamental. Ela também irá trabalhar com as tecnologias nas aulas de arte. “Estou planejando um projeto baseado na proposta do artista austríaco Hundertwasser e as cinco peles: a epiderme, o vestuário, a casa, a identidade social, e o meio global.” A cada bimestre suas aulas terão um foco especial, a partir do qual buscarão a contextualização das situações problema trazidas pelos alunos, sempre valorizando as diversas possibilidades de linguagens artísticas e as associando ao uso das novas tecnologias.

Ela apresentou a proposta de trabalho no primeiro dia de aula e desafiou os alunos a pensarem sobre o que gostariam de pesquisar durante as aulas a respeito do tema Corpo. Surgiram assuntos como sexualidade (preconceito pela opção), racismo, padrões de beleza, e paraplegia. “Estamos pesquisando e produzindo imagens a partir disto, associando a produções artísticas de artistas brasileiros. Distribuímos pequenos desenhos pela escola chamando a atenção dos outros alunos sobre o assunto. Modéstia a parte, o trabalho está ficando lindo!"

Ela criou uma sala de aula virtual com o cadastro dos alunos, utilizando a ferramenta tecnológica glogster . “Assim poderemos interagir, além de criarmos glogs sobre as temáticas em questão, usando todas os recursos oferecidos no ambiente do site”, explica. Marília adianta que os estudantes têm participação ativa no trabalho, pois terão que criar seus próprios glogs dentro do tema Epiderme. De acordo com ela, seus glogs funcionam como uma “nutrição estética” para os estudantes”.

(Fátima Schenini)

Conheça os glogs da professora Marília:

http://mariliasf.edu.glogster.com/ciber-arte/

http://mariliasf.edu.glogster.com/o-corpo-na-arte/

Almeida Filho (UnB): métodos mais apropriados são os de cada professor

Professor J.C.P. de Almeida Filho

José Carlos Paes de Almeida Filho é professor de linguística aplicada do Programa de Graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade de Brasília (UnB). Bacharel e licenciado em letras pela PUC de São Paulo, é mestre em educação em língua estrangeira pela Universidade de Manchester, na Inglaterra e doutor em linguística pela Universidade de Georgetown, em Washington (DC), nos Estados Unidos. Autor de inúmeras obras, Almeida Filho é principalmente professor de línguas, formador de professores e estudioso dos processos de aprender e ensinar línguas. Ele foi o autor do projeto de pesquisa que levou à formulação do exame que serviu de base para o atual teste padronizado de português para obtenção do Certificado de Proeficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) e iniciou também o Projeto de História do Ensino de Línguas no Brasil (Helb).

Para ele, os métodos mais apropriados para o ensino de inglês são os de cada professor, desde que ele reconheça qual método tem na prática e a qual abordagem, filosofia ou família ele pertence.

Almeida Filho defende a realização de um Exame Nacional ou Estadual de Confiança no Uso da Língua, a fim de estimar o nível de operabilidade comunicacional de cada professor. “A partir dessa estimativa, poderíamos estabelecer iniciativas escalonadas que incentivassem os docentes a crescer não só na capacidade de produção na língua mas também nas outras competências profissionais”, acredita o professor, que postula ainda a realização de um exame nacional de proficiência em inglês.

Jornal do Professor - Quais os métodos mais utilizados para o ensino de inglês no ensino fundamental?

Almeida Filho – A palavra método pode se referir a material didático ou a um dado conjunto de procedimentos de ensino e, ou aprendizagem propriamente ditos. De todo modo, os métodos de ensino são orientados por um conjunto ou sistema de ideias sobre o que é língua. O que é aprender/adquirir língua/outra língua e ensinar língua/outra língua. Essas ideias formam uma visão ou filosofia do ensino de línguas. São elas que tornam possível o professor ensinar como ensina. Os professores e também os aprendizes podem conhecer, ter consciência de falar ou escrever sobre essa visão ou não. Muitas vezes o professor não pode explicar de onde tira o ensino que produz, mas isso não quer dizer que ele ou ela não tenha uma filosofia ou abordagem de ensinar. As concepções que formam uma filosofia ou abordagem podem ser oriundas predominantemente de crenças e memórias que se acumularam nos professores (e também nos alunos e em terceiros) sem que eles tenham se dado conta.

Na longa história do ensino de línguas no mundo e no Brasil, os métodos mais usados pertencem a uma abordagem gramatical. Isso quer dizer que o ensino e a aprendizagem frequentemente sintonizada com ele são organizados por uma lógica de centralidade da gramática. Organiza-se o ensino pela gramática e ajustam-se as unidades para neutralizar efeitos desgastantes do trabalho ao redor da forma da língua-alvo. Os métodos mais usados hoje nas escolas brasileiras são: o gramatical estrutural audiolingual (com diálogos, explicações de estruturas e itens de vocabulário e muita prática de padrões de estrutura da nova língua que estiver sendo aprendida) e o gramatical, estrutural, audiolingual atenuado de repetições mecânicas. Esse último termo quer dizer entremeado de algumas características mais externas ou superficiais da outra grande abordagem, a comunicativa, essa mais desejada do que implementada de fato. Essas características epidérmicas, em minha observação nas escolas, são: inclusão de alguns textos no lugar de diálogos inventados para certas situações, fotos reais de pessoas e personagens, práticas em pares ou pequenos grupos, transformação de um contexto qualquer para o do aluno com o propósito de ele produzir frases sobre si mesmo, sua família e amigos. Para conhecer melhor os métodos da abordagem ou família comunicativa.

JP – Em sua opinião, qual ou quais são os mais apropriados?

JCPAF – Os métodos mais apropriados são os de cada professor, desde que ele (re) conheça qual método ele tem na prática e a qual abordagem, filosofia ou família ele pertence. Aprendi essa verdade com o linguista aplicado indiano Nagore Prabhu, no artigo hoje clássico, chamado de “There is no best method – Why?” (Tesol Quarterly, Vol.24, No. 2, 1990). Conhecendo qual é o nosso método a partir dos procedimentos que usamos para ensinar, muitas vezes reconhecidos por um nome como os que apresentei na resposta anterior, podemos associá-lo a um matiz de uma das duas grandes abordagens. Daí, começamos a estudar mais sobre métodos e abordagens de hoje nos livros, artigos profissionais, cursos e seminários que as associações de professores e universidades promovem e vamos tentando fazer os ajustes possíveis, lentamente, enquanto ensinamos nos semestres. Esse método de formação dos professores é hoje reconhecido como método formador pela reflexão ou reflexivo. Há muita literatura sobre ele disponível em livros, artigos impressos ou mesmo na rede.

JP – Qual sua opinião sobre a utilização da abordagem sociointeracionista (que concebe a aprendizagem como um fenômeno que se realiza na interação com o outro) para o ensino de língua estrangeira?

JCPAF – As teorias vindas de áreas afins como a psicologia e a linguística podem ser úteis embora parciais. Eu não considero adequado que um especialista e um professor da área de aprendizagem/aquisição e ensino de línguas se restrinja a uma escola ou vertente de um dos formantes da abordagem ou filosofia de ensino de línguas. A teoria sociointeracional tem mérito incontestável, mas ela não foi gerada na tradição da nossa área e, portanto, não precisa ser plenamente satisfatória para nós. Além de uma teoria de aprendizagem, precisamos de um ensino de língua (s), de uma concepção de língua e de atitudes condizentes com o momento histórico em que vivemos. Prefiro, assim, conhecer e aperfeiçoar os conceitos de abordagem gramatical e comunicacional, na complexidade ajustada a nossa área com que eles se constroem e nos servem. Ao invés de abordagem sociointeracional, usando o termo sem o rigor da área conforme venho desenhando seu contorno preferível, utilizo consistentemente desde sempre a expressão abordagem comunicativa que contém teorização mais ampla do que sociointeracional e mais compatível com as nossas necessidades teóricas e profissionais. A abordagem comunicativa visa prioritariamente desenvolver competência comunicativa (de uso da nova língua) numa visão de desestrangeirização dessa língua para os novos aspirantes ao seu domínio para nela circularem socialmente. O princípio organizador dela não é a gramática, mas a busca de sentidos co-construídos na interação motivadora, interessante ao aprendiz, que faz produzir linguagem adequada para que a nova língua comece a ser adquirida desde o início e não somente algum dia, se ocorrer.

JP – As instituições de ensino superior estão preparadas para formar bons professores de inglês? Em caso negativo, o que seria necessário para atingir bons resultados?

JCPAF – Das instituições se requer um projeto de formação inicial que começa com a contratação estratégica de formadores e lhes dá condições para agir ao longo de alguns anos seguidos no mesmo projeto. Desses formadores se requer: (1) experiência prática apropriada, diversa e crescente no próprio ensino de línguas, além de (2) uma capacidade de mover-se no universo de atuação profissional como o dos eventos mantidos por associações ou sociedades científicas e pelas instituições de ou direcionadas para a investigação, (3) conhecimentos sobre o que há disponível na forma de teoria (T) gerada por outros e por seu próprio esforço investigativo sobre os processos de ensinar e de aprender línguas, seguido de (4) qualificação atestada por títulos universitários na área apropriada (ensino de línguas, afeita à linguística aplicada) e, (5) uma atitude de compreensão paciente e perseverante. Resumindo: (1) tempo de experiência, variedade de práticas, uma dada progressão na carreira e um certo engajamento profissional (pertencimento a associações, frequência a congressos, organização de eventos) e qualidades de personalidade, (2) uma capacidade de reflexão (autocrítica) que leve a apresentações públicas e a publicações e, (3) conhecimento apropriado (teoria adequada). Por adequada quero dizer “diretamente dirigido ao processo mesmo de ensinar e de aprender (outra) língua”.

JP – Um aluno que estuda inglês em um curso voltado especificamente para esse ensino aprende mais do que outro que tenha aulas de inglês somente na escola? Em caso positivo, por que isso ocorre?

JCPAF – É verdade que as escolas de línguas contratam professores com proficiência mais alta e que as outras escolas admitem professores sem o devido comando para manter o inglês em uso na sala de aula. Vivemos numa cultura escolar leniente, pouco exigente e sem metas crescentes de qualidade. Vale lembrar que as escolas regulares do ensino fundamental têm compromisso educacional que não se exaure com o ensino do sistema do idioma e isso implica outras qualidades exigidas dos professores de escolas regulares. As secretarias de estado de educação e o Ministério deveriam pactuar essa mudança mediante aplicação não-obrigatória, a princípio, de um Exame Nacional de Proficiência em Inglês.

JP – O que é mais importante para ensinar inglês no fundamental: o professor, o material adotado ou o método utilizado?

JCPAF – Nas condições de severas restrições em que vivemos no ensino regular de línguas, salvo honrosas exceções de escolas já conscientes de sua responsabilidade, eu não elegeria nenhuma das alternativas ofertadas como a mais importante. O mais impactante fator, na minha análise atual, é o estabelecimento de um Quadro de Metas em Níveis Articulados de Proficiência e um Exame Estadual ou Nacional com características que pudermos acordar num grande pacto nacional ou regional. A partir dele, aí sim, começaríamos a tratar da formação de professores e de alunos-aprendentes para buscarmos os resultados mais compensadores para o esforço e investimento pela aquisição de uma ou mais línguas na escola.

JP – Algumas escolas particulares estão terceirizando suas aulas de inglês. Essa é a melhor solução para melhorar a qualidade das aulas?

JCPAF – Escolas regulares e escolas de línguas não possuem a mesma natureza. A terceirização seria solução apenas paliativa. O sistema escolar pode responder bem a uma reforma gradual com pressupostos e mecanismos adequados.

JP – Qual a importância da vivência da língua para um bom professor de inglês?

JCPAF – A vivência da língua-alvo no curso de graduação nas universidades e faculdades reformadas segundo uma nova lógica que alcançaria também os cursos de nível superior poderia bastar para o professor que vai iniciar uma carreira. Atividades outras no campo da formação continuada e por obra das associações de professores de línguas poderiam se somar a um sistema de apoio a vivências em países nos quais a língua-alvo fosse falada.

JP – O que fazer para melhorar o nível dos professores de inglês? É importante que eles participem de cursos de atualização ou seminários?

JCPAF – Em primeiro lugar teríamos de estimar o nível de operabilidade comunicacional de cada professor mediante um Exame Nacional ou Estadual de Confiança no Uso da Língua. A partir dessa estimativa, poderíamos estabelecer iniciativas escalonadas que incentivassem os docentes a crescer não só na capacidade de produção na língua mas também nas outras competências profissionais.