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JORNAL

Materiais Didáticos

Terça-feira, 14 de Junho de 2011

Edição 56

EDITORIAL - Materiais Didáticos

Por decisão de nossos leitores, Materiais Didáticos é o tema da 56ª edição do Jornal do Professor. O assunto teve a preferência de 69,71% dos votantes.

As experiências que selecionamos para mostrar a vocês são da Escola Estadual de Educação Profissional Adelino Cunha Alcântara, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará; do Centro de Educação Infantil Arco-Íris, em Juruena, no Mato Grosso; e do Núcleo de Estudos de Ensino de Matemática da Fundação Universidade Regional de Blumenau ((Neem/Furb), em Santa Catarina.

Nesta edição, temos dois entrevistados: a professora Tânia Braga Garcia, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o professor Luís Paulo de Carvalho Piassi, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP).

A professora Nair Cunha Schramm Soares, de São Luís (MA), participa da seção Espaço do Professor.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Em Blumenau, professores e alunos aprendem a construir e utilizar materiais didáticos de matemática

Pessoas participam de atividades no Neem

O Núcleo de Estudos de Ensino de Matemática (Neem) da Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina, quer contribuir para desmitificar a crença de que a matemática é uma disciplina difícil. Por meio de cursos e oficinas, os estudantes de matemática e professores das escolas de ensino básico da região têm acesso a diferentes estratégias e recursos didáticos que podem ser utilizados para uma melhor compreensão dos conteúdos.

De acordo com a professora Márcia Aurélia Stopassoli, coordenadora do Neem, a presença de materiais didáticos nas aulas de matemática vem sendo incentivada. Ela ressalta, no entanto, que não basta apenas utilizar esses materiais de forma lúdica e sem função educativa. “É necessário que seu uso esteja atrelado a objetivos bem definidos quanto ao aspecto de promover a aprendizagem da matemática, ou seja, a um cuidadoso planejamento da ação”, salienta Márcia, que leciona a disciplina matemática instrumental no curso de licenciatura em matemática da Furb.

Para ela, que é graduada em engenharia química e em matemática, com mestrado em educação ensino superior, a utilização de variados materiais em sala de aula pode contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e para uma aprendizagem efetiva, auxiliando os alunos na construção e compreensão dos conceitos. Em sua opinião, os materiais didáticos são importantes para a construção dos conceitos básicos de cada área da matemática e podem ser empregados no ensino da aritmética, álgebra, geometria e trigonometria.

“Para uma aprendizagem efetiva e significativa, sempre que possível, é recomendável que o educando participe da construção do material didático e, depois, de sua respectiva exploração, através do desenvolvimento de atividades previstas pelo professor de modo a levar quem manipula o material a tirar o maior proveito do mesmo”, destaca. Ela acredita que a aquisição de importantes conceitos matemáticos ocorrerá com criatividade e construções simples, como resultado das ações do estudante sobre o material e as reflexões que faz sobre tais ações. E isso se aplica tanto aos alunos do ensino fundamental quanto aos do ensino médio.

Na visão de Márcia, determinados conceitos seriam compreendidos, abstraídos e fixados, mais rapidamente, se fossem explorados com o auxílio de materiais concretos – é o caso da trigonometria, da geometria espacial, da análise combinatória, e da álgebra, por exemplo. De acordo com ela, os materiais didáticos devem ser os mais diversos e, principalmente, aqueles construídos com materiais disponíveis e reaproveitáveis (sucata). Construções de animais com poliedros de Platão, instrumentos como astrolábio e caleidoscópio e dobraduras com a técnica japonesa do origami são alguns dos materiais ensinados no Neem.

Mostras Interativas Matemática Interativa Itinerante é um dos projetos desenvolvidos pelo Neem. Ele se fundamenta na organização das Mostras Interativas Itinerantes de Matemática (MIIM) em escolas catarinenses de ensino básico. Desde que foi criado, em 2002, já promoveu 26 mostras escolares, beneficiando cerca de 30 mil estudantes do ensino básico e 500 professores de matemática e áreas afins. Esse projeto propõe a construção e exploração pedagógica de materiais didáticos, estimula a criação de laboratórios de matemática nas escolas, contribui para a formação continuada do professor, além de promover o intercâmbio entre a universidade e as instituições de ensino básico.

A professora Emanuela Valério Jorge, que leciona em escolas da rede pública do município de Indaial (SC), aplica os conhecimentos que adquiriu não só durante as aulas no curso de licenciatura plena em matemática como também no trabalho que desenvolveu no Neem, durante sua graduação. “No decorrer desses anos adquiri uma formação prática de utilização de atividades diferenciadas para o ensino de matemática, que me serviram e servem até hoje como inspiração para utilização das mesmas”, assegura Valéria, que é aluna do mestrado profissional em matemática e ciências, na Furb.

Clubinho de Matemática - Atualmente, além de dar aulas, ela coordena as atividades do Clubinho de Matemática no Colégio Municipal de Indaial. As atividades ocorrem em duas tardes semanais, com alunos do 1° ao 9° ano do ensino fundamental. O clubinho possui suporte de materiais do Neem, com atividades e materiais direcionados para todos os conteúdos de matemática do ensino fundamental. “Realizamos atividades que envolvem a matemática de forma lúdica”, diz Valéria.

Ela explica que o clubinho é bem aceito pelos alunos, o que tem provocado uma avaliação positiva nos resultados da aprendizagem. Segundo ela, houve mudanças até mesmo na participação dos alunos repetentes nas aulas de matemática. “O interesse deles simplesmente mudou de foco com estas atividades diferenciadas”, justifica. Valéria adianta que o clubinho passou a ser um local de troca de informações matemáticas, onde não há distinção de aluno “inteligente” ou não. “Todos participam das atividades e vêem a matemática de uma forma diferente e prazerosa”, assegura.

(Fátima Schenini)

Materiais simples ou sofisticados geram bons resultados

Alunos utilizam computadores

Materiais baratos e sucata juntamente com modernos recursos tecnológicos são utilizados, sem preconceito, pelos professores da Escola Estadual de Educação Profissional Adelino Cunha Alcântara, no município cearense de São Gonçalo do Amarante, a cerca de 60 Km de Fortaleza. Para participação na Olimpíada Brasileira de Foguetes, por exemplo, canos, barras de ferro e pedaços de madeira foram utilizados para a construção da base de lançamento. Já os foguetes foram feitos de garrafa PET e papelão.

“Até mesmo um pincel ou uma moeda podem se transformar em experimentos. Contudo, priorizo sempre o que pode ser um maior facilitador da aprendizagem”, assegura o professor de física, Caniggia Carneiro Pereira, que também é o responsável, na escola, pela participação na Olimpíada Brasileira de Física (OBF), na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), além da Olimpíada Brasileira de Foguetes. Segundo ele, como a física estuda tudo o que acontece no universo, não é difícil encontrar exemplos e materiais para utilizar nas aulas.

Para o professor, que está concluindo licenciatura plena em física na Universidade Federal do Ceará (UFC), os vídeos também são boas estratégias para trazer novos conhecimentos aos alunos, sejam eles documentários ou pequenos vídeos da internet. Ele também se utiliza de apresentações em slides. “Elas permitem que eu possa inserir com mais facilidade imagens, animações e outros recursos tecnológicos nas aulas”, diz Cannigia. Em sua opinião, as animações e simulações são recursos muito ricos, pois aliam interatividade e conhecimento, estimulando a aprendizagem e motivando os alunos.

Em suas aulas, Cannigia também aproveita os benefícios das novas tecnologias. Para ele, os recursos computacionais permitem a análise de situações mais complexas que são difíceis de serem reproduzidas na sala de aula ou no laboratório. Assim, ao planejar uma aula sobre gravidade e gravitação, sobre os efeitos da gravidade no comportamento dos corpos, especialmente dos planetas, utilizou recursos como o Applet Laboratório de Força Gravitacional, onde os alunos puderam visualizar a proporcionalidade entre a força da gravidade e a massa e distância entre dois corpos. Na mesma aula, os estudantes tiveram a oportunidade de manipular a simulação Gravity Car - um carrinho com gravidade aumentada que atrai os corpos por onde passa.

Outro recurso usado nessa mesma ocasião foi o My Solar System, para que os alunos montassem seu próprio Sistema Solar. A partir de mudanças introduzidas nos valores das massas e velocidades dos corpos, eles conseguiram padrões de sistemas bem diferentes, com estrelas duplas e choques planetários, entre outros efeitos. “Foi muito interessante ver a satisfação deles em criar sua própria realidade virtual”, salienta o professor.

De acordo com a coordenadora pedagógica, Nakeida Cristina de Castro Costa, 20 anos de magistério, a Adelino Cunha Alcântara é uma escola que se destaca na comunidade, graças a alguns pontos. Um deles é o fato de a instituição oferecer aulas diferenciadas, onde os professores utilizam recursos didáticos variados, tais como: música, teatro, internet, blogs, aulas de campo, visitas técnicas, seminários e feiras de ciências, entre outros.

Segundo Nakeida, as aulas de química são equilibradas entre teoria e prática, com aulas no laboratório de ciências, utilizando material reciclado. Ela explica que, em comemoração ao Ano Internacional da Química, o professor Francisco Sá vem desenvolvendo atividades lúdicas e de pesquisa, interdisciplinares, por meio da construção de paródias, jogos e dinâmicas para socializar o aprendizado da disciplina. Já nas aulas de língua portuguesa, há uma integração entre os ambientes de aprendizagem da biblioteca e do laboratório escolar de informática: os estudantes fazem a leitura de clássicos da literatura e constroem material de divulgação em mídias como resenhas e slides.

(Fátima Schenini)

Para professora de MT, o mundo é o maior recurso didático

Cartazes com figuras feitas com massa de modelar

Uma abelha pousada na flor, uma borboleta colorida que passa voando, um formigueiro, uma árvore, uma folha que cai dessa árvore, as minhocas que comem essa folha e deixam o solo fértil para as sementes germinarem... Na visão da professora Adenir Vendrame, de Juruena (MT), o maior recurso didático para os professores é o próprio mundo e, muitas vezes, os materiais pedagógicos estão no quintal da escola.

“O mundo infantil precisa de encanto para ser atingido, por isso que essa mediação com o mundo não pode ser somente com a palavra, tem que ser articulada com a arte de desenhar, pintar, recortar, encenar, tatear, contar histórias, cantar, dançar, assistir, sentir com todos os sentidos...”, ressalta a professora, que dá aulas no Centro de Educação Infantil Arco-Íris. Para ela, que é formada em pedagogia, tem especialização em educação ambiental e está há 16 anos no magistério, o professor tem que trazer a informação e proporcionar a construção do conhecimento com prazer.

De acordo com Adenir, os recursos didáticos são o “alimento” da pedagogia na educação infantil. “Assim como o corpo humano necessita ser bem alimentado para ser fisicamente saudável, por igual acontece nos aspectos cognitivos, emocionais e sociais”, acredita. Segundo ela, as crianças que são estimuladas com aspectos didáticos que abrangem o desenvolvimento em todas as linguagens apresentam melhor aprendizagem, são mais críticos, conseguem dar opiniões e também são mais felizes.

“Para isso o nosso papel de educador é fundamental. É nossa didática que vai proporcionar esse desenvolvimento integral, que só acontece no ato de responsabilidade de nossa ação em proporcionar uma aula rica, mas fundamentada”, justifica. Em sua opinião, o ato de “fazer uma arte por fazer”, de forma descontextualizada, não vai adiantar nada. “A criança precisa entender porque está realizando tal atividade: pintando para que? Desenhando para que? E assim em todos os recursos pedagógicos”, enfatiza.

Ela diz que tem buscado desenvolver a maioria de suas aulas em projetos ou temas geradores, pois acredita que essas metodologias permitem a pesquisa. “Através da pesquisa, o conhecimento é construído com significado, ou seja, sempre há a construção e reconstrução do conhecimento numa linguagem dialógica com o mundo que o cerca”, destaca Adenir, que foi uma das vencedoras na terceira edição do Prêmio Professores do Brasil, em 2008, com o projeto Lendo a Floresta.

Ela gosta de utilizar a sucata como recurso, dentro dos temas desenvolvidos. Assim, quando trabalhou a cultura indígena, por exemplo, construiu o maracá, um instrumento musical, que foi muito apreciado pelas crianças. E na Semana da Criança, ela desenvolveu vários brinquedos a partir de sucata, como bilboquê e fantoches.

“Sabemos que as crianças gostam de utilizar materiais prontos, como brinquedos, jogos, vídeos etc, mas fica clara a satisfação delas quando confeccionam seu próprio material”, diz a diretora da escola, Célia Danelichen Rehbein. O resultado pode ser observado no carinho que as crianças dedicam ao brinquedo feito por elas, como a pipa e o catavento, ou até mesmo ao jardim que ajudam a cuidar, destaca Célia, que é formada em pedagogia, com pós-graduação em educação interdisciplinar e metodologia do ensino fundamental e tem 17 anos de magistério, 11 dos quais como gestora.

(Fátima Schenini)

Luís Paulo de Carvalho Piassi (USP): escolha do material didático deve ser, sempre, do professor

Luís Paulo de Carvalho Piassi

Doutor em educação e mestre em ensino de ciências, o professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), Luís Paulo de Carvalho Piassi, pesquisa o ensino de ciências com o uso de literatura, cinema e música.

Na linha de pesquisa intitulada Crítica da Cultura, realiza estudos sobre a ficção científica e fantástica, os gêneros do rock, suas relações e manifestações ideológicas na música, na literatura, no cinema e na moda. Na linha de pesquisa denominada Cultura e Ciência, investiga as representações socioculturais e ideológicas da ciência e tecnologia na literatura, na música e no cinema.

Um dos projetos de pesquisa de Piassi, que é bacharel e licenciado em física, é relativo à criação de um portal de ensino de ciências para professores de ensino fundamental e médio. É a Central Interativa de Ensino por Investigação, que procura oferecer ao professor acesso rápido e fácil a diferentes possibilidades em recursos didáticos.

Jornal do Professor – Qual é a importância dos materiais didáticos para a aprendizagem?

Luís Paulo de Carvalho Piassi – Os materiais ou recursos didáticos são ferramentas que podem auxiliar na relação didática professor-alunos, ou mesmo em atividades entre os alunos, de forma a incentivar, facilitar, as interações sociais entre os diversos atores do contexto escolar.

JP – Alguns materiais didáticos apresentam melhores resultados em uma disciplina do que em outra?

LPCP – A escolha do material deve ser, sempre, do professor e orientada por diferentes fatores ligados à disciplina, e não só a ela, mas também a características do grupo de alunos, do formato e duração das aulas, enfim, do contexto escolar de forma mais ampla.

JP – Quais os melhores para a área de ciências, especificamente?

LPCP – Não há fórmula pronta. Cada caso é um caso e o principal papel do professor é, nesse contato com cada turma, avaliar as necessidades e anseios dos alunos. Então, claro que é interessante que o professor tenha à sua disposição o maior número possível de recursos. Não para que necessariamente precise utilizar todos eles sempre, mas para que possa ter o menor número possível de limitações para as sua escolhas.

JP – Um de seus projetos de pesquisa na USP é voltado à formação continuada de professores na área de astronomia, atingindo aqueles que dão aulas de ciências no ensino fundamental e de física do ensino médio. Desde quando o senhor vem desenvolvendo esse projeto, conhecido pela sigla M.A R.T.E. (Ministrando Astronomia com Recursos Textuais e Experimentos)? Como é seu funcionamento?

LPCP – A ideia desse projeto surgiu em 2008 a partir de uma pesquisa com um grupo de professores em formação continuada sobre os temas que mais os interessavam e sobre os quais mais tinham dificuldades, em especial, no que se refere à implementação da nova proposta curricular em São Paulo. A partir dessa demanda, nosso grupo de pesquisa elaborou e implementou um curso de especialização em ensino de astronomia voltado para professores de física e de ciências do ensino básico. O desenvolvimento do curso tem gerado diversos trabalhos apresentados pelos professores em diferentes eventos da área de ensino de ciências como, por exemplo, a simpósio nacional de ensino de física. Ao final do curso os professores-participantes também deverão apresentar uma monografia, desenvolvida sob orientação de professores da universidade, que tratará de temas ligados à sua prática de sala de aula e ao mesmo tempo de questões que os interesse.

JP – Outro de seus projetos de pesquisa é relativo à criação de um portal de ensino de ciências para professores de ensino fundamental e médio: a Central Interativa de Ensino por Investigação. Como funciona?

LPCP – O cienciamao.usp.br é um portal que procura oferecer ao professor acesso rápido e fácil a diferentes possibilidades em recursos didáticos. Consiste basicamente de um buscador, por assunto, de recursos didáticos disponíveis em diversos sites como por exemplo de universidades e centros de pesquisa, revistas de ensino de ciências e de divulgação científica, sites específicos de experimentos didáticos, anais de eventos da área, etc. O acesso é livre e irrestrito e procuramos atualizar e ampliar nosso banco de dados constantemente.

JP – O que o senhor pensa a respeito da utilização, no ensino, de elementos como poesia, teatro, cinema e história em quadrinhos? E de que forma eles podem ser usados?

LPCP – Todos esses elementos fazem, ou ao menos podem fazer parte da cultura geral dos estudantes e trazer elementos dessa cultura geral para dentro da sala de aula é importante para contextualizar o conteúdo escolar relacionando-o com outros elementos culturais. Por outro lado, algumas vezes também, a sala de aula pode ser um incentivo ao primeiro contato do estudante com diferentes formas de cultura.

JP – De que modo o uso de filmes, documentários ou séries pode auxiliar os professores?

LPCP – Recursos audiovisuais são uma forma de linguagem que, se bem escolhidas, podem trazer para a sala de aula diferentes visões e interpretações para alguns temas bem como mostrar diferentes pontos de vista sobre algum assunto. Isso não falando apenas de conteúdos conceituais, de ciências por exemplo, mas também de implicações sociais e políticas que muitas vezes são desdobramentos da produção de conhecimento.

JP – Qual a contribuição que as histórias de ficção científica podem trazer para o aprendizado?

LPCP – Na minha opinião, a maioria das histórias de ficção científica não necessariamente tem como tema central a ciência ou conceitos científicos. O contexto de futuro ou de tecnologia muitas vezes é na verdade um pano de fundo para a discussões de questões mais profundas, por exemplo, de caráter sócio-político.

JP – Em sua opinião, os professores do ensino básico estão preparados para a escolha e utilização de materiais didáticos?

LPCP – De uma forma geral, posso dizer que essa questão ainda não é suficientemente discutida na formação inicial de professores. Talvez o assunto mereça uma atenção maior.

JP – Os recursos tecnológicos estão cada vez mais presentes e disponíveis nas escolas. Como eles podem ser usados pelos professores?

LPCP – Em primeiro lugar é preciso proporcionar aos professores o acesso e a intimidade com esses recurso, não só na sala de aula ou na escola, mas em seu cotidiano. O professor precisa se sentir seguro para incorporar as tecnologias à sua prática e isso se dá com a experiência.

JP – Como as instituições de ensino superior podem colaborar para que os professores se tornem mais capazes de decidir quais materiais didáticos utilizar em suas aulas?

LPCP – Propiciando o exercício dessas escolhas e a reflexão sobre elas durante a formação do professor.

JP – O Brasil tem programas de livros didáticos e há uma preocupação em ofertar obras de maior apoio pedagógico. O que deve constar num bom livro de apoio pedagógico a professores?

LPCP Esse livro de apoio pedagógico não deve se resumir a uma coletânea de resoluções de exercícios. Deve oferecer um conteúdo de aprofundamento e de reflexão para o professor sobre a sua prática.

Portal do Professor dá acesso a diferentes recursos pedagógicos

O Portal do Professor foi criado em 2008 com o propósito de apoiar o processo de formação dos professores e permitir o armazenamento e circulação de um acervo variado de conteúdos educacionais multimídia, em diferentes formatos. Com sete seções diferentes (uma delas é o Jornal do Professor), ele é um recurso disponível a todos os professores, que pode ser utilizado como uma ferramenta de apoio e suporte ao trabalho pedagógico.

“Para muitos professores, usar este canal de comunicação para conhecer e participar de cursos de capacitação, disseminar suas experiências educacionais, conhecer e trocar ideias sobre o uso de recursos multimídia em diferentes formatos na sala de aula, ter acesso a materiais de estudo, contactar outros professores de diferentes locais, formação e interesses para trocas de experiências, pode ser uma oportunidade única”, ressalta a coordenadora do Portal, Carmem Prata.

Para acessar as informações disponíveis no Portal basta navegar por suas áreas e selecionar o que desejar. A primeira seção é Espaço da Aula: um lugar para criar, visualizar e compartilhar aulas de todos os níveis de ensino. As aulas podem ser acessadas por palavras-chave ou pela busca avançada.

Em Conteúdos Multimídia, há cinco opções:

Recursos Educacionais oferece milhares de materiais como áudios, vídeos, simuladores, imagens e outros para todos os níveis de ensino e componentes curriculares.

Coleções de Recursos disponibiliza as coleções de conteúdos agrupados por temas e níveis de ensino.

Em Sites Temáticos, o professor tem a seu dispor sites, blogs e materiais multimídia sobre diversos assuntos, como os blogs temáticos que agrupam as informações existentes no Portal e os sites com os materiais produzidos para o ensino médio.

A opção Cadernos Didáticos oferece materiais pedagógicos elaborados por secretarias estaduais e municipais de educação e também a Educopédia, uma plataforma online colaborativa de aulas digitais, onde alunos e professores podem acessar atividades autoexplicativas de forma lúdica e prática, de qualquer lugar e a qualquer hora.

A quinta opção oferece acesso à TV Escola, em tempo real.

Na seção Cursos e Materiais há links com informações educacionais diversas para subsidiar a formação dos profissionais da educação.

A seção Interação e Colaboração dá acesso às novas ferramentas da web 2.0, para que os professores possam interagir entre si. Ainda nesta área é possível acessar o canal do Portal no Youtube, para publicação das produções de professores e alunos.

Na seção Links há endereços eletrônicos de sites e portais nacionais e internacionais para auxiliar os professores. Há links como o do Portal Domínio Público, do Banco Internacional de Objetos Educacionais, de museus, bibliotecas digitais, jornais, revistas, planetários, entre outros.

A última seção é a Plataforma Freire, onde os professores em exercício nas redes públicas de ensino podem fazer suas pré-inscrições em cursos de licenciatura ou de formação continuada –aperfeiçoamento, extensão e especialização.

Pedagoga desenvolve trabalho diferenciado no Maranhão

Nair Cunha Schramm Soares

Pedagoga, “com muito orgulho”, Nair Cunha Schramm Soares, de São Luís (MA), diz que o eixo principal de sua vida é a arte de educar. Atuando no magistério desde que entrou na universidade, aos 17 anos, atualmente, aos 30, ela acumula inúmeras experiências na área, tanto como professora quanto como coordenadora pedagógica.

Professora concursada da rede municipal de ensino, Nair exerce a função de coordenadora do Programa Mais Educação, na Unidade de Ensino Básico (U.E.B) Albérico Silva. “Recebi de braços abertos a coordenação onde, graças à Deus e a minha luta, estou desenvolvendo um trabalho diferenciado”, enfatiza a pedagoga.

Segundo ela, a escola tem 300 alunos inscritos no programa de educação integral Mais Educação, divididos nos dois turnos. Pela manhã, os participantes são estudantes do 6º ao 9º ano; à tarde, eles são do 2º ao 5º ano. Além das oficinas de letramento e matemática (oferecida de forma lúdica), também há oficinas de fanfarra, dança, teatro, tênis de mesa, vôlei e futsal.

Além disso, Nair exerce a função de tutora a distância da Universidade Estadual do Maranhão (Uema): “adoro este trabalho, pois a educação a distância é muito mais do que ser um complemento ou substituição – deve ser concebida como uma aliada potencializadora do sistema educacional”, avalia.

Com duas pós-graduações, uma em educação infantil e outra em gestão escolar, ela diz que pode se considerar uma pessoa que luta por uma educação justa e igualitária. E não se esquece de citar o educador Paulo Freire – “Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso, aprendemos sempre.”

(Fátima Schenini)

Tânia Braga Garcia (UFPR): materiais didáticos são mediadores entre professor, alunos e o conhecimento

Tânia Maria Braga Garcia

Para a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Tânia Braga Garcia, além dos tradicionais livros, existem outros materiais didáticos produzidos em diferentes suportes e com diferentes funções, cujos resultados no ensino e aprendizagem ainda precisam ser avaliados. Nesse sentido, o Núcleo de Pesquisa em Publicações Didáticas da UFPR, por ela coordenado, tem desenvolvido atividades de pesquisa e de formação de professores com o objetivo de discutir e compreender a presença de materiais didáticos na aula, especialmente os livros didáticos.

Em sua opinião, embora alguns materiais possam ser usados em diferentes disciplinas, cada conteúdo necessita de um tipo específico de material, que possa contribuir, de modo efetivo, para o estabelecimento de algumas condições favoráveis ao ensino e à aprendizagem. Bolsista do CNPq, atualmente desenvolve a pesquisa: Professores, manuais didáticos e a produção do conhecimento nas aulas.

Tânia Braga Garcia é editora da Revista In (ve)stigar: temas de pesquisa em pós-graduação e também membro integrante da diretoria da International Association for Research on Textbooks and International Media (Iartem). Graduada em filosofia e em pedagogia pela Universidade Federal do Paraná, tem mestrado e doutorado em educação pela Universidade de São Paulo.

Jornal do Professor – Qual é a importância dos materiais didáticos para a aprendizagem?

Tânia Braga Garcia – Como artefatos incorporados ao trabalho escolar, os materiais didáticos contribuem para estabelecer algumas das condições em que o ensino e a aprendizagem se realizam e, nesse sentido, eles têm uma grande importância e podem cumprir funções específicas, dependendo de suas características e das formas pelas quais eles participam da produção das aulas. Pode-se dizer, de forma geral, que eles se constituem em uma das mediações entre professor, alunos e o conhecimento a ser ensinado e aprendido. Se forem assim entendidos, não é difícil compreender que um dos elementos fundamentais da relação que estabelecemos com eles está na intencionalidade que guia a escolha e a utilização dos materiais didáticos, em diferentes situações e com diferentes finalidades.

Segundo entendo, a produção de conhecimentos sobre os materiais didáticos, que havia perdido espaço na pesquisa educacional, ganhou centralidade nos últimos anos, em grande parte pela abertura de um vastíssimo campo de produção de materiais escritos para os cursos de educação a distância e de materiais para uso em computadores. Mas ainda temos pouca literatura que discute o tema no campo da Didática Geral. Para além dos livros didáticos, que já têm uma tradição centenária na cultura escolar brasileira, há um conjunto de materiais produzidos em diferentes suportes, com diferentes funções, cujos resultados no ensino e aprendizagem necessitam ser ainda avaliados pelos professores pesquisadores. Nesse sentido, o Núcleo de Pesquisa em Publicações Didáticas da UFPR tem desenvolvido atividades de pesquisa e de formação de professores, com o objetivo de discutir e compreender a presença de materiais didáticos na aula, com especial destaque aos livros didáticos.

JP – Em sua opinião, alguns materiais didáticos apresentam melhores resultados em uma disciplina do que em outra?

TBG – A questão central é entender quais são os objetivos que pretendemos atingir ao escolher um ou outro material - e aqui destaco que os recursos didáticos estão incluídos nessa definição que estamos usando, mais ampla, seguindo algumas classificações elaboradas por espanhóis estudiosos do tema, como Artur Parcerisa Aran. Nesse sentido, penso que muitas vezes tratamos os materiais como artefatos que poderiam ser usados para qualquer conteúdo ou disciplina, mas isso talvez seja verdadeiro apenas em um pequeno número de situações. Como eles são mediadores, cada conteúdo a ser ensinado e aprendido necessita um tipo específico de material, que possa efetivamente contribuir para estabelecer algumas condições favoráveis para o ensino e a aprendizagem. Há materiais que podem ser – e são – usados em diferentes disciplinas, como os filmes, por exemplo; mas a forma como o professor organiza o trabalho deve privilegiar a especificidade do conhecimento que deseja ensinar, por exemplo o conhecimento artístico ou o histórico, para lembrar duas disciplinas nas quais o uso desse material é altamente indicado.

JP – Qual é a importância do livro como material didático?

TBG – Como disse, há mais de um século os livros escolares ou didáticos, também chamados de manuais, fazem parte da cultura escolar no país. Apesar da diversidade de formas nas quais eles se apresentam, têm características comuns, uma vez que, em tese, contêm os conteúdos que devem ser ensinados e também indicam caminhos pelos quais isso poderia acontecer, tanto por meio de sua estruturação didático-metodológica quanto pelas atividades propostas. No caso do Brasil, há um relativo consenso em torno da ideia de que em determinadas situações muitos alunos têm nos livros a única fonte de conteúdos, além das exposições feitas pelos professores. Assim, os livros podem ser materiais de leitura e de consulta, podem gerar debates e atividades; podem ainda fornecer informações sobre as quais os professores e alunos trabalham para reelaborar o conhecimento em questão. Segundo mostram algumas pesquisas – que ainda são poucas, tanto no Brasil como em outros países – ao mesmo tempo em que alguns professores informam não usar os livros, preferindo preparar seus próprios materiais ou fazer seus alunos copiarem do quadro, outros professores dizem que usam os livros para estudar o conteúdo, suprindo lacunas na sua formação; outros ainda afirmam que os livros são guias para a organização das aulas, orientando temas e atividades que o professor seleciona de acordo com as orientações da escola ou com seu planejamento individual. De qualquer forma, essa diversidade de usos revela a importância que os livros continuam tendo em nossa cultura escolar, embora pouco se tenha estudado ainda sobre a presença desse material nas aulas, sobre o uso que fazem dele alunos e professores.

JP – O Brasil tem programas de livros didáticos e há uma preocupação em ofertar obras de maior apoio pedagógico. O que deve constar num bom livro de apoio pedagógico a professores?

TBG – O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) determina muitos elementos relacionados à presença dos livros nas escolas. Acredito que há, de fato, uma preocupação em oferecer bons livros e orientações aos professores. Em minha avaliação, os livros que têm sido entregues às escolas públicas ganharam maior qualidade ao longo das duas últimas décadas, em muitos aspectos – basta pensar que anos atrás eram impressos em papel jornal, em preto e branco, e que a quantidade de erros, equívocos e estereótipos presentes era muito maior do que acontece hoje. Mas os livros também acabaram sendo, de certa forma, homogeneizados e isso é uma questão que ainda precisa ser debatida. Quanto às orientações aos professores, considero positivo o fato de que, ao constituir-se como uma exigência, trouxe para o debate certos temas que às vezes são pouco questionados na vida cotidiana das escolas, tais como formas e procedimentos de avaliação dos alunos, ou a utilização de determinados materiais didáticos que os autores sugerem, fazendo com que a discussão didática ganhasse espaço. No entanto, é preciso destacar, entre outras questões que dizem respeito às relações que os professores estabelecem com os livros que escolhem e utilizam, que ainda sabemos pouco sobre o quanto das orientações os professores lêem, se as sugestões são adequadas e, portanto, o quanto contribuem para a organização de suas aulas. Portanto, mais do que dizer o que deve ser incluído nas orientações, penso que é tempo de conhecer o que os professores pensam sobre elas e avaliar os efeitos de sua presença obrigatória nos manuais.

JP – Os professores do ensino básico estão preparados para a escolha e utilização de materiais didáticos? Em caso negativo, o que pode ser feito para reverter essa situação?

TBG – Escolher e utilizar um material são ações que dependem da capacidade de “olhar profundamente” o conteúdo a ser ensinado, compreendendo os melhores caminhos e os melhores recursos para percorrê-los em situações específicas. Nesse sentido, não creio que possamos falar em professores que estão preparados e outros que não estão. Se a pretensão é dar às crianças e jovens uma escolarização que responda às exigências da vida contemporânea, é preciso reconhecer necessidades tais como a discussão coletiva no interior das escolas e a formação continuada para aperfeiçoamento dos professores em conteúdos e metodologias. Mas, para além disso, deve-se definir e buscar as condições objetivas de trabalho que possibilitariam ao professor uma atitude permanente de análise de suas aulas, das necessidades para o aprendizado de seus alunos e – por decorrência – a análise dos materiais didáticos que podem dar maior contribuição em cada tema ou conteúdo, em cada etapa de escolaridade e em cada disciplina específica. Em determinadas situações, a produção de materiais pelos professores é a melhor forma de atender a especificidades de determinado conteúdo – como fazemos em um projeto denominado Recriando Histórias, que coordeno juntamente com a Dra. Maria Auxiliadora Schmidt, na UFPR. Neste projeto contribuímos com a formação continuada de professores das séries iniciais para ensinar história, e uma das ações propostas é a produção colaborativa de um livro cujos conteúdos são captados na experiência dos sujeitos da localidade, por meio de documentos que estão guardados pelas pessoas da comunidade escolar. Ao participar da produção desse material didático, o professor é desafiado a conhecer conteúdos e métodos da história e, portanto, pode também se tornar um avaliador mais crítico em relação a outros materiais. Esse processo de formação é longo, e se diferencia acentuadamente da ideia de “capacitação” - frequentemente indicada como solução quando se constata que os professores têm dificuldades para escolher ou usar um material didático, ou mesmo para aprender uma nova forma de ensinar. A questão é complexa e supõe processos de formação inicial e de formação continuada pautados em outros modelos, nos quais a natureza e as condições do trabalho do professor, pela sua relação com o conhecimento, sejam entendidas para além da mera reprodução de práticas.

JP – O que a senhora pensa a respeito da utilização, no ensino, de elementos como poesia, teatro, cinema e história em quadrinhos? E de que forma eles podem ser usados?

TBG – Creio que a resposta anterior indica que todos eles podem ser utilizados, mas não há uma forma única que se aplique a qualquer situação. Em cada disciplina, os quadrinhos e a música podem servir para o desenvolvimento de certas competências gerais, mas também para o aprendizado de outras específicas, próprias do pensamento e da cognição de cada ciência que a escola deve ensinar. Apenas para exemplificar essas possibilidades, referencio algumas dissertações defendidas na Linha de Cultura, Escola e Ensino do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. Uma delas estudou a presença da música caipira em aulas de história (Chaves, 2006), mostrando que mesmo sem apreciar este gênero os jovens de ensino médio são capazes de compreender suas características, trabalhar com as canções e reconhecê-las como parte da cultura brasileira. Outra pesquisa examinou as relações entre os quadrinhos e o conhecimento histórico dos alunos (Fronza, 2007), mostrando as possibilidades e limites para o uso dessa linguagem no caso do ensino de história, e também apontando os efeitos da intervenção do professor, especialmente ao confrontar os quadrinhos com outras fontes. A terceira pesquisa procurou verificar que relações ocorrem entre jovens alunos de periferia urbana com determinados conteúdos da história a partir de um RAP (Rosário, 2009), apontando como esse gênero musical, que é significativo no contexto da cultura de alguns jovens, pode contribuir para o estabelecimento de uma relação empática com o conhecimento histórico. Com esses exemplos, portanto, quero reafirmar dois pontos: a especificidade no uso dos materiais didáticos em cada disciplina escolar e a necessidade de ampliar as pesquisas sobre as formas e os efeitos da presença de diferentes materiais nas aulas.

JP – Os recursos tecnológicos estão cada vez mais presentes e disponíveis nas escolas. Como eles podem ser usados pelos professores?

TBG – As possibilidades são as mais diversas e, nesse tema, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas. Os novos recursos vão chegando, com diferentes ritmos, às escolas de crianças e jovens, mas às escolas de adultos também. Em alguns casos, eles já estão absolutamente incorporados ao cotidiano escolar, embora continuem demandando debates e estudos específicos. Cito aqui, para exemplificar trabalhos sobre esse tema, uma dissertação que examinou o uso de hipermídia no ensino de física para a construção de aprendizagens significativas (Artuso, 2006), a partir de pesquisa de campo na qual sites foram usados para o desenvolvimento de aulas sobre gravitação universal para alunos do ensino médio. Outra pesquisa analisou a presença das ferramentas de desenho digitais na construção do conhecimento dos alunos em cursos de arquitetura e urbanismo (Ferraro, 2008), colocando em debate, a partir dos resultados, as dificuldades apontadas por eles, especialmente ligadas aos programas propriamente ditos os quais não permitem um uso intuitivo para a elaboração e desenvolvimentos das formas – uma necessidade da disciplina de projetos. De forma semelhante a qualquer outro material didático, os recursos tecnológicos constituem-se como uma mediação entre professores, alunos e um conhecimento específico e, portanto, seu uso requer escolhas, definições, adequações que se inserem no conjunto complexo das condições nas quais se produz o ensino e a aprendizagem.

8. A senhora afirmaria que o uso do material é fundamental?

TBG – Gostaria apenas de reafirmar minha posição em relação ao fato de que os resultados do uso de um material didático dependem da intencionalidade que orienta seu uso e das formas pelas quais ele é incorporado nas aulas. A questão, portanto, é inserir o debate deste tema no conjunto mais amplo de condições que definem os espaços onde ocorre o ensino, seja a escola, seja a sala de aula. E também evidenciar o papel fundamental dos professores como sujeitos responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento das aulas e, portanto, pela escolha dos materiais que mais adequados em cada situação.